terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

APARÍCIO TORELLY, O PIONEIRO DO HUMOR INTELIGENTE NO BRASIL

 

 



Por THEODIANO BASTOS  

Caro leitor, leiam com atenção o texto que segue.

Barão de Itararé: a vida trágica e o humor anárquico de um ícone do jornalismo

 

'Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades' - “Quem inventou o trabalho não tinha o que fazer”

"Os vivos são sempre e cada vez mais governados pelos mortos", do filósofo francês Auguste Comte (1798-1857), por exemplo, virou "Os vivos são sempre e cada vez mais governados pelos mais vivos". Já o lema integralista "Deus, Pátria e Família", de Plínio Salgado (1895-1975), ganhou nova versão: "Adeus, Pátria e Família!".

 

 

Na manhã de 19 de outubro de 1934, o jornalista gaúcho Apparício Torelly (1895-1971) saía de casa em Copacabana, no número 188 da rua Saint-Romain, rumo ao Centro, onde trabalhava, quando seu carro, um Chrysler, foi interceptado por dois veículos. Cinco homens, alguns deles armados, sequestraram o editor do Jornal do Povo.

"Tem família?", perguntou um dos sequestradores, já com os carros batendo em retirada. "Isso não vem ao caso", respondeu o sequestrado. "Nem é da conta dos senhores". "Escreva despedindo-se", continuou o sujeito. "É um favor que lhe prestamos". "Dispenso-o", retrucou a vítima.

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Logo, Torelly descobriu que os homens que se diziam policiais eram, na verdade, oficiais da Marinha. Estavam indignados com a publicação de um folhetim sobre a Revolta da Chibata, liderada pelo marinheiro João Cândido (1880-1969), o Almirante Negro. Como Torelly se recusou a suspender a publicação, que denunciava os maus-tratos na Marinha, foi espancado.

Os sequestradores cortaram seus cabelos, furaram os pneus de seu carro e o abandonaram, quase nu, num local deserto. Na tarde daquele mesmo dia, uma sexta-feira, depois de voltar para a redação, Torelly pendurou, na porta de sua sala, uma placa com os dizeres: "Entre sem bater".

"O Barão é daqueles que começam uma partida do zero. É como se tivesse inventado as regras do jogo", afirma o jornalista Cláudio Figueiredo, autor da biografia Entre Sem Bater - A vida de Apparício Torelly - O Barão de Itararé (2012). "Foi muito mais do que 'frasista'. Foi um humorista revolucionário, anárquico, inovador. Colocar o foco sobre um único aspecto de sua obra seria como julgar Pelé por sua atuação no Cosmos, já no seu fim de carreira".

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'Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades'

Fernando Apparício de Brinkerhoff Torelly nasceu no Rio Grande, município a 317 quilômetros de Porto Alegre (RS), no dia 29 de janeiro de 1895. Seu pai, João da Silva, era brasileiro, e sua mãe, Maria Amélia, uruguaia. O pequeno Apparício ainda não tinha completado dois anos quando a mãe, então com 18, tirou a própria vida, com um tiro na cabeça. Até hoje, não se sabe ao certo a razão do suicídio. Especula-se que tenha sido por causa do temperamento violento do marido.

Órfão de mãe, Apparício foi mandado para um colégio jesuíta em São Leopoldo. Apesar de sua pouca idade, já esbanjava a irreverência que o tornaria famoso. Tanto que foi lá, no Colégio Nossa Senhora da Conceição, que criou seu primeiro jornal de humor, o Capim Seco, totalmente escrito à mão.

Certa vez, o professor de português pediu a Apparício que conjugasse um verbo qualquer no tempo mais que perfeito. "O burro vergara ao peso da carga", respondeu o jovem. Nada demais, não fosse Oswaldo Vergara o nome do tal professor.

Antes de seguir carreira como jornalista, Apparício Torelly tentou a medicina. Tinha 17 anos quando se matriculou na Escola de Medicina e Farmácia de Porto Alegre. Ao chegar atrasado a uma aula de anatomia, o professor Sarmento Leite pegou um fêmur e lhe perguntou: "O senhor conhece este osso?". Ainda ofegante, o estudante respondeu, estendendo a mão: "Não, muito prazer!".

