Ao longo da nossa
vida, desejamos muitas coisas, tais como: um bom emprego, a compra de um bem
material, um relacionamento que nos faça feliz etc. A lista é grande e nos
empenhamos nestas conquistas.
No entanto, muitas
vezes, quando estamos próximos daquilo que tanto desejamos, inconscientemente,
damos um jeito de melar nossos objetivos por acreditar que não somos capazes de
alcança-los. Isso se chama autossabotagem. É a dificuldade que uma pessoa tem
de suportar o próprio êxito, levando-a a boicotar a si mesmo.
É o medo de ser
feliz.
Há várias formas de
autossabotagem e, certamente, você conhece algumas delas como adiar tarefas, se
propor a uma dieta e ao final do dia quebra-la comendo em excesso, fugir de
relacionamentos saudáveis por considerar que não é merecedor daquela pessoa ou
ainda não aceitar determinada função no trabalho por acreditar que não tem
competência para o mesmo, apesar de todos a sua volta afirmarem o contrário.
Parece estranho, mas ocorre com frequência.
Freud, o pai da psicanálise, em 1916 escreveu um
artigo intitulado “Os que fracassam ao triunfar” que, basicamente, descreve
as pessoas que se sentem aliviadas quando
algo que tanto desejam não dá certo. Uma das razões para este padrão de conduta
tem suas raízes na infância e nas crenças que a criança construiu ao longo da
vida sobre si, tendo os pais, e ambiente, como influência.
Estas crenças
disfuncionais determinam sua maneira de perceber a si e o mundo a sua volta,
interferindo negativamente seus pensamentos. Imagine, por exemplo, uma criança
que cresce ouvindo dos pais que ela não é boa o suficiente pra realizar algo.
Já adulta, mesmo que tenha vontade de ter sucesso, há uma voz interior que
sussurra que ela não irá conseguir. Então, num momento que ela está
psicologicamente vulnerável, a tendência é acreditar neste pensamento
destrutivo prejudicando sua autoconfiança. A autossabotagem acontece porque a
sua identidade está atrelada a crenças limitantes sobre si, subestimando sua
capacidade de lidar com o sucesso.
Outro fator que
também colabora para a autossabotagem são as experiências negativas, comuns a
qualquer pessoa, vividas na infância ou na vida adulta. Uma pessoa, por
exemplo, que sofreu várias perdas ao longo da vida, seja de entes queridos, de
possibilidades ou de relacionamentos, quando estão diante de uma nova
conquista, inconscientemente diz “não vou conseguir”. Daí cria empecilhos e
desiste. A baixa autoestima aqui dificulta o reconhecimento de suas qualidades
e potencialidades, criando resistências a tudo que é novo para manter-se como
está, mesmo que traga sofrimento. O ciclo se repete.
Na maioria das
vezes, a autossabotagem não é percebida pela própria pessoa, que atribui o seu
fracasso ao outro ou ao destino. Por isso, a necessidade de buscar a
psicoterapia que, através do autoconhecimento, auxilia a pessoa a identificar
os pensamentos disfuncionais, rígidos, que influenciam a sua forma de agir no
mundo, pois é preciso romper com o ciclo vicioso.
Ainda assim é um
processo difícil porque, muitas vezes, o paciente pode sabotar o próprio
tratamento, desistindo do mesmo. Na verdade, desiste de si.
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