segunda-feira, 6 de outubro de 2014

PT VENCE NOS GROTÕES ONDE PROSPERA O MEDO





DILMA VENCE EM 15 ESTADOS PI, MA, CE, BA, RN, PB, SE, AM, PA, AP, TO, AL, MG, RS e RJ: com 43.267.668 votos, (41,59%)




AÉCIO NEVES VENCE EM 11 estados com: SC, PR, RO, MT, SP, RR, GO, MS, DF e ES 34.897.211 (33,55%)


E MARINA SILVA VENCE EM 2 estados com, PE E AC
com 22.176.619, (21,32%)



O PT perdeu votos. Em 2010 teve 47.651.434  (47,6%) dos votos. Já em 2014 só teve 43.267.668 (41,5%) dos votos...
Já o PSDB teve em 2010 33.132.283 votos (32,6%). Em 2014 subiu para 34.897.211 (33,5%)!  
 
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PT VENCE ONDE PROSPERA O MEDO
Reinaldo Azevedo


De legenda criada para atender às demandas das massas urbanas, PT se transforma em partido de grotões e obtém seus melhores resultados onde prospera o medo
 
Votos de pessoas beneficiadas e não beneficiadas por políticas assistencialistas valem igualmente. Ainda bem! Assim deve ser numa democracia. Votos de pessoas mais sujeitas e menos sujeitas às chantagens oficiais valem igualmente. Ainda bem! Assim deve ser numa democracia. Votos de pessoas suscetíveis a pregações terroristas e não suscetíveis valem igualmente. Ainda bem! A democracia não tem de criar restrições para o livre exercício da escolha. Mas isso não nos impede de fazer um diagnóstico.

O PT já é o maior partido de grotões do Brasil democrático em qualquer tempo. Querem ver? Dilma venceu em 15 Estados: oito estão no Nordeste, quatro no Norte, dois no Sudeste e um no Sul. Essas três exceções parecem negar a tese, mas só a confirmam. Explico por quê. Em Minas, a petista teve 43,48%, não tão distante de Aécio Neves, com 39,75%; Marina obteve 14%. No Rio, a candidata do PT alcançou 35,62%, quase o mesmo tanto da peessebista, com 31,07%; o tucano chegou a 26,84%. Os gaúchos deram à presidente-candidata 43,21%, quase o mesmo tanto que ao senador mineiro: 41,42%. Vale dizer: a vantagem do petismo não é acachapante.

Onde é que Dilma, de fato, fez a diferença e arrancou a primeira colocação: em oito estados nordestinos — a exceção é Pernambuco — e nos quatro nortistas. Nesse grupo, pasmem, a sua menor marca foi Alagoas, com 49,95%, e a maior foi no Piauí, o segundo estado com os piores indicadores sociais do país: 70,6%. A segunda maior foi no Maranhão, com 69,56% — sim, é a unidade da federação socialmente mais perversa. Assim, os dois Estados que oferecem a pior qualidade de vida à sua população são os mais “dilmistas”. Atentem para o desempenho da petista nos demais, em ordem decrescente: Ceará: 68,3%; Bahia, 61,4%; Rio Grande do Norte, 60,06%; Paraíba, 55,61%; Sergipe, 54,93%; Amazonas, 54,53%; Pará, 53,18%, Amapá, 51,1% e Tocantins: 50,24%.

Aécio obteve a sua melhor marca em Santa Catarina, com 52,89% dos votos, seguido por Paraná, com 49,79%. O Mato Grosso vem em seguida, com 44,47%, e eis que surge São Paulo, com 44,22%. O Estado deu a Aécio 10.152.688 dos seus 34.897.196 votos — isso corresponde a 29% do total; quase um terço. Minas, até agora, está em falta com Aécio. São Paulo não! Azulou de vez. Vejam o mapa.

O Distrito Federal, que conhece bem o PT porque governado pelo partido e porque muito próximo de Dilma, deu à presidente o seu menor percentual: só 23,02%; o segundo menor foi justamente o colhido em terras paulistas: 25,82%.

E é a “Minas Nordestina” — ou baiana — que vota majoritariamente com Dilma.

Muito bem! Aonde quero chegar? É evidente que os petistas colhem hoje os seus melhores resultados nas regiões do país que são mais dependentes do Bolsa Família. Isso não quer dizer, é evidente, que o programa tenha de acabar. Quer dizer apenas que ele precisa existir não como instrumento de um partido, mas como uma política de estado. Não é segredo para ninguém que, pela terceira eleição consecutiva, o terrorismo correu solto nas áreas mais pobres do país: “Se a oposição ganhar, o Bolsa Família vai acabar”. Ora, não era exatamente esse o sentido da campanha eleitoral do PT quando se referia à independência do Banco Central por exemplo? Se vier, assegura-se por lá, haverá fome. É um disparate.
Eis aí mais uma impressionante ironia da história, não é? O PT, que nasceu para ser o partido das massas urbanas trabalhadoras, é hoje uma legenda que se enraíza nos grotões e que arranca a sua força do subdesenvolvimento minorado pela caridade de Estado transformada em moeda política. Há uma grande diferença entre ter o voto dos pobres e chantagear os pobres com o discurso do medo.”
Fonte: http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/(06/10/14)

