Contador de Lulinha e sua mulher ganharam 640 vezes na
loteria
Ele é um dos alvos da Operação
Fim da Linha, que investiga um esquema de lavagem de dinheiro da facção pela
empresa de ônibus UPBus.
O contador João Muniz Leite, de 60 anos, é um dos alvos da
Operação Fim da Linha, deflagrada na manhã de ontem pelo Grupo Atuação Especial
de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). A 1ª Vara de Crimes Tributários,
Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital expediu mandado de
busca e apreensão em busca de provas que corroborem os indícios de que ele
seria um dos personagens centrais na montagem do esquema de lavagem de dinheiro
da facção pela empresa de ônibus UPBus.
Quando começou a ser investigado
em 2021 no âmbito da Operação Ataraxia, do Departamento Estadual de
Investigações sobre Narcóticos (Denarc), Muniz era suspeito de ter amealhado 55
prêmios na loteria. Ao ser ouvido pelos policiais, meses depois, ele admitiu
ter ganhado 250 vezes na mais diversas loterias, conforme revelou o Estadão em
fevereiro.
Mas o número não para de
crescer. Desta vez, dados trazidos à investigação pela Polícia Federal mostram
que a sorte do contador foi muito maior. O inquérito da PF mostrou que ele e a
mulher, Aleksandra Silveira Andriani ganharam juntos 640 vezes nas Lotofácil,
Mega Sena e Quina. No caso de Aleksandra, foram 462 prêmios entre 18 de
dezembro de 2020 e 25 de novembro de 2021, recebendo R$ 2,45 milhões, após ter
apostado R$ 2,14 milhões. Já o marido, de 3 de janeiro de 2019 a 17 de abril de
2021 foi agraciado com 178 vezes, auferindo R$ 17.528.815,00, depois de apostar
R$ 381.625,00.
Muniz ficou conhecido como o
Contador do Lulinha por ter trabalhado para Fábio Luis Lula da Silva, o
Lulinha, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem também prestou
serviços. Muniz chegou a ser ouvido como testemunha durante a Operação Lava
Jato no processo do caso do triplex do Guarujá, pelo então juiz