Em outra ocasião, durante uma prova oral, o professor, vendo que Apparício não sabia as respostas, pediu, irônico, a um funcionário da faculdade: "Me traga um pouco de alfafa, por favor". "E, para mim, um cafezinho", completou o aluno que, no entanto, não chegou a concluir o curso e largou a faculdade em 1919.

"A vida do Barão de Itararé é cheia de passagens trágicas. A começar pelos seus problemas de saúde, como a hemiplegia (paralisia total ou parcial da metade lateral do corpo)", conta Mary Stela Surdi, mestre em Letras pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com a dissertação Barão de Itararé - A Linguagem do Humor (1998). "Desde muito jovem, foi preso e apanhou incontáveis vezes. Mas, sempre lidou com a perseguição político-ideológica com humor e inteligência".

'Quem inventou o trabalho não tinha o que fazer'

Com passagem por diversos jornais e revistas, tanto da capital gaúcha quanto do interior do Estado, Apparício Torelly tentou a sorte no Rio de Janeiro. Na bagagem, trazia seu primeiro e único livro, Pontas de Cigarro, de poesia, de 1916, e seu primeiro jornal de humor, O Chico, que teve tiragem de oito mil exemplares, de 1918.

Aos 30 anos, foi bater à porta de O Globo. "O que quer fazer aqui?", perguntou o então dono do jornal, Irineu Marinho (1876-1925). "Qualquer trabalho serve", respondeu Apparício. "De varredor a diretor do jornal, até porque não vejo muita diferença". Sua primeira coluna, intitulada Despreso, foi publicada na versão matutina do jornal, em 10 de agosto de 1925.

Ao longo da carreira, Apparício Torelly teve dois pseudônimos: Apporelly, uma fusão de "Apparício" e "Torelly", e Barão de Itararé, o mais famoso deles, em homenagem à batalha que nunca aconteceu, na divisa entre São Paulo e Paraná, entre as tropas de Washington Luís e de Getúlio Vargas.

Com a morte de Irineu Marinho em 21 de agosto de 1925, vítima de infarto, Torelly migrou para as páginas do jornal A Manhã, de Mário Rodrigues (1885-1930), pai dos jornalistas Mário Filho (1908-1966) e Nelson Rodrigues (1912-1980). Batizada de Amanhã Tem Mais..., a coluna diária de Apporelly estreou em 2 de janeiro de 1926 e fez enorme sucesso entre os leitores.

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"Eles não perdiam aquela saraivada de frases, versinhos e trocadilhos com nomes de políticos", afirma o jornalista e escritor Ruy Castro em O Anjo Pornográfico - A Vida de Nelson Rodrigues (1992). "Algumas das melhores frases já tinham sido inventadas por Bernard Shaw, Mark Twain ou Oscar Wilde, a quem Apporelly esquecia de citar. Outras, às vezes muito engraçadas, eram dele mesmo".

Entre outros trocadilhos famosos, Getúlio Dornelles Vargas (1882-1954), líder da Revolução de 1930, virou "Getúlio Dor Neles Vargas" e Filinto Müller (1900-1973), o torturador do Estado Novo, "Filinto Mula". Sobre Getúlio, aliás, disse, certa ocasião: "Sabe como se chama nosso caro presidente? Gravata Preta. Adapta-se a qualquer roupa e a qualquer regime".

Além de fazer trocadilhos com nomes de políticos, Torelly se especializou em criar paródias para frases famosas.

Apenas quatro meses depois de começar a trabalhar no jornal A Manhã, Torelly decidiu fundar seu próprio jornal: A Manha. "O jornal de humor que ele criou e manteve com ímpeto quixotesco sobreviveu de 1926 a 1959", explica o jornalista Rodrigo Jacobus, Mestre em Comunicação e Informação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), com a tese Um Nobre Bufão no Reino da Grande Imprensa (2010). "Ao longo desse período, pontuou com seu humor alguns dos maiores acontecimentos do século 20, como a Revolução de 30, o Estado Novo, a Segunda Guerra Mundial...".

Em 10 de outubro de 1929, A Manha passou a circular como suplemento do jornal Diário da Noite, do jornalista Assis Chateaubriand (1892-1968), o "Chatô". A sociedade, porém, durou pouco: cinco meses.

