domingo, 24 de novembro de 2019

GOVERNO BOLSONARO PODE SUCUMBIR



Joice diz que Paulo Guedes ameaçou deixar governo
Em sua entrevista ao Correio Braziliense, Joice Hasselmann foi questionada se vê risco de o governo de Jair Bolsonaro se desfazer. Ela respondeu:
“Claramente, sim. Quantas vezes estive no Palácio e o Paulo Guedes me falou: ‘Não aguento mais. Vou embora’. Ou o presidente faz o reequilíbrio emocional urgente ou as pessoas vão embora. O ministro mais novo que chegou, o Luiz Eduardo Ramos (da Secretaria-Geral da Presidência da República), falou ‘Joice, eu perdi o brilho nos olhos’. Ele acabou de chegar. Ninguém consegue aplicar aquilo que pode para ajudar o presidente. Só o Paulo Guedes e o Sergio Moro têm essa possibilidade porque sem eles há grandes chances de o governo sucumbir.”
Leiam a íntegra da entrevista ao Correio Brazileiense:

Joice Hasselmann dispara:                ''Bolsonaro age como vereador''

Após deixar a liderança do governo, deputada do PSL critica a postura mercurial do presidente e o núcleo duro do Planalto

Correio Braziense, Bernardo Bittar - 24/11/2019
Rompida com Jair Bolsonaro há cerca de um mês, a deputada de primeiro mandato Joice Hasselmann (PSL-SP) e ex-líder do governo no Congresso, agora, descreve o presidente da República que tanto defendeu como alguém que não está à altura do cargo que ocupa. “Ele é o homem mais importante do país. Mas, às vezes, tem agido como se fosse um vereador. Quando pega o telefone para dizer ao deputado: ‘vem aqui que vou te dar um carguinho para você votar no meu filho na lista de líderes’. Caramba! É para negociar o cargo de líder de um partido, uma coisa pequena quando se compara com um presidente da República eleito com 57 milhões de votos”.

Alvo de ataques nas redes sociais após a família presidencial levar a público brigas que antes ficavam restritas aos bastidores do primeiro escalão, ela tem o também deputado Eduardo Bolsonaro (SP), que ainda não pôde deixar o PSL para não perder o mandato, como um dos principais desafetos. “Nunca tive carinho ou amizade pelo Eduardo, nunca houve essa aproximação. Prezo pelo diálogo e descobri muito cedo que ele não cumpre a palavra. Não consigo respeitar alguém que não cumpre a palavra”. 

Às vésperas do fim do ano, Joice não faz mistério sobre sua meta para 2020 — quer comandar a principal cidade do país e se coloca como pré-candidata do PSL à prefeitura da capital paulista. Mulher mais bem votada de São Paulo, diz ter sofrido provocações machistas e trabalha para se livrar do estigma de elitista. “Quero vencer a eleição com a ajuda de todos. Não vou ser a prefeita de elite, aquela que fica preocupada com as mazelas da classe A. A prefeita, ou pensa no município como um todo, ou não está preparada”.

Com as articulações do Aliança Pelo Brasil, o PSL é quem mais perde aliados. A senhora fica no partido, mas como vai ser daqui pra frente?
Para nós, o PSL é dividido em Nutella e raiz. Os Nutella não concordam com divergência, não gostam muito do processo democrático, mas gostam da imposição. O grupo que é PSL de verdade optou pela democracia. Não pode haver uma ditadura interna dentro do partido, que é o que se tentou fazer, inclusive com a troca do líder (referindo-se à retirada do Delegado Waldir (GO), que foi substituído por Eduardo Bolsonaro, eleito por São Paulo). Para o PSL raiz, seria uma bênção que alguns saíssem. Há pessoas fazendo campanha para outro partido dentro do PSL. O próprio líder, o deputado Eduardo Bolsonaro, faz campanha. Isso é uma indignidade. Se está descontente, vá embora. Dizem que o problema é a regra eleitoral e, sim, ela existe porque o país é uma democracia. Senão, vira ditadura. Não há que se falar em “onda Bolsonaro”. Eu tive mais de um milhão de votos. Os outros também tiveram seus votos. Nós ajudamos o presidente a se eleger.

