Por THEODIANO BASTOS
Após seis anos de idas e vindas, a PF desvenda tudo e
mostra as entranhas e a extensão do crime organizano Rio. Vejam os detalhes:
Prisão de delegado surpreende família de Marielle:
'Confiava nele'. Investigação indica que Rivaldo Barbosa, ex-chefe de polícia,
ajudou a arquitetar crime e depois atrapalhou esclarecimento do caso para
garantir impunidade dos mandantes. Anielle Franco diz que prisão de Rivaldo
Barbosa foi uma surpresa
A prisão delegado Rivaldo Barbosa, apontado pela Polícia
Federal como um dos autores da morte de Marielle Franco, surpreendeu a família
da vereadora.
Rivaldo foi nomeado chefe da Polícia Civil do Rio em 2018,
um dia antes do assassinato. Ele participou do início das investigações e,
segundo inquérito da PF, atuou para evitar o esclarecimento do crime. Mas não
só isso. A PF afirma que ele colaborou com o planejamento do
crime e prometeu imunidade aos mandantes, os irmãos Domingos e Chiquinho
Brazão. Os três foram presos neste domingo (24). A defesa do delegado nega as acusações.
"A gente está um pouco surpreso, porque os nomes [dos
irmãos Brazão] já tinham sido veiculados antes, mas a prisão do Rivaldo...
Enfim, é muita coisa que passa pela nossa cabeça como família", disse a
ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, irmã de Marielle, em entrevista à
GloboNews.
A mãe de Marielle, Marinete da Silva, disse que a família
tinha uma relação de confiança com Rivaldo, e que o delegado prometeu a eles
que esclarecia o crime.
"A minha filha confiava nele e no trabalho dele. E
ele falou que era questão de honra elucidar [a morte da vereadora]. Por
questões óbvias, porque a Marielle, além dele confiar, garantiu a entrada do
doutor Rivaldo no Complexo da Maré depois de uma chacina para ele entrar e sair
com a integridade física garantida", disse Marinete.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, Freixo diz que a
prisão de Rivaldo explica "porque ficamos seis anos sem saber quem mandou
matar Marielle".
"É importante que a gente saiba que a Delegacia de
Homicídios, durante esse tempo da Marielle, foi o verdadeiro escritório do crime",
disse o ex-deputado.
'Tapa na cara'
A vereadora Monica Benicio, viúva de Marielle, lembrou que
Rivaldo foi a primeira autoridade que recebeu a família da vereadora após o
crime.
"Hoje saber que o homem que nos abraçou, prestou
solidariedade e sorriu e tem envolvimento nesse mando é para nós entender que a
Polícia Civil não foi só negligente. Não foi só por uma falha que chegamos a
seis anos de dor, mas também por ter sido conivente com todo esse tempo de não
elucidação do caso. A Polícia Civil não apenas errou, mas foi também cúmplice
desse processo", disse Monica.
Ágatha Amaus, viúva de Anderson Gomes, motorista executado
junto com Marielle, disse considerar um "tapa na cara" a prisão do
delegado. "Ainda tem uma dor. A dor não vai passar nunca. É desesperador
ainda, mesmo com algumas respostas ainda falta tanta coisa. É até difícil
colocar em palavras. É dor, é luta”, disse Ágatha.
Investigação diz que ele planejou 'meticulosamente'
assassinato e buscava desviar o foco para longe dos mandantes. Pressão imposta
pela sociedade civil e pela mídia foram determinantes no caso.
Criminosos
pagavam ‘mesada’ para evitar investigações de delegacia comandada por Rivaldo;
propina podia chegar a R$ 300 mil, diz PF
Orlando Curicica disse que existia sistema de pagamento
para que o comando da Delegacia de Homicídios não investigasse assassinatos.
Pagamentos variavam entre R$ 60 mil a R$ 80 mil, podendo aumentar com 'taxas'.
Chefe da Polícia Civil foi engrenagem essencial
para obstruir investigações e assegurar que mandantes não fossem presos
SAIBA MAIS EM: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c876154y5j3o
- https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2024/03/caso-marielle-mostra-acao-das-milicias-no-rio-diz-ministro-pf-ve-motivacao-complexa-para-crime.shtml
E https://www.cnnbrasil.com.br/nacional/delegado-preso-por-morte-de-marielle-sabia-de-crime-e-fez-uma-exigencia-para-acobertar-mandantes/