IBGE:
um quinto dos jovens no Brasil é "nem-nem", que não estuda nem
trabalha
Cresce
número de jovens que não estudam nem trabalham no País 22% da população entre 15 e 29 anos é inativa, segundo
dados divulgados nesta sexta pelo IBGE, informa Estadão em 02/12/16 Hanrrikson
de Andrade, Do UOL, no Rio 29/11/ 13
“Dados do IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) baseados na Pnad 2012
(Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) e divulgados nesta sexta-feira
(29) mostram que o número de jovens de 15 a 29 anos que não estudava nem
trabalhava chegou a 9,6 milhões no país no ano passado, isto é, uma em cada
cinco pessoas da respectiva faixa etária.
O número --que
representa 19,6% da população de 15 a 29 anos-- é maior do que a população do
Estado de Pernambuco, que, de acordo com o Censo 2010, era de 8,7 milhões de
pessoas. Na comparação com 2002, quando 20,2% dos jovens nessa faixa etária não
estudavam e não trabalhavam, houve leve redução: 0,6 ponto percentual.
A Pnad é uma
pesquisa feita anualmente pelo IBGE, exceto nos anos em que há Censo. No ano
passado, a pesquisa foi realizada em 147 mil domicílios, e 363 mil pessoas
foram entrevistadas. Há margem de erro, mas ela varia de acordo com o tamanho
da amostra para cada dado pesquisado.
De acordo com a
pesquisa "Síntese de Indicadores Sociais", a maioria dos que formam a
geração "nem-nem" (nem estuda nem trabalha) é de mulheres: 70,3%. A
incidência é maior no subgrupo formado pelas pessoas de 25 a 29 anos, onde as
mulheres representavam 76,9%.
Já entre os jovens
de 15 a 17 anos, a distribuição é mais equilibrada: 59,6% das pessoas que
responderam que não estudavam nem trabalhavam eram mulheres. No subgrupo de 18
a 24 anos, por sua vez, as mulheres representavam 68%. Entre essas jovens, 58,4%
já tinham pelo menos um filho, e 41% declararam que não eram mães.
Considerando apenas
as mulheres que já haviam dado à luz pelo menos uma vez, o número de pessoas
que não estudava nem trabalhava também era maior no subgrupo de 25 a 29 anos
(74,1%). 29,7% é homem e 70,3% é mulher
"A gente não
tinha feito essa conta antes. (...) Começamos a ver pelos grupos de idade, e
vimos que há uma relação muito forte entre não estar estudando e trabalhando
com a questão da maternidade. Não queremos dizer que isso é a causa", afirmou
a coordenadora da pesquisa, Ana Lúcia Saboia. "Não podemos falar da
relação de causalidade, e sim de uma relação estreita. Entre as pessoas mais
pobres, o acesso à escola é menor. Não estou dizendo que isso é a causa, mas há
uma relação bastante direta."
A Síntese de
Indicadores Sociais revela, no entanto, que houve uma diminuição no índice de
mulheres que não estudavam nem trabalhavam em um período de dez anos. Em 2002,
as mulheres representavam 72,3% da geração "nem-nem"
--consequentemente, houve crescimento de dois pontos percentuais no número de
homens em tal situação, no mesmo período”. Fonte: http://noticias.uol.com.br/
Geração Nem-Nem: uma bomba-relógio
“Quase 10 milhões de jovens brasileiros (15 a 29 anos) no Brasil não trabalham nem estudam. É um exército de reserva que pode ser manobrado para o bem ou para o mal.
Quase 10 milhões de jovens brasileiros (15 a 29 anos) no Brasil não trabalham nem estudam. É um exército de reserva que pode ser manobrado para o bem ou para o mal. A classe dominante brasileira sempre teve medo de uma rebelião dos escravos (Darcy Ribeiro). Mas são os antagonismos sociais (desigualdades) do nosso capitalismo selvagem e extrativista que podem um dia explodir por meio de uma violência coletiva devastadora. O IBGE (na Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio de 2012) apontou que os jovens que não trabalhavam nem frequentavam a escola, os chamados de “nem-nem”, representavam 19,6%. Isso significa 9,6 milhões de jovens, de uma população estimada para o período de 48, 8 milhões de jovens, na faixa etária de 15 a 29 anos.O problema, aliás, é mundial. O relatório Tendências Mundiais de Emprego 2014 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) mostra que o desemprego entre os jovens continua aumentando. Em 2013, 73,4 milhões de pessoas entre 15 e 24 anos estavam sem trabalho – quase 1 milhão a mais do que no ano anterior. Isso representa uma taxa de desemprego juvenil de 12,6 %, mais do que o dobro da taxa de desemprego geral de 6,1%. A pesquisa revelou que o número de jovens que não trabalham nem estudam cresceu em 30 dos 40 países pesquisados. Em 2013, 1 milhão de jovens perderam seus trabalhos.