Ficou algum ressentimento depois das mudanças? A senhora saiu da liderança do governo, houve desavenças com o Eduardo Bolsonaro...
A gente só tem ressentimento com quem tem sentimento. Nunca tive carinho ou amizade pelo Eduardo. Prezo pelo diálogo e descobri muito cedo que ele não cumpre a palavra. Não consigo respeitar alguém que não cumpre a palavra. Aliás, essa questão de não cumprir palavra é uma marca deles (referindo-se aos filhos de Bolsonaro).

Isso recai sobre o presidente?

Com o presidente eu não fiquei ressentida, fiquei triste. Ele afastou todas as pessoas que realmente gostavam dele, quem trabalhava pelo Brasil de verdade, pessoas que largaram suas vidas para fazer campanhas para ele. Todo mundo que se dedicou foi limado. Especialmente os que tinham capacidade de discordar. Não nasci Bolsonaro. Quando comecei a apoiar essa ideia, ele foi à minha casa, pediu para eu entrar no partido dele. Não existe uma dependência, não tenho cordão umbilical com ele.

O posicionamento de olhar para frente envolve a disputa pela prefeitura de São Paulo?
O projeto inicial do partido é “Joice prefeita de São Paulo”. Mas há uma série de pleitos legítimos para fazer prefeitos, governadores e, quiçá, um presidente da República em 2022. A gente precisa entregar ao Brasil o que prometemos: um presidente liberal, com diálogo, que ouvisse todos, ainda que discorde de alguns; e não foi bem isso que a gente entregou. Houve um curto-circuito do que prometemos e do que entregamos. Espero que a coisa se corrija nos próximos três anos.

O PSL tem mais dinheiro em caixa. Vai receber R$ 1 bilhão de Fundo Partidário e Fundo Eleitoral. Na eleição passada, vocês tinham o orçamento mais enxuto...
Foi enxutíssimo. Minha campanha e a do Major Olímpio (senador do PSL de São Paulo) foram as mais baratas do Brasil. Pouco dinheiro, coisa de centavinho. Pensava: gente, se eu com R$ 100 mil faço uma campanha forte, imagina esse povo com R$ 2 milhões, R$ 3 milhões. Gastei R$ 100 mil do Fundo Partidário, mas teve gente que doou trabalho e eu coloquei um pouquinho de dinheiro, mas nem precisei usar.

A senhora acha que o PSL se desvirtuou? Temos as candidaturas laranja, o presidente da República deixando o partido, confusões pelos cargos...
É uma estupidez dividir o único partido 100% fechado com o presidente. E quem dividiu? O presidente e o filho. O Planalto tinha 53 votos cativos na Câmara. Se o presidente falasse que vermelho era azul, todos ali votariam a favor. Por uma vaidade, porque o menino não ia conseguir uma embaixada (Eduardo Bolsonaro foi indicado pelo pai como embaixador do Brasil nos Estados Unidos. Mas a iniciativa não foi adiante), eles conseguiram rachar o partido. Quantos políticos entrariam numa guerra para ter 53 deputados alinhados? A única base que o governo tinha acabou. Mas o PSL não se desvirtuou. Quem se desvirtuou foi o PSL Nutella, que está de saída rumo ao partido da fakelândia.

Insisto nas candidaturas laranjas. Isso recai sobre o partido?
Em mim, não recai absolutamente nada. Sou a prova viva de que a mulher pode fazer um grande volume de votos. Não acredito na teoria de candidaturas laranjas. Mas supondo que realmente isso tenha existido, precisamos perguntar quem foi a laranja, de onde saiu o dinheiro e a quem beneficiou. Siga o rastro do dinheiro. A investigação precisa acontecer e, se aconteceu, as pessoas têm de ser punidas. Acho incoerente o Marcelo Álvaro (ministro do Turismo) ser denunciado por isso e permanecer ministro. É incoerente o presidente falar desse assunto (em ataques ao PSL depois das brigas internas no partido) quando o denunciado é ministro dele. Essa conta não fecha. O PSL vai mostrar que sem a turma da tarja-preta, que queria criar uma ditadura interna, será o partido mais transparente do Brasil.

