Por THEODIANO BASTOS
O Ministro Alexandre de Moraes usa os mesmos métodos
que condenava da Lava Jato para obter delação de Cid, ajudante de ordem do
ex-presidente Bolsonaro.
O procurador-geral da
República Augusto Aras, no entanto, criticou a possibilidade. De saída da
chefia do Ministério Público Federal, o procurador comparou o acordo de
colaboração do ex-ajudante de ordens da Presidência aos pactos que foram
negociados no bojo da Operação Lava Jato com Antonio Palocci (ex-ministro dos
governos Lula e Dilma) e Sérgio Cabral (ex-governador do Rio de Janeiro).
"A PGR não aceita delações conduzidas pela Polícia Federal", indicou,
dando parecer contrário à delação
O tenente-coronel Mauro Cid,
ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) já saiu do Batalhão
da Polícia do Exército, em Brasília, neste sábado, 9/9. Após ter o seu pedido
de delação premiada homologada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo
Tribunal Federal,
Ao sair do batalhão, seguiu para o centro integrado de monitoração da
polícia penal, onde colocou a tornozeleira eletrônica que deve acompanhá-lo
durante a liberdade provisória. Após colocar o aparelho, Cid seguiu para a
Polícia Civil do Distrito Federal, onde fez exame de corpo de delito do
Instituto Médico Legal (IML).
Por volta das 16h, chegou em sua residência no Setor Militar Urbano, em
Brasília, abraçou uma de suas filhas e entrou na residência. O pai do
ex-ajudante de ordens, o general de reserva Mauro Cesar Lourena Cid - que
também é investigado por auxiliar na venda das joias ilegais - abraçou o
advogado Cezar Bitencourt na garagem da casa.
O ministro, no entanto, vinculou a soltura ao cumprimento de uma série
de medidas cautelares, a começar pelo uso de tornozeleira eletrônica. O
tenente-coronel também está proibido de deixar o País, teve seu passaporte
cancelado e foi afastado de suas funções no Exército.
Da mesma forma, Cid está proibido de se comunicar com outros
investigados e de usar as redes sociais. Terá de se apresentar todas as
segundas-feiras ao juízo de execuções de Brasília, a começar do próximo dia 11.
Está proibido de deixar a capital federal, devendo ficar em recolhimento
domiciliar durante as noites e os fins de semana. Também teve suspensos
eventuais porte de armas e registro de CAC.
O ex-ajudante de ordens de Bolsonaro passou mais de quatro meses detido,
depois de sua prisão em 3 de maio, alvo da Operação Venire - investigação sobre
suposto peculato eletrônico com a inserção de dados falsos nos sistemas do SUS
para a emissão de carteiras de vacinação fraudadas em nome do ex-presidente e
de outras pessoas.
Delação premiada de Mauro Cid
A liberdade provisória de Mauro Cid foi concedida depois que o ministro
Alexandre de Moraes homologou a delação premiada do militar. A delação pode
levar os investigadores a sanarem lacunas e avançarem nas apurações mais
sensíveis dos inquéritos que miram o ex-presidente Jair Bolsonaro, como os
ataques às urnas e o suposto esquema de venda de joias.
Cid foi até o Supremo nesta quarta-feira, 6/9, informar que queria
colaborar com as investigações e que a Polícia Federal aceitou sua proposta de
delação, mas o avanço das negociações dependia da homologação que Moraes deu
neste sábado, 9. Com a homologação, as informações prestadas pelo ex-ajudante
de ordens poderão ser usadas em diferentes apurações que atingem a ele e a
Bolsonaro. Na decisão em que autorizou as diligências da Operação Lucas 12:2 -
assinada no âmbito do inquérito das milícias digitais - o ministro reproduziu o
gráfico em que a Polícia Federal listou as frentes de apuração que giram em
torno do ex-presidente e seus principais aliados.SAIBA MAIS EM: https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2023/09/09/moraes-homologa-delacao-e-manda-soltar-mauro-cid-ex-ajudante-de-ordens-de-bolsonaro.ghtml
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