sexta-feira, 14 de agosto de 2009

POR QUE AS PESSOAS SE MATAM?




 POR QUE AS PESSOAS SE MATAM?

                                               THEODIANO BASTOS

                                   A imprensa noticia que mais um se mata, jogando-se do alto da Terceira Ponte que liga Vitória a Vila Velha e abala a comunidade, por tratar-se de um jovem atleta, bonito, saudável, cheio de vida e se pergunta por quê? 



A imprensa noticia que mais um se mata, jogando-se do alto da Terceira Ponte que liga Vitória a Vila Velha e abala a comunidade, por tratar-se de um jovem atleta, bonito, saudável, cheio de vida e se pergunta por quê?  3ª PONTE, 275 SUICÍDIOS EM SETE MESES. Segundo apurei junto a fonte confiável na Prefeitura de Vitória, com o suicídio de uma linda e muita rica mulher de 42 anos no dia de ontem, 19/07/14, só este ano já foram 275 suicídios de pessoas que se jogaram do vão central da 3ª Ponte entre Vitória e Vila Velha.


É urgente que se tome alguma providência para evitar tamanha calamidade.
O Brasil registra 30 suicídios por dia; problema afeta mais idosos e índios. O problema tem avançado no país, suicídios aumentaram 12% em quatro anos. E
mostram dados do Ministério da Saúde. Em 2015, foram 11.736 notificações, com 14% da população do País.
 
Suicídio ainda é um tabu e vai de encontro ao instinto de sobrevivência, o mais primário dos instintos do ser humano e todos os seres do reino animal. Desilusão amorosa, bancarrota, drogas, depressão, sentimento de culpa, medo difuso, ansiedade, auto-aversão, alheamento do eu, angústia sufocante, lapso de memória, confusão e ausência de foco mental, a somatória de todo tipo de sofrimento que leva o indivíduo a desejar a morte, diz o escritor William Styron. É "como se estivesse no meio de um nevoeiro. Nada lhes é claro. Não são somente os seus próprios sentimentos e pensamentos que se apresentam nebulosos; os outros indivíduos e o conteúdo das situações também são assim percebidos", completa Karen Horney. Na entrada do Inferno de Dante está escrito: "Deixai toda esperança, ó vós que entrais." 

“Quem quer se matar não quer terminar com a vida; quer acabar com a dor” 

                            O que leva uma pessoa a dar cabo da vida? Que caminhos percorre a sofrida mente humana até chegar à extrema violência de acabar com a própria vida? Talvez uma somatória de tudo isso. O escritor William Styron, na sua obra "Perto das Trevas", ele mesmo quase-suicida, também observa que "Uma das manifestações é a sensação de odiar a si mesmo, acrescida da completa falta de auto-estima" e classifica a depressão como um distúrbio do espírito, avassaladora e imprevisível, uma dor implacável e quase indescritível. "Examinando o ódio a si próprio e a sua avassaladora força, não podemos deixar de ver nele uma grande tragédia, talvez, mesmo, a maior tragédia da mente humana", ressalta a psicanalista Karen Horney no seu livro “Neurose e Desenvolvimento Humano”. Decidido a matar-se, William Styron encontrou forças para desistir de seu louco intento e foi salvo ouvindo o Conserto para Piano e Orquestra nº 1 e as Danças Húngaras, l, 3 e 10 de Johannes Brahms. "Não acho que a música possa curar de modo algum, diz. Foi só um momento dramático de emoção para mim. Quando ouvi aquela música, mexeu fundo comigo. Tinha a ver com o meu passado, minha infância, minha mãe. Então, naquele momento em que estava perto do fim, reuni forças e decidi salvar-me”.
                            A música ajuda muito na cura das enfermidades da alma. "A música tem também o poder de dissolver as tensões do coração e a violência de emoções sombrias", consta do I Ching. A maioria dos suicídios poderia ser evitada por meio do apoio, da ajuda de outras pessoas. Disse o autor de “Perto das Trevas”, que se curou com a solidão, hospital, esboço literário e o passar do tempo. "Eu quis mostrar que se elas (as pessoas deprimidas), têm ajuda, podem melhorar. E mesmo que predomine a desesperança, a esperança é realmente a resposta", conclui.
                            Escrever é remédio, e ao mesmo tempo veneno. Nem sempre escrever para sair do buraco resolve para quem não superou completamente os impulsos audodestrutivos. Muitos escritores são atormentados emocionalmente, instáveis e problemáticos, haja vista o número de escritores famosos: Ernest Hemingway, autor de obras como “Por Quem os Sinos Dobram”, “Adeus às Armas”, “O Sol Também se Levanta”, “O Velho e o Mar” etc., acabou com a vida quando se sentiu doente e não mais poderia viver como sempre quis; Sándor Mároi, húngaro naturalizado americano, autor de Veredicto de Canudos, sobre a saga de Antônio Conselheiro do sertão da Bahia, aos 89 anos; Virgínia Woolf, Edgar Allan Poe, Anne Sexton, Sylvia Plath, Primo Levi, Ana Cristina César, Yukio Mishima, considerado um dos maiores escritores do século 20, suicidou-se de forma ritual aos 45 anos e muitos outros que se suicidaram durante um período de grande produtividade literária; Eleonor Marx, filha de Karl Marx, autor de “O Capital”, figura fundamental para a propagação do movimento revolucionário, mulher intelectualmente brilhante e emocionalmente dependente. Stefan Zweig (Viena, 28 de Novembro de 1881Petrópolis, 23 de Fevereiro de 1942) foi um escritor, romancista, poeta, dramaturgo, jornalista e biógrafo austríaco de origem judaica. A partir da década de 1920 e até sua morte foi um dos escritores mais famosos e vendidos do mundo, autor de BRASIL, Pais do Futuro. Durante seu exílio no Brasil, deprimido com a expansão da barbárie nazista pela Europa, durante a Segunda Guerra Mundial, suicidou-se em 23/02/42, em Petrópolis, junto com sua esposa Charlotte Elizabeth Altmann.