A senhora fala de tarja-preta, ditadura, em um contexto que envolve o presidente e seus filhos. Bolsonaro tem atitudes autoritárias?
Muitas. Esse é um ponto de conflito entre nós. Sempre tive a liberdade de falar tudo o que eu queria com o presidente. Conheci o Jair quando ele ia às manifestações em que a gente lotava ruas em São Paulo, contra a Dilma, e ele chegava de chinelão Rider e bermuda. Ficava lá embaixo e ninguém sabia quem ele era. Eu tinha a liberdade de dizer: está errado. Cheguei a dizer que, se ele continuasse seguindo esse caminho, ele acabaria como o Fernando Collor (ex-presidente da República cujo fim do mandato ocorreu após um processo de impeachment). Isso foi gravado. Falei: cara, me ajuda a te ajudar. E isso no segundo mês de governo, quando começou aquela confusão do Gustavo Bebianno (ex-ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República). Mandei uma mensagem dizendo: se você não sabe fazer essas coisas, deixa que eu faço. Nunca escondi do presidente que ele tem atitudes impróprias. Às vezes o presidente mandava piadinhas de outros políticos, memes, coisas que eu achava de mau gosto. Eu respondia: amigo, vamos lá, cresce. Chegou ao ponto de a gente se bloquear no WhatsApp. Ele é muito turrão.

Alguém incentiva esse posicionamento?
Todo mundo ao redor dele, dos filhos aos assessores. Especialmente os assessores colocados pelos filhos, o que é chamado por aí de gabinete do ódio. São pessoas com acesso ao presidente que despacham diretamente com ele. Acompanham reuniões, ficam ali o tempo todo sugerindo informações, disparam coisas na lista de transmissão do presidente, às vezes atacam políticos. O presidente tem uma mania de distorcer informações e fica zangado quando alguém pensa diferente.

Sobre listas de transmissão, ataques a adversários e fake news, há quem culpe o partido...
A campanha do presidente teve dois núcleos para tratar das redes sociais. Um, feito com as redes do PSL com a ajuda de quem tinha perfis com muitos seguidores. O outro, coordenado pelo Carlos Bolsonaro (vereador do Rio de Janeiro), ninguém chegava perto. O Carlos tinha senhas, comandava o núcleo e conversava com as pessoas envolvidas lá.

Os ataques do partido e dos filhos do presidente alcançaram a senhora. Como isso a afetou?
Havia um desejo enorme de tentar me agredir, mas ninguém conseguia, porque eu entregava tudo o que o governo precisava. A estratégia adotada foi tentar, depois da campanha, colar em mim a pecha de que eu trocaria o Bolsonaro pelo Doria. Mas fiz a campanha do Doria autorizada pelo Bolsonaro. “Entre de cabeça”, ele disse, aproveitando para xingar o senador (Major Olímpio), que estava apoiando o adversário do Doria, o Márcio França (PSB). O presidente da República, que ainda era candidato, me autorizou. Querem queimar todo mundo que pode ser uma pedra no sapato dele. O Sérgio Moro (ministro da Justiça) é um exemplo. A população gostaria de vê-lo presidente e, agora, ele está deixado de lado. O Doria falou “quem sabe, um dia”, e tornou-se inimigo mortal do clã. Criou-se uma narrativa que foi se intensificando. Quando aconteceu de eu deixar a liderança do governo, abriram a porteira: espalharam um dossiê falso, colocaram minha cabeça em uma foto com o corpo de uma prostituta. Retribuíram tudo o que eu fiz pelo governo desse jeito. O que me assombra é o presidente não ter pulso para colocar ordem nisso ou compactuar. As duas coisas são assustadoras.

O presidente não tem pulso?
Ele é o homem mais importante do país. Mas, às vezes, tem agido como se fosse um vereador. Quando pega o telefone para dizer ao deputado “vem aqui que vou te dar um carguinho para você votar no meu filho na lista de líderes”, apequena o cargo. Caramba! Negociar o cargo de líder de um partido, uma coisa pequena para um presidente da República eleito com 57 milhões de votos. Quando essa pequenez acontece, fico entristecida. Se Bolsonaro não consegue botar ordem nos filhos, é um problema. Se compactua, o problema é maior ainda.

