Em carta enviada ao governador do Espírito Santo, José Ignácio Ferreira, anunciando o fechamento de uma fábrica no Estado, o presidente da Xerox do Brasil, Guilherme Bettencourt, afirma que a empresa havia sido procurada por pessoas que ofereceram uma "intermediação onerosa" para liberar financiamentos retidos e sustar a cobrança de impostos já pagos. Este texto está nos blogs: theodianobastos.blogspot.com.br e no FACEBOOK A Xerox tentava liberar financiamentos de aproximadamente R$ 20 milhões do Fundap (Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias), que beneficia empresas importadoras, e evitar o pagamento de R$ 28 milhões em impostos que já teriam sido pagos.
Nesse período, a empresa teria sido procurada por lobistas que se ofereceram
para fazer a "intermediação" para liberar o financiamento.
"Gerentes e diretores da empresa tinham que conviver com o constrangimento
provocado por pessoas que, desconhecendo a linha ética que orienta a nossa
conduta empresarial, ofereciam seus préstimos e a sua intermediação onerosa
para liberar os financiamentos retidos e promover a sustação da cobrança dos
impostos que a empresa já pagara", diz um trecho da carta.
Segundo Bettencourt, na carta enviada em 13 de fevereiro, "o escândalo
ganhou tal proporção e publicidade que de vários escritórios de advocacia no
Espírito Santo nos chegaram ofertas de serviços para a resolução daqueles
impasses".
Problema herdado
O presidente da Xerox lembrou na carta que a suspensão dos financiamentos
resultantes da participação da Xerox no sistema Fundap ocorreu no governo
anterior, do ex-petista Vitor Buaiz. A empresa teria imaginado que se tratava
apenas de um problema de fluxo de caixa do Estado.
"Qual não foi a nossa surpresa, no entanto, ao constatarmos que a Xerox
era a única mutuária do Fundap cujos financiamentos estavam retidos",
comenta Bettencourt.
O presidente da empresa acrescenta que, durante três anos, lutou para evitar o
pagamento de R$ 28 milhões em duplicidade. Nesse trecho, relata a intervenção
do governador em favor da empresa para resolver a pendência.
"Verdade seja dita, somente por ordem de Vossa Excelência, logo após a sua
posse, se realizou a competente perícia documental que acabou demonstrando, de
forma inequívoca, que a Xerox do Brasil já havia pago os impostos que lhe eram
cobrados de novo", diz a carta.
Apesar do arquivamento dos processos de cobrança indevida do ICMS, persistiu a
retenção dos financiamentos do Fundap, que permitiriam a modernização na
fábrica da empresa do distrito industrial de Vitória.
Alta tecnologia
A unidade fechada no Espírito Santo era uma fábrica de tecnologia de acabamento
para copiadores de alto volume de impressão que funcionou por 13 anos no
Estado. Empregava cerca de cem técnicos de alto nível.
A fábrica será instalada em Rezende (RJ). Na carta ao
governador, Bettencourt afirma que a Xerox brasileira é a grande derrotada.
"O fechamento dessa fábrica nunca esteve nos nossos planos, e a nossa
disposição era modernizá-la e capacitá-la a participar do grande aumento de
produção industrial que se verificará na Xerox do Brasil", escreveu.
Em entrevista à Folha, Bettencourt confirmou que a empresa foi procurada por
lobistas que ofereciam serviços de intermediação e consultoria. Os contatos
foram feitos por telefone e até pessoalmente.
O presidente da Xerox do Brasil afirmou, porém, que nenhuma das conversas com
os lobistas prosperou, porque a empresa não autoriza nenhum tipo de negociação
visando a liberação de recursos que não seja institucionalmente prevista.
Nos contatos com diretores da empresa, os lobistas mostravam que tinham
informações sobre as pendências da empresa com o governo (retenção de
financiamentos e cobrança de impostos em duplicidade) e afirmavam que poderiam
ajudar na liberação dos recursos.
SAIBA MAIS EM: https://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u18165.shtml
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