sexta-feira, 14 de agosto de 2009

POR QUE AS PESSOAS SE MATAM?




 POR QUE AS PESSOAS SE MATAM?

                                               THEODIANO BASTOS

                                   A imprensa noticia que mais um se mata, jogando-se do alto da Terceira Ponte que liga Vitória a Vila Velha e abala a comunidade, por tratar-se de um jovem atleta, bonito, saudável, cheio de vida e se pergunta por quê? 



A imprensa noticia que mais um se mata, jogando-se do alto da Terceira Ponte que liga Vitória a Vila Velha e abala a comunidade, por tratar-se de um jovem atleta, bonito, saudável, cheio de vida e se pergunta por quê?  3ª PONTE, 275 SUICÍDIOS EM SETE MESES. Segundo apurei junto a fonte confiável na Prefeitura de Vitória, com o suicídio de uma linda e muita rica mulher de 42 anos no dia de ontem, 19/07/14, só este ano já foram 275 suicídios de pessoas que se jogaram do vão central da 3ª Ponte entre Vitória e Vila Velha.


É urgente que se tome alguma providência para evitar tamanha calamidade.
O Brasil registra 30 suicídios por dia; problema afeta mais idosos e índios. O problema tem avançado no país, suicídios aumentaram 12% em quatro anos. E
mostram dados do Ministério da Saúde. Em 2015, foram 11.736 notificações, com 14% da população do País.
 
Suicídio ainda é um tabu e vai de encontro ao instinto de sobrevivência, o mais primário dos instintos do ser humano e todos os seres do reino animal. Desilusão amorosa, bancarrota, drogas, depressão, sentimento de culpa, medo difuso, ansiedade, auto-aversão, alheamento do eu, angústia sufocante, lapso de memória, confusão e ausência de foco mental, a somatória de todo tipo de sofrimento que leva o indivíduo a desejar a morte, diz o escritor William Styron. É "como se estivesse no meio de um nevoeiro. Nada lhes é claro. Não são somente os seus próprios sentimentos e pensamentos que se apresentam nebulosos; os outros indivíduos e o conteúdo das situações também são assim percebidos", completa Karen Horney. Na entrada do Inferno de Dante está escrito: "Deixai toda esperança, ó vós que entrais." 

“Quem quer se matar não quer terminar com a vida; quer acabar com a dor” 