Nenhum desses famosos escritores conseguiu fazer com que o exercício criativo impedisse os impulsos do auto-extermínio, quando se desatam os laços que se tem com  a família, os amigos e a comunidade, um ato desesperado de rebeldia e protesto, mas acima de tudo um gesto infeliz de desequilíbrio mental.
                           
                            SINTOMAS DA DEPRESSÃO

                            Constam nos manuais da medicina: perda de vitalidade ou de interesse pela  vida, dificuldade de concentração, sentimento de culpa, problemas de sono (excesso ou falta dele), pensamentos ou atos suicida, fadiga, alterações de apetite e peso (tanto ganho quanto perda), comprometimento da habilidade psicomotora (agitação ou lentidão), sérias alterações no sistema digestivo,  dores físicas. E grade sofrimento emocional.  “As pessoas têm vergonha de admitir suas angústias e aflições” alerta o psiquiatra americano Stephen Stahl, na matéria “A DOR DA ALMA DÓI NO CORPO” em Veja de 06/04/11 pág. 100.

                           Ernesto Sábato adverte: “Mas, cuidado no caso de loucura. A diferença essencial é que o escritor pode chegar até o mundo da loucura e regressar, o que não pode fazer o louco propriamente.” Ao que Carlos Catania responde do diálogo: “No caso do louco, este será um estado enquanto para o escritor tratar-se-á de uma visita?”

                Sobre o tema, leia no Blog: “OS QUATRO INIMIGOS DO HOMEM” e “QUEM SOU EU?”.
                                        O texto está na Internet no Blog O PERISCÓPIO (theodiano.blogspot.com). Theodiano Bastos é escritor, autor dos livros: BRASIL – O Lulopetismo no Poder, O Triunfo das Idéias, A Procura do Destino e coletâneas publicadas pela UFES/CEPA e a publicar: Liderança, Chefia e Comando. e é presidente da ONG CEPA – Círculo de Estudo, Pensamento e Ação, em Vitória – ES  www.ufes.br.


              