Boa parcela desses milhões de jovens que não estudam nem trabalham conta, no entanto, com estrutura familiar (é o grupo Nem-Nem acolchoado). O restante é desfamiliarizado (não tem uma constituição familiar sólida nem amparo social, como é corrente nos países de capitalismo selvagem e/ou concentrador: Brasil, EUA etc., que nada têm a ver com os países de capitalismo evoluído e distributivo, civilizados, como Dinamarca, Noruega, Japão, Alemanha, Islândia etc.).
Esse grupo desfamiliarizado (Nem-Nem+), nos países de capitalismo selvagem e extrativista, é uma verdadeira bomba-relógio, em termos sociais, de potencial criminalidade e de violência. Por quê? Porque os fatores negativos começam a se somar (não estuda, não trabalha, não procura emprego, não tem família, não tem projeto de vida...). Se a isso se juntam más companhias, uso de drogas, convites do crime organizado, intensa propaganda para o consumismo, famílias desestruturadas etc., dificilmente esse jovem escapa da criminalidade (consoante a teoria multifatorial da origem do delito). Milhões de jovens, teoricamente, estão na fila da criminalidade (e nossa indiferença hermética não se altera um milímetro com tudo isso).
Diferentemente dos países civilizados de capitalismo evoluído e distributivo (que teriam todos esses jovens dentro da escola), nosso capitalismo bárbaro não se distingue pela educação de qualidade para todos, pelo ensino da ética, pelo império da lei e do devido processo e pela alta renda per capita. O Brasil, aliás, ocupa a vergonhosa 85ª posição no ranking mundial do IDH (índice de desenvolvimento humano). Estamos vivendo uma grave crise intergeracional. A cada dia é “roubado” o futuro de uma grande parcela das gerações mais jovens. Quando as esperanças desaparecerem completamente, o risco é de eclosão de uma grande explosão local e/ou mundial de violência.”
*Colaborou Flávia Mestriner Botelho, socióloga e pesquisadora do Instituto Avante Brasil. Luiz Flávio Gomes, Jurista e professor. Fundador da Rede de Ensino LFG. Diretor-presidente do Instituto Avante Brasil. Foi Promotor de Justiça (1980 a 1983), Juiz de Direito (1983 a 1998) e Advogado (1999 a 2001). Fonte: http://professorlfg.jusbrasil.com.br/
A
AMEAÇA DAS PERIFERIAS
O
teólogo Leonardo Boff no artigo “A Verdadeiro Guerra das Civilizações”, diz que
A expressão "choque de civilizações" como formato das futuras guerras
da humanidade foi cunhada pelo fracassado estrategista da Guerra do Vietnã
Samuel P. Huntington. Para Mike Davis, um dos criativos pesquisadores
norte-americanos sobre temas atuais como "holocaustos coloniais" ou
"a ameaça global da gripe aviária", a guerra de civilizações se daria
entre a cidade organizada e a multidão de favelas do mundo”.
Seu
recente livro "Planeta Favela"(2006), continua Boff, apresenta uma pesquisa minuciosa (apesar da
bibiografia ser quase toda em inglês) sobre a favelização que está ocorrendo
aceleradamente por todas as partes. A humanidade sempre se organizou de um
jeito que grupos fortes se apropriassem da Terra e de seus recursos,
deixando grande parte da população excluída. Com a introdução do neoliberalismo a partir de 1980 este processo ganhou livre curso: houve uma privatização de quase tudo, uma acumulação de bens e serviços em poucas mãos
de tal monta que desestabilizou socialmente os países periféricos e lançou milhões e milhões de pessoas na pura informalidade. Para o sistema eles são "oleo queimado", "zeros econômicos", "massa supérflua" que sequer merece
entrar no exército de reserva do capital. Essa exclusão se expressa pela favelização que ocorre no planeta inteiro na proporção de 25 milhões de pessoas por ano. Segundo Davis 78,2% das populações dos paises pobres é de
favelados (p.34). Dados da CIA de 2002 dava o espantoso número de 1 bilhão de pessoas desempregadas ou subempregadas, favelizadas.
Junto com a favela vem toda a corte de perversidades, como o exército de milhares de crianças exploradas e escravizadas, como em Varanasi (Benares) na India na fabricação de tapetes, ou as "fazendas de rins" e outros órgãos comercializados em Madras ou no Cairo e formas inimagináveis de degradação, onde pessoas "vivem literalmente na m" (p.142).
deixando grande parte da população excluída. Com a introdução do neoliberalismo a partir de 1980 este processo ganhou livre curso: houve uma privatização de quase tudo, uma acumulação de bens e serviços em poucas mãos
de tal monta que desestabilizou socialmente os países periféricos e lançou milhões e milhões de pessoas na pura informalidade. Para o sistema eles são "oleo queimado", "zeros econômicos", "massa supérflua" que sequer merece
entrar no exército de reserva do capital. Essa exclusão se expressa pela favelização que ocorre no planeta inteiro na proporção de 25 milhões de pessoas por ano. Segundo Davis 78,2% das populações dos paises pobres é de
favelados (p.34). Dados da CIA de 2002 dava o espantoso número de 1 bilhão de pessoas desempregadas ou subempregadas, favelizadas.