A senhora foi uma das mulheres mais poderosas do Congresso. Enxergava machismo?
O primeiro ataque de machismo partiu da família Bolsonaro. Logo comigo, que sempre disse que os movimentos feministas são um exagero. Nunca sofri machismo no Congresso. Cheguei lá com um bando de marmanjo, gente que está na política há décadas, e ninguém ousou. Um líder poderoso no Congresso chegou a falar, em uma entrevista, que as pessoas tinham medo de mim. Aí, justamente pelas mãos do homem que eu defendi, disse para as mulheres: “eles não são machistas, eles são machões. É outra coisa”. Mas eu me enganei nesse quesito. Espero que ainda haja correção, pelo bem do Brasil. Quero que esse governo dê certo.

Todo país precisa de um presidente honesto e competente. O Brasil elegeu alguém com essas características?
Acho que falta o preparo de gestor, experiência de liderança que o presidente não teve na Câmara. Ele nunca foi líder de nada, de comissão nenhuma. Mesmo o baixo clero consegue fazer os seus grupinhos. A falta de preparo intelectual, que também existe ali, pode ser suprida com os ministros. Se souber montar um bom time, teremos um excelente presidente. Se surtar com as emoções, como tem acontecido com frequência, se torna uma coisa perigosa. Os surtos constantes têm afastado todo mundo. Quanto tempo o Moro vai aguentar? Quanto tempo o Paulo Guedes vai aguentar?

O governo corre o risco de se desfazer?
Claramente, sim. Quantas vezes estive no Palácio e o Paulo Guedes me falou: “Não aguento mais. Vou embora”. Ou o presidente faz o reequilíbrio emocional urgente ou as pessoas vão embora. O ministro mais novo que chegou, o Luiz Eduardo Ramos (da Secretaria-Geral da Presidência da República), falou “Joice, eu perdi o brilho nos olhos”. Ele acabou de chegar. Ninguém consegue aplicar aquilo que pode para ajudar o presidente. Só o Paulo Guedes e o Sérgio Moro têm essa possibilidade porque sem eles há grandes chances de o governo sucumbir.

O seu mandato se confundiu com o governo?
Com toda certeza. Tive que me tornar um organismo, uma roda giratória do governo federal dentro da Câmara e do Senado. Todo mundo me via ali: “Ela é a boca do Bolsonaro ali dentro”. Eu ouvia tudo o que ele falava, filtrava, e trazia um discurso polido que dizia a mesma coisa. Tive que virar uma representante do governo no Congresso. Mas, com isso, consegui entregar uma das pautas da minha campanha, justamente a reforma da Previdência. Eu era o governo.

As últimas decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) foram mal recebidas pelo Congresso. O embate entre os Poderes aumentou?
A independência entre Poderes foi esquecida. Muitas vezes, o legislativo se aquietou quando deveria ter se mexido. E o Judiciário acabou engolindo um pedaço do legislativo, e começou a legislar. Isso é perigoso, está na hora de colocar cada macaco no seu galho.


“Se Bolsonaro não consegue botar ordem nos filhos, é um problema. Se compactua, o problema é maior ainda. 

“Quando pega o telefone para dizer ao deputado “vem aqui que vou te dar um carguinho para você votar no meu filho na lista de líderes”, apequena o cargo. 


sábado, 23 de novembro de 2019

MAVS – Núcleos de Militância em Ambientes Virtuais


BRIGADA DIGITAL:                            MAVS – Núcleos de Militância em Ambientes Virtuais                          Por Theodiano Bastos

A exemplo do PT quando estava no poder, também no governo Bolsonaro estamos vendo a existência de um esquema semelhante montado pelo Carlos Bolsonaro e agora se sabe também com a participação de Felipe Martins, assessor especial, “contratado para o aconselhamento do chefe de Estado sobre temas internacionais e hoje um dos mais influentes do grupo  que gravita em torno dos presidente.”
Ele montou o esquema na sala 315 do Palácio do Planalto, denominado um “gabinete do ódio”, segundo reportagem intitulada “O Professor do Chanceler” de Veja de 06/11/19.
“Graças à sua teia de relações com blogueiros, youtubers e editores de sites prontos para o tiroteio nas redes sociais, ele cumpre a função extra de manter viva a cruzada conservadora entre a militância de extrema direita, que é quase uma seita de fanáticos”, conclui a jornalista Denise Chrispim Marin, autora da reportagem.    
  
