“Se
o Instituto Lula recebeu R$ 20 milhões das empreiteiras da Lava Jato e se o
ex-presidente Lula ganhou R$ 10 milhões dessas mesmas empreiteiras por
palestras, por que raios ele não comprou o sítio de Atibaia por R$ 1,5 milhão e
reformou as áreas internas e a piscina por R$ 700 mil para desfrutar dele 111
vezes, guardar as 200 caixas do Alvorada, levar o barquinho da família e os
pedalinhos dos netos?
E
por que Lula não deu para Marisa Letícia o tríplex do Guarujá, instalou aquele
elevador chique, mobiliou a cozinha e os quartos, tudo de primeira? Dinheiro
ele tinha, de sobra. Como diria o jornalista Carlos Marchi, ainda sobrariam uns
bons trocados. Aliás, o que Lula fez com os R$ 10 milhões, mais o salário de
oito anos de Presidência, com cama, comida, roupa lavada e uísque de graça?
Gastar com os filhos não foi, porque os meninos estão muito bem, obrigada.
De
duas, uma: ou Lula é patologicamente pão-duro, desses que escondem o dinheiro
debaixo do colchão para os amigos pagarem até o cafezinho, ou... a questão é de
outra natureza: política. Apesar de milionário, ele precisava do mito do menino
pobre de Garanhuns, que não tinha o que comer, perdeu um dedo nas fábricas e
virou o eterno pobre dos pobres, que veio ao mundo salvar os desvalidos como
ele próprio.
Só
assim, mantendo a mítica do grande líder, do pastor de almas, do salvador da
Pátria, Lula teria, mesmo acuado e ferido, poder para jogar milhares de ovelhas
(ou feras) para confrontos de rua contra adversários, imprensa e o algoz Sérgio
Moro, um juiz a serviço dos ricos e poderosos – ah, e do PSDB!
É
assim que, aos 70 anos, Lula encarna até hoje o líder juvenil que incendiou os
metalúrgicos paulistas, depois os sindicalistas de outros setores e por fim os
intelectuais do País inteiro. Não pode se dar ao luxo de comprar com o próprio
dinheiro um sítio, um tríplex. Senão, como vai olhar a massa olho no olho,
falar de igual para igual, jogar os pobres contra os ricos?
Com
escritura lavrada de sítios e tríplex na praia, Lula temia perder a aura de
vítima dos ricos inconformados porque milhões saíram da miséria e se aboletam
nas cadeiras dos aviões. Como iria acusar “a elite branca de olhos azuis” por
todas as mazelas? (Marisa é uma “galega” (como ele a chama) loura de olho
verde, mas verde pode, azul é que não pode.)
Tudo,
portanto, poderia se resumir ao marketing, ao ilusionismo, que produzem um
preconceito às avessas: se Lula é pobre, não se formou, duela com o vernáculo,
toma umas e fala palavrões, ele se beneficia nas duas pontas: é um “igual” para
as massas e um “inimputável” para as elites (como definiu o mestre Clóvis
Rossi).
Logo,
pode fazer o que bem entende, está não só acima das leis, mas do bem e do mal.
Mas há mais do que marketing: ambição. Aí entram Petrobrás e empreiteiras.
Foi
pelo preconceito às avessas que, em 1989, o adversário de Collor poderia ter
sido Ulysses Guimarães, triplo presidente, Leonel Brizola, ícone da resistência
em 1964, Mário Covas, três em um, ou, pela direita, Aureliano Chaves, honesto e
cabeçudo. Mas não. Nenhuma dessas biografias e credenciais bateu o mito Lula,
embalado pelo carisma, pelas massas, pelas elites intelectuais. Anos depois, o
próprio Lula admitiu: “Ainda bem que não fui eleito!”.
Aos
que me xingam até de “vagabunda” por definir o 4 de março de 2016 como um dia
profundamente triste, repito que foi, sim. Porque Lula foi a utopia e a
esperança de uma geração, criou o partido da ética, da justiça, da igualdade e,
no seu governo (as condições são outros 500), o Brasil brilhou no mundo e as
pessoas eram felizes, esbaldavam-se com fogões, geladeiras, carrinhos e aviões.
Mas, ao final, ele e o PT de linda história comprovam, melancolicamente, o
quanto o poder deforma e corrompe”.
Fonte:
http://politica.estadao.com.br
Geraldo Freire
ResponderExcluirParabéns, meu amigo.
Que O Senhor dê juízo a esses pobres coitados enganadores dos simples!. Geraldo Freire, Brasília/DF
Ela é fera, diz Cristiane Freitas, Vitória/ES
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