BRASIL - ESTADOS UNIDOS E A NOVA SÍNTESE
Por Theodiano Bastos
O Brasil sempre se saiu melhor
quando o Partido Republicano está no poder e agora com o excelente
entrosamento entre Trump e Bolsonaro
poderemos esperar dias melhores para o Brasil e quem sabe a construção de uma “Nova Síntese”, de que
fala Vianna Moog em seu extraordinário livro 'BANDEIRANTES E PIONEIROS".
Este texto está no blog O
PERISCÓPIO: theodianobastos.blobspot.com.br
Nesta
grande obra de Vianna Moog, consta: “Encontramos que entre os países de
extensão continental e grandes populações, tais como os Estados Unidos, Rússia,
China, o Brasil se insere com grandes possibilidades de obter êxito numa “NOVA
SÍNTESE”, capaz de conciliar os vários conflitos que lavram no ocidente e no
mundo... surgirá no Ocidente, não nos países situados na órbita protestante,
mas algum dos países de origem e tradição latina, de preferência no México, no
Brasil e no Canadá francês ou a hipótese de que a NOVA SÍNTESE acabe surgindo
no sei das minorias católicas americanas”, diz profeticamente Vianna Moog.
Creio que o Brasil, por ser de extensão continental, grande população
multirracial e de língua única, falada em toda a sua extensão, apresenta-se
como um laboratório social viável para a NOVA SÍNTESE
Trump: “Brasil e EUA nunca estiveram tão próximos como estão agora”
Donald Trump disse ser uma honra
receber Jair Bolsonaro na Casa Branca.
“Ele tem feito trabalho
espetacular e liderou uma das campanhas mais impressionantes dos últimos
tempos. O Brasil é um grande amigo. Brasil e Estados Unidos nunca
estiveram tão próximos como estão agora”.
O presidente americano citou a
Venezuela e o comércio como temas das conversas. Deu de presente a Bolsonaro
uma camisa da seleção americana de futebol, que retribuiu com uma da CBF com o
número 10.
UM NOVO MUNDO
É POSSÍVEL?
Tenho repetido nos livros de minha autoria “A
Procura do Destino”, “O Triunfo das Ideias” e “Pegadas da Caminhada”, e em
artigos, e onde mais posso, as obras de Erich Fromm, principalmente "A
Revolução da Esperança" e "Ter ou Ser?", nelas encontramos
luzes: "Creio que nem o capitalismo ocidental nem o comunismo soviético
(que já faz parte do passado) — ou chinês, podem resolver o problema do futuro.
Ambos criam burocracias que transformam o homem numa coisa". “O homem deve
colocar as forças da natureza e da sociedade sob o seu controle consciente e
racional, mas não sob o controle de uma burocracia que administra coisas e
homem, mas sob o controle dos produtores livres e associados que administram
coisas e as subordinam ao homem, medida de todas as coisas”.
“O
homem pode destruir toda a vida civilizada e os valores que restarem e
construir uma organização bárbara, totalitária, que domine o que sobrar da
humanidade. Ter consciência desse perigo, analisar as expressões dúbias por
ambos os lados para impedir que os homens vejam o abismo para onde estão
marchando, é obrigação, o mandamento intelectual e moral que o homem deve
obedecer hoje. "Se não o fizer, seu fim será certo", alerta Erich
Fromm.
A
resposta para o problema da liberdade não será encontrada na mudança da forma
política de governo, mas na transformação econômica e social da sociedade.
Mudanças simultâneas na esfera da organização industrial e política da
estrutura do caráter e das atividades culturais. A concentração dos esforços em
qualquer uma dessas esferas com a exclusão ou negligência de qualquer das
outras, tem ação destrutiva sobre toda a modificação, continua ensinando Fromm,
que conclui: "Um passo de progresso integrado em todas as esferas da vida,
terá resultados de maior alcance e mais duradouros para o progresso da raça
humana, do que cem passos numa só direção". Hoje, com os recursos
disponíveis no Brasil na área de comunicação social de massa, e principalmente
a televisão e o rádio, como também jornais e revistas, com o que é possível
atingir até cidadãos analfabetos, hoje bem informados do que acontece no Brasil e no mundo, com seu
radinho a pilha, não é ser sonhador pensar que já se pode dar no Brasil um
passo decisivo para o fim da história "humanóide", na qual o homem ainda
não é completamente humano, mas ainda "O lobo do próprio homem", na
visão pessimista de Hobbes.
