Fotos do bairro da Ribeira em Salvador
Por THEODIANO BASTOS
“Confessai os vossos pecados uns aos outros e orai
uns pelos outros, para serdes curados. Muito pode a súplica fervorosa do
justo.” citação Bíblica.
A confissão funciona como uma “Catarse, uma palavra
utilizada em diversos contextos, como a tragédia, a medicina ou a psicanálise.
Significa "purificação", "evacuação" ou
"purgação". Segundo Aristóteles, a catarse refere-se à purificação
das almas por meio de uma descarga emocional provocada por um trauma., a
liberação de emoções ou tensões reprimidas,
medicina e filosofia da Antiguidade grega,
libertação, expulsão ou purgação do que é estranho à essência ou à natureza de
um ser e que, por isso, o corrompe.
E tem mais mulheres que homens crescendo de dentro
para fora. A mulher tem mais facilidade de se abrir, de contar os conflitos de
seus demônios interiores.
E Jussara tem senso de humor, por isso superou as adversidades sem sequelas.
O humor “característica atraente que pode ajudar a criar conexões mais
profundas com os outros. O riso é uma maneira eficaz de melhorar o humor e
promover a resiliência emocional. Enfrentar desafios com um toque de humor
muitas vezes torna os problemas mais fáceis de lidar.”
Jussara mora no bairro da Ribeira em Salvador e na
verdade ela é um avatar criado para encobrir o nome da verdadeira pessoa que
vivenciou a história.
Theomar e Virgínia também moram na Ribeira e para
surpresa de ambos encontram Janaína no ferry- boat de Salvador para a ilha de
Itaparica.
Bom dia, amiga, que surpresa esse reencontro faz mais
de 10 anos que não nos vemos. disse Virgínia.
Vamos ter um papo-cabeça. Me conta como vai.
Não somos o que a gente pensa que é, mas como somos
percebidos por outros, disse Virgínia para sua amiga ao reencontrá-la. Você,
amiga, é uma pessoa muito interessante e sortuda, uma protegida dos Orixás. Você
não precisa ter vida interior pois nunca parecerá de solidão. Como vai a Vila
dos Soares? O nome da comunidade familiar com 10 casas ao lado de um braço de
mar, com 7 mil metros quadrados, onde Jussara mora. Sabemos que moram com você
sete entes queridos, três netos que cuida, o filho mais velho e esposa e no
fundo uma filha e o marido, por isso não sentiu solidão após ficar viúva. Como
você está conservada, minha amiga, me conta as novidades:
Foi o gancho para Jussara revelar sua incrível
história de vida para minha esposa que se sentava ao seu lado.
“Meu pai comprou o terreno na vila em 1969. Veio
morar aqui numa casa de madeira uma irmã minha com 12 filhos e o marido.
Ficaram 6 anos.
Em 1976 ele quis vender. Eu tinha 1 ano de casada com um filho. Mas minha
mãe não deixou ele vender.
Então meu cunhado que trabalhava na Caixa Econômica
Federal me emprestou um dinheiro e aí fiz uma casinha coberta de Eternit. Vim
morar aqui e os irmãos ficaram animados e foram vindos aos poucos. Demorei 11
anos para refazer minha casa. Graças a Deus!
Hoje moram na vila 32 pessoas. Já fomos mais. Mas
muitos casaram, os sobrinhos, e 5 voltaram. Somos sete irmãs e cinco irmãos e
meu pai sempre estava mal humorado em casa. Quanta sabedoria ele poderia nos
passar.
A vila como você sabe, minha amiga, tem até uma área
para festas. Tudo muito simples. Nada de pompa. As vias não são pavimentadas e
ficamos ao lado de um braço de mar.
Dia das mães faremos um almoço. Já tem 75
inscritos. Irmãos sobrinhos netos e
familiares.
Este pedaço que vou lhe contar, amiga, é muito triste
e não gostamos muito de lembrar e nem contar.
