A
PETROBRAS É DELES
Engenheiro
Antonio Carlos Lacerda, Belo Horizonte.
Independente
de crenças, dogmas e partidos, cabe a cada brasileiro avaliar a atual situação dos
escândalos de corrupção promovida pelos políticos em nosso pais.
Não
se pode concordar com escaramuças para se desviar a atenção do cidadão. O
assunto é demasiadamente sério para se entrar na manipulada briguinha PT X PSDB
ou de aceitar a continuidade do "nós e eles" praticado na
campanha eleitoral. Não se pode instigar a divisão da nação de brasileiros.
Nós
brasileiros precisamos ficar atentos para não entrar em nenhuma manipulação
política para nos dividir, para enfraquecer o nosso poder. Precisamos
que, efetivamente, o pais seja passado a limpo, não em promessas vãs e
discursos de palavras fáceis, mas em ações verdadeiras judiciais, policiais e
administrativas.
A
corrupção é danosa porque mata moralmente o cidadão, quando os seus principios
são corrompidos, e mata efetivamente o cidadão quando são desviados, para o
bolso de poucos, vultosos recursos que deveriam atender às necessidades básicas
do cidadão.
Antonio
Carlos Lacerda.
MIGUEL REALE JÚNIOR*
O petróleo era nosso,
agora a Petrobrás é deles. Diante do
volume de recursos desviados passou-se a usar a expressão lacerdista mar de
lama, adjetivação dada pela UDN aos fatos ocorridos no final do governo Vargas,
em 1953-54. Quais foram, há 60 anos, os acontecimentos que geraram expressão
tão forte?
Na biografia de Getúlio Vargas (terceiro volume) Lira Neto conta
que as acusações se prendiam à importação de dois veículos Rolls Royce para a
Presidência da República, livre de imposto de importação. A importadora em vez
de dois veículos importou quatro, livres de impostos, destinando dois a particulares
- um à importadora Santa Teresinha, da família Maluf, e outro ao magnata
Peixoto de Castro. Outras irregularidades denunciadas diziam respeito à
concessão de loterias federais e à compra de locomotivas para a Central do
Brasil sem licitação. A oposição dizia-se estarrecida, comenta o biógrafo, e
daí apodar-se o governo de mar de lama.
Outro presidente acusado de corrupção, mas afastado do cargo por
impeachment foi Fernando Collor. Márcio Thomaz Bastos, recém-falecido, e eu
fomos chamados pela CPI do PC Farias para ajudar na elaboração do relatório
final. Detidamente analisei as provas, especialmente as relações entre a Casa
da Dinda, residência do presidente, e PC Farias. Constatei, então, ter PC
Farias irrigado, com parte do dinheiro arrecadado com exigências praticadas em
conjunto com autoridades federais, contas fantasmas movimentadas pela
secretária particular de Collor, por via das quais se pagavam gastos da Casa da
Dinda.
Pouco depois, José Carlos Dias telefonou-me convidando para
reunião em sua casa, na qual se discutiria o impeachment de Collor. Estavam
presentes o anfitrião, Dalmo Dallari, René Dotti, Flávio Bierrenbach e Fábio
Comparato. René foi incumbido de elaborar um plano geral. Coube,
posteriormente, a Comparato escrever a parte relativa à quebra do decoro e a
mim, que tinha cópia dos elementos essenciais da CPI do PC Farias, redigir a
acusação acerca do fato de o presidente ter deixado de zelar pela probidade da
administração pública, sem apurar a responsabilidade de subordinados e recebendo
benefícios na conta gerenciada por sua secretária.
O grupo de advogados teve mais duas reuniões para exame do texto,
em minha casa e depois na casa de Márcio Thomaz Bastos, com a presença de
Evandro Lins e Silva, na qual se aprovou a versão final, submetida aos
presidentes da OAB-Conselho Federal e da ABI, subscritores iniciais do pedido
de impeachment, fundado no descumprimento do dever constitucional de zelar pela
probidade administrativa.
Em 2005 surgiu o mensalão, comprometendo a estrutura da República
pela compra de votos de inúmeros parlamentares de diversos partidos às vésperas
de votações importantes com recursos obtidos com a contratação falsa de
publicidade e depois entrega de envelopes recheados em hotéis de Brasília,
envolvendo ministro da Casa Civil e presidentes de partidos políticos na
cooptação da vontade parlamentar. O presidente
Lula de início se disse traído, depois vem tergiversando. A fragilidade da
oposição permitiu que o presidente passasse incólume.
