quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

BOLSONARO, AÇÕES PODEM TORNÁ-LO INELEGÍVEL

 

Por THEODIANO BASTOS

Ao voltar dos Estados, Bolsonaro, que não tem mais o foro privilegiado, enfrentará na Justiça uma enxurrada de processos. Fala-se em até 15 processos que poderão torná-lo inelegível.

O TSE incluiu “minuta do golpe” em ação que pode tornar Bolsonaro inelegível. O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, ministro Benedito Gonçalves, decidiu incluir a chamada “minuta do golpe” em uma das ações movidas pelo PDT que pode levar à inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Um novo desdobramento da investigação da Polícia Federal complica ainda mais a situação do ex-ministro da Justiça Anderson Torres. Agentes da corporação encontraram na casa dele a minuta de um decreto para instaurar estado de defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A intenção do documento era reverter o resultado da eleição que definiu Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como presidente da República. A medida é considerada inconstitucional.

O estado de defesa está previsto no artigo 136 da Constituição e tem como objetivo "preservar ou prontamente restabelecer, em locais restritos e determinados, a ordem pública ou a paz social ameaçadas por grave e iminente instabilidade institucional ou atingidas por calamidades de grandes proporções na natureza".

A minuta que estava em posse de Torres imputa abuso de poder, suspeição e medidas ilegais ao TSE na condução do processo eleitoral. A Corte é presidida pelo ministro Alexandre de Moraes, a quem o ex-presidente Jair Bolsonaro hostilizou seguidamente durante seu governo. Moraes conduz inquéritos sensíveis e estratégicos, que pegam aliados do ex-chefe do Executivo e o envolvem também em denúncias.

O documento foi encontrado na terça-feira, quando a PF cumpriu um mandado de busca e apreensão na casa de Torres, em Brasília, na investigação sobre os atos golpistas na Praça dos Três Poderes. A informação foi divulgada, primeiramente, pelo jornal Folha de S. Paulo.

Além das buscas, Moraes ainda mandou prender Torres por ver "fortes indícios" de que ele foi "conivente" com a manifestação terrorista na capital federal. O ex-integrante do governo Bolsonaro está nos Estados Unidos e anunciou que vai voltar ao Brasil para se entregar à Justiça.

Torres era o secretário de Segurança Pública do Distrito Federal no dia em que golpistas depredaram os prédios dos Três Poderes. Ele, porém, não estava na cidade. Na véspera, tinha embarcado com a família para Orlando. No entanto, não estava de férias — que só começariam oficialmente no dia 9, conforme informou o interventor federal na segurança do DF, Ricardo Cappelli.

O ex-ministro de Bolsonaro foi exonerado do comando da SSP-DF na segunda-feira, pelo agora afastado governador Ibaneis Rocha (MDB).

No pedido, o partido de oposição a Bolsonaro alegava que a minuta tinha conexão com a ação movida que questionava a reunião promovida pelo então presidente com embaixadores no Palácio da Alvorada no ano passado em que levantou questionamentos infundados sobre o processo eleitoral.

“Constata-se, assim, a inequívoca correlação entre os fatos e documentos novos e a demanda estabilizada, uma vez que a iniciativa da parte autora converge com seu ônus de convencer que, na linha da narrativa apresentada na petição inicial, a reunião realizada com os embaixadores deve ser analisada como elemento da campanha eleitoral de 2022, dotado de gravidade suficiente para afetar a normalidade e a legitimidade das eleições e, assim, configurar abuso de poder político e uso indevido dos meios de comunicação”, disse Gonçalves. As reações à minuta achada na casa de Torres que decretaria estado de defesa no Brasil

No final de semana, após chegar dos Estados Unidos, o ex-ministro da Justiça de Bolsonaro e ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, Anderson Torres, foi preso por ordem do STF após ter tido uma atuação considerada leniente para impedir a destruição dos prédios dos Três Poderes no dia 8 de janeiro.

Uma das principais preocupações de aliados do seu partido, o PL, segundo duas fontes, é ele ser condenado pelo TSE e ficar inelegível, o que poderia dificultar os planos de expansão da legenda nas eleições municipais de 2024 e impediria ele de concorrer novamente ao Palácio do Planalto em 2026.

81% dos brasileiros desaprovam invasões de 8 de janeiro em Brasília, diz pesquisa Ipsos

O pedido feito pela PGR se refere a um inquérito que investiga a instigação e autoria intelectual da invasão do Palácio do Planalto, Congresso Nacional e do STF.

Na decisão em que aceita o pedido, Moraes escreve: "Observa-se, como consequência das condutas do ex-Presidente da República, o mesmo modus operandi de divulgação utilizado pela organização criminosa investigada em ambos os inquéritos anteriormente mencionadas, com intensas reações por meio das redes virtuais, pregando discursos de ódio e contrários às Instituições, ao Estado de Direito e à Democracia, circunstâncias que, em tese, podem ter contribuído, de maneira muito relevante, para a ocorrência dos atos criminosos e terroristas tais como aqueles ocorridos em 8/1/2023, em Brasília/DF".

“Esse genocida não só provocou isso, não só estimulou isso, como quem sabe está estimulando ainda pelas redes sociais, sabe, que a gente tá sabendo lá de Miami, onde ele foi descansar", disse Lula em alusão ao fato de Bolsonaro estar na Flórida desde antes do fim do seu mandato.

Em resposta, Bolsonaro rebateu as acusações de Lula por meio de uma postagem em suas redes sociais.

"[...] repudio as acusações, sem provas, a mim atribuídas por parte do atual chefe do executivo do Brasil", disse Bolsonaro.                                                  SAIBA MAIS EM: https://www.infomoney.com.br/politica/tse-incluiu-minuta-do-golpe-em-acao-que-pode-tornar-bolsonaro-inelegivel/ - https://www.bbc.com/portuguese/brasil-64271602 - https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2023/01/5065920-minuta-que-previa-golpe-entenda-o-documento-encontrado-na-casa-de-torres.html

 

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