Junto com a favela vem toda a corte de perversidades, como o exército de milhares de crianças exploradas e escravizadas, como em Varanasi (Benares) na India na fabricação de tapetes, ou as "fazendas de rins" e outros órgãos comercializados em Madras ou no Cairo e formas inimagináveis de degradação, onde pessoas "vivem literalmente na m" (p.142).
AMEAÇA VIRÁ DAS FAVELAS
O Brasil que tinha 80% de sua população no interior viu, em menos de seis décadas 80% dessa população mudar-se para as cidades. Cinturões de miséria formaram-se nas periferias das cidades brasileiras. Não se conhece no mundo tamanha migração em tão pouco tempo.
Ao
Império norte-americano não passaram desapercebidas as conseqüências
geopolíticas de um "planeta de favelas". Temem "a urbanização da
revolta" ou a articulação dos favelados em vista de lutas políticas.
Organizaram um aparato MOUT (Military Operations on Urbanized Terrain:
operações militares em terreno urbanizado) com o objetivo de se treinarem soldados
para lutas em ruas labirínticas, nos esgoto, nas favelas, em qualquer parte do
mundo onde os interesses imperiais estejam ameaçados. Será a luta entre a
cidade organizada e amedrontada e a favela enfurecida. Um dos estrategistas diz
friamente:"as cidades fracassadas e ferozes do Terceiro Mundo,
principalmente seus arredores favelados, serão o campo de batalha que
distinguirá o século XXI; a doutrina do Pentágono está sendo reconfigurada
nessa linha para sustentar uma guerra mundial de baixa intensidade e de
duração ilimitada contra segmentos criminalizados dos pobres urbanos.
duração ilimitada contra segmentos criminalizados dos pobres urbanos.
Esse
é o verdadeiro choque de civilizações"(p.205). Será que os métodos usados recentemente no Rio de Janeiro com a
militarização do combate aos traficantes nas 800 favelas, com verdadeiras
execuções, já não obedece a esta estratégia, inspirada pelo Império? Estamos
entre os países mais favelizados do mundo, efeito perverso provocado por aqueles que sempre negaram a reforma agrária e a inclusão social das grandes maiorias pois lhes convinha deixá-las empobrecidas, doentes e analfabetas.
Enquanto não se fizerem as mudanças de inclusão necessária, continuará o medo e o risco real de uma guerra sem fim, conclui Leonardo Boff.
entre os países mais favelizados do mundo, efeito perverso provocado por aqueles que sempre negaram a reforma agrária e a inclusão social das grandes maiorias pois lhes convinha deixá-las empobrecidas, doentes e analfabetas.
Enquanto não se fizerem as mudanças de inclusão necessária, continuará o medo e o risco real de uma guerra sem fim, conclui Leonardo Boff.
No Rio e em
São Paulo, as ações armadas lembram confrontos
insurrecionais. Não se pode dar conotação política clássica aos atos de
violência do crime organizado, mas é sempre política, de uma forma ou de outra,
a violência armada contra o Estado. Não adianta menosprezar os capitães do
crime. Eles contam com pequenos exércitos, recrutados entre os que não têm
futuro, sem estudos, sem afeto, sem esperança, e sem razões ideológicas que
possam contê-los.
O Brasil tem um "exército" privado de vigilantes,
responsável pela segurança principalmente das classes alta e média alta,
empresas, locais de entretenimento e do próprio poder público, que é quase o
triplo do tamanho do efetivo total de policiais civis, militares e federais,
além dos batalhões do Corpo de Bombeiros das 27 unidades da federação. É o que
mostra reportagem de Lucas Ferraz publicada na Folha (íntegra
disponível para assinantes do UOL e do jornal).
São aproximadamente 1,7 milhão de vigilantes cadastrados --sendo
que somente 455 mil têm carteira assinada--, segundo a Polícia Federal, contra
602 mil agentes da segurança pública. A conta exclui os cerca de 800 mil
vigilantes clandestinos estimados pela PF.
São Paulo é o Estado que mais utiliza segurança privada --são 464
mil homens cadastrados, contra 121 mil agentes de segurança pública, segundo
dados da Secretaria da Segurança Pública. A média, de 3,8 por 1, é maior que a
nacional. Nos Estados Unidos essa média é de 2,5 por 1. E a forte entrada de
bandidos da classe média alta
O QUE
FAZER?
O programa Bolsa
Família deverá exigir de seus beneficiários a assinatura de um “programa
compromissos”, para realizar trabalhos comunitários gratuitos em prol da comunidade
em que mora e da escola pública, de cursos de noções de empreendedorismo para
inclusão e emancipação social,
planejamento familiar e alfabetização.
ESTE ARTIGO ESTÁ NO
BLOG OFICINA DE IDÉIAS, O BLOG DO THEDE: theodianobastos.glogspot.com
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