O ERRO DAS ESTATAIS Por MAILSON DA NÓBREBA
Opor-se à privatização é permanecer preso ao
passado
Pouco antes de tornar-se presidente da República
pela terceira vez, Lula descartou
peremptoriamente a privatização de estatais. “A Petrobras vai voltar a ser do
povo brasileiro. Não vamos privatizar os Correios, não vamos privatizar o Banco
do Brasil, a Caixa Econômica.” Logo no início do governo, cancelou todos os
processos de privatização de estatais, incluindo o do Porto de Santos, quase
pronto para acontecer.
O Brasil perde com essa atitude. Pena que Lula e o
PT não entendam que o tempo das estatais já passou. Não aprendem lições da
história. Continuam aferrados a teses desenvolvimentistas adotadas no passado,
que nem sempre faziam sentido. Nos 10 000
anos da civilização,
o modelo de empresas estatais existiu em apenas dois séculos. O Estado não foi
criado para administrar atividades econômicas que podem ser geridas e
desempenhadas de maneira mais eficiente pelo setor privado.
“Nos 10 000
anos de civilização,
o modelo de empresas estatais existiu apenas em dois séculos”
Como assinalei neste espaço, as estatais surgiram
quando países europeus buscaram o nível de riqueza alcançado pela Inglaterra
com a industrialização. Não possuíam, todavia, as condições construídas pelos
britânicos ao longo de décadas, casos de bancos e ferrovias. Não havia
empresários capazes de liderar tais atividades, nem crédito de longo prazo para
financiá-las. A lacuna, ou “falha de mercado”, precisava ser preenchida pelo
Estado. Tão logo a “falha” desaparecesse, cabia privatizar as estatais, o que
aconteceu nos anos 1980.
O mesmo ocorreu no Japão após a restauração Meiji
(1868), que resultou em reformas que o fizeram a primeira nação asiática dotada
de um moderno sistema de Estado-nação. Uma comissão instalada pelo governo
visitou países ocidentais com vistas a entender as razões de seu
enriquecimento. Foram identificadas várias falhas no mercado japonês, o que
acarretou a criação de empresas estatais para suprir as lacunas. Sinal das
mudanças, o paletó e a gravata substituíram o traje japonês. As falhas sumiram
ainda no século XIX. O Japão foi pioneiro na privatização.
O alheamento dos petistas a tais evoluções decorre
do anticapitalismo que domina o partido desde o nascimento e das ideias
socialistas de suas origens. Muitos ainda enxergam o lucro como pecado. Daí a
ideia de que a privatização deveria cingir-se a estatais que dão prejuízo. O
sentimento em favor do caráter estatal da Petrobras, do Banco do Brasil e de
outras não se abala nem mesmo com o sucesso de privatizações como as da
Telebras, da Embraer e da Vale do Rio Doce, hoje exemplos de empresas de classe
mundial. Não se lembram das filas de dois anos para comprar telefone. Não veem
que a Vale é agora campeã mundial de minérios, e a Embraer virou a terceira
fabricante de aviões e a maior no campo dos jatos de até 150 lugares.
Por aumentar a eficiência e a produtividade, a
privatização contribui para acelerar o crescimento da economia. O país
ganharia, mas o PT, movido por ideologia ou desinformação, ignora essa
realidade. Publicado em VEJA de 18 de janeiro de 2023, edição
nº 2824
DANIEL PORCEL BASTOS, Vitória/ES: Não acredito na lenda da privatização como necessariamente mais eficaz que a gestão estatal. Isso não é necessariamente verdade. Empresa privada pode dar prejuízo e estatal pode dar lucro também. Os países desenvolvidos continuam tendo estatais e investindo maciçamente nelas, inclusive expandindo sua atuação para os países do Sul global. Ou seja, as empresas privadas que aqui atuam também são estatais de outros países.
ResponderExcluirPor que não podemos ter as nossas também? Bem geridas, sérias e à serviço do povo. Gerando lucro para programas sociais e garantindo a nossa soberania nacional. Só seremos potência global se tivermos estatais fortes.
Veja só, a Eletrobras foi privatizada e agora dá prejuízo! Antes tinha lucro liquido: https://oespecialista.com.br/eletrobras-prejuizo-apos-privatizacao/
A Vale foi privatizada e permitiu a ocorrência de dois crimes ambientais que devastou Mariana e Brumadinho e até hoje as famílias não foram devidamente remuneradas. Não acredito em receitas neoliberais que demonizam o Estado com argumentos superficiais.
Theodiano Bastos: Mas a grande diferença é que quando as estatais dão prejuízos são os contribuintes que pagam
ExcluirArlete Cruz Nascimento, Nanuque/MG: As estatais são portais da corrupção.
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