ATENAS, LONDRES E LISBOA

ATENAS, LONDRES E LISBOA
Theodiano Bastos
Finalmente conheci com a esposa, Londres, Atenas e Lisboa. Somente os dois, sem grupo, com a cobertura de uma agência de viagem que providenciou as passagens, traslados e reservas dos hotéis, enfrentamos o desafio. Foram 12 dias para se conhecer tanta coisa; uma aventura inesquecível para um casal com 70 e 68 anos. Mas viagem é assim mesmo, a gente só fica conhecendo um pouco de cada lugar porque o tempo é sempre insuficiente. Mas o que se vê fica registrado na memória para o resto da vida.
LONDRES, o Hyde Park, Trafalgar Square, o London Eye, o cruzeiro pelo Rio Tamisa e suas oito belas pontes, o Parlamento, o Big Ben tocando na nossa frente, a Torre de Londres, Abadia de Westminster, Waterloo e Tower Bridge, a bela coreografia da troca de guarda do palácio de Buckingham, as duas bandas marciais, os cavaleiros paramentados nos belos cavalos, a entrada do subterrâneo que leva ao gabinete de guerra usado por Churchill na Segunda Guerra Mundial, Notting Hill, a catedral de St. Paul´s, a arquitetura clássica inglesa, com os tijolinhos vermelhos, seus imensos e fantásticos parques, o viajar nos conhecidos ônibus vermelhos de dois pavimentos e no nos trens do Subway londrino e nos clássico táxis londrino, enfim a emoção de estar conhecendo a capital do império britânico “onde o sol nunca se punha”, impressiona o grande número de mulheres mulçumanas circulando pelas ruas de Londres. Umas usam apenas o hijab, o véu islâmico que cobre o alto da cabeça e o pescoço, mais usado pelas jovens, o shayla, que cobre o alto da cabeça e também os ombros, alguns muito bonitos, o chador, uma capa preta que cobre todo o corpo, deixando apenas o rosto exposto, e o niqab, que deixa apenas os olhos visíveis e até vi uma única mulher com a burca, veste negra que envolve todo o corpo da mulher, inclusive a cabeça tendo, na altura dos olhos, dispositivo que permite que a mulher veja sem que seja vista, típico do Afeganistão. Muitas mulheres indianas e paquistanesas usando vistosos sáris e muitos motoristas de ônibus e táxis barbudos e de turbantes, indianos e paquistaneses. Como sempre faço aonde for, pego um coletivo qualquer e vou até o fim da linha para conhecer as periferias e foi assim que fomos parar em Canden, onde conhecemos um mercado popular com comidas de diversos países e comemos no quiosque do Marrocos, trabalhos artesanais, um verdadeiro mercado persa, imperdível, tinha de tudo. E o povo inglês com a mesma empáfia: sempre com o queixo levantado. Heathrow, em Londres, é o aeroporto mais movimentado do mundo. São 67 milhões de passageiros por ano e a cada 45 segundos um avião pousa ou decola em suas quatro pistas.
ATENAS, a capital da Grécia e sua história gloriosa de mais de 5.000 anos. Como o povo grego é caloroso, hospitaleiro e como adoram os brasileiros. Rivaldo é adorado por lá. A emoção de ver as ruínas históricas de Acrópolis, que se via à noite toda iluminada do terraço do hotel Dorian, o Templo de Zeus (Júpiter) , o deus dos deuses, Hera (Juno), Poseidon (Netuno), Hades, Hermes (Mercúrio), Apolo, Artemisa (Diana) , Pan, Asklepios (Esculápio) Dionísio (Baco), Atenea (Minerva), Afrodita (Vênus), Hefesto, o Portal de Adriano, do Partenon, teatro de Dionísio, as pequenas e belas igrejas ortodoxas gregas, tanto em Atenas como nas ilhas visitadas. A Grécia sempre teve para mim um fascínio muito grande, porquanto ainda em criança, passei a ter conhecimento sobre sua cultura e acima de tudo de sua mitologia, do Olimpo, morada dos deuses, Tebas, Esparta, Éfeso, Ágora, onde os antigos gregos se reuniam para tomar decisões — mas com o advento da internet, o Ágora é agora, < Mileto, das civilizações Minóica e Micênicas, Macedônia, que a partir de 200 Antes de Cristo, se confunde com os Romanos, Bizâncio, 324 depois de J.C. dominação turca por quatro séculos, e a independência em 182, nomes familiares porque sempre lembrados por meu pai Ostiano Bastos, médico de muita cultura e pouca sorte. “Devo ter sido muito prepotente em outra vida e por isso vim para esse mundo como um médico humilde, humilde, para purgar meus pecados”. Dizem os gregos que “O destino conduz aquele que consente e arrasta o que lhe resiste”. Cresci ouvindo os nomes de Sócrates, Aristóteles, Platão, Sófocles, Homero, Péricles e sobre a mitologia grega. Isso marcou minha infância, porquanto somos fruto da civilização greco-romana, os filmes “Zorba o Grego” e “Casamento Grego”.
Do movimentado porto de Pireo, partiu o cruzeiro marítimo no Anna Maru para se conhecer as lindas ilhas de Hydra, Poros e Egina, todas de origem vulcânica, (a Grécia tem 166 ilhas habitadas e 1.259 não habitadas, nos mares Egeo e Jônico), nos salões do navio, os casais em trajes típicos apresentavam as danças gregas, principalmente a de Zorba. Ao tocarem uma música com ritmo parecido com bolero, entusiasmado e como somos festeiros, habituados a enfrentar os salões vazios para iniciar os bailes, subimos ao palco com minha esposa Maria do Carmo e dançamos, esperando que outros casais fizessem o mesmo. “BRAASIIIL”, bradou a apresentadora ao microfone. mas acabamos sozinhos no palco. Uma argentina pegou o microfone e com bela voz passou a cantar um bolero e com os passos que usamos com freqüência, nos saímos bem. Muitos flashs pipocavam das câmaras e fomos surpreendidos com calorosas palmas ao final.
LISBOA é uma linda cidade. O Mosteiro dos Jerônimos, e ao lado o Museu Naval, com réplica das caravelas (os navegadores não deixaram projetos de construção das caravelas e fez as réplicas baseado-se nas descrições dos padres que seguiam nas viagens) e onde está o hidroavião utilizado por Gago Coutinho e Sacadura Cabral para fazerem a travessia Lisboa/Rio. Senti grande emoção ao ver a Torre de Belém na foz do Rio Tejo, porquanto de lá partiam as caravelas para as longas viagens, e seus grandes navegadores, como Vasco da Gama, Fernão de Magalhães, Pedro Álvares Cabral e muitos outros, epopéia que levaram os portugueses a ter colônias em quase todos os continentes, como na Índia, China, África, e o Brasil (“se queres aprender a rezar, caias do mar”), o Padrão dos Descobrimentos, o bairro medieval de Alfama, do Rossio, o Baixa Chiado, onde um idoso, em rua quase deserta, tocando violão e com linda voz cantava fados e a meu pedido cantou “Lisboa, velha cidade, de encanto e beleza”..., e de vez em quando passava um bondinho quase vazio dando um toque de nostalgia. A Praça do Mercado com a imponência de seu arco, ponto de partida dos elétricos (bondes), tanto dos pequenos modelos antigos como os modernos articulados a bonita Praça de Touros em Campo Pequeno, Museu dos Coches, Santuário de Fátima Óbidos e Nazaré, Alcobaça, Batalha, o bairro da Expo 98 com seus monumentais edifícios em forma de caravelas, com o belo Parque das Nações, na confluência da nova Ponte Vasco da Gama, uma das maiores do mundo.e seus diversos atrativos, como o lindo e imenso aquário com grande número de peixes, pingüins, aves marinhas e crustáceos, Com apenas 6 milhões de habitantes, Portugal foi uma importante potência marítima e militar no século 16 e escritores famosos como Camões (Lusíadas), Fernando Pessoa e o Nobel José Saramago, dentre outros. Só vimos uma única mulher empurrando um carrinho com bebê, prova do baixo índice de natalidade comum a todos os países da Europa.
Deu tudo certo, foi uma viagem de sonho. O retorno foi uma jornada e tanto. Passamos despertos por 24 horas de Atenhas/Frankfurt/Porto/Rio/Vitória, (onde ficamos sete horas no Galeão por conta do Apagão Aéreo).
O relato está na internet: theodiano.blog.terra.com.br

