O Periscópio: SE AS PROVAS DA ODEBRECHT NÃO VALEM, QUE FAZER COM O ROUBO?

terça-feira, 12 de setembro de 2023

SE AS PROVAS DA ODEBRECHT NÃO VALEM, QUE FAZER COM O ROUBO?

Por JOSIAS DE SOUZA

O ministro do Supremo Dias Toffoli anulou todas as provas obtidas por meio do acordo de leniência da Odebrecht. Alegou que são imprestáveis. Fez no atacado um serviço que vinha sendo realizado no varejo por Ricardo Lewandowski, de quem herdou os processos remanescentes da Lava Jato. A decisão de Toffoli consolidou um fenômeno sui generis: a ladroagem por geração espontânea.

A anulação das sentenças de Lula levou à extinção em série de dezenas de veredictos. Sumiram penas que, juntas, somavam mais de 200 anos de cadeia. Agora, Toffoli passa na borracha também, em decisão monocrática, todas as provas resultantes da confissão da corruptora-mor, uma empresa que mantinha em seu organograma um departamento de propina.

A ausência de corruptos e de corruptores conduz a uma incômoda interrogação: O que fazer com o produto do roubo? Devolvê-lo aos ladrões que confessaram o assalto? Não há maior evidência de corrupção do que confissões seguidas da devolução de dinheiro.

A Petrobras anotou em seu balanço de 2014 que obteve devoluções de R$ 6,2 bilhões. Documentos oficiais da Odebrecht e de sua subsidiária Braskem revelam acordos feitos nos Estados Unidos, no Brasil e na Suíça para a restituição de US$ 3,5 bilhões. Coisa jamais vista na história da corrupção mundial.

O enredo da Lava Jato começou a ser reescrito depois que Sergio Moro virou ministro de Bolsonaro. A porca torceu o rabo quando a Vaza Jato expôs os diálogos promíscuos do ex-juiz com procuradores da força-tarefa de Curitiba. O revisionismo tornou-se imperativo. Mas Toffoli esqueceu de maneirar.

Tomado pelas palavras —"ovo da serpente", "pau de arara do século 21, para obter 'provas' contra inocentes"— o ministro trata o cidadão brasileiro como um turista que viaja num avião e é tomado de assalto (ops!) pela sensação de que sua bagagem histórica, com todo o sobrepeso, viaja em outra aeronave.

Não há nas 135 páginas da decisão de Toffoli juízo de mérito. As provas foram anuladas sob o argumento de que houve ofensa ao princípio do devido processo legal. A decisão precisa passar pelo plenário do Supremo. Se a Corte não enxergar nada além de "tortura" de "inocentes" e o ovo da víbora, precisa decidir o que fazer com a única coisa que não dá para apagar da história: o dinheiro roubado.

Vale à pena escutar novamente o que disse Emílio Odebrecht durante a delação pessoal que antecedeu o acordo de leniência da empresa: "O que nós temos no Brasil, não é um negócio de cinco anos, dez anos atrás. Nós estamos falando de 30 anos atrás. [?] Então, tudo que está acontecendo era um negócio institucionalizado. Era uma coisa normal."

Emílio prosseguiu: "Em função de todos esses números de partidos, onde o que eles brigavam, era por quê? Era por cargos? Não. Todo mundo sabia que não era. Era por orçamentos gordos. Eles queriam orçamento. Ali os partidos colocavam seus mandatários com finalidade de arrecadar recursos para o partido, para os políticos. E isso é há 30 anos que se faz isso."

Pode-se fingir que a cleptocracia é uma ficção, mas será necessário providenciar a resposta: O que fazer com o pedaço do assalto que foi devolvido aos cofres públicos? FONTE: https://noticias.uol.com.br/colunas/josias-de-souza/2023/09/06/se-as-provas-da-odebrecht-nao-valem-que-fazer-com-o-roubo.htm

6 comentários:

O PERISCÓPIO 12 de setembro de 2023 às 05:28
Mércia Maioli, Serra/ES: O pedaço do assalto que foi devolvido, eles vão dar um jeito de ficar com ele.
Não sei como não infarto.
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O PERISCÓPIO 12 de setembro de 2023 às 06:06
Douglas, Serra/ES: Tempos sombrios pairam sobre a nação, tomaram o poder e agora não temos forças pra reagir, a sociedade Brasileira é muito passiva, vai aceitar tudo em silêncio.
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O PERISCÓPIO 12 de setembro de 2023 às 06:08
Everaldo, Serra/ES: É por isso que nosso país é desse jeito meu amigo a justiça cobre os ladrão eles continuam a roubar mais. Se vai um pequeno se envolve nisso aí ele ia passar vários anos na cadeia mas como é o Odebrecht né é poderosa tem muito dinheiro envolvido
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O PERISCÓPIO 13 de setembro de 2023 às 08:43
Rubens Pontes, com quase 101 anos de idade comenta:
Uma antiga expressão popular parece ganhar fôlego nestes conturbados tempos: "Estão brincando com fogo".
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O PERISCÓPIO 17 de setembro de 2023 às 04:20
Mércia Maioli, Serra/ES: Muita corrupção dos magistrados. O que eles de fato ganham com tudo isto, será o poder?
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O PERISCÓPIO 19 de setembro de 2023 às 14:19

leilor antonio da silva

Tiveram que legislar por ausência de outros poderes e orgãos. Vergonha é essa extrema direita reacionária e neofacista que ao seu tempo está voltando para obscuridade e o esgoto que jamais deveria ter saido, mas as claras vai ficar na memoria do povo sua breve e desastrosa passagem.
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O ENIGMA DE JOTAPÊ

Apesar de baseado em fatos reais, O ENIGMA DE JOTAPÊ é uma obra que mistura ficção com fatos reais, autobiográficos.Fatos e personagens reais se misturam com invenções em universo paralelo em forma de psicodrama. Reúne ensaios sobre a vida depois da vida, a reencarnação e a comunicação com os mortos, quase todos de fundo memorialístico. No conjunto, a coletânea forma um painel da vida do autor, no qual se examina também a catástrofe histórica que a transformou. O autor recorda sua infância e dá razões para hoje viver... imagem no museu do Vaticano Capa do livro ‘O ENIGMA DE JATAPÊ” Deus Janus - O Senhor dos Portais Janus, ou também nomeado como Jano, é um Deus de origem pré-latina e muito cultuado pelos romanos, ele é um Deus que representa a dualidade, é o porteiro celestial, Deus das Portas e Portais como também e das entradas, Senhor do sol e do dia, das indecisões e representante dos terminios e dos começos, passado e futuro e das transições. Seu mês é Janeiro, o primeiro mês do ano o qual leva seu nome, é um mês que tem em si um pouco do passado e a promessa do futuro que o inicio do ano marca. Ele era considerado o Pai dos Deuses e é dito que foi o primeiro Deus a ser cultuado em cerimônia em Roma antes dos deuses gregos serem introduzidos as crenças romanas, e assim, Janus passando a ser considerando um Deus Menor. As lendas contam que Janus era um homem mortal que nasceu na Tessália que se localiza na Grécia e ao se mudar para o Lácio, casou-se com a rainha e assim dividindo o reino. Após a morte de sua esposa, Janus passou a governar sozinho todo o território e dedicou seu governo as transformações, desenvolvimentos científicos, criação de leis, aprimoramento do cultivo e as primeiras moedas correntes, muitas mudanças foram implementadas durante seu reinado trazendo para o Lácio um período de paz e prosperidade nunca visto antes. 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PEGADAS DA CAMINHADA (EDIÇÃO DIGITAL)

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