sábado, 29 de junho de 2019

MERCOSUL E UNIÃO EUROPEIA


Mercosul e União Europeia selam esperado acordo após 20 anos de negociações
O pacto representará um incremento do PIB brasileiro de 87,5 bilhões de dólares a 125 bilhões em 15 anos, segundo o Ministério da Economia
Após vinte anos de negociação, o Mercosul (Argentina, Brasil, Uruguai e Paraguai)  e a União Europeia selaram, nesta sexta-feira, um acordo de livre comércio entre os dois blocos. A informação é dos ministérios da Economia e das Relações Exteriores. O pacto é um marco histórico no relacionamento entre os dois blocos, que representam, juntos, cerca de 25% do PIB mundial e um mercado de 780 milhões de pessoas. Ele cobre temas tanto tarifários quanto de natureza regulatória, como serviços, compras governamentais, facilitação de comércio, barreiras técnicas, medidas sanitárias e fitossanitárias e propriedade intelectual.
O texto deve obter ainda a autorização dos Estados membros e do Parlamento Europeu, que podem exigir mudanças, informam os repórteres Lluís Pellicer e Álvaro Sánchez. De acordo com estimativas do Ministério da Economia, o acordo entre Mercosul e UE "representará um incremento do PIB brasileiro de 87,5 bilhões de dólares em 15 anos, podendo chegar a 125 bilhões de dólares", considerando a redução das barreiras não-tarifárias e o aumento esperado na produtividade do país. 
Ainda segundo o comunicado do Governo brasileiro, o aumento dos investimentos previstos para o Brasil no mesmo período é de 113 bilhões de dólares. E as exportações para a UE podem crescer quase 100 bilhões de dólares até 2035.
O presidente Jair Bolsonaro, que participa da cúpula do G20 em Osaka (Japão), classificou o pacto comercial entre o Mercosul e a União Europeia como um dos mais importantes "de todos os tempos". "Histórico!", escreveu ele no Twitter. "Esse será um dos acordos comerciais mais importantes de todos os tempos e trará benefícios enormes para nossa economia". Na avaliação do Governo brasileiro, o pacto com a UE deve ser visto como um “acordo ponte”, que facilitará a negociação de futuros acordos entre o Mercosul e outros parceiros.
Com a vigência do acordo, produtos agrícolas terão suas tarifas eliminadas, como suco de laranja, frutas e café solúvel. Os exportadores brasileiros obterão ampliação do acesso, por meio de quotas, para carnes, açúcar e etanol, entre outros.
O Governo informou, ainda, que o acordo reconhecerá como "distintivos do Brasil" vários produtos, como cachaças, queijos, vinhos e cafés, e garantirá "acesso efetivo em diversos segmentos de serviços, como comunicação, construção, distribuição, turismo, transportes e serviços profissionais e financeiros".
Ainda segundo a nota, as empresas brasileiras serão beneficiadas com a eliminação de tarifas na exportação de 100% dos produtos industriais. "Serão, desta forma, equalizadas as condições de concorrência com outros parceiros que já possuem acordos de livre comércio com a UE", informou o governo federal.
"A redução de barreiras e a maior segurança jurídica e transparência de regras irão facilitar a inserção do Brasil nas cadeias globais de valor, com geração de mais investimentos, emprego e renda", avaliou o comunicado.
O texto fechado entre os dois blocos estabelece ainda contrapartidas sociais e ambientais às duas partes expostas no capítulo “Desenvolvimento sustentável”. A principal delas é a permanência e defesa do Acordo de Paris e inclui ainda respeito aos direitos trabalhistas e garantia aos direitos das comunidades indígenas.
Participaram das negociações entre Mercosul e UE em Bruxelas o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo; a ministra da Agricultura, Tereza Cristina; e o Secretário Especial de Comércio Exterior e Assuntos Internacionais do Ministério da Economia, Marcos Troyjo. https://brasil.elpais.com/brasil/2019/06/28/

O que o Mercosul tem a ganhar após acordo com a União Europeia
Com 264 milhões de habitantes e um PIB de quase 1/8 do bloco europeu, países do grupo americano devem se beneficiar com o novo acordo.
Mercosul: Acordo com a União Europeia pode dar benefícios comerciais para Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai O Mercosul é uma “união aduaneira imperfeita”. A frase se repete como um mantra na história do bloco, criado em 1991 com o objetivo de integração comercial, que avançou lentamente e pode, agora, encontrar um novo estímulo com um acordo com a União Europeia (UE).
Especialistas consultados pela AFP concordam que, além dos benefícios comerciais que Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai podem obter do acordo com a UE, o pacto funcionaria como catalizador institucional para um bloco estagnado, com 264 milhões de habitantes e um Produto Interno Bruto (PIB) que é quase 1/8 do seu colega europeu.
Meio do caminho
“A quase 30 anos de sua criação, não se alcançou sequer o cenário de União Aduaneira” no Mercosul, explica Nicolás Albertoni, especialista em Comércio da Georgetown University, em Washington, nos EUA. Embora exista uma Tarifa Externa Comum (TEC), há muitas exceções e, por isso, fala-se de “imperfeição”: os países-membros aplicam tarifas próprias em vez da TEC quando negociam com terceiros, explica.
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 “O Mercosul não consolidou sua união aduaneira, nem seu mercado comum; conta com uma zona de livre-comércio precária, já que tem exceções (setor automotivo e o açúcar, por exemplo), e ainda conta com um nível muito elevado de barreiras não tarifárias que afetam o crescimento do comércio intra-regional”, afirma Ignacio Bartesaghi, especialista em Comércio e Mercosul da Universidade Católica de Montevidéu, onde fica a sede do bloco sul-americano. https://exame.abril.com.br/

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