AS VEREDAS DA VIDA

AS VEREDAS DA VIDA
(*) Theodiano Bastos
Dizem os gregos que "O DESTINO CONDUZ AQUELE QUE O CONSENTE E ARRASTA O QUE LHE RESISTE"

NANUQUE As luzes de Nanuque surgem lá embaixo na noite de 17/04/09, ao iniciar a íngreme descida a partir do aeroporto. Minha esposas e eu vínhamos de Vitória de ônibus, para nos desfazer do último imóvel que ainda tínhamos na cidade. Lá estava Nanuque, cortada pelo lindo rio Mucuri, cheia de ilhas de densa vegetação e muitas pedras, as três pontes sobre o Rio Mucuri, o bairro da Vila Nova de uma lado e do Stela Matutina do outro. Aflora na minha mente o livro “O Profeta” de Kalil Gibran, editora Nova Alexandria, tradução de Eduardo Pereira e Ferreira, posfácio e biografia de Safa Alferd Cahla Jubran: “Mustafa, o escolhido e muito amado, que era a alvorada de seu próprio dia, já esperqava há doze anos na cidade de Orphalese pelo navio que havia de retornar e leva-lo de volta à ilha em que nascera. E, no décimo-segundo ano, no sétimo dia de ailul, o mês da colheita, ele subiu a colina fora dos muros da cidade e olhou para o mar; e divisou seu navio chegando como a bruma. Então escancaram-se as portas de seu coração, e sua alegria voou longo sobre o mar. E fechou os olhos, orando no silêncio de sua alma. Ms, ao descer a colina, foi tomado de tristeza, e meditou em seu coração: “Como poderei ir em paz e sem pesar? Não, não deixarei esta cidade sem uma chaga no espírito. Longo foram os dias de dor que passei dentro de suas muralhas, e longas foram as noites de solitude; e quem pode se separar da própria dor e solidão sem desgosto? Muitas foram as centelhas do espírito que espalhei por essas ruas, e muitos os filhos de meu desejo que caminham nus pelos morros. Não posso me apartar deles sem pesar e dor. Não é uma simples roupa que lanço fora hoje, mas a própria pele que rasgo com as mãos. Nem é um pensamento que deixo para trás, mas um coração enternecido pelo fome e pela sede. E no entanto não posso me demorar mais. O mar que chama todas as coisas, agora também me chama, e devo embarcar. Pois ficar, enquanto as horas queimam noite adentro, é congelar-me e cristalizar-me preso numa forma. Com deleite levaria comigo tudo o que tenho aqui. Mas como poderia fazê-lo? A voz não pode carregar a língua e os lábios que lhe deram asas”...Nanuque está situada no Vale do Mucuri, nordeste mineiro, incluindo as vilas Pereira e Gabriel Passos, o município tem 41.383 habitantes e uma renda per capita de R$ 5.540,00 (IBGE 2005). A cidade é Cidade muito quente e na fronteira com a Bahia e Espírito Santo. Em Nanuque nasceu meu filho caçula Ivan Bráulio, onde recuperei a saúde, prosperei, criei eduquei e encaminhei na vida todos os meus quatro filhos. Grandes aventuras participei, como a descida do Rio Mucuri a partir da cachoeira do Tombo até Mucuri na Bahia. Éramos seis amigos em dois barcos de duralumínio de 4m cada, o SempreViv a e o Aniná. Dois dias de viagem. Dormiu-se embaixo da ponte sobre o rio Mucuri na BR-101. De outra feira, descemos o Rio Peruípe até Nova Viçosa, também com as duas embarcações e no percurso encontramos o maior barco de madeira construído no Brasil abandonado, que perseguido, subiu o rio foi abandonado com grande carga de café que seria levado de contrabando para as Guianas. Os passeios de barco à remo na Reta, as festas no Pedra Negra e Nanuque Social Clube e os amigos que deixei. Lá fui Presidente da ACIAPEN — Associação Industrial e Comercial de Nanuque-MG, quando promoveu três FEIRECs — Feira Regional de Ciências e Artes. Ainda em Nanuque presidiu a ASCOVAN — Associação. do Comércio Varejista e a PROMIDE — Promotora Intermunicipal de Desenvolvimento, Presidente da Comissão Executiva de dois Seminários Regionais para o

