quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

LULA, JULGAMENTO DO TABU



O julgamento                                                      por Roberto DaMata

Na contramão dos axiomas do poder à brasileira, um ex-presidente emblemático da defesa dos oprimidos foi desmascarado e condenado

Nos regimes democráticos há o julgamento público, gravado, filmado e televisionado. Uma anormalidade produz uma crise; há um acusado que, tendo o direito de defesa, promove uma disputa, a qual é levada a um juiz que, num julgamento aberto e invocando a lei, fecha o processo.
O antropólogo Victor Turner estudou as crises como “dramas sociais”. Os conflitos recorrentes que investigou entre os ndembu de Zâmbia levavam à segmentação e a uma indesejável perda de continuidade coletiva. Para Turner, processos agudos de disputa interna são marcados por quatro momentos interdependentes. O primeiro seria o da crise, quando comportamentos fogem das normas; o segundo é o do distúrbio por ela causada. O terceiro aciona tentativas de reparação e compensação do malfeito. Nesta etapa, entra em cena a turma do deixa-disso com o objetivo de mitigar os pontos de vista em colisão. Numa quarta e última fase, ocorreria rearranjo, concordância ou cisão. Uma modificação das rotinas tradicionais ou o rompimento do grupo em duas comunidades.
Parece familiar, não?
Na ausência daquilo que o historiador inglês E. P. Thompson chamou de the rule of law — o domínio da lei —, são os incomodados que se mudam. Nas ditaduras, eles são presos ou eliminados, como é comum nas crises sem a mediação de um juízo público englobador. Nos conflitos tribais, investigados por Turner, a norma costumeira levava à bifurcação. Nas sociedades nacionais, a lei escrita e promulgada, aceita por todos e diretamente afastada dos conflitos, é invocada e pode até mesmo ser usada contra aqueles que detêm o poder — controle do contexto. O “domínio do fato”, como foi mencionado na condenação unânime e histórica do ex-presidente Lula — uma persona social dotada de um imenso “capital simbólico”, para que ninguém diga que eu não gosto e não leio, além de Marx, Pierre Bourdieu.
O julgamento foi extraordinário.
Pela primeira vez no Brasil, vimos desembargadores condenarem em segunda instância um ex-presidente da República. Assistimos a um drama que, depois de inúmeros inquéritos e vergonhosas descobertas de gorjeta, fechava a cortina reafirmando um adormecido poder da lei aplicada a um representante máximo do poder e dos seus sequazes — aqueles que puseram a política a serviço do enriquecimento particular, em vez de se servirem dela para o enriquecimento público.
Na contramão dos axiomas do poder à brasileira, um ex-presidente emblemático da defesa dos oprimidos foi desmascarado e condenado, dissolvendo as ideologias nativas do “quanto maior menos cadeia”, do “você sabe com quem está falando” e do pós-moderno populismo, no qual todos ganham, ninguém perde e nós (os donos do poder) ganhamos mais do que todos.

Condenou-se uma figura tabu, tida como intocável. Uma pessoa tão especial e acima da lei que é capaz de suscitar a onipotente, absurda e surreal narrativa de que, sem ela, não haveria democracia no Brasil.
Outra surpresa foi entender a língua dos desembargadores. Um deles, aliás, tendo consciência do rebuscamento do falar jurídico (construído para não ser entendido pelas pessoas comuns), tinha o cuidado de traduzi-lo para o português.
O ritual inovador reiterava muito do que tenho escrito neste espaço sobre as imposições dos papéis ou cargos públicos aos seus ocupantes. O julgamento foi histórico porque também recapitulou o papel de presidente da República nos seus privilégios e nos seus deveres e suficiências. O eleito em nome dos pobres e dos que queriam uma sociedade mais igualitária — o supremo magistrado da nação — pode alinhar-se aos ricos e com eles assaltar o país? Os papéis mais altos e nobres exigem mais lealdade dos seus atores. Quanto maior o cargo, maior a responsabilidade e punição.
A narrativa de que o condenado foi vítima de uma conjuração corporativa — uma inquisição — é absurda, a menos que o julgamento não tivesse sido realizado publicamente, seguindo o processo do estado democrático de direito. Suas evidências não foram colhidas por órgãos secretos de segurança, como ocorre nas ditaduras — esses regimes, aliás, tão a gosto dos que recusam a realidade e confundem meios e fins.
Mas como nada se fecha no Brasil, já se projeta uma regra fora da regra: há o condenado, mas não pode haver prisão. Confunde-se desobediência civil com a tentativa de assassinar as mediações que sublimam o confronto aberto sem aviltamento dos envolvidos. É justamente no julgamento, nesse rito final, que se faz justiça não a pessoas, partidos ou facções, mas à sociedade brasileira. Sem ele, não se abre caminho para a democracia. Sua rejeição nos leva diretamente à violência que assassina mediações.
Lula diz ter consciência do que está acontecendo no Brasil. Eu jamais tive dúvidas e sobre isso fiz uma obra demonstrando o óbvio: o nosso problema é assistir como a casa sempre vence a rua, e como relacionamentos pessoais englobam a lei.
Até, quem sabe, esse julgamento.
Roberto DaMatta é antropólogo
Fonte: https://oglobo.globo.com/opiniao, 31/01/18