Além da edição diária, Torelly publicou, ainda, três números de Almanhaque, ou seja, o almanaque do jornal A Manha. Um número saiu em 1949 e dois, em 1955. Todos traziam jogos, piadas e adivinhações. Seu principal parceiro na nova empreitada foi o chargista e ilustrador paraguaio Andrés Guevara (1904-1963).

SAIBA MAIS EM: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-59689669

 

domingo, 26 de fevereiro de 2023

COVID-19 SURGIU DE VAZAMENTO EM LABORATÓRIO


 Departamento de Energia dos Estados Unidos mudou seu posicionamento sobre a origem do coronavírus

O Departamento de Energia dos Estados Unidos mudou seu posicionamento sobre a origem da pandemia de Covid-19 e avalia, agora, que o vírus se espalhou provavelmente a partir de um vazamento acidental em um laboratório de Wuhan, na China. A informação consta em um relatório de inteligência confidencial recentemente fornecido à Casa Branca e aos principais membros do Congresso.

Até então, o Departamento de Energia manifestava dúvidas sobre a origem do vírus. A nova posição aparece em uma atualização de um documento de 2021 do escritório da diretora de Inteligência Nacional Avril Haines.

O novo relatório destaca como diferentes partes da comunidade de inteligência chegaram a julgamentos díspares sobre a origem da pandemia. O Departamento de Energia agora se junta ao Departamento Federal de Investigação (FBI, na sigla em inglês) ao dizer que o vírus provavelmente se espalhou por um acidente em um laboratório chinês. Quatro outras agências, juntamente com um painel nacional de inteligência, ainda julgam que foi provavelmente o resultado de uma transmissão natural; duas estão indecisas.

A comunidade de inteligência dos EUA é composta por 18 agências, incluindo escritórios nos departamentos de Energia, Estado e Tesouro. Oito deles participaram da revisão das origens da Covid-19 junto com o Conselho Nacional de Inteligência.

A conclusão do Departamento de Energia é relevante porque a agência possui considerável conhecimento científico e supervisiona uma rede de laboratórios nacionais dos EUA. No entanto, o departamento fez seu julgamento com “baixa confiança” de acordo com pessoas que leram o relatório confidencial. Já o FBI, que havia chegado à mesma conclusão antes, tem “confiança moderada” nesta visão.

Telegramas do Departamento de Estado dos EUA escritos em 2018 e documentos internos chineses mostram que havia preocupações persistentes sobre os procedimentos de biossegurança da China, que foram citados pelos proponentes da hipótese de vazamento de laboratório. O SARS-CoV-2 circulou pela primeira vez em Wuhan, na China, até novembro de 2019, de acordo com o relatório de inteligência dos EUA de 2021.

Autoridades dos EUA se recusaram a dar detalhes sobre as novas informações que levaram o Departamento de Energia a mudar de posição. Eles acrescentaram que, embora o Departamento de Energia e o FBI digam que um vazamento não intencional do laboratório é mais provável, eles chegaram a essas conclusões por diferentes razões.

Apesar das análises divergentes, a atualização reafirma um consenso de que a pandemia não foi resultado de um programa chinês de armas biológicas, ressaltaram as fontes. Um oficial da inteligência dos EUA confirmou que a comunidade de inteligência conduziu a atualização à luz de novas informações, estudos mais aprofundados da literatura acadêmica e consultas a especialistas de fora do governo.

A atualização, que tem menos de cinco páginas, não foi solicitada pelo Congresso. Parlamentares, principalmente os republicanos da Câmara e do Senado, vêm realizando suas próprias investigações e pressionando o governo do presidente Joe Biden e a comunidade de inteligência para obter mais informações.

As autoridades não disseram se uma versão não confidencial da atualização será apresentada.

Um porta-voz do Departamento de Energia se recusou a discutir os detalhes da avaliação. O FBI também se recusou a comentar. A China contesta que o vírus possa ter vazado de um de seus laboratórios e sugere que ele surgiu fora do país. O governo chinês não respondeu a pedidos de comentários sobre se houve alguma mudança em sua avaliação.