Desenvolvimento dos municípios do Nordeste de Minas, extremo Sul da Bahia e Norte do Espírito Santo, onde também presidiu o diretório do PMDB, mas nunca disputou cargos eletivos, por não dispor de recursos próprios para custear uma campanha eleitora e “não vender a alma ao diabo, aceitando patrocínios de oligarquias ou grupos econômicos”. Mas esteve em palanque na campanha de Tancredo Neves e até com Lula. “Veja bem quem é seu amigo. Se você o julga sendo e ele não o é, poderá ser o seu pior inimigo”, Em Nanuque descobri o quanto isso é verdade... e a caminhada levou-me para VITÓRIA: Autor dos livros “A Procura do Destino” e “O Triunfo das Idéias), coordenador e introdutor das antologias: “Resgate da Família: alternativa para enfrentar sua dissolução, a violência e as drogas”, “Corrupção, Impunidade e Violência: O que fazer?”, “Globalização é Neocolonialismo? Põe a Ciência e a Tecnologia a Serviço do Social e da Vida” e “Um Novo Mundo é Possível? Para Aonde Vamos”. Como colaborador, escreve artigos para A GAZETA e A TRIBUNA de Vitória. SALVADOR: Foi diretor de semanário em Salvador, onde publicou artigos em A TARDE, como também em jornais de Feira de Santana e Nanuque-MG. Participo ininterruptamente, desde 1959, quando foi diretor do CEPA – Círculo de Estudo, Pensamento e Ação, em movimentos associativos e tem curso de Liderança e Relações Trabalhistas pela USAID dos EUA. Idealizador e Presidente do Círculo de Estudo, Pensamento e Ação, CEPA – ES, ONG que atua há oito anos em parceria com a UFES – Universidade Federal do Esp. Santo, através do NE@AD Núcleo de Educação Aberta e a Distância, com o Projeto Caça-Talentos que objetiva identificar, acompanhar e apoiar crianças e adolescentes com altas habilidades/superdotados no Estado do Espírito Santo. Promoveu, em parceria com a UFES, quatro concursos literários para estudantes do ensino médio e duas Jornadas Estaduais Culturais e Científicas para estudantes do ensino médio e universitários e quatro Concursso Jovem Cientista Capixaba. Membro do FÓRUM REAGE ESP. SANTO Contra a Impunidade e a Violência, que congrega mais de 200 entidades da sociedade civil organizada, criada pela OAB-ES.
Em 2002 recebi da Câmara Municipal de Vitória o Título de Cidadão Vitoriense, em reconhecimento aos relevantes serviços prestados ao Município. Em 1975 recebeu em Belo Horizonte, da Federação das Associações Comerciais de Minas Gerais, o título de Empresário de Destaque, em reconhecimento ao seu expressivo desempenho nas atividades empresariais, classistas e comunitária de Nanuque. Foi diretor do então Sindicato dos Bancários e Securitários do Estado da Bahia, em Salvador, do Centro das Indústrias de Feira de Santana, do Sindinformática, sindicato patronal do Sistema FINDES em Vitória. FEIRA DE SANTANA: Realizou a FEIRAM — Feira Regional de Amostra, por cujo êxito foi eleito entre os “Notáveis do Ano”, pela imprensa local e pelo Diário de Notícias de Salvador. Idealizados e fundador do Centro das Indústrias de Feira de Santana. Em Feira conheceu o fracasso empresarial e carregou a cruz da perda de tudo que tinha, inclusive a saúde. com o fracasso com um projeto industrial. Mas nenhuma cruz é tão pesado quando se consegue caregar. QUANDO SE CAI, APRENDE-SE A LEVANTAR.

(*) Este texto está na internet, no blog: theodiano.blog.terra.com.br Theodiano Bastos é escritor, autor dos livros: O Triunfo das Idéias, A Procura do Destino e coletâneas publicadas pela UFES/CEPA e é fundador e presidente do CEPA – Círculo de Estudo, Pensamento e Ação, em Vitória – ES www.proex.ufes.br/cepa

CRISE DA MEIA IDADE



                    AS CRISES DA VIDA
                             Theodiano Bastos

                    Viver é uma arte, arte no sentido de saber superar as angústias e as crises da existência humana, mas nenhuma crise merece tanta preocupação quanto a crise da meia-idade. 