Mas são do seu governo as falcatruas na
Petrobrás, sendo então a atual presidente, primeiramente, ministra de Minas e
Energia e depois chefe da Casa Civil, mas sempre presidente do Conselho de
Administração da Petrobrás, conselho ao qual, pelo estatuto, coube a nomeação
dos diretores, esses mesmos agora presos e acusados de locupletamento de
milhões.
Denunciado o mensalão, que garantia a "fidelidade" da
base governista, instituiu-se o petrolão, nova fonte de recursos a não serem
contabilizados. O Tribunal de Contas da União (TCU) apontou em 2007 haver
graves distorções em obras da Petrobrás, recomendando a paralisação da sempre
lembrada refinaria de Abreu e Lima. O Congresso não acompanhou a recomendação
do TCU e o Executivo nada fez. Em 2009 novamente o TCU recomendou e o Congresso
acolheu, na Lei Orçamentária, a suspensão das obras da refinaria.
Alertadas a Presidência e a ministra Dilma,
presidente do Conselho de Administração da Petrobrás, resolveu Lula vetar o
artigo do projeto de lei orçamentária que suspendia a obra suspeita, com
argumento do prejuízo social dessa paralisação, dando livre curso às
irregularidades. Limitou-se a Presidência a recomendar à Corregedoria a
apuração de eventuais desvios, sem se dar o devido relevo ao TCU e ao próprio
Congresso, tanto que a Corregedoria, displicentemente, três anos depois, em
2012, afirmou não ter sido possível verificar nenhuma irregularidade por falta
de conhecimento dos parâmetros utilizados pelo TCU na constatação dos desvios.
Hoje está estampado em cores gritantes o tamanho
do desmando, a fonte contínua de montanhas de dinheiro desviado em obras e
aquisições pelas diretorias da Petrobrás na gestão de Dilma e Lula, a ponto
de um só gerente, agora em delação premiada, comprometer-se a devolver R$ 250
milhões de que se apropriara.
Segundo consta, havia um diretor responsável por gerir as
vantagens ilícitas de cada um dos três partidos da base: PT, PMDB e PP. Assim,
os parlamentares da base, formada por esses partidos, continuavam
"fiéis" ao governo, que fechava os olhos aos desmandos de toda ordem
na estatal, antes considerada a pérola da República, mas que ora amarga
prejuízos e descrédito incomensuráveis no Brasil e no exterior. A peso de ouro o
governo manteve uma maioria parlamentar sempre pronta a fazer naufragar CPIs no
Congresso.
Cabe ao leitor comparar o sucedido à época de Getúlio e com Collor
em 1992 ao que ocorre hoje para avaliar o que vem a ser um mar de lama, se há
ou não omissão dolosa ou culposa no devido zelo da probidade administrativa e
na apuração de responsabilidade de subordinados.
*ADVOGADO, PROFESSOR TITULAR APOSENTADO DA FACULDADE DE DIREITO
DA USP, MEMBRO DA ACADEMIA PAULISTA DE LETRAS, FOI MINISTRO DA JUSTIÇA.
Diz José Faé, Vitória/ES por e-mail:
ResponderExcluirSenhor Theodiano.
O pior disso tudo é que em breve nosso PAIS (povo Brasileiro) não será mais dono da PETROBRAS, CORREIOS e outras importantes empresas que estão sendo desvalorizadas ao extremo.
Isso está sendo feito porque uma grande maioria do nosso povo está feliz com as bolsas que recebem, perdendo sua dignidade, enquanto as pessoas que tem poder, parecem coniventes com a situação.
Ao meu ver, o que acontecerá anes do término do mandato Presidencial atual, será a compra bem baratinho dessas nossas empresas por laranjas PT's.
Uma coisa já deveria estar acontecendo: QUEM E SEUS DEPENDENTES, ENQUNTO RECEBE QUALQUER BOLSA, PERDERA O DIREITO DE VOTAR.
e POR AÍ VAI.......
MAS, espero estar errado quanto à decapitalização do nosso BRASIL.........