Por MURILO ARAGÃO
Antes mesmo que se saiba o nome do próximo presidente
da República, os principais vetores da governabilidade já estão postos. Tanto
por seus aspectos exógenos quanto pelos endógenos. Serão eles que imporão os
limites e os desafios à governabilidade do presidente a ser eleito em 30 de
outubro. Vamos começar pelos aspectos exógenos. Em 2023, o mundo exterior será
desafiador, por causa de situações críticas como as consequências da invasão da
Ucrânia pela Rússia. Não há expectativa de curtíssimo prazo...
O mundo vive uma tempestade perfeita, juntando guerra
com inflação, estagnação, crise energética e, ainda, as sequelas da pandemia.
Tal quadro estará presente em 2023, desafiando seriamente o Brasil...
Temos ainda nossos próprios problemas, que também
colocarão à prova o futuro governo. Institucionalmente, vivemos uma longa
transição do hiperpresidencialismo para uma espécie de semiparlamentarismo...
O novo presidente, seja ele qual for, será ainda mais
fraco que o atual. O Judiciário, pelo seu lado, prosseguirá ativo e sendo
chamado a decidir questões políticas...
A sociedade brasileira, crescentemente mobilizada,
deseja soluções que vitalizem a economia e a redução da desigualdade.
O desmonte da economia informal pela pandemia agravou aspectos críticos, tornando
a retomada do crescimento um imperativo para que a sociedade não entre em
conflito.
O Brasil jamais se transformará em uma nova
Venezuela, em razão da força de nossas instituições públicas e privadas. Mas
não podemos dar chance ao azar em um momento em que o mundo não nos ajudará. Os desafios
internos e externos vão exigir prudência, pragmatismo e liderança.
E enfrentamento de problemas históricos, como o corporativismo, o
patrimonialismo, a corrupção, a opacidade dos poderes públicos e a
desigualdade.
O primeiro turno das eleições mostrou um
Brasil cauteloso e conservador, no sentido de apoiar a moderação. É um bom sinal.
E o Congresso Nacional de
2023 refletirá tais características. É um bom sinal, já que devemos prosseguir
como uma sociedade cujo modelo político principal é o da construção de
consensos. Isso exigirá do novo presidente capacidade para construir acordos, a
fim de nos proteger de um mundo instável, e, ao mesmo tempo, capacidade para
enfrentar nossos problemas internos.” Publicado
em VEJA de 12 de outubro de 2022, edição nº 2810 LEIA
MAIS EM: https://veja.abril.com.br/coluna/murillo-de-aragao/governabilidade-em-2023/
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