GUERRILHA DIGITAL DO PT
 Durante os 21 anos da ditadura militar, em todos os órgãos dos ministérios, empresas públicas, governos estaduais etc. tinham membros das Comunidades de Informações e Segurança como olheiros. Pois bem, a República Sindical do lulopetismo montou algo semelhante com o aparelhamento de todos os órgãos públicos e das empresas estatais.

Criaram Brigadas de Combate na internet, com as MAVS – Núcleos de Militância em Ambientes Virtuais, para controle e vigilância do que circula nas redes sociais, com blogueiros chapa-branca, como parte das táticas de engodo e manipulação da verdade no Brasil.
A revista VEJA de 16/05/12 mostrou como a coisa funciona: Uso de robô, como funciona: o robô passa a gerenciar o perfil que repetirá mensagens automaticamente. O programador informa ao robô a palavra ou termo eu deve ser pesquisado. O perfil robotizado passa, então, a retuitar mensagens de outros usuários que contenham o texto escolhido. Encerrada a missão, outro termo de busca é substituído. Resultado: Em cerca de três horas, o perfil retuitou 105 mensagens de outras contas que continham o texto, continua explicando VEJA. Uma média de dezesseis tuítes a cada trinta minutos. O limite foi estabelecido pelo robô para driblar a vigilância do Twitter, que estabelece o número máximo de vinte mensagens a cada trinta minutos.  

Já o perfil robotizado de perfis peões. Em geral esses perfis não apresentam nenhuma informação sobre seus proprietários, como nome, foto ou descrições. Como ocorre a fraude, continua VEJA: Um perfil peão publica várias vezes tuítes repetindo os mesmos links e hashtags e em único dia, dezesseis tuítes semelhantes com o hashtag. A ação é transferida para outro perfil — e assim sucessivamente. E pelas regras do Twiter é proibido “Contas em série”. Embora possuam poucos seguidores, os perfis peões conseguem fazer com que seus tuítes cheguem a um grande número de usuários. Isso acontece  porque uma rede de seguidores poderosa retuíta as mensagens dessas contas. Em pouco tempo alcançam 23.800 seguidores.       


segunda-feira, 18 de novembro de 2019

MONSTRO GERADO PELA DEMOCRACIA BRASILEIRA, DIZ FERNANDO GABEIRA



“Toffoli vai construindo seu universo pessoal de poder”
Fernando Gabeira diz que um “monstro” foi gerado pela democracia brasileira:
“É o Big Toffoli navegando pelas contas de todo mundo, conhecendo os segredos financeiros que ele mesmo impede de serem investigados adequadamente. Como é possível o país conviver com essa barbaridade? Mesmo os aliados de Toffoli deveriam temer essa concentração de poder. Nos últimos tempos, aproximou-se de Bolsonaro para salvar a pele do filho senador. Mas, no passado, foi um funcionário do PT, um assessor de José Dirceu.
Acho que tanto o PT como Bolsonaro deveriam temer Toffoli. A quem servirá com esse acesso ilimitado aos dados pessoais e empresariais? (…)
Lula precisou de Toffoli. Bolsonaro também. Mas eles ignoram, talvez, que Toffoli seja muito mais do que um simples auxiliar para encrencas. Diante da vulnerabilidade dos líderes populistas que polarizam o Brasil, ele vai construindo seu universo pessoal de poder.” https://www.oantagonista.com/ 18/11/19