Em maio de 2021, o presidente Biden disse à comunidade de inteligência do país para intensificar as investigações sobre as origens da pandemia e ordenou que a revisão se baseasse no trabalho dos laboratórios nacionais e agências dos EUA. O relatório de outubro de 2021 dizia que havia consenso de que a Covid-19 não resultava de um programa chinês de armas biológicas. Mas não resolvia o debate sobre se resultou de vazamento de laboratório ou se veio de um animal, apontando que mais informações eram necessárias das autoridades chinesas. Fontes: Dow Jones Newswires/Estadão Conteúdo                           SAIBA MAIS EM: https://www.cnnbrasil.com.br/saude/agencia-dos-eua-agora-avalia-que-pandemia-surgiu-de-vazamento-em-laboratorio/

 

XEROX DEIXOU ESPÍRITO SANTO EM 2001 E ACUSOU LOBISTAS

Prédio da Xerox fechado, frente a UFES, na Av. Fernando Ferrari, 1100 Vitória/ES

Em carta enviada ao governador do Espírito Santo, José Ignácio Ferreira, anunciando o fechamento de uma fábrica no Estado, o presidente da Xerox do Brasil, Guilherme Bettencourt, afirma que a empresa havia sido procurada por pessoas que ofereceram uma "intermediação onerosa" para liberar financiamentos retidos e sustar a cobrança de impostos já pagos.                                   Este texto está nos blogs: theodianobastos.blogspot.com.br e no FACEBOOK                                                                                     A Xerox tentava liberar financiamentos de aproximadamente R$ 20 milhões do Fundap (Fundo de Desenvolvimento das Atividades Portuárias), que beneficia empresas importadoras, e evitar o pagamento de R$ 28 milhões em impostos que já teriam sido pagos.


Nesse período, a empresa teria sido procurada por lobistas que se ofereceram para fazer a "intermediação" para liberar o financiamento.

"Gerentes e diretores da empresa tinham que conviver com o constrangimento provocado por pessoas que, desconhecendo a linha ética que orienta a nossa conduta empresarial, ofereciam seus préstimos e a sua intermediação onerosa para liberar os financiamentos retidos e promover a sustação da cobrança dos impostos que a empresa já pagara", diz um trecho da carta.

Segundo Bettencourt, na carta enviada em 13 de fevereiro, "o escândalo ganhou tal proporção e publicidade que de vários escritórios de advocacia no Espírito Santo nos chegaram ofertas de serviços para a resolução daqueles impasses".

Problema herdado
O presidente da Xerox lembrou na carta que a suspensão dos financiamentos resultantes da participação da Xerox no sistema Fundap ocorreu no governo anterior, do ex-petista Vitor Buaiz. A empresa teria imaginado que se tratava apenas de um problema de fluxo de caixa do Estado.

"Qual não foi a nossa surpresa, no entanto, ao constatarmos que a Xerox era a única mutuária do Fundap cujos financiamentos estavam retidos", comenta Bettencourt.

O presidente da empresa acrescenta que, durante três anos, lutou para evitar o pagamento de R$ 28 milhões em duplicidade. Nesse trecho, relata a intervenção do governador em favor da empresa para resolver a pendência.

"Verdade seja dita, somente por ordem de Vossa Excelência, logo após a sua posse, se realizou a competente perícia documental que acabou demonstrando, de forma inequívoca, que a Xerox do Brasil já havia pago os impostos que lhe eram cobrados de novo", diz a carta.

Apesar do arquivamento dos processos de cobrança indevida do ICMS, persistiu a retenção dos financiamentos do Fundap, que permitiriam a modernização na fábrica da empresa do distrito industrial de Vitória.

Alta tecnologia
A unidade fechada no Espírito Santo era uma fábrica de tecnologia de acabamento para copiadores de alto volume de impressão que funcionou por 13 anos no Estado. Empregava cerca de cem técnicos de alto nível.

A fábrica será instalada em Rezende (RJ).                           Na carta ao governador, Bettencourt afirma que a Xerox brasileira é a grande derrotada.

"O fechamento dessa fábrica nunca esteve nos nossos planos, e a nossa disposição era modernizá-la e capacitá-la a participar do grande aumento de produção industrial que se verificará na Xerox do Brasil", escreveu.

