sábado, 1 de agosto de 2020

NÃO AO ÓDIO E A INTOLERÂNCIA

 por THEODIANO BASTOS  

Ameaçado de morte, Felipe Neto diz que governo Bolsonaro é uma piada

Alvo de acusações falsas, Felipe Neto é ameaçado por bolsonaristas na porta de casa e se transformou no alvo preferencial de defensores do presidente Jair Bolsonaro, de quem é crítico contumaz, e está sendo vítima de acusações falsas e ameaças nas redes sociais. As informações são do Jornal Nacional.

Nesta terça-feira (29), homens acompanhados de um carro de som foram até a entrada do condomínio onde Felipe mora para fazer insultos ao influenciador. 

Um deles, que se identifica como "Cavallieri, o guerreiro de Bolsonaro", aparece nas redes sociais segurando um fuzil, ao lado de crianças assustadas, e ameaça o influenciador. "É, Felipe Neto. A gente vai se encontrar em breve. Eu quero ver se tu é macho. (...) Eu quero ver tu tirar onda comigo. Teus seguranças não me intimidam, não, irmão, que aqui também o bonde é pesado."

Ao JN, o influenciador digital afirmou que não imaginava que a reação ao seu posicionamento político fosse tão forte. "Virem atrás de mim, dentro da minha casa, é um nível de perseguição que eu não imaginei que aconteceria. É o tipo de coisa que você vê em filme, vê em série, mas nunca imagina que realmente aconteça", disse.

"Você vê em novela. Sabe aquele vilão de novela que você diz assim: 'não existe na vida real'. Mas existe, ele está aí, ele acontece, e estou vendo agora na prática até onde as pessoas são capazes de ir."

Felipe Neto ganhou fama com vídeos de humor, muitas vezes críticas ácidas, a personagens e situações comuns aos jovens. Nos últimos anos, passou também a falar de política, com críticas frequentes ao PT durante o governo de Dilma Rousseff.

Desde a eleição de 2018, também tem criticado duramente o presidente Bolsonaro, como no último dia 15, quando apareceu no jornal americano The New York Times afirmando, em um vídeo, que se trata do “pior líder mundial no combate à covid-19”.

A grande repercussão do vídeo (nacional e internacionalmente) fez parte da base bolsonarista se mobilizar para atacar o influenciador, no que seriam ações orquestradas, segundo o próprio Felipe Neto.

Num dos ataques, os internautas pró-Bolsonaro fazem uma montagem com a informação mentirosa de que Felipe Neto já fez apologia à pedofilia.

Em um levantamento feito pelo próprio influenciador, em sites de busca seu nome já aparece ligado à palavra "pedófilo".

"Eu nunca imaginei que fosse passar por isso. Eu nunca dei qualquer margem, ou qualquer suspeita, ou levantei qualquer tipo de insinuação que pudesse levar qualquer pessoa a me associar com esse crime tão perverso, tão odioso, e ver isso acontecendo. As pessoas por não terem nada a falarem sobre mim inventam posts. Pegarem a minha foto e montarem no photoshop posts como se eu tivesse escrito. Aquilo mostra o quão vil é o coração dessas pessoas. O quanto elas estão dispostas a fazer o que quer que seja", disse Neto.

"Elas são capazes de mentir, de deturpar, de descontextualizar, de perseguir, de atacar. Eu não sei até onde mais elas são capazes de ir pra vencer isso que eles acreditam ser uma guerra moral, uma batalha do bem contra o mal onde eles não percebem que eles representam o mal."

Na terça-feira (28), dezenas de entidades como a Associação Brasileira de Imprensa, o Instituto Igarapé e o Instituto Vladimir Herzog assinaram uma carta em defesa da liberdade de expressão e condenaram o que chamaram de "campanha organizada e estruturada, contendo informações comprovadamente falsas, com o intuito de prejudicar a imagem de sua pessoa".

"Esses ataques online, eles têm repercussão na vida real das pessoas. A difamação e essa guerrilha digital contra alvos específicos está calando, está ameaçando a nossa democracia", explicou Ilona Szabó, diretora-executiva do Instituto Igarapé, ao JN.

'Teus seguranças não me intimidam', diz homem em vídeo para influenciador digital

Parte superior do formulário

Com 63 milhões de seguidores em suas redes sociais, o youtuber e influenciador digital Felipe Neto, responde a entrevista:  

O youtuber Felipe Neto. Foto: Reprodução Youtube.

