quinta-feira, 17 de junho de 2021

AUTOSABOTAGEM: O MEDDO DE SER FELIZ

 

Ao longo da nossa vida, desejamos muitas coisas, tais como: um bom emprego, a compra de um bem material, um relacionamento que nos faça feliz etc. A lista é grande e nos empenhamos nestas conquistas.

No entanto, muitas vezes, quando estamos próximos daquilo que tanto desejamos, inconscientemente, damos um jeito de melar nossos objetivos por acreditar que não somos capazes de alcança-los. Isso se chama autossabotagem. É a dificuldade que uma pessoa tem de suportar o próprio êxito, levando-a a boicotar a si mesmo.

É o medo de ser feliz.

Há várias formas de autossabotagem e, certamente, você conhece algumas delas como adiar tarefas, se propor a uma dieta e ao final do dia quebra-la comendo em excesso, fugir de relacionamentos saudáveis por considerar que não é merecedor daquela pessoa ou ainda não aceitar determinada função no trabalho por acreditar que não tem competência para o mesmo, apesar de todos a sua volta afirmarem o contrário. Parece estranho, mas ocorre com frequência.

Freud, o pai da psicanálise, em 1916 escreveu um artigo intitulado “Os que fracassam ao triunfar” que, basicamente, descreve as pessoas que se sentem aliviadas quando algo que tanto desejam não dá certo. Uma das razões para este padrão de conduta tem suas raízes na infância e nas crenças que a criança construiu ao longo da vida sobre si, tendo os pais, e ambiente, como influência.

Estas crenças disfuncionais determinam sua maneira de perceber a si e o mundo a sua volta, interferindo negativamente seus pensamentos. Imagine, por exemplo, uma criança que cresce ouvindo dos pais que ela não é boa o suficiente pra realizar algo. Já adulta, mesmo que tenha vontade de ter sucesso, há uma voz interior que sussurra que ela não irá conseguir. Então, num momento que ela está psicologicamente vulnerável, a tendência é acreditar neste pensamento destrutivo prejudicando sua autoconfiança. A autossabotagem acontece porque a sua identidade está atrelada a crenças limitantes sobre si, subestimando sua capacidade de lidar com o sucesso.

Outro fator que também colabora para a autossabotagem são as experiências negativas, comuns a qualquer pessoa, vividas na infância ou na vida adulta. Uma pessoa, por exemplo, que sofreu várias perdas ao longo da vida, seja de entes queridos, de possibilidades ou de relacionamentos, quando estão diante de uma nova conquista, inconscientemente diz “não vou conseguir”. Daí cria empecilhos e desiste. A baixa autoestima aqui dificulta o reconhecimento de suas qualidades e potencialidades, criando resistências a tudo que é novo para manter-se como está, mesmo que traga sofrimento. O ciclo se repete.

Na maioria das vezes, a autossabotagem não é percebida pela própria pessoa, que atribui o seu fracasso ao outro ou ao destino. Por isso, a necessidade de buscar a psicoterapia que, através do autoconhecimento, auxilia a pessoa a identificar os pensamentos disfuncionais, rígidos, que influenciam a sua forma de agir no mundo, pois é preciso romper com o ciclo vicioso.

Ainda assim é um processo difícil porque, muitas vezes, o paciente pode sabotar o próprio tratamento, desistindo do mesmo. Na verdade, desiste de si.

http://g1.globo.com/sp/presidente-prudente-regiao/blog/psicoblog/post/autossabotagem-o-medo-de-ser-feliz.html

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