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

LULA: POLÍCIA FEDERAL QUER OUVÍ-LO





Antes de ser ouvido por conta de seu envolvimento nas gravíssimas denúncias de Paulo Roberto Costa, ex-diretor da Petrobras, preso na PF do Paraná, há 7 meses PF tenta, sem sucesso, ouvir o Lula sobre seu envolvimento no Mensalão”.
Lula: medo de depoimento em ano eleitoral (Sergio Moraes/Reuters) 

Agentes apuram repasse de 7 milhões de reais da Portugal Telecom ao PT, que teria sido intermediado pelo ex-presidente; acusação partiu de Marcos Valério
Há sete meses a Polícia Federal tenta, sem sucesso, ouvir o ex-presidente Lula em inquérito que apura sua atuação no mensalão, segundo reportagem desta quarta-feira do jornal O Estado de S. Paulo. Em abril de 2013, o Ministério Público Federal solicitou à PF que apurasse as denúncias feitas pelo operador do esquema, Marcos Valério de Souza, de que o ex-presidente intermediou um repasse de 7 milhões de reais feito ao PT por uma subsidiária da Portugal Telecom. Além de Lula, o ex-ministro Antonio Palocci Filho também é citado no caso.
De acordo com o jornal, o advogado do ex-presidente, Marcio Thomaz Bastos, disse à cúpula da PF que Lula estará na quinta-feira em Brasília e tentará agendar a data da oitiva. Na PF, contudo, afirma-se que os acertos para o depoimento - sempre informais - não foram adiante. Os agentes esperam ouvir Lula para encerrar o inquérito, cuja conclusão foi adiada algumas vezes.
Reportagem do jornal Folha de S. Paulo informa que o petista teme o vazamento do depoimento para a imprensa - e os estragos disso à campanha eleitoral. Lula não foi intimado, apenas convidado a falar. E, de acordo com o jornal, não deverá ser. A avaliação da cúpula da PF é de que uma intimação seria medida exagerada.
Segundo Valério, o ex-presidente teria intermediado a obtenção do repasse milionário de uma fornecedora da Portugal Telecom para o PT, por meio de publicitários ligados ao partido. Os recursos teriam sido usados para quitar dívidas eleitorais dos petistas. De acordo com o operador do mensalão, Lula intercedeu pessoalmente junto a Miguel Horta, presidente da companhia portuguesa, para pedir os recursos. As informações eram desconhecidas até 2012, quando Valério – já condenado - resolveu contar parte do que havia omitido até então.
O caso - A transação investigada pelo inquérito estaria ligada a uma viagem feita por Valério a Portugal em 2005. O episódio foi usado, no julgamento do mensalão, como uma prova da influência do publicitário em negociações financeiras envolvendo o PT.
O pedido de abertura de inquérito havia sido feito pela Procuradoria da República no Distrito Federal a partir das acusações feitas por Valério em depoimento à Procuradoria-Geral da República. Como Lula e os outros acusados pelo publicitário não têm foro privilegiado, o caso foi encaminhado à representação do Ministério Público Federal em Brasília. Ao todo, a PGR enviou seis procedimentos preliminares aos procuradores do Distrito Federal. Um deles resultou no inquérito aberto pela PF. Outro, por se tratar de caixa dois, foi enviado à Procuradoria Eleitoral.
Segredos – Com a certeza de que iria para a cadeia, Marcos Valério começou a contar os segredos do mensalão em meados de setembro de 2012, como revelou VEJA. Em troca de seu silêncio, Valério disse que recebeu garantias do PT de que sua punição seria amena. Já sabendo que isso não se confirmaria no Supremo – que o condenou a quase 40 anos por corrupção ativa, evasão de divisas, peculato e lavagem de dinheiro – e, afirmando temer por sua vida, ele declarou a interlocutores que Lula "comandava tudo" e era "o chefe" do esquema.
Pouco depois, o operador financeiro do mensalão enviou, por meio de seus advogados, um fax ao STF declarando que estava disposto a contar tudo o que sabe. No início de novembro daquele ano, nova reportagem de VEJA mostrou que o empresário depôs à PGR na tentativa de obter um acordo de delação premiada – um instrumento pelo qual o envolvido em um crime presta informações sobre ele, em troca de benefícios.                                                          Fonte: http://veja.abril.com.br/

terça-feira, 16 de setembro de 2014

O SILÊNCIO DE LULA



O Silêncio de Lula               Marco Antônio Villa  

Na história republicana brasileira, não houve político mais influente do que Luiz Inácio Lula da Silva. Sua exitosa carreira percorreu o regime militar, passando da distensão à abertura. Esteve presente na Campanha das Diretas. Negou apoio a Tancredo Neves, que sepultou o regime militar, e participou, desde 1989, de todas as campanhas presidenciais.

