Dados do Itamaraty apontam
acelerada saída de cidadãos do Brasil para tentar a vida em outros países. A
lista de destinos é puxada por Portugal, onde entre 350 mil e 400 mil pessoas
residem legalmente
O
número de brasileiros vivendo no exterior bateu novo recorde, totalizando 4,5
milhões de pessoas — em 2020, último dado oficial do Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística (IBGE), eram 4,2 milhões. Desse total, entre 350 mil e
400 mil estão morando legalmente em Portugal, informou o embaixador Leonardo
Gorgulho, secretário de Comunidades Brasileiras e Assuntos Consulares e
Jurídicos do Itamaraty. Essa secretaria, por sinal, foi reativada no governo
Lula, depois de desaparecer da estrutura do Ministério das Relações Exteriores
(MRE) na administração passada.
Boa
parte do aumento da população brasileira se deu em território português.
Segundo o embaixador, é possível que o total de cidadãos oriundos do Brasil
residindo em Portugal seja maior que o estimado, pois ainda há pessoas sem
documentação legal e aqueles com dupla nacionalidade, que não são computados
como imigrantes. Além de Portugal, tem havido incremento na emigração do Brasil
para a Irlanda e para os Estados Unidos. Parte das pessoas que deixam o país
está em busca de uma vida melhor. Há, também, um fluxo de nômades digitais e de
cidadãos altamente qualificados, cérebros que, na avaliação da economista
Sandra Utsumi, diretora executiva do Banco Haitong em Portugal, estão fugindo
do Brasil.
Diante desse movimento considerado
irreversível, o governo optou por aprimorar a coordenação dos mais de 190 postos
de atendimento que o Brasil tem no exterior. A meta é estar mais presente junto às
comunidades brasileiras, com uma estrutura baseada em três pilares:
modernidade, com o máximo de serviços digitalizados; agilidade, para que a
demanda seja atendida no menor tempo possível; e acessibilidade, facilitando a
vida daqueles que estão mais distantes dos postos consulares. “Hoje, por
exemplo, uma pessoa que emitiu um documento em Milão, na Itália, pode pedir uma
segunda via em Lisboa, sem precisar reiniciar o processo, graças à integração
do sistema”, disse Gorgulho.
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