Em entrevista à Folha, Bettencourt confirmou que a empresa foi procurada por lobistas que ofereciam serviços de intermediação e consultoria. Os contatos foram feitos por telefone e até pessoalmente.

O presidente da Xerox do Brasil afirmou, porém, que nenhuma das conversas com os lobistas prosperou, porque a empresa não autoriza nenhum tipo de negociação visando a liberação de recursos que não seja institucionalmente prevista.

Nos contatos com diretores da empresa, os lobistas mostravam que tinham informações sobre as pendências da empresa com o governo (retenção de financiamentos e cobrança de impostos em duplicidade) e afirmavam que poderiam ajudar na liberação dos recursos.                                                                                       SAIBA MAIS EM:
https://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u18165.shtml

WAACK: Ficou para trás uma ordem internacional que durou uns 70 anos


 Faz um ano que o mundo no qual vamos viver está sendo decidido em campos de batalha na Ucrânia. Faz um ano que a Rússia, com o apoio tácito da China, iniciou uma brutal agressão a um vizinho, a Ucrânia, cujo direito de existir ela não respeita.

Ficou para trás uma ordem internacional que durou uns 70 anos. A tal ordem liberal, baseada em respeito a regras e, em boa medida, em organizações multilaterais.

A nova ordem depende de como vai evoluir um conflito que tem contornos bem claros. Entre autocracias e regimes autoritários, como Rússia e China; e regimes de sociedades abertas lideradas sobretudo pelos Estados Unidos, mas com forte participação da Europa.

Leia Mais

Estudo mostra discrepância em visões do Ocidente e de países emergentes sobre guerra na Ucrânia China quer relação “ganha-ganha” com a Rússia, diz diplomata chinês em Moscou

China quer relação “ganha-ganha” com a Rússia, diz diplomata chinês em Moscou

Para o Brasil, é uma delicada e difícil situação. Antes mesmo da guerra da Ucrânia, já piorava a tensão entre as duas superpotências, a China e os Estados Unidos, que são nossos principais parceiros em comércio, por exemplo.

O espaço para permanecer equidistante destes dois gigantes reduziu-se muito. Nesse sentido, o conflito na Ucrânia é visto igualmente por Rússia e China, de um lado, e aliança ocidental, de outro, como um conflito existencial.

Sem dúvida é um grande conflito geopolítico, o mais importante da atualidade. Mas quem disse que valores de sociedades – democracia contra autoritarismo, por exemplo – não são parte de conflitos geopolíticos?

Luta-se por eles, também. É o que está acontecendo agora, nos campos de batalha na Ucrânia.

SAIBA MAIS EM: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/waack-ficou-para-tras-uma-ordem-internacional-que-durou-uns-70-anos/

 

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

GUERRA NA UCRÂNIA, ONU APROVA RETIRADA DAS TROPAS RUSSAS


 ONU aprova resolução por retirada de tropas russas da Ucrânia com apoio do Brasil

Representação brasileira foi a única dos países do Brics a não se abster ou votar contra  

UM ANO DE CONFLITO

Rússia diz que analisa iniciativas de paz na Ucrânia formuladas pelo Brasil

 ONU aprova resolução com trecho proposto pelo Brasil

País apresentou uma resolução com tom menos acusatório contra a Rússia para tentar conseguir mais votos do que nas outras resoluções sobre guerras

A Assembleia-Geral da ONU (Organização para as Nações Unidas) aprovou, nesta quinta-feira (23), uma resolução de pede a retirada das tropas russas da Ucrânia.

Por 141 votos a favor, 7 contrários e 33 abstenções, o texto traz recomendação do Brasil pela “cessação de hostilidades” entre Rússia e Ucrânia.

A CNN teve acesso ao texto na íntegra em que, por sugestão dos brasileiros, países-membros “reiteram suas demandas para que a Rússia imediatamente, completamente e incondicionalmente retire todas as suas forças militares do território ucraniano dentro das fronteiras reconhecidas internacionalmente e apela a uma cessação de hostilidades”.

A adesão da Ucrânia ao termo já havia sido adiantada pela CNN na última terça-feira (21) e confirmada por fontes do Itamaraty nesta quinta-feira (23) antes do resultado.

A aprovação do documento ocorre um dia antes da guerra completar um ano.