Quando, no futuro, um pesquisador se debruçar sobre a história política do Brasil dos últimos 40 anos, lá encontrará como participante mais ativo o ex-presidente Lula. E poderá ter a difícil tarefa de explicar as razões desta presença, seu significado histórico e de como o país perdeu lideranças políticas sem conseguir renová-las.

Lula, com seu estilo peculiar de fazer política, por onde passou deixou um rastro de destruição. No sindicalismo acabou sufocando a emergência de autênticas lideranças. Ou elas se submetiam ao seu comando ou seriam destruídas. E este método foi utilizado contra adversários no mundo sindical e também aos que se submeteram ao seu jugo na Central Única dos Trabalhadores. O objetivo era impedir que florescessem lideranças independentes da sua vontade pessoal. Todos os líderes da CUT acabaram tendo de aceitar seu comando para sobreviver no mundo sindical, receberam prebendas e caminharam para o ocaso. Hoje não há na CUT — e em nenhuma outra central sindical — sindicalista algum com vida própria.

No Partido dos Trabalhadores — e que para os padrões partidários brasileiros já tem uma longa existência —, após três decênios, não há nenhum quadro que possa se transformar em referência para os petistas. Todos aqueles que se opuseram ao domínio lulista acabaram tendo de sair do partido ou se sujeitaram a meros estafetas.
Lula humilhou diversas lideranças históricas do PT. Quando iniciou o processo de escolher candidatos sem nenhuma consulta à direção partidária, os chamados "postes", transformou o partido em instrumento da sua vontade pessoal, imperial, absolutista. Não era um meio de renovar lideranças. Não. Era uma estratégia de impedir que outras lideranças pudessem ter vida própria, o que, para ele, era inadmissível.

Os "postes" foram um fracasso administrativo. Como não lembrar Fernando Haddad, o "prefeito suvinil", aquele que descobriu uma nova forma de solucionar os graves problemas de mobilidade urbana: basta pintar o asfalto que tudo estará magicamente resolvido. Sem talento, disposição para o trabalho e conhecimento da função, o prefeito já é um dos piores da história da cidade, rivalizando em impopularidade com o finado Celso Pitta.
Mas o símbolo maior do fracasso dos "postes" é a presidente Dilma Rousseff. Seu quadriênio presidencial está entre os piores da nossa história. Não deixou marca positiva em nenhum setor. Paralisou o país. Desmoralizou ainda mais a gestão pública com ministros indicados por partidos da base congressual — e aceitos por ela —, muitos deles acusados de graves irregularidades. Não conseguiu dar viabilidade a nenhum programa governamental e desacelerou o crescimento econômico por absoluta incompetência gerencial.

Lula poderia ter reconhecido o erro da indicação de Dilma e lançado à sucessão um novo quadro petista. Mas quem? Qual líder partidário de destacou nos últimos 12 anos? Qual ministro fez uma administração que pudesse servir de referência? Sem Dilma só havia uma opção: ele próprio. Contudo, impedir a presidente de ser novamente candidata seria admitir que a "sua" escolha tinha sido equivocada. E o oráculo de São Bernardo do Campo não erra.

A pobreza política brasileira deu um protagonismo a Lula que ele nunca mereceu. Importantes líderes políticos optaram pela subserviência ou discreta colaboração com ele, sem ter a coragem de enfrentá-lo. Seus aliados receberam generosas compensações. Seus opositores, a maioria deles, buscaram algum tipo de composição, evitando a todo custo o enfrentamento. Desta forma, foram diluindo as contradições e destruindo o mundo da política.
Na campanha presidencial de 2010, com todos os seus equívocos, 44% dos eleitores sufragaram, no segundo turno, o candidato oposicionista. Havia possibilidade de vencer mas a opção foi pela zona de conforto, trocando o Palácio do Planalto pelo controle de alguns governos estaduais.

Se em 2010 Lula teve um papel central na eleição de Dilma, agora o que assistimos é uma discreta participação, silenciosa, evitando exposição pública, contato com os jornalistas e — principalmente — associar sua figura à da presidente. Espertamente identificou a possibilidade de uma derrota e não deseja ser responsabilizado. Mais ainda: em caso de fracasso, a culpa deve ser atribuída a Dilma e, especialmente, à sua equipe econômica.

Lula já começa a preparar o novo figurino: o do criador que, apesar de todos os esforços, não conseguiu orientar devidamente a criatura, resistente aos seus conselhos. A derrota de Lula será atribuída a Dilma, que, obedientemente, aceitará a fúria do seu criador. Afinal, se não fosse ele, que papel ela teria na política brasileira?

O PT caminha para a derrota. Mais ainda: caminha para o ocaso. Não conseguirá sobreviver sem estar no aparelho de Estado. Foram 12 anos se locupletando. A derrota petista — e, mais ainda, a derrota de Lula — poderá permitir que o país retome seu rumo. E no futuro os historiadores vão ter muito trabalho para explicar um fato sem paralelo na nossa história: como o Brasil se submeteu durante tantos anos à vontade pessoal de Luiz Inácio Lula da Silva.
Marco Antonio Villa é historiador
Fonte: - O Globo (09/09/14)

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