A mídia
vem sendo usado para tornar as criaturas infelizes com o que possuem,
impingindo uma sociedade de consumo com o uso da propagando subliminar, a
saturação psicológica inconsciente de nossas crianças. As empresas do futuro,
numa "nova síntese", ficarão com a iniciativa privada, mas de
natureza comunitária de fins comuns, que tenham de viver do lucro, porque sem
lucro não sobrevivem, mas cujo fim não seja o lucro em si, mas a prestação de
serviços públicos. O mundo se tornou uma imensa aldeia e a interdependência dos
países é de tal ordem, tão estreita, que quando se fala do destino do Brasil,
também se fala do destino de Gaia, a nave mãe Terra em viagem pelo espaço
sideral, e creio que o Brasil tem um grande destino a cumprir na história da
humanidade, na sobrevivência da espécie humana, com possibilidade de criar as
condições que apontem para um futuro de convivência mais fraterna. Todavia se observa e nos faz refletir, é a atual
ausência de reações por parte dos jovens diante do que se vê nesse descomunal
descalabro no Brasil dos nossos dias. Alienação, desesperança, egoísmo, dos
jovens? “Como explicar e compreender os
jovens brasileiros diante do descomunal descalabro que está marcando a
realidade brasileira. É voz corrente que jamais, em tempo algum da história
brasileira”?, pergunta a escritora Raquel Stivelman, em seu artigo Jovens:
ontem e hoje. (JB 08/4/06 p.All).
André
Malreaux diz: "A civilização atual está ocupada, provavelmente, em
inventar algo tão importante quanto o que o século XIX inventou. Mas não
sabemos exatamente o que é. É o ponto de passagem com as três hipóteses para o
futuro da humanidade: a) Uma grande tragédia; b) Um grande fenômeno espiritual
(não necessariamente religioso); c) Uma espécie de "terra de
ninguém", como a que já é habitada pelos especialistas". Almeja-se
uma globalização solidária: "Esse novo projeto crítico da sociedade não
pretenderia mais mudar o modo de produzir — do capitalismo para o socialismo —
mas procuraria universalizar direitos e bens dentro da sociedade de
mercado". Mesmo sem mudanças no modo de produzir, se está buscando um
aumento do bem-estar", disse ainda, citando Eric Hobsbawm, pensador inglês,
e Norberto Bobbio, filósofo italiano.
Enfim, os
humanos estão, hoje em dia, diante da escolha mais fundamental: não é a escolha
entre o capitalismo e o comunismo (já reprovado pela história), mas entre o
robotismo e o socialismo comunitário humanista, um socialismo com liberdade,
com produtores livres e associados, que administram coisas e as subordinam ao
homem, medida de todas as coisas, continua ensinando o mestre Erich Fromm, que
em suma diz que estamos a ponto de atingir um estado humano correspondente à
visão dos nossos grandes Mestres, tais como Lao-Tsé, Buda, Cristo, Isaías,
Sócrates e Maomé, pois todos ensinaram o uso da razão, do amor e da justiça; no
entanto, estamos diante do perigo da destruição da civilização, ou da
robotização, e dentre deste contexto é missão do Brasil realizar essa
"nova síntese". Se a Inglaterra e os Estados Unidos moldaram a
economia mundial, e a França, a partir de sua revolução de 1789, se transformou
em laboratório de experiências políticas, o Brasil moldará a "nova
síntese" no Século XXI. "Os grandes líderes da raça humana são os que
despertam o homem de seu meio-sono", diz Fromm.
Mas com o
advento da Internet – o mundo tornou-se uma grande aldeia, com os e-mails, Orkuts, Blogs, Chats, vlogs, os
chamados instant messengers (Ims)
etc, o ágora (da civilização
grega) é agora, porquanto permite, de forma global, uma propagação de idéias na busca de outro
mundo possível. “Todo grande país se faz pelas
idéias, nunca pelos acontecimentos, pois os acontecimentos têm sempre a
dimensão das ideias que o produzem... os fatos, sem as idéias, não criam
realidades, mas sucessivas ilusões, que trazem erros aos atos daí
decorrentes.... A ideia é a verdadeira orientadora da ação política, ensina
Afonso Arinos de Melo Franco. Como Gabriel Garcia Márquez, continuo obcecado
pela fé na possibilidade de existirem outras formas de se viver — mais justas,
menos absurdas, mais dignas.
José Samarago: “...estou a manifestar a minha perplexidade por este tempo
que vivemos, cínico, desesperançado, sombrio, terrível em mil dos seus
aspectos, ter gerado uma pessoa (é um homem, podia ser uma mulher) que levanta
a voz para falar de valores, de responsabilidade pessoal e coletiva, de
respeito pelo trabalho, também pela memória daqueles que nos antecederam na
vida”.
Estes conceitos que alguma vez foram o cimento da melhor
convivência humana sofreram por muito tempo o desprezo dos poderosos, esses
mesmos que, a partir de hoje (tenham-no por certo), vão vestir à pressa o novo
figurino e clamar em todos os tons - “Eu também, eu também”. Barack Obama, no
seu discurso, deu-nos razões (as razões) para que não nos deixemos enganar. O
mundo pode ser melhor do que isto a que parecemos ter sido condenados. No
fundo, o que Obama nos veio dizer é que outro mundo é possível. Muitos de nós
já o vínhamos dizendo há muito. Talvez a ocasião seja boa para que tentemos
pôr-nos de acordo sobre o modo e a maneira. Para começar. Este texto foi publicado
em meia página pelo jornal A GAZETA
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