Por THEODIANO BASTOS
Sem maioria na Câmara e no Senado, os desafios do ultraliberal Javier Milei, eleito presidente da Argentina no domingo (19), são muitos após o final do pleito. Além de ter de lidar com uma crise econômica, ele terá que garantir alianças políticas no Congresso para conseguir governar.
Isso
porque o seu partido, o Liberdade Avança, é minoria tanto na Câmara, como no
Senado. O grupo conta com 39 dos 257 deputados, e 7 dos 72 senadores, na nova
composição do Congresso.
Além
disso, os ultraliberais não têm nenhum governador nas 23 províncias argentinas
– atualmente, metade delas é governada por peronistas.
Os deputados de esquerda somam 121. Outros 6 representantes
são independentes e não possuem orientação política definida. Já no
Senado, o partido de Massa saiu de 32 para 34 congressistas.
Javier Milei vence na Argentina e promete soluções
'drásticas' para crise do país
O economista libertário Javier Milei, de 53 anos, venceu o peronista Sergio Massa no segundo turno
da eleição presidencial argentina e será o novo presidente do país vizinho pelos
próximos quatro anos.
Com mais de 98% dos votos apurados,
Milei tinha 55,75%, uma vantagem de 11,5 pontos percentuais sobre o rival neste
domingo (19/11), uma diferença maior do que a projetada pela maioria das pesquisas
de opinião.
"Hoje começa o fim da decadência da Argentina",
discursou o presidente eleito, que prometeu também iniciar "a
reconstrução" do país.
"Basta do modelo empobrecedor da
casta e voltemos a abraçar o modelo da liberdade para voltar a ser uma potência
mundial", disse Milei, que estimou em 35 anos o tempo necessário para a
Argentina voltar a prosperar.
"A situação da Argentina é crítica e as soluções
(necessárias), drásticas", seguiu no discurso, que encerrou
repetindo várias vezes o bordão de sua campanha: "Viva la libertad (viva a
liberdade, em português)!", seguido de um palavrão.
Em suas primeiras palavras como
presidente eleito, Milei fez questão de agradecer ao ex-presidente Mauricio
Macri, que declarou voto a ele no segundo turno, ao lado da terceira colocada
na disputa, Patricia Bullrich.
O apoio de ambos, que integram a
oposição tradicional ao peronismo, foi considerado um dos fatores importantes para sua
vitória.
Como não conta com maioria no
Congresso, Milei precisará do apoio da bancada macrista para aprovar projetos
importantes.
O economista toma posse no cargo já
no próximo dia 10 de dezembro e, além da situação frágil no Congresso, terá os
sindicatos e movimentos sociais como fortes pilares de oposição a seu projeto.
Um pouco mais de 44% do país votou
por Massa, que reconheceu a derrota mesmo antes dos resultados oficiais, tudo
isso num contexto com inflação galopante, quase metade da população na pobreza.
Depois de uma campanha em que Brasil
se tornou um tema frequente no vizinho, o presidente brasileiro, Luiz Inácio
Lula da Silva, comentou os resultados na Argentina sem, no entanto, mencionar
nominalmente Milei.
O eleito argentino já chamou Lula de "corrupto" e "comunista" e
prometeu não ter relações próximas com o brasileiro.
"Desejo boa sorte e êxito ao
novo governo. A Argentina é um grande país e merece todo o nosso respeito. O
Brasil sempre estará à disposição para trabalhar junto com nossos irmãos
argentinos", escreveu Lula no X, antigo Twitter.
Lula acrescentou que "a
democracia é a voz do povo, e ela deve ser sempre respeitada".
Massa era o candidato preferido pelo
governo Lula, mas analistas e diplomatas já afirmam à BBC News Brasil que não se deve esperar uma ruptura profunda na
relação entre os países com a chegada de Milei à Casa Rosada. Um dos motivos é
a interdependência econômica entre Brasil e Argentina.
SAIBA MAIS EM: https://g1.globo.com/mundo/noticia/2023/11/21/javier-milei-como-e-o-congresso-com-o-qual-o-novo-presidente-da-argentina-tera-que-lidar.ghtml
- https://www.bbc.com/portuguese/articles/cgrp0n0zg5lo
Nenhum comentário:
Postar um comentário