O empresário e youtuber Felipe Neto, fenômeno do universo digital, revela que sofre frequentes ameaças de morte e vive com segurança “pesadíssima” porque tem criticado milicianos e “gente ligada a pensamentos de extrema violência”. As declarações foram feitas para a revista Veja, que publicou nesta sexta (10) entrevista com o Felipe Neto, hoje com 31 anos, 32 milhões de seguidores no Youtube, 10 milhões no Instagram e quase 9 milhões no Twitter. Felipe Neto surgiu nas redes sociais há quase dez anos, criticando ícones da cultura adolescente do momento, como Justin Bieber e os filmes da saga “Crepúsculo”, e também ganhou destaque criticando o Partido dos Trabalhadores (PT). Veja abaixo trechos da entrevista da revista Veja.

O senhor era crítico do PT. Agora, de Bolsonaro, virou a casaca?

É uma impressão errada, apesar de eu compreendê-la. Viramos um país no qual a política é um Fla-Flu. Para boa parcela, ou se está de um lado ou do outro. Só que existe uma distância enorme de um lado para o outro. Não me encaixo nos extremos. Não sou PT. Não sou PSL. Ambos representam radicalismos. Do lado de Bolsonaro, há uma visão ultraconservadora.

Qual a sua posição ideológica?

Há um descrédito das pessoas em relação a quem se mantém balanceado, no centro. Chamam de “isentão”. Tentam ver demérito nisso, o que é um problema sério. Defendo pautas progressistas que alguns veem como de esquerda, mas que não deveriam ser de domínio único da esquerda. Protejo liberdades individuais, o feminismo, os direitos humanos, a conservação do meio ambiente. No entanto, considero-me um liberal em economia. Mas aí vou à internet, defendendo direitos humanos, e já me chamam de comunista, o que não faz sentido. Bastaria observar os Estados Unidos. Lá a maconha é legalizada em diversos estados e é possível fazer aborto. Vão falar agora que os Estados Unidos são comunistas?

Por que então declarou voto em Fernando Haddad, do PT, no Twitter?

No primeiro turno das eleições não quis votar para presidente. Pesquisei muito, mas não encontrei alguém com quem me identificasse. No segundo turno, fiquei em dúvida até o fim, tamanha a ojeriza que tenho pelo PT. E isso mesmo com o Bolsonaro do outro lado. Só que tudo mudou no dia em que o Bolsonaro disse que ia ‘varrer do mapa os vermelhos’. Como cidadão, ainda mais sendo uma figura pública, eu não podia ser conivente com um político que ameaça violentamente a oposição. Ainda mais em um momento no qual eu era considerado oposição simplesmente por defender direitos básicos. Virou questão de posicionamento em favor da sobrevivência das pessoas, incluindo a minha e a de minha família. Não podia ser conivente com o que estava ocorrendo no país. Por esse motivo, faltando poucos dias para as eleições, eu disse que votaria em Haddad. Mesmo com o coração sangrando, era a única opção permitida pela minha consciência. Mas Bolsonaro ganhou. E estou com medo.

Medo de quê?

Temo pela minha segurança, sim, assim como pela de minha família. Tenho criticado milicianos e gente ligada a pensamentos de extrema violência. Sou frequentemente ameaçado de morte. Vivo com uma segurança pesadíssima, assim como meus familiares. Agora, mais do que isso, temo pelo Brasil.

Nas redes sociais, um dos maiores alvos de suas críticas é o filósofo Olavo de Carvalho, guru da direita radical e da família Bolsonaro. Por quê?

Olavo é um pregador do obscurantismo. Do tipo mais perigoso. Atenta contra instituições de ensino, pois diz acreditar que a inteligência vem só dele. Repudia fatos comprovados pelo método científico, em favor de teorias da conspiração. É contra a vacinação, não crê no heliocentrismo, defende a tese de que o cigarro não faz mal à saúde, refuta teorias de Einstein, sem apresentar argumentos. É uma figura que ainda acha que vive na Guerra Fria, alimentando o medo de um comunismo que nem existe mais apenas para se promover como herói do ultraconservadorismo cristão contra uma inventada revolução satânica. Olavo conseguiu convencer um séquito de indivíduos sem nenhuma importância se não estivessem onde estão: no poder.

O senhor pretende entrar formalmente na política?