O médico Carl Gustav Jung sempre se preocupou muito com essa fase da vida. Um homem ou uma mulher, desde o nascimento até 30 ou 40 anos, está, por assim dizer, numa viagem de exploração; está descobrindo o mundo. Tudo é possível. Mas chega um ponto, na meia-idade, em que ele atinge o horizonte, como o sol ao meio-dia, e vê o outro lado: o resto de sua vida e, ao longe, a morte. Todos nós sabemos que um dia vamos morrer, até as crianças sabem, mas não levam a sério, daí as imprudências próprias dos jovens no uso dos automóveis, motos, esportes radicais e perigosos e, principalmente, como encaram a guerra. Pensam que podem tudo. Mas na meia-idade a consciência de que a vida declina é diferente.
                    Há os "modernos", os materialistas, os que não têm fé, nem religião ou filosofia para enfrentar as vicissitudes da vida. Eles esquecem tudo o que lhes ensinaram quando eram crianças, querem é "curtir a vida", pois entendem que a vida é um eterno desfrute: comer, beber, fazer sexo, "ser feliz". A vida é tudo que eles têm. É justamente esse tipo de gente que mais preocupava o Dr. Jung.
                    Todos nós sonhamos em realizar grandes coisas na vida e quem sonhou em ser general subitamente percebe que nunca será nada além de comandante de uma companhia, enquanto outros mais jovens estão em posição acima da sua, lembra Jung. A mulher desdenha dele por isso, ele por sua vez não a vê mais tão atraente, seus filhos pegam seu dinheiro e vão viver suas próprias vidas. A inquietude lhe bate à porta... "Não é de admirar que muitas neuroses graves se manifestem no início do outono da vida", adverte Jung. É uma espécie de segunda puberdade ou segundo período de impetuosidade, não raro acompanhado de todos os tumultos da paixão, a "idade perigosa", em que se sai como um louco em busca do tempo perdido.
                    O "entardecer da vida humana é tão cheio de significação quanto o período da manhã", lembra Jung. Procurar livrar-se da tentação de abandonar as próprias convicções e querer viver no pólo oposto ao seu interior, mudanças de profissão, divórcios, conversões religiosas, apostasias de toda espécie, são sintomas desse mergulho no contrário e, quando se descartam os valores incontestáveis e universalmente reconhecidos  o prejuízo é fatal, adverte Jung: "Quem age desta forma perde-se juntamente com seus valores".
                    A vida também é o amanhã; só compreendemos o hoje se puder acrescentá-lo àquilo que foi ontem e ao começo daquilo que será amanhã; é a cadeia da vida. O que a juventude encontrou e precisa encontrar fora, o homem no entardecer da vida tem de encontrar dentro de si mesmo, continua ensinando o Jung. Fica-se diante do problema de encontrar o sentido que possibilite o prosseguimento da vida (entendendo-se por vida algo mais do que simples resignação e saudosismo).
                    A neurose, é sempre bom repetir, é um estado de desunião consigo mesmo e com o próximo. Entre os motivos que levam a essa desunião, na maioria das pessoas, consiste o fato de que a consciência deseja manter seu ideal moral, enquanto o inconsciente luta por um ideal imoral e pouco ético. Indivíduos deste tipo pretendem ser mais decentes do que realmente são, o que gera medo e ansiedade de reprovação, de ser desmascarado. Muitos têm sonhos em que aparece sempre alguém olhando. É o superego de que fala Freud, que vê tudo, mandando recado para o sonhador: "estou de olho em você, seu dissimulado". O neurótico não consegue distinguir claramente amigos de inimigos, alerta Karen Horney; apesar de desejar ajuda do analista e pretender chegar a uma compreensão de si próprio. Ao mesmo tempo, tem de combater o analista como um intruso perigosíssimo, pois pode desvendar seu lado sombrio, por isso procura desorientar o analista. É como se estivesse perante, com medo de ser visto como um criminoso. É um sentimento ambivalente: tem amizade e ao mesmo tempo ódio do analista por intrometer-se nos seus pensamentos e sentimentos ocultos. Medo e ansiedade de ser desmascarado e rejeitado. Alguns conseguem, sem ajuda psicoterápica perder sintomas neuróticos, principalmente  se sobrevivem a  alguma situação adversa de gravidade, como um acidente, perda de bens etc.
                        Mas há momentos da vida em que só se consegue superá-los se recebe a Graça da Fé. Ter fé em Deus. O Dr. Jung sempre alertou que os homens sempre precisaram dos demônios e nunca puderam prescindir dos deuses. "Por isso, acho mais sábio reconhecer conscientemente a idéia de Deus; caso contrário, outra coisa fica em seu lugar, em geral  uma coisa sem importância ou uma asneira qualquer". Quem quiser transferir-se são e salvo para a segunda metade da vida tem de saber disso, finaliza Jung. Enfim, "A vida é combate/ que aos fracos abate,/ e que aos bravos e fortes só faz exaltar./ Viver é lutar...", completa Gonçalves Dias.


A AMEAÇA DAS PERIFERIAS

A AMEAÇA DAS PERIFERIAS
Theodiano Bastos

O teólogo Leonardo Boff no artigo “A Verdadeiro Guerra das Civilizações”, diz que A expressão "choque de civilizações" como formato das futuras guerras da humanidade foi cunhada pelo fracassado estrategista da Guerra do Vietnã Samuel P. Huntington. Para Mike Davis, um dos criativos pesquisadores norte-americanos sobre temas atuais como "holocaustos coloniais" ou "a ameaça global da gripe aviária", a guerra de civilizações se daria entre a cidade organizada e a multidão de favelas do mundo”.