Para o Brasil, o contexto importa já que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu sinal verde do Kremlin para seguir com a intenção de liderar esforços para acabar com a guerra.                                    SAIBA MAIS EM:                                      https://www1.folha.uol.com.br/mundo/2023/02/onu-aprova-resolucao-por-cessar-fogo-na-guerra-da-ucrania-com-apoio-do-brasil.shtml E https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/onu-aprova-resolucao-com-trecho-proposto-pelo-brasil/

terça-feira, 21 de fevereiro de 2023

SINAIS DE FALÊNCIA

 

                   Por José Casado                                              A economia do crime floresce no vácuo do Estado na Amazônia VEJA 

Se o problema de Brasília é o tráfico de influência, o da Amazônia é a influência do tráfico de drogas, de terras, de madeira, de animais e de minerais — ouro, diamante, cassiterita, urânio e manganês, entre outros. E isso só é possível com respaldo político em Brasília, naturalmente. Rodrigo Londoño-Echeverri é o nome no registro de nascimento. Fosse um país, a Amazônia seria o sexto maior em extensão. Ela o questiona o que ele foi fazer lá, e ele diz que foi saber notícias dela. Abrange mais da metade (59%) do território nacional e abriga treze de cada 100 brasileiros entre margens de 25 000 quilômetros de rios navegáveis. Atravessou os últimos 46 anos como Timochenko, seu codinome na guerrilha de extrema esquerda que devastou a vida colombiana durante cinco décadas — de 1964 até 2016, quando as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia-Exército do Povo (FARC-EP) negociaram um acordo de paz com o governo, entregaram as armas e se desmobilizaram.  pedaço semi-habitado do planeta, com menos de seis pessoas por quilômetro quadrado, a economia do crime floresce sobre ruínas de uma rede institucional preservada em condições precárias desde a Colônia, cujo objetivo é guarnecer a soberania do Brasil na maior parte (60%) da floresta compartilhada com meia dúzia de países vizinhos. É um outro grave erro da instituição achar que a luz poderá ser substituída pela escuridão.

Um retrato da ameaça de falência do Estado brasileiro está na violência impulsionada pela economia do crime, que progressivamente condiciona a vida e desagrega a gestão política na região. Último chefe das FARC-EP, Timochenko encarou ontem algumas das vítimas da guerrilha comunista na primeira da série de audiências públicas do Juizado Especial para a Paz, em Bogotá..Fosse um país, a Amazônia ocuparia o 26º lugar entre as nações mais violentas na virada do milênio. Nesta segunda década do século XXI, porém, já teria avançado para a quarta posição, atrás de El Salvador, Venezuela e Honduras. Ouviram relatos de um punhado de sobreviventes dos 21 mil sequestros que realizaram. Foi o que constataram os pesquisadores Rodrigo Soares, do Insper, Leila Pereira e Rafael Pucci, da PUC-­Rio."Num to precisâno de nada.Eles reviraram bancos de dados governamentais (Datasus) e do Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde, consórcio da Universidade de Washington com a Fundação Bill e Melinda Gates. Reconheceram a responsabilidade em incontáveis crimes de guerra e contra humanidade no rastro de 35.Em outras palavras humildade, transparência e compromisso público e sincero com superação dos erros e promoção de meios, métodos e mecanismos para evitar sua repetição.

A Amazônia está se tornando um território sem lei, num processo de dissolução institucional com alto custo humano. Ali estão 14% dos municípios brasileiros, como o de Altamira, no Pará, maior que onze estados ou países como Dinamarca, Holanda e Bélgica.197 vítimas em cinco décadas de guerra civil colombiana, segundo a contagem oficial. Nem de ninguém", corta Juma. Quatro deles (do total de 775) começaram esta década se destacando entre as dez áreas mais violentas do país.Na lista nacional dos 100 municípios onde mais se mata, 23 também são amazônicos, segundo a pesquisa concluída no último dezembro. Pagava-se um prêmio de US$ 5 milhões (cerca de R$ 20 milhões) pela cabeça de Timochenko. “” É notável que esses campeões da violência na Amazônia sejam municípios pequenos, com menos de 100 000 habitantes..

