quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

SEM CRESCIMENTO ROBUSTO, BRASIL PODE SE TORNAR DIFÍCIL DE GOVERNAR.


 Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para América Latina do segundo maior banco de investimentos do mundo, vê boa vontade de investidores com Lula. Mas avalia que país tem pouco tempo para mudar quadro econômico e social, sob risco de perder governabilidade

Se o Brasil perder mais uma década em termos de crescimento econômico, pode acabar perdendo meio século. O alerta é de Alberto Ramos, diretor de pesquisa econômica para América Latina do Goldman Sachs, segundo maior banco de investimentos do mundo.

"O que me preocupa é que, se a gente não encontrar um caminho de crescimento mais robusto e socialmente inclusivo, fique muito difícil de governar esse país. Que a governabilidade acabe se deteriorando muito, pela desestruturação do sistema institucional e pela pressão social", afirma o economista, em entrevista à BBC News Brasil.

Ramos — que considera a década de 2010 perdida para o país, assim como a de 1980 — não mudou sua percepção sobre o Brasil e o futuro do terceiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com os acontecimentos de 8 de janeiro em Brasília, quando radicais bolsonaristas depredaram prédios públicos dos três poderes da República.

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"A expectativa é de que isso tenha sido um episódio isolado", diz o analista. "Não está no meu cenário a possibilidade de uma ruptura institucional. Me parece que as instituições no Brasil são suficientemente robustas para proteger o regime democrático."

Nascido em Portugal, Ramos atua no Goldman Sachs desde 2003, tendo passado pelos cargos de vice-presidente e diretor administrativo. Especializado em finanças e com PhD em economia pela Universidade de Chicago — considerada berço do liberalismo econômico —, foi antes economista sênior do Fundo Monetário Internacional (FMI), trabalhando com Argentina, Brasil e Turquia. Atualmente, ele lidera sua equipe de analistas a partir de Nova York.

O economista vê boa vontade de investidores estrangeiros com o novo governo, mas alerta que, com a reabertura da China e uma Europa que administrou bem a crise do gás decorrente da guerra da Ucrânia, o país não está sozinho na disputa pelos fluxos de capitais internacionais.

Nesse cenário, o governo Lula tem como principal desafio este ano equacionar a questão fiscal, avalia Ramos. Mas precisa evitar a tentação de medidas intervencionistas e populistas que não deram bons resultados no passado.

"Não é uma lei da natureza que a América Latina não cresça e que as condições de vida não melhorem. É um reflexo de escolhas equivocadas dos últimos anos", diz Ramos. "É de fato inaceitável o crescimento ser tão medíocre, é preciso mudar isso, porque as condições de vida têm que melhorar. A América Latina está perdendo o trem do desenvolvimento."

SAIBA MAIS EM: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-64312369

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