Seu recente livro "Planeta Favela"(2006), continua Boff, apresenta uma pesquisa minuciosa (apesar da bibiografia ser quase toda em inglês) sobre a favelização que está ocorrendo aceleradamente por todas as partes. A humanidade sempre se organizou de um jeito que grupos fortes se apropriassem da Terra e de seus recursos, deixando grande parte da população excluída. Com a introdução do neoliberalismo a partir de 1980 este processo ganhou livre curso: houve uma privatização de quase tudo, uma acumulação de bens e serviços em poucas mãos de tal monta que desestabilizou socialmente os paises periféricos e lançou milhões e milhões de pessoas na pura informalidade. Para o sistema eles são "óleo queimado", "zeros econômicos", "massa supérflua" que sequer merece entrar no exército de reserva do capital. Essa exclusão se expressa pela favelização que ocorre no planeta inteiro na proporção de 25 milhões de pessoas por ano. Segundo Davis 78,2% das populações dos paises pobres é de favelados (p.34). Dados da CIA de 2002 dava o espantoso número de 1 bilhão de pessoas desempregadas ou subempregadas favelizadas.Junto com a favela vem toda a corte de perversidades, como o exército de milhares de crianças exploradas e escravizadas, como em Varanasi (Benares) na India na fabricação de tapetes, ou as "fazendas de rins" e outros órgãos comercializados em Madras ou no Cairo e formas inimagináveis de degradação, onde pessoas "vivem literalmente na m" (p.142).

AMEAÇA VIRÁ DAS FAVELAS
 Brasil que tinha 80% de sua população no interior viu, em menos de seis décadas 80% dessa população mudar-se para as cidades. Cinturões de miséria formaram-se nas periferias das cidades brasileiras. Não se conhece no mundo tamanha migração em tão pouco tempo.
Ao Império norte-americano não passaram desapercebidas as conseqüências geopolíticas de um "planeta de favelas". Temem "a urbanização da revolta" ou a articulação dos favelados em vista de lutas políticas. Organizaram um aparato MOUT (Military Operations on Urbanized Terrain: operações militares em terreno urbanizado) com o objetivo de se treinarem soldados para lutas em ruas labirínticas, nos esgoto, nas favelas, em qualquer parte do mundo onde os interesses imperiais estejam ameaçados. Será a luta entre a cidade organizada e amedrontada e a favela enfurecida. Um dos estrategistas diz friamente:"as cidades fracassadas e ferozes do Terceiro Mundo, principalmente seus arredores favelados, serão o campo de batalha que distinguirá o século XXI; a doutrina do Pentágono está sendo reconfigurada nessa linha para sustentar uma guerra mundial de baixa intensidade e de duração ilimitada contra segmentos criminalizados dos pobres urbanos. Esse é o verdadeiro choque de civilizações"(p.205). Será que os métodos usados recentemente no Rio de Janeiro com a militarização do combate aos traficantes nas 800 favelas, com verdadeiras execuções, já não obedece a esta estratégia, inspirada pelo Império? Estamos entre os países mais favelizados do mundo, efeito perverso provocado por aqueles que sempre negaram a reforma agrária e a inclusão social das grandes maiorias pois lhes convinha deixá-las empobrecidas, doentes e analfabetas. Enquanto não se fizerem as mudanças de inclusão necessária, continuará o medo e o risco real de uma guerra sem fim, conclui Leonardo Boff.
O QUE FAZER?
O programa Bolsa Família deverá exigir de seus beneficiários a assinatura de um “programa compromissos”, para realizar trabalhos comunitários gratuitos em prol da comunidade em que mora e da escola pública, de cursos de noções de empreendedorismo para inclusão e emancipação social, planejamento familiar e alfabetização.
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O Brasil tem um "exército" privado de vigilantes, responsável pela segurança principalmente das classes alta e média alta, empresas, locais de entretenimento e do próprio poder público, que é quase o triplo do tamanho do efetivo total de policiais civis, militares e federais, além dos batalhões do Corpo de Bombeiros das 27 unidades da federação. É o que mostra reportagem de Lucas Ferraz publicada na Folha (íntegra disponível para assinantes do UOL e do jornal).
São aproximadamente 1,7 milhão de vigilantes cadastrados --sendo que somente 455 mil têm carteira assinada--, segundo a Polícia Federal, contra 602 mil agentes da segurança pública. A conta exclui os cerca de 800 mil vigilantes clandestinos estimados pela PF.
São Paulo é o Estado que mais utiliza segurança privada --são 464 mil homens cadastrados, contra 121 mil agentes de segurança pública, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública. A média, de 3,8 por 1, é maior que a nacional. Nos Estados Unidos essa média é de 2,5 por 1.