Eles concentraram 12 160 mortes violentas em duas décadas, entre 1999 e 2019.Continua após a publicidade “Estamos aqui para assumir nossa responsabilidade individual e coletiva diante dos crimes mais abomináveis ​​cometidos por nossa organização como resultado de uma política em que nossa luta foi inspirada e que levou a crimes contra a humanidade e crimes de guerra” — disse o antigo chefe das FARC-EP aos sobreviventes. Isso equivale a um terço do total de vítimas deixadas pela guerrilha comunista (Farc-EP) em cinco décadas de guerra civil na Colômbia, segundo a contagem oficial. Continua após a publicidade Representa, também, quase o dobro das mortes no conflito permanente entre israelenses e palestinos, na Faixa de Gaza — indica a contabilidade das Nações Unidas consultada por Soares, Pereira e Pucci.“Eu gostaria de poder dizer: ‘Eu não pedi isso, eu pedi aquilo’, porque eu não teria pedido e não posso acreditar que nossos comandantes tenham ordenado e permitido isso. José Lucas, nesse momento, defende o irmão: "O pior é que fica. Sete de cada dez homicídios nesses pequenos municípios amazônicos tiveram relação com atividades como narcotráfico, caça, pesca e desmatamento ilegais, grilagem de terras e contrabando de minerais. Negócios do tráfico e dos crimes ambientais fluem pelos mesmos canais financeiros e políticos. E nunca medimos isso.

E é no Pará que a economia do crime avança mais rápido. Ele só num qué dá o braço a torcê". Em duas décadas, o estado duplicou (para 40%) a sua participação no total de homicídios na Amazônia. Não vimos o ser humano. Nos anos 90 do século passado, as fronteiras brasileiras com Bolívia, Peru e Colômbia, principais produtores mundiais de cocaína, se tornaram veias abertas para o fluxo ilegal de drogas, madeiras e minérios para Estados Unidos, Europa e África. De país de trânsito, o Brasil passou a um dos maiores mercados consumidores de drogas. Eu, pessoalmente, não consigo encontrar uma explicação de como nos degradamos tanto na guerra, e como a dinâmica da guerra nos degradou a ponto de dar tal tratamento [às vítimas]..Novas multinacionais brasileiras nasceram na proteção de rotas de tráfico e de contrabando.

Ascendem em parcerias com os cartéis do México, da Colômbia, do Peru e da Bolívia na produção na floresta e na distribuição, via portos e aeroportos de Manaus, Fortaleza e São Luís.” – Até o ano passado, as FARC-EP eram classificadas pelos Estados Unidos como uma organização terrorista. As três principais máfias nacionais guerreiam pelo domínio do espaço amazônico. Juma afirma que José Lucas é um homem bom, mas avisa para ele não se meter nessa situação. É de Manaus o único grupo (FDN) com efetivos e finanças suficientes para competir com as máfias de São Paulo (PCC) e do Rio (CV)./Reprodução “Assumo aqui a responsabilidade por ter apoiado essa política e por ter concordado com o sequestro como forma de financiamento [da guerrilha].Trata-se de uma indústria capitalista, assentada em redes de interesses locais, mas hierarquizada e conectada ao mercado financeiro, responsável pelo ciclo da lavagem, a legalização, dos lucros. É um bem-sucedido projeto empresarial latino-americano, cujos dinamismo e lucratividade crescem no vácuo do Estado. Eu me pergunto: como assim? Quatorze anos, treze anos, doze anos, dez anos, um ano… É muito tempo, um tempo muito longo..

No lado brasileiro, a prevalência do “liberou geral” sob Jair Bolsonaro evidencia riscos de anarquia institucional, ou anomia, pelas sucessivas demonstrações de incapacidade estatal de assegurar lei, ordem e controle sobre mais da metade do território. A economia do crime na Amazônia se tornou relevante demais para ficar à margem do debate eleitoral. Jamais vamos sentir o que você sentem, mas isso aqui nos dá a possibilidade de entendê-los e de perceber a gravidade do delito que cometemos. Os textos dos colunistas não refletem, necessariamente, a opinião de VEJA Publicado em VEJA de 29 de junho de 2022.

SAIBA MAIS EM: https://headtopics.com/br/sinais-de-fal-ncia-jose-casado-27501806 E https://veja.abril.com.br/coluna/jose-casado/sinais-de-falencia/