13 DE MARÇO: RISCO DE
VIOLÊNCIA NAS RUAS
Analistas preveem
confrontos nas ruas e escalada da crise política
"A Operação Alethéia, 24ª fase da Lava Jato, que
conduziu coercivamente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para depor em
São Paulo, deve aprofundar a crise política e acirrar os confrontos entre
governistas e oposicionistas, inclusive com episódios de violência nas ruas.
Essa é a hipótese –e preocupação–
a que chegaram, por caminhos diferentes, intelectuais ouvidos pela Folha.
"A tendência à violência de
rua é muito forte porque existem elementos que podem justificar o discurso de
Lula e do PT de que eles são perseguidos", avalia o cientista político
Aldo Fornazieri.
"Se, pela via institucional
não se vê saída, os conflitos passam a ser resolvidos na rua, o que é muito
grave para um país. Mais grave ainda quando o Judiciário é arrastado para
dentro do processo de radicalização política."
Para ele, isso se deve a
questionamentos feitos à Lava-Jato, como vazamentos supostamente seletivos.
"As autoridades têm de ter muita serenidade para evitar a radicalização do
processo político no país".
O filósofo Roberto Romano diz que
"se não se assumir uma prudência muito grande, a coisa pode degringolar, o
que plantará uma situação ainda mais difícil para a falta de governabilidade
que o país já enfrenta atualmente."
Segundo ele, nenhum dos poderes
funciona normalmente no momento. "A presidente não consegue governar e
está ameaçada de impeachment. O presidente da Câmara virou réu da Lava-Jato. O
do Senado pode virar a qualquer momento. E o Ministério Público tem trabalhado
a toque de caixa, em ritmo de urgência."
Para Renato Janine Ribeiro,
professor de ética e filosofia política e ex-ministro da Educação do governo
Dilma, a operação contra Lula foi "abusiva". "Não se trata um
ex-presidente da República desse jeito. Ele deveria ter sido convidado a depor
primeiro."
Para Romano, apesar da operação
Aletheia, "o mito Lula vai sobreviver de maneira reduzida àqueles que
sempre foram seus fiéis seguidores".
Fornazieri calcula que ela
aprofunda o desgaste de Lula e do PT, cuja recuperação depende da capacidade de
reação do partido. "O PT tem se mostrado tímido, quase acovardado e, neste
episódio, reagiu de forma confusa."
Já Janine Ribeiro, avalia que,
"para a direita, a operação equivale à condenação de Lula, uma vez que ela
tem se comportado como se qualquer pronunciamento do aparelho judicial
implicasse numa condenação". "Para a esquerda, a operação representa
a consagração de Lula como mártir político."
Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/05/03/16
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