A LEI É PARA TODOS
por Roberto Freire
As novas
denúncias envolvendo alguns de seus amigos mais próximos e até mesmo membros de
sua família fazem com que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tenha de se
explicar aos brasileiros e, talvez, à Justiça. A mais recente investigação do
Ministério Público e da Polícia Federal envolve a suposta compra de uma medida
provisória editada em 2009, durante o segundo governo de Lula, para beneficiar
montadoras de veículos. O caso é um desdobramento da Operação Zelotes, que
apura um esquema de desvios e fraudes no Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais (Carf), ligado à Receita Federal, e retrata a que ponto chegou o
desmantelo da corrupção nos tempos do lulopetismo.
Deflagrada
no início da semana, a nova etapa da operação teve como um dos alvos o escritório
de um dos filhos de Lula. Sua empresa de marketing esportivo é suspeita de ter
recebido repasses de um grupo de lobistas que atuaram pela aprovação da medida
provisória que prorrogou incentivos fiscais à indústria automobilística.
Segundo as investigações, teria havido o pagamento de R$ 2,4 milhões à empresa
do filho do ex-presidente em 2011, justamente o ano em que a MP entrou em
vigor.
No mesmo
inquérito, a Polícia Federal intimou Gilberto Carvalho, ex-chefe da Secretaria
Geral da Presidência no governo Lula e um dos auxiliares mais próximos do
chefão do PT, a prestar depoimento sobre o suposto esquema de compra de MPs.
Ele foi citado por vários personagens envolvidos no escândalo e seu nome
aparece na agenda de um dos lobistas presos. Também foi detido um
ex-conselheiro do Carf, José Ricardo da Silva, suspeito de ter ligações com
Erenice Guerra, que sucedeu Dilma Rousseff na chefia da Casa Civil e acabou
deixando o cargo após denúncias de corrupção.
Além das
suspeitas que recaem sobre seu filho, Lula se vê às voltas com o conteúdo
explosivo da delação do lobista Fernando Baiano na Operação Lava Jato, que
investiga o petrolão. De acordo um dos operadores da propina do esquema de
corrupção que varreu a Petrobras, houve o pagamento de R$ 2 milhões para o
pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente, uma espécie de comissão
pelo lobby feito junto a Lula em uma negociação para um contrato com a
Petrobras. Ainda segundo Baiano, Bumlai o teria pressionado alegando que esse
montante se destinava a quitar uma dívida imobiliária de uma das noras de Lula.
Basta
acompanhar o noticiário para notar o quanto o ex-presidente, sua família e
alguns de seus auxiliares e amigos mais próximos parecem enredados em uma teia
de conexões ainda muito mal explicadas. Apesar da resistência de setores do
governo e do PT, além do descontentamento do próprio Lula – que trabalha
abertamente para destituir o ministro da Justiça, sob o argumento de que ele
“perdeu o controle” da Polícia Federal –, as investigações vão prosseguir e
podem complicar ainda mais a situação do líder petista.
Como se
não bastasse ter sido o chefe de uma gestão que protagonizou o mensalão e deu
início ao petrolão, perpetuado durante o governo Dilma, Lula deve explicações
às autoridades e não poderá alegar, mais uma vez, que não sabia de nada do que
acontecia à sua volta. Apesar do descalabro petista em 13 anos de governo, o
Brasil tem instituições fortes, autônomas, atuantes, e ninguém é inimputável,
intocável ou está acima das leis. Nem mesmo um ex-presidente, seus amigos ou
familiares.
É certo
que o PT não inventou a corrupção, mas a institucionalizou como nunca antes
neste país ao tomar de assalto o Estado brasileiro. Nos tempos de Lula, os
malfeitos e as malfeitorias foram elevados à máxima potência, alcançando níveis
inimagináveis, como se não houvesse limite para a atuação de uma “sofisticada
organização criminosa” – nas palavras do ministro Celso de Mello, decano do
Supremo Tribunal Federal, durante o julgamento do mensalão. Pois agora,
finalmente, parece ter chegado a hora de acertar as contas com a lei.
Roberto
Freire é deputado federal por São Paulo e presidente nacional do PPS
Enrolada em acusações de corrupção, a família Lula
da Silva mantém um suspeito hábito de morar em imóveis que não lhe pertencem,
ao menos oficialmente. Assim como Lula nos tempos de sindicalistas vivia em uma
casa supostamente de propriedade do compadre e advogado Roberto Teixeira, seu
filho Luiz Cláudio da Silva há três anos reside em imóvel de uma empresa
controlada pelo mesmo Teixeira. E Fabio Luiz, o “Lulinha”, escolheu viver em
apartamento pago por um amigo.
Lulinha optou por um apartamento na exclusiva
região dos Jardins, em São Paulo, pago pelo amigo empresário Jonas Leite
Suassuna Filho.
Em 2010, o apartamento onde Lulinha morava, nos
Jardins, tinha aluguel mensal fixado em R$ 12 mil mensais.
Lulinha foi para outro apartamento do mesmo Jonas,
em Moema, cujos vizinhos pagam ao menos R$ 40 mil entre aluguel, condomínio e
IPTU.
Quando Lula foi eleito em 2002, consta que Lulinha
ganhava R$ 1.300 em um zoológico. Em
2010, já era sócio de ao menos seis empresas.
Fonte:
http://diariodopoder.com.br/30/10/15
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