quinta-feira, 6 de outubro de 2022

QUEM É BOLSONARO? CARREIRA POLÍTICA E MILITAR


Jair Messias Bolsonaro: a trajetória militar e política do presidente que busca a reeleição

Após construir uma longa carreira parlamentar com base na defesa dos interesses de militares, Jair Bolsonaro chegou à Presidência da República, em 2018, com uma campanha eleitoral que privilegiou a coordenação nas redes sociais e que, a princípio, foi apontada como zebra pelos analistas políticos. Sublimando o sentimento de antipetismo e no momento em que o ex-presidente Lula da Silva estava preso e impedido de concorrer ao pleito presidencial devido a decisões oriundas da Operação Lava Jato, Bolsonaro derrotou o ex-prefeito Fernando Haddad ao receber 57,8 milhões de votos no segundo turno, todos registrados em urnas eletrônicas.

Carreira militar de Jair Bolsonaro

Jair Messias Bolsonaro começou sua trajetória militar na Escola de Cadetes de Campinas (SP), onde chegou em 8 de março de 1973, duas semanas antes de completar 18 anos de idade. No ano seguinte, foi aprovado para ingressar na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende (RJ). Integrante da turma Tiradentes, o cadete nº 531 ficou conhecido entre os colegas pelo apelido Cavalão, graças à disposição física que demonstrou durante o curso.

Bolsonaro cumpriu o curso básico de paraquedismo do Exército em julho de 1977. Em dezembro daquele ano, foi declarado aspirante a oficial de artilharia, concluindo o curso da Aman. O então presidente da República, general Ernesto Geisel — o penúltimo do regime militar —, esteve presente na cerimônia de formatura, conforme registrou reportagem da época publicada no jornal O Estado de S. Paulo.

Em 1986, em um artigo publicado na revista Veja intitulado “o salário está baixo”, o capitão Jair Bolsonaro cobrou abertamente o comando militar do país em relação aos soldos pagos a soldados e oficiais de baixas patentes. “Como capitão do Exército brasileiro, da ativa, sou obrigado pela minha consciência a confessar que a tropa vive uma situação crítica no que se refere a vencimentos”, ele escreveu. Por causa da publicação, Bolsonaro ficou 15 dias preso em um quartel.

No ano seguinte, a revista publicou uma reportagem em que revelava supostos planos de Jair Bolsonaro e de um colega militar, Fábio Passos, de explodir bombas em instalações militares com o objetivo de pressionar o comando por melhores salários e condições. “Só a explosão de algumas espoletas”, afirmou Bolsonaro à repórter, em tom de brincadeira.

Após a publicação da reportagem, que reproduzia um desenho esquematizado de um dos supostos alvos, Bolsonaro e Passos negaram ao então ministro do Exército, o general Leônidas Gonçalves, que os planos fossem verdadeiros. “Os dois oficiais envolvidos, eu vou repetir isso, negaram peremptoriamente, da maneira mais veemente, por escrito, do próprio punho, qualquer veracidade daquela informação”, disse o ministro à revista. “Quando alguém desmente peremptoriamente e é um membro da minha instituição e assina embaixo, em quem eu vou acreditar?”

O fato fez com que Bolsonaro respondesse a uma investigação em um conselho de justificação do Exército, onde foi inicialmente condenado por unanimidade. Após recorrer ao Superior Tribunal Militar (STM), Bolsonaro foi absolvido por falta de provas, por 9 votos a 4. A carreira militar de Jair Bolsonaro é

narrada em detalhes no livro “O Cadete e o Capitão: A Vida de 

Jair Bolsonaro no Quartel” (Todavia), publicado em 2019 pelo jornalista Luiz Maklouf Carvalho.

Em 1993, em entrevista a pesquisadores da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o ex-ditador Ernesto Geisel — que compareceu à formatura da turma de Bolsonaro na Aman — classificou o então deputado federal como um “mau militar”. Segundo disse Geisel, “militares devem ficar fora da política partidária, mas não da política geral”. “Presentemente, o que há de militares no Congresso? Não contemos o Bolsonaro, porque o Bolsonaro é um caso completamente fora do normal, inclusive um mau militar.”

A carreira política de Bolsonaro

Após ter se notabilizado no Rio de Janeiro pela defesa dos interesses corporativistas de militares, Jair Bolsonaro disputou eleições pela primeira vez em 1989, quando foi eleito vereador na cidade — ele chegou a distribuir santinhos em áreas militares, o que é proibido por lei. Dois anos depois, sob a mesma plataforma eleitoral, trocou o cargo de vereador pelo de deputado federal em Brasília, que manteve durante sete mandatos e 28 anos, até ser eleito presidente da República.

Bolsonaro também ganhou fama pelas declarações antidemocráticas. Em maio de 1999, em entrevista ao programa Câmera Aberta, da Band Rio, o então deputado pregou o fechamento do Congresso Nacional, uma guerra civil no país e o fuzilamento de políticos, inclusive do então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. No mesmo programa, Jair Bolsonaro também disse ser a favor da sonegação de impostos.

Presidente do Congresso Nacional à época, o senador baiano Antônio Carlos Magalhães defendeu a cassação do mandato de Bolsonaro. “Se ele prega isso, deveriam cassar o mandato dele”, declarou à Tribuna da Imprensa, conforme a edição do dia 25 de maio de 1999. “Não vi a entrevista e não tenho que tomar conhecimento das loucuras de alguém que, evidentemente, está perdendo o senso e o juízo”, completou ACM. Já Fernando Henrique Cardoso disse ao jornal que as declarações de Bolsonaro “demonstram que ele não se converteu à democracia”.

A carreira política de Bolsonaro se confunde com sua vida pessoal. A primeira esposa dele, Rogéria Bolsonaro, se elegeu vereadora no Rio de Janeiro em 1996. Na disputa seguinte, em 2000, ela estava se separando do marido e concorreu à reeleição contra um dos filhos, Carlos Bolsonaro, que à época tinha 17 anos de idade. Carlos se tornou o vereador eleito mais jovem da História do país — tomou posse após completar 18 anos —, e Rogéria não conseguiu se reeleger. Até hoje, Carlos Bolsonaro ocupa o cargo de vereador na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, atualmente em seu quinto mandato.

Outros dois filhos de Jair Bolsonaro, Eduardo e Flávio, seguiram os passos na carreira política. Flávio se elegeu deputado estadual pelo Rio de Janeiro em 2002 e se reelegeu outras três vezes, ocupando o cargo até 2018, quando foi eleito senador. Eduardo foi eleito para a Câmara dos Deputados por São Paulo em 2014 e, em 2018, se reelegeu como o deputado mais votado da história do Brasil, na esteira da campanha presidencial do pai. SAIBA MAIS EM: https://www.jota.info/eleicoes/jair-bolsonaro-a-trajetoria-militar-e-politica-do-presidente-que-busca-a-reeleicao-13052022

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