quarta-feira, 26 de agosto de 2020

O PRINCIPADO DE MANGUINHOS

                                  Por Theodiano Bastos

Moro no balneário há uns 20 anos e posso afirmar que   Manguinhos, Serra/ES, é uma espécie de “principado”, onde não há índios, pois todos são caciques e todos entendem de tudo...

Com exceção da Av. Auguste Saint Hilaire que é asfaltada para passagem dos ônibus e demais veículos, as demais ruas são de terra.

Existe uma grande maioria silenciosa, mas um grupo atuante e ruidoso e tudo aqui gera intensa polêmica, e como não poderia deixar de ser, o ENGORDAMENTO DA PRAIA com areia trazida da praia de Jacaraípe, está dando o que falar. Embora a maioria dos moradores ache que uma ressaca do Mar levará toda a areia, torço para que dê certo.

Carolina Pimentel de Almeida, secretária de Meio Ambiente da Serra é Oceanógrafa, diz:

“Informo que o Estudo Morfodinâmico do Litoral da Serra já se encontra disponível no Site da PMS desde sua finalização.

 O estudo prevê a utilização de jazidas terrestres para o engordamento das áreas criticas de erosão. O engordamento de praia e a utilização de Jazidas terrestres é amplamente utilizado no Brasil e no mundo. Países como a Holanda, por exemplo, utilizam do engordamento todos os anos para continuar mantendo sua área territorial.

 A Serra não possui jazida marinha licenciada em seu litoral e a mais próxima fica no município de Vitória o que tornaria inviável a sua utilização devido a distância. Não obstante, caso houvesse jazida marinha licenciada no nosso município sabemos que ela seria formada por 80% de carbonato o que tornaria o engordamento com esse tipo de sedimento ineficiente.

 Vitória utilizou de jazida marinha pois não possui em seu município Jazidas terrestres para a utilização. Os impactos causados ao meio ambiente são consideravelmente menores ao utilizar jazidas Terrestres, podemos observar isso pelo número de organismos (por exemplo poliquetas) encontrados nas praias de Camburi após o engordamento. Vale ressaltar, que uma areia proveniente de uma jazida terrestre de praia possui características mais semelhantes ao local a ser engordado que as Jazidas marinhas, tornando o impacto paisagístico menor e o assentamento e adaptação do local mais eficiente.

 Quanto a bibliografia comprovando que essa técnica é eficiente, sites como o próprio Google e Google acadêmico possui inúmeros artigos e exemplos de utilização de jazidas terrestres para engordamento praial com sucesso, e inclusive de pontos que não possuíam jazida terrestre e necessitaram importar essa areia de outros locais. Recomenda-se a leitura do “Guia de Diretrizes de Prevenção e Proteção à Erosão Costeira” elaborado pela Comissão Interministerial para Recursos do Mar - CIRM disponível no link https://www.mdr.gov.br/images/stories/ArquivosDefesaCivil/ArquivosPDF/publicacoes/Final_Guia-de-Diretrizes_09112018.pdf””

Em 23/08/20 encaminhei mensagem para Áurea da Silva Galvão Almeida, Secretária de Meio Ambiente de Serra, aurea.almeida@serra.es.gov.br, daa.semma@serra.es.gov.br                        

Ao contrário do que foi dito no ES 2 da TV Gazeta de 22/08/20, não é verdade de que o Mar não avançou aonde tinha restinga.

Pelo contrário, foi o Mar que levou toda a vegetação que existia na orla onde fazem o engordamento com areia e posso afirmar que nunca ninguém arrancou nenhuma vegetação.

Acompanho quase diariamente o avanço do Mar sobre o engordamento e fiquei triste com o que vi ontem e hoje. O Mar está levando toda a areia. O jeito é fazer um muro de arrimo de pedras, com o alicerce começando abaixo do nível do Mar para preservar a faixa de 15m que está no projeto.                                    Fora disso será R$ 1,45 milhões do contribuinte jogado fora.

Embora seja voz corrente na Secretaria do Meio Ambiente da Serra, é lenda urbana pensar que vegetação plantada sobre a areia pode conter o avanço do Mar, principalmente em praias de Mar aberto como a de Manguinhos, nas ressacas com ondas de mais de três metros.

 

Um comentário:

  1. Eu sou o Rogério, que era diretor do CMEI de Manguinhos e proprietário do Cerimonial Ponta dos Fachos.
    A prefeitura não está interessada em fazer obra de infraestrutura, essa obra é uma satisfação pública/ política/ eleitoreira, inclusive a secretária de Meio Ambiente, nem formação na área ambiental tem.
    Podemos até reclamar e mostrar outros caminhos, mais é muito difícil convencer pessoas sem formação.

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