E a forte entrada de bandidos da classe média alta

A IMPUNIDADE ALIMENTA A VIOLÊNCIA NO BRASIL

A IMPUNIDADE ALIMENTA A VIOLÊNCIA NO BRASIL
THEODIANO BASTOS
Para reflexão e debate, eis o que dizem os especialistas: “O que funciona no combate ao crime – e os especialistas também já disseram isso inúmeras vezes – não é o tamanho da pena, mas a certeza da punição. Portanto, ninguém precisa levantar a bandeira da pena de morte, da cadeira elétrica, da prisão perpétua. Isso é coisa do botãozinho mental. O que funciona é levantar a bandeira da punição: que o criminoso seja encontrado, julgado, condenado e cumpra a pena a que for condenado. Só – ou tudo – isso. O Brasil precisa parar o carrossel da impunidade. É na vastidão da impunidade que está o veneno. E que ninguém se iluda: a impunidade no Brasil não beneficia só ricos e brancos. Acolhe também pretos e pobres, ainda que eles sejam a população que lota os presídios. A impunidade brasileira, que ninguém se iluda, é democrática. É fácil dizer que a impunidade resulta da incompetência da polícia, da morosidade da Justiça. Isso é verdade, mas sua raiz está na falta de coesão da sociedade. Numa terra em que o estado chegou antes da nação, os botocudos clamam por punição quando os atingidos pertencem ao próprio grupo. É um fenômeno interessante do ponto de vista sociológico, ainda que seja repulsivo do ponto de vista ético. Advogados se chocam com a morte de advogados. Cariocas se chocam com a morte de cariocas. Sim, o Brasil ficou chocado com a morte de João Hélio. Isso também é verdade. Mas cadê a missa de sétimo dia na Catedral da Sé em São Paulo? Cadê a passeata nas ruas de Belo Horizonte ou Brasília? Cadê o minuto de silêncio nos estádios de Porto Alegre ou Salvador?
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“Nas periferias da Grande Vitória e das demais cidades do Estado, “as escolas estão sendo substituídas, pouco a pouco, pelos traficantes e contrabandistas que, astutamente, passaram a assumir o poder político, oferecendo, ao mesmo tempo, a ordem e a solidariedade. A ordem contra as leis republicanas, contra os princípios de convivência que a razão ocidental construiu ao longo da História. São pequenos tiranos, que torturam, condenam e matam os que desafiam seus interesses e sua autoridade, mas asseguram tranqüilidade aos neutros.”, denuncia Mauro Santayana. Os criminosos organizados desenvolveram uma verdadeira pedagogia do crime que se alastra, e já passaram a cooptar jovens da classe média, dando o primeiro emprego aos jovens...
FOLHA - Por que ainda acontecem episódios como o de João Hélio? MARCIO THOMAZ BASTOS - Esse caso é uma tragédia tão grande que não adianta nem falar. As palavras não funcionam numa tragédia como essa. São vãs e não comovem. Sem dúvida é um caso que merece a solidariedade de toda a sociedade. Quanto ao governo, estamos agindo, com todas as dificuldades, com todas as carências de sempre. O governo hoje tem instrumentos para responder [à criminalidade], mas isso é um processo. Temos que intensificar [as ações] e continuar neste caminho, sem solução mágica, sem achar que, mudando a lei, muda-se a realidade. Não adianta condenar um sujeito a 40 anos de cadeia se o processo demora oito para ser julgado. Temos quatro projetos apoiados pelo Ministério da Justiça em tramitação na Câmara que são fundamentais: reforma do júri, dos ritos ordinário e sumário no processo penal e aumento do poder em relação às medidas cautelares. FOLHA - Ao que parece, as "ferramentas" ainda não mostraram eficiência. BASTOS - Para trazer essa violência a níveis suportáveis, o que se tem que fazer é desenvolver o país fora da repressão, criar emprego e investir maciçamente em educação. Isso o governo está fazendo. FOLHA - O sr. acha que sua gestão foi eficiente no combate à violência? BASTOS - As coisas estão sendo feitas da maneira que devem, ou seja, construindo instituições, sem pensar que, construindo leis, você muda a realidade. Toda vez que acontece uma tragédia como essa, pensa-se em aumentar as penas, mas não se pensa em aplicar as penas. É preciso simplificar o processo penal, de modo que as penas sejam aplicadas. Um processo de júri hoje no Brasil leva três, cinco, dez anos. FOLHA - É o que deve acontecer com o caso de João Hélio? BASTOS - Exatamente. FOLHA - Qual sua avaliação sobre as mudanças nas penas para crimes hediondos aprovadas pela Câmara? BASTOS - Aumentar pena, de uma maneira geral, eu acho que não resolve. Em um caso ou outro, você pode mexer. O ministério apresentou projetos de endurecimento, entre eles esse para crimes hediondos. Apresentamos projeto de endurecimento para o Regime Disciplinar Diferenciado, [no qual o preso fica isolado]. Mas o fundamental era ter cadeias de segurança máxima. O texto está na Internet no Blog OFICINA DE IDÉIAS – (O Blog do Thede) (theodiano.blog.terra.com.br). Theodiano Bastos é escritor, autor dos livros: O Triunfo das Idéias, A Procura do Destino e coletâneas e é presidente da ONG CEPA – Círculo de Estudo, Pensamento e Ação, em Vitória – ES www.proex.ufes.br/cepa.
O Brasil talvez seja o único país do mundo em que o crime organizado é comandado de dentro dos presídios e que a polícia é caçada pelos bandidos.