sábado, 27 de janeiro de 2018

LULA FALARIA SOBRE A LUTA CONTRA A CORRUPÇÃO



Lula participaria de encontro “contra a corrupção”
Lula daria uma palestra neste sábado em Addis Abeba, capital da Etiópia.
Embora sua participação estivesse programada para um evento sobre o combate à fome na África até 2025, ela era parte, segundo a BBC, de uma série de atividades que compõem o Encontro Anual da União Africana, cujo tema é “Vencendo a luta contra a corrupção”.  Imagine a desfaçatez...

O Antagonista de 27/01/18

sexta-feira, 26 de janeiro de 2018

LULA, DESMANCHE DO MITO





Datafolha: 53% querem Lula preso e 47%, nas urnas.Eleitorado se divide sobre candidatura do petista condenado, mostra pesquisa https://oglobo.globo.com/brasil/datafolha-  

Advogado entrega passaporte de Lula à PF após ordem da Justiça

Na decisão, o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal em Brasília, mencionou a possibilidade de Lula tentar se mudar para outro país. 



Em São Paulo, O advogado Cristiano Zanin entregou nesta sexta-feira (26) o passaporte do ex-presidente Lula à Polícia Federal Ao determinar a apreensão do documento, o juiz Ricardo Leite, da 10ª Vara Federal em Brasília, mencionou a possibilidade de Lula tentar se mudar para outro país, porque o ex-presidente acusou o poder judiciário de ter dado um golpe. 
Lula tinha viagem marcada para a Etiópia e o juiz afirma que, se ele conseguisse asilo político por lá, o andamento de processos no Brasil ficaria prejudicado.

A decisão foi tomada no âmbito do processo que apura o suposto tráfico de influência de Lula na compra de 36 aviões militares suecos e não tem relação direta com o julgamento, em Porto Alegre, que condenou Lula, em segunda instância, a doze anos de prisão no caso do tríplex do Guarujá.                       


(Nome de Lula é incluído no cadastro de procurados da PF, o juiz federal Ricardo Leite, da 10ª Vara, determinou à Polícia Federal a inclusão do nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no Sistema de Procurados e Impedidos. Trata-se de um banco com os dados de pessoas impedidas de entrar ou sair do País por motivos judiciais. As informações são acessadas pelos policiais nos portos, aeroportos, fronteiras e na emissão de passaporte. A PF informou que já cumpriu a determinação), Informa o Estadão. 


Condenado a 12 e um mês de prisão pelo TRF4 e tendo pela frente ainda mais 8 processos, (1- Sítio de Atibaia, 2 Instituto Lula, 3 -  Obstrução de Justiça, 4 -  Operação Zelotes, 5 -  Influência no BNDES, 6 - Organização Criminosa, 7 - Nomeação de ministro, 8 - Montadoras e ainda para estourar a “Operação Cratóns da PF”, um tenebroso caso envolvendo a Rose Noronha.) Lula mostrou quem é: 
Lula ouve um diagnóstico sincero
Nos bastidores, Lula ouviu de Eugênio Aragão, ex-ministro da Justiça de Dilma Rousseff, um diagnóstico real, informa O Globo:
“Na área penal, a possibilidade de prisão até o mês que vem.  Na eleitoral, a absoluta impossibilidade de levar adiante sua candidatura.” O Antagonista de 26/01/18.

Vejam o que diz J.R. GUZZO:

DESMANCHE Do MITO LULA
“Está dado um passo importe para o desmanche da maior obra de empulhação já montada até hoje na história política deste país.
Essa farsa, em exibição há anos, se deve à seguinte realidade: nada é genuíno, verdadeiro ou sincero. Lula se apresenta como um operário, mas já passou dos 70 anos de idade e não trabalha desde os 29. Representa o papel de maior líder de massas da história do Brasil, mas não ode sair à rua há anos, como medo de ser escorraçado a vaias, ou coisa pior. O “irmão” do brasileiro pobre é um milionário — e, como diz a líder de um partido rival de estrema esquerda, ninguém pode ser metalúrgico e milionário ao mesmo tempo. Vive denunciando as diferenças entre ricos e pobres, mas nenhum presidente brasileiro enriqueceu tanto os ricos quanto Lula — e justo aqueles que tiram suas fortunas diretamente do Tesouro Nacional. 

A verdade, em português claro, é quE o Brasil não precisa de Lula

Os pobres ficaram com o Bolsa Família. A Odebrecht ficou com as refinarias, os “complexos” petroquímicos, os estádios da Copa do mundo, os portos em Cuba”...                                             Fonte: Veja de 24/01/18 pág.106