O CAMINHO DO MEIO por Theodiano Bastos
A eleição municipal no próximo ano talvez mostre o rosto do possível
candidato do Centro. Na eleição municipal de 2016 o PT perdeu 60% dos votos,
perdeu em todas as capitais e cidades de grande porte e a maior cidade que
venceu foi Araraquara...
“Mesmo
aqueles que não nutrem pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva o mais
pálido apreço reconhecem que sua saída da prisão mexeu com o tabuleiro político
brasileiro. Embora hoje não tenha condições legais de se candidatar a nenhum
cargo, o petista é, de maneira inconteste, o grande líder da esquerda no país,
capaz de galvanizar a fatia do eleitorado que se identifica com tal corrente do
pensamento. Exatamente por isso, foram bastante preocupantes os primeiros
discursos proferidos pelo ex-metalúrgico depois de ter saído da cadeia.
Distante do “Lulinha Paz e Amor” e das diretrizes de seu primeiro mandato, o
ex-presidente atacou a política econômica do governo de Jair Bolsonaro, muito
bem conduzida pelo ministro Paulo Guedes, e fez acenos ao combalido Movimento
Sem Terra, em uma tentativa de estimular sua militância mais fiel. O
posicionamento não deixou dúvidas de como Lula deverá se comportar daqui para a
frente: ele será o anti-Bolsonaro.
Trata-se
de um jogo de ganho mútuo para os opostos. Símbolo de uma renovada extrema direita
brasileira, o ex-capitão é um dos que mais se beneficiarão diante do atual
cenário. Com quase um ano de mandato, muitos de seus eleitores já começavam a
se perguntar se os arroubos do presidente da República não representavam um
perigo à democracia. Sua capacidade de produzir crises sem motivo e
turbulências desnecessárias também já vinha decepcionando uma parcela da
população que sabia da inexperiência de Bolsonaro no Executivo antes da
campanha, mas confiou que ele adquirisse maturidade no cargo (ou que seus
auxiliares conseguiriam domá-lo). No entanto, com a perspectiva de um retorno
da esquerda ao poder, o eleitorado que colocou Bolsonaro no Planalto fica mais
suscetível a tapar o nariz e seguir ao seu lado.
Afinal de
contas, essa parcela da população tem fresca na memória a pior recessão
econômica da história e os monumentais casos de corrupção provocados pelas
administrações petistas.
Na
dinâmica da polarização entre direita e esquerda, o centro agora está vazio. O
vácuo, porém, não está na ausência de nomes, e sim talvez no excesso deles.
Uns mais à direita, outros mais à
esquerda, existem muitos pretendentes a ocupar essa fatia do espectro político
— João Doria, Luciano Huck, João Amoêdo, Ciro Gomes, Wilson Witzel.
Contudo,
nenhum deles conta ainda com estatura eleitoral suficiente para canalizar e
seduzir os brasileiros que não estão satisfeitos com a limitação política da
dobradinha Lula x Bolsonaro. Faltam discurso, organização nas redes sociais e
identificação com a população que se sente perdida diante da beligerância atual
— e, por isso, não representada. Nesta edição, uma reportagem de VEJA destrincha
as dificuldades do centro para romper a polarização que tomou conta do país e
as estratégias que alguns desses aspirantes estão seguindo a fim de chegar lá.
Boa leitura.” https://veja.abril.com.br/
Em busca do centro perdido
“Há espaço para o centro com Bolsonaro e Lula
dominando a cena política?” A pergunta foi feita por O Globo a Fernando
Henrique Cardoso, Rodrigo Maia, Mauro Paulino, Paulo Hartung e Carlos Melo. IDADE
Mauro Paulino, do Datafolha, opinou: “O clima de
polarização divide o eleitorado brasileiro em três terços diante das duas
principais lideranças políticas: os pró-Lula, os pró-Bolsonaro e os
eleitores-pêndulo, que não são tão fiéis a esses personagens quanto seus
entusiastas, mas também não os rejeitam como seus detratores.” O pêndulo, por
enquanto, só tem de escolher entre pró-presidiário e anti-presidiário; e o
centro, na maioria das vezes, é pró-presidiário, porque foi cúmplice dele.
Falta um rosto
O centro só vai existir quando surgir um nome popular capaz de
encarná-lo. Foi o que disse Carlos Melo, em O Globo:
“Em 2018, o centro foi visto como fisiológico e acabou pulverizado em
candidaturas pequenas. Em um momento como o atual, este centro não pode
simplesmente ser um meio-termo entre direita e esquerda. É preciso firmar uma
tese original e, mais do que isso, ter expressão política. Diante de dois
atores com personalidade tão forte como Bolsonaro e Lula, o centro também
precisa de alguém que seja contundente, o que não significa sair xingando todo
mundo. É preciso um rosto que deixe muito claro a que veio. Apenas abraçar uma
agenda reformista não transformará um candidato em um nome de centro.” https://www.oantagonista.com/ 17/11/19
Rubens Silva Pontes, por e-mail:
ResponderExcluirO que dói é a relação dos nomes enunciados como possíveis candidatos.
Já tivemos escolhas melhores...