                            O que leva uma pessoa a dar cabo da vida? Que caminhos percorre a sofrida mente humana até chegar à extrema violência de acabar com a própria vida? Talvez uma somatória de tudo isso. O escritor William Styron, na sua obra "Perto das Trevas", ele mesmo quase-suicida, também observa que "Uma das manifestações é a sensação de odiar a si mesmo, acrescida da completa falta de auto-estima" e classifica a depressão como um distúrbio do espírito, avassaladora e imprevisível, uma dor implacável e quase indescritível. "Examinando o ódio a si próprio e a sua avassaladora força, não podemos deixar de ver nele uma grande tragédia, talvez, mesmo, a maior tragédia da mente humana", ressalta a psicanalista Karen Horney no seu livro “Neurose e Desenvolvimento Humano”. Decidido a matar-se, William Styron encontrou forças para desistir de seu louco intento e foi salvo ouvindo o Conserto para Piano e Orquestra nº 1 e as Danças Húngaras, l, 3 e 10 de Johannes Brahms. "Não acho que a música possa curar de modo algum, diz. Foi só um momento dramático de emoção para mim. Quando ouvi aquela música, mexeu fundo comigo. Tinha a ver com o meu passado, minha infância, minha mãe. Então, naquele momento em que estava perto do fim, reuni forças e decidi salvar-me”.
                            A música ajuda muito na cura das enfermidades da alma. "A música tem também o poder de dissolver as tensões do coração e a violência de emoções sombrias", consta do I Ching. A maioria dos suicídios poderia ser evitada por meio do apoio, da ajuda de outras pessoas. Disse o autor de “Perto das Trevas”, que se curou com a solidão, hospital, esboço literário e o passar do tempo. "Eu quis mostrar que se elas (as pessoas deprimidas), têm ajuda, podem melhorar. E mesmo que predomine a desesperança, a esperança é realmente a resposta", conclui.
                            Escrever é remédio, e ao mesmo tempo veneno. Nem sempre escrever para sair do buraco resolve para quem não superou completamente os impulsos audodestrutivos. Muitos escritores são atormentados emocionalmente, instáveis e problemáticos, haja vista o número de escritores famosos: Ernest Hemingway, autor de obras como “Por Quem os Sinos Dobram”, “Adeus às Armas”, “O Sol Também se Levanta”, “O Velho e o Mar” etc., acabou com a vida quando se sentiu doente e não mais poderia viver como sempre quis; Sándor Mároi, húngaro naturalizado americano, autor de Veredicto de Canudos, sobre a saga de Antônio Conselheiro do sertão da Bahia, aos 89 anos; Virgínia Woolf, Edgar Allan Poe, Anne Sexton, Sylvia Plath, Primo Levi, Ana Cristina César, Yukio Mishima, considerado um dos maiores escritores do século 20, suicidou-se de forma ritual aos 45 anos e muitos outros que se suicidaram durante um período de grande produtividade literária; Eleonor Marx, filha de Karl Marx, autor de “O Capital”, figura fundamental para a propagação do movimento revolucionário, mulher intelectualmente brilhante e emocionalmente dependente. Stefan Zweig (Viena, 28 de Novembro de 1881Petrópolis, 23 de Fevereiro de 1942) foi um escritor, romancista, poeta, dramaturgo, jornalista e biógrafo austríaco de origem judaica. A partir da década de 1920 e até sua morte foi um dos escritores mais famosos e vendidos do mundo, autor de BRASIL, Pais do Futuro. Durante seu exílio no Brasil, deprimido com a expansão da barbárie nazista pela Europa, durante a Segunda Guerra Mundial, suicidou-se em 23/02/42, em Petrópolis, junto com sua esposa Charlotte Elizabeth Altmann.

Nenhum desses famosos escritores conseguiu fazer com que o exercício criativo impedisse os impulsos do auto-extermínio, quando se desatam os laços que se tem com  a família, os amigos e a comunidade, um ato desesperado de rebeldia e protesto, mas acima de tudo um gesto infeliz de desequilíbrio mental.
                           
                            SINTOMAS DA DEPRESSÃO

                            Constam nos manuais da medicina: perda de vitalidade ou de interesse pela  vida, dificuldade de concentração, sentimento de culpa, problemas de sono (excesso ou falta dele), pensamentos ou atos suicida, fadiga, alterações de apetite e peso (tanto ganho quanto perda), comprometimento da habilidade psicomotora (agitação ou lentidão), sérias alterações no sistema digestivo,  dores físicas. E grade sofrimento emocional.  “As pessoas têm vergonha de admitir suas angústias e aflições” alerta o psiquiatra americano Stephen Stahl, na matéria “A DOR DA ALMA DÓI NO CORPO” em Veja de 06/04/11 pág. 100.

                           Ernesto Sábato adverte: “Mas, cuidado no caso de loucura. A diferença essencial é que o escritor pode chegar até o mundo da loucura e regressar, o que não pode fazer o louco propriamente.” Ao que Carlos Catania responde do diálogo: “No caso do louco, este será um estado enquanto para o escritor tratar-se-á de uma visita?”

                Sobre o tema, leia no Blog: “OS QUATRO INIMIGOS DO HOMEM” e “QUEM SOU EU?”.
                                        O texto está na Internet no Blog O PERISCÓPIO (theodiano.blogspot.com). Theodiano Bastos é escritor, autor dos livros: BRASIL – O Lulopetismo no Poder, O Triunfo das Idéias, A Procura do Destino e coletâneas publicadas pela UFES/CEPA e a publicar: Liderança, Chefia e Comando. e é presidente da ONG CEPA – Círculo de Estudo, Pensamento e Ação, em Vitória – ES  www.ufes.br.


              

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