Meu pai comprou esse terreno para uma amante que ele
trouxe para Salvador em 1969. Ele tinha 54 anos e ela 19. Minha mãe descobriu
tudo e não deixou vender. Foi ai que vim
para cá para segurar o terreno.
Ela aceitou tudo pela família. As amigas dela da
igreja diziam para ela parar de economizar porque ele estava gastando com a
outra. Ela respondia: Se eu gastar muito todos ficaremos mais pobres ainda. Ela
e a filha e eu e meus filhos. Minha mãe era analfabeta, mas muito sábia. Ela pediu para ele ir morar com ela e ele
dizia: Da minha casa não saio. Nunca dormiu uma noite fora de casa. Chegava sempre por volta das 10 da noite.
Deixou imóvel para a amante carro zero pra filha e
casa também pra filha.
Eu tinha uns 15 anos quando ele arranjou esta mulher.
Em 2000 ela o traiu. Ele era tão apaixonado por ela que ficou doente e faleceu
em 2002. Não quis viver mais. Ela está viva até hoje. Minha mãe não quis que
elas convivessem conosco. Pois as duas exploraram muito meu pai.
Após sua morte a trouxemos aqui para morar
conosco. Faleceu com 97 anos em 2017.
Foi a felicidade dela. Ela sempre quis morar aqui, mas ele nunca quis. Dizia
que nós iriamos vigiá-los”
Ao tempo que ouvia a história, Virgínia lembrava o
que sua amiga sofreu.
O marido era alcoólatra e tinha falecido três anos
atrás de cirrose hepática e ficou impotente cinco anos antes de morrer e por
ironia do destino, o mesmo aconteceu com os maridos de outras três irmãs que
moravam na mesma vila e chegamos a conhecer a moça que foi amante de Janaína,
uma linda cabocla trazida de Maragogipe.
Virgínia admirava muito sua amiga pela resiliência e
por saber sublimar tanto sofrimento, permanecendo bem conservada e atraente aos
73 anos.
A Bahia de Todos os Santos (e quase todos os pecados)
já capital do Brasil até 1763. Tem 372 igrejas e já teve 35 linhas de bonde e
mais de 40 cinemas de bairro. A Ribeira era o único bairro com três linhas de
bonde. Salvador já teve mais de 50 cinemas de bairro e hoje tem 2.417.678 habitantes
e a grande Salvador é composta por 13 municípios com 3.573.973 habitantes.
𝓛𝓪𝓾𝓭𝓲𝓬𝓮𝓲𝓪 𝓒𝓱𝓾𝓵𝓽𝓮𝓼. Vitória/ES: Seus textos são ricos. Com fotos dos locais ficacaram mais maravilhosos. Boa história
ResponderExcluirConheceu Janaína?
THEODIANO: Sim, conhecemos, também morávaamos em Salvador no mesmo bairro
Gildenice Brito de Lila, Nanuque/MG: Li e gostei muito
ResponderExcluirMaria do Carmo Bastos, Vitória/ES: Li e gostei muito do texto. Parabéns. Vida muito sofrida da Janaína.
ResponderExcluirMércia Mailoni: Gostei muito do texto. Linda e verdadeira esta história da Janaína.
ResponderExcluirMaria Freire, Goiânia/GO Muito bom o texto.
ResponderExcluirVocê escreve de modo a envolver o leitor. Parabéns
Jeane Freire, Serra dos Aimorés/MG: Muito bacana a Historia de Janaína
ResponderExcluirMaria Helena Venturim: Realmente a história ficou muito linda e emocionante.
RUBENS PONTES, Capim Branco na grande BH, comenta aos 101 anos de idade: Excelente.
ResponderExcluirVou me deter nos seus reflexos, e voltarei ao tema.
Helena Machado Brito, Salvador: Excente texto, gostei
ResponderExcluirZizinha Huguenin, Vitória, ES: Gostei do texto, parabéns
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