Muitos acham que faço reuniões secretas instigando pessoas. Longe da verdade. Um dos raros pontos positivos desde governo - além de algumas medidas econômicas - é ter unido os indivíduos sensatos contra aqueles que amam ditaduras. Tanto que há na oposição a Bolsonaro pessoas de esquerda, de centro, de direita. Basta ter algum bom-senso para entender que Bolsonaro é patético e que será lembrado no futuro como uma piada ou como um marco horroroso. Uma prova  disso é como agem os fãs de Bolsonaro. Repare nas críticas que recebo de bolsonaristas no Twitter. Eles não apresentam argumentos. Só são agressivos, xingam. São adultos que agem igual aos fãs adolescentes de Justin Bieber, que me atacaram quando critiquei o artista.

O senhor trabalha em alguma iniciativa de cunho político?

Não. Estou fazendo um projeto, ao qual pretendo me dedicar nos próximos anos, cujo objetivo é promover a educação voltada para a criatividade e o controle cognitivo, atravessando todas as disciplinas em escolas públicas. Para isso, usarei minha fama como forma de promoção. Mas também reuni um grupo interessado. Aproximei-me de políticos que realmente pensam em medidas positivas, como a deputada Tabata  Amaral, do PDT de São Paulo.

Por que o senhor adota posições políticas claras no Twitter, mas mantém a discrição no Youtube?

No Youtube mostro um trabalho profissional, apresentando vídeos focados em divertir o público de jovens. No Twitter, sou só eu, dando opiniões.                                                            Fonte: https://congressoemfoco.uol.com.br/midia/ameacado-de-morte-felipe-neto-diz-que-governo-bolsonaro-e-uma-piada/

Blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, alvo do STF, pode ter deixado país em voo para o México

Sem ordem de prisão, investigado por fake news e atos antidemocráticos anunciou em transmissão na internet, esta madrugada, que fugiu do país jornal O GLOBO 31/07/20

“gabinete do ódio” do Palácio do Planalto

A poucos metros do gabinete de Jair Bolsonaro, no 3º andar do Palácio do Planalto, a sala 315 abriga o codinome “Gabinete do Ódio” — oficialmente, Assessoria Especial. Ali opera o chefe adjunto Filipe Martins, de 31 anos, contratado para o aconselhamento do chefe de Estado sobre temas internacionais e hoje um dos mais influentes do grupo que gravita em torno do presidente. Graças à sua teia de relações com blogueiros, youtubers e editores de site prontos para o tiroteio nas redes sociais, ele cumpre a função extra de manter viva a cruzada conservadora entre a militância de extrema direita. Outros ocupantes da sala contribuem para coordenar as avalanches de ataques aos inimigos da causa — trabalho investigado na CPMI das Fake News, para a qual Martins já foi convocado. “É quase uma seita de fanáticos”, diz um observador.

Em dez meses, Martins tocou a agenda internacional na linha do confronto.

 

Graças a seu poder no Planalto, Martins desfruta a conivência total — se não obediência — do chanceler Ernesto Araújo. É chamado de “professor” por esse diplomata com 28 anos de carreira, que não teria se sentado na cadeira do Barão do Rio Branco sem o aval do assessor. “Filipe Martins é um homem de fé e dedicação sem par”, elogiou o ministro no Twitter. Diplomado em relações internacionais pela Universidade de Brasília há quatro anos, o “professor” só deu aulas em um curso de preparação para o exame do Itamaraty. “Este aqui é o meu mentor”, resumiu o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) a VEJA no mês passado, durante o CPAC Brasil, conferência de ultraconservadores criada nos Estados Unidos e que alcançou o país, por esforço de ambos.

O Twitter é a principal caixa de reverberação dos ideais de Martins, com 176500 seguidores. Em sua lógica maniqueísta, de um lado está o establishment, a ser combatido são todos os que reportam e analisam fatos e os que fazem críticas, se opõem ou não dão a mínima a seus ideais de extrema direita. Nesse pacote estão incluídos o globalismo, o politicamente correto, o marxismo, o aquecimento climático, os direitos humanos, a diversidade de gênero, a legalização do aborto, o feminismo, a agenda LGBT. De outro está o ultraconservadorismo capaz de salvar o mundo ocidental. A visão do assessor agrada a Bolsonaro e a seus filhos. “O establishment quer transformar Jair Bolsonaro em bicho-papão, quer destruir os olavetes jacobinos, os que falam e defendem a população”, disse no CPAC, em São Paulo. https://blogdacidadania.com.br/2019/11/conheca-o-gabinete-do-odio-do-palacio-do-planalto/

 


Nenhum comentário:

Postar um comentário