domingo, 17 de novembro de 2019

FALTA ROSTO NO CAMINHO DO MEIO

O CAMINHO DO MEIO                                 por Theodiano Bastos

A eleição municipal no próximo ano talvez mostre o rosto do possível candidato do Centro. Na eleição municipal de 2016 o PT perdeu 60% dos votos, perdeu em todas as capitais e cidades de grande porte e a maior cidade que venceu foi  Araraquara... 
“Mesmo aqueles que não nutrem pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o mais pálido apreço reconhecem que sua saída da prisão mexeu com o tabuleiro político brasileiro. Embora hoje não tenha condições legais de se candidatar a nenhum cargo, o petista é, de maneira inconteste, o grande líder da esquerda no país, capaz de galvanizar a fatia do eleitorado que se identifica com tal corrente do pensamento. Exatamente por isso, foram bastante preocupantes os primeiros discursos proferidos pelo ex-­metalúrgico depois de ter saído da cadeia. Distante do “Lulinha Paz e Amor” e das diretrizes de seu primeiro mandato, o ex-presidente atacou a política econômica do governo de Jair Bolsonaro, muito bem conduzida pelo ministro Paulo Guedes, e fez acenos ao combalido Movimento Sem Terra, em uma tentativa de estimular sua militância mais fiel. O posicionamento não deixou dúvidas de como Lula deverá se comportar daqui para a frente: ele será o anti-Bolsonaro.
Trata-se de um jogo de ganho mútuo para os opostos. Símbolo de uma renovada extrema direita brasileira, o ex-­capitão é um dos que mais se beneficiarão diante do atual cenário. Com quase um ano de mandato, muitos de seus eleitores já começavam a se perguntar se os arroubos do presidente da República não representavam um perigo à democracia. Sua capacidade de produzir crises sem motivo e turbulências desnecessárias também já vinha decepcionando uma parcela da população que sabia da inexperiência de Bolsonaro no Executivo antes da campanha, mas confiou que ele adquirisse maturidade no cargo (ou que seus auxiliares conseguiriam domá-lo). No entanto, com a perspectiva de um retorno da esquerda ao poder, o eleitorado que colocou Bolsonaro no Planalto fica mais suscetível a tapar o nariz e seguir ao seu lado.
Afinal de contas, essa parcela da população tem fresca na memória a pior recessão econômica da história e os monumentais casos de corrupção provocados pelas administrações petistas.
Na dinâmica da polarização entre direita e esquerda, o centro agora está vazio. O vácuo, porém, não está na ausência de nomes, e sim talvez no excesso deles.
Uns mais à direita, outros mais à esquerda, existem muitos pretendentes a ocupar essa fatia do espectro político — João Doria, Luciano Huck, João Amoêdo, Ciro Gomes, Wilson Witzel.
Contudo, nenhum deles conta ainda com estatura eleitoral suficiente para canalizar e seduzir os brasileiros que não estão satisfeitos com a limitação política da dobradinha Lula x Bolsonaro. Faltam discurso, organização nas redes sociais e identificação com a população que se sente perdida diante da beligerância atual — e, por isso, não representada. Nesta edição, uma reportagem de VEJA destrincha as dificuldades do centro para romper a polarização que tomou conta do país e as estratégias que alguns desses aspirantes estão seguindo a fim de chegar lá. Boa leitura.” https://veja.abril.com.br/
Em busca do centro perdido
“Há espaço para o centro com Bolsonaro e Lula dominando a cena política?” A pergunta foi feita por O Globo a Fernando Henrique Cardoso, Rodrigo Maia, Mauro Paulino, Paulo Hartung e Carlos Melo. IDADE
Mauro Paulino, do Datafolha, opinou: “O clima de polarização divide o eleitorado brasileiro em três terços diante das duas principais lideranças políticas: os pró-Lula, os pró-Bolsonaro e os eleitores-pêndulo, que não são tão fiéis a esses personagens quanto seus entusiastas, mas também não os rejeitam como seus detratores.” O pêndulo, por enquanto, só tem de escolher entre pró-presidiário e anti-presidiário; e o centro, na maioria das vezes, é pró-presidiário, porque foi cúmplice dele.

Falta um rosto

O centro só vai existir quando surgir um nome popular capaz de encarná-lo. Foi o que disse Carlos Melo, em O Globo:  
“Em 2018, o centro foi visto como fisiológico e acabou pulverizado em candidaturas pequenas. Em um momento como o atual, este centro não pode simplesmente ser um meio-termo entre direita e esquerda. É preciso firmar uma tese original e, mais do que isso, ter expressão política. Diante de dois atores com personalidade tão forte como Bolsonaro e Lula, o centro também precisa de alguém que seja contundente, o que não significa sair xingando todo mundo. É preciso um rosto que deixe muito claro a que veio. Apenas abraçar uma agenda reformista não transformará um candidato em um nome de centro.” https://www.oantagonista.com/ 17/11/19



sábado, 16 de novembro de 2019

LAVA JATO DETONADA PELO STF E PELO CONGRESSO



A Lava Jato como a gente conhecia não existe mais.

O STF detonou a Lava Jato com o fim da prisão em segunda instância e o congelamento das investigações movidas com dados do COAF e o Congresso, com a união do PT e o Centrão, deu sua ajuda ao votar a Lei  13.869 de 05/09/19 que dispõe sobre os crimes de abuso de autoridade; altera a Lei nº 7.960, de 21 de dezembro de 1989, a Lei nº 9.296, de 24 de julho de 1996, a Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, e a Lei nº 8.906, de 4 de julho de 1994; e revoga a Lei nº 4.898, de 9 de dezembro de 1965, e dispositivos do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal).


SÓ ALCOLUMBRE TEM PODER PARA CONTER DIAS TOFFOLI


Janaina: “Só Alcolumbre tem poder para conter o presidente do STF”
Janaina Paschoal disse o seguinte sobre Dias Toffoli ter negado pedido de Augusto Aras para revogar decisão sobre dados sigilosos:
“Hoje, só Davi Alcolumbre tem poder para conter o Presidente do STF. A solicitação de informações de forma coletiva e sem indícios concretos de ilícitos fere as garantias individuais. Os Ministros do Supremo não são eleitos, o Presidente do Senado sim, inclusive por seus pares.”
E acrescentou:
“Infelizmente, o Presidente do STF vem numa crescente de ações questionáveis. Temos uma ordem constitucional, que precisa ser cumprida. Venho falando, há algum tempo, precisamos que Davi Alcolumbre honre o fato de tantos Senadores terem abdicado em seu benefício!” https://www.oantagonista.com/ 16/11/19


quarta-feira, 13 de novembro de 2019

UM NOVO MUNDO É POSSÍVEL: HUMANIZAÇÃO DA TECNOLOGIA


UM NOVO MUNDO É POSSÍVEL: HUMANIZAÇÃO DA TECNOLOGIA

O texto de Leonardo Boff, ecoteólogo, filósofo e escritor, intitulado Um desafio: a salvaguarda da unidade da família humana, deve ser lido com atenção.

Há o risco real de que a família humana seja bifurcada, entre aqueles que se beneficiam dos avanços tecnológicos, da biotecnologia e nanotecnologia e dispõem de todos os meios possíveis de vida e de bem-estar, cerca de 1,6 bilhões de pessoas, podendo prolongar a vida até aos 120 anos que corresponde à idade possível das células. E, a outra humanidade, os restantes mais de 5,4 bilhões, barbarizados, entregues à sua sorte, podendo viver, se tanto, até os 60-70 anos, com as tecnologias convencionais num quadro perverso de pobreza, miséria e exclusão.
Esse fosso deriva do horror econômico que tomou a cena histórica sob a dominação do capital globalizado, especialmente do especulativo, sob a regência cruel do neoliberalismo radical. Considerando-se triunfante, face ao socialismo real, cuja derrocada se deu no final dos anos 80, exacerbou seus princípios como a competição, o individualismo, a privatização, a difamação de todo tipo de política e a satanização do Estado, reduzido ao mínimo.

Cerca de 200 megacorporações, cujo poder econômico equivale a 182 países, conduzem, junto com os organismos da ordem capitalista (como o FMI, o Banco Mundial e a Organização Mundial do Comércio), a economia mundial, sob o princípio da competição sem qualquer sentido de cooperação e de respeito ecológico da natureza. Tudo é feito mercadoria, do sexo à religião, numa volúpia de acumulação desenfreada de riquezas e serviços à custa da devastação da natureza e da precarização ilimitada dos postos de trabalho.

O risco consiste em que os muito ricos criem um mundo só para si, que rebaixem os direitos humanos a uma necessidade humana que deve ser atendida pelos mecanismos do mercado (portanto só tem direitos quem paga, e não quem é simplesmente pessoa humana), que façam dos diferentes desiguais e dos desiguais dissemelhantes, aos quais se nega praticamente a pertença à espécie humana. São outra coisa, óleo gasto, zeros econômicos.

No Ocidente, que hegemoniza o processo de globalização, a ideia de igualdade politicamente nunca triunfou. Ela ficou limitada ao discurso religioso-cristão, de conteúdo idealístico. Esse déficit de uma cultura igualitária impediria a bifurcação da família humana. Pode triunfar uma idade das trevas mundial, que se abateria sobre toda a humanidade. Seria a volta da barbárie.

O desafio a ser enfrentado é fazer tudo para manter a unidade da família humana, habitando a mesma Casa Comum. Todos são Terra, filhos e filhas da Terra, para os cristãos, criados à imagem e semelhança do Criador, feitos irmãos e irmãs de Cristo e templos do Espírito. Todos têm direito de serem incluídos nesta Casa Comum e de participarem de seus dons.

Para dar corpo a este desafio precisamos de uma outra ética humanitária, que implica resgatar os valores ligados à solidariedade, à empatia e à compaixão. Importa recordar que foi a solidariedade/cooperação que permitiu a nossos ancestrais, há alguns milhões de anos, darem o salto da animalidade para a humanidade. Ao saírem para coletar alimentos, não os comiam individualmente, como o fazem os animais. Antes, reuniam os frutos e a caça e os levavam para o grupo de co-iguais e os repartiam solidariamente entre todos. Deste gesto primordial nasceu a socialidade, a linguagem e a singularidade humana. Será hoje ainda a solidariedade irrestrita, a partir de baixo, a compaixão que se sensibiliza diante do sofrimento do outro e da Mãe Terra, que garantirão o caráter humano de nossa identidade e de nossas práticas.

Foi o que vergonhosamente faltou aos grandes credores internacionais, que, face à tragédia do tsunami do sudeste da Ásia, não perdoaram os 26 bilhões de dívidas daqueles países flagelados, apenas protelaram por um ano o seu pagamento.

Sem o gesto do bom samaritano, que se verga sobre os caídos da estrada, ou a vontade de infinita compaixão do bodhisatwa, que renuncia entrar no nirvana por amor à pessoa que sofre, ao animal quebrantado ou à árvore mirrada, dificilmente faremos frente à desumanidade cotidiana que está se naturalizando a nível brasileiro e mundial.

Na perspectiva dos astronautas, daqueles que tiveram o privilégio de ver a Terra de fora da Terra, Terra e Humanidade formam uma só entidade, complexa, mas una. Ambas estão agora ameaçadas. Ambas possuem um mesmo destino comum e comparecem juntas diante do futuro. Sua salvaguarda constitui o conteúdo maior de um ancestral sonho: todos sentados à mesa, numa imensa comensalidade, desfrutando dos frutos da boa e generosa Mãe Terra.

Se o cristianismo e os demais caminhos espirituais não ajudarem a realizar esse sonho e não levarem as pessoas a concretizá-lo, não teremos cumprido a missão que o Criador nos reservou no conjunto dos seres, que é a de sermos o anjo bom e não o Satã da Terra.

Importa conscientizarmo-nos de nossa responsabilidade, sabendo que nenhuma preocupação é mais fundamental do que cuidar da única Casa Comum que temos, e de alcançar que toda a família humana, superando as contradições sempre existentes, possa viver unida dentro dela, com um mínimo de cuidado, de solidariedade, de irmandade, de compaixão e de reverência, as quais produzem a discreta felicidade pelo curto tempo que nos é concedido passar por esse pequeno, belo e radiante Planeta.

Uma utopia? Sim, mas necessária se quisermos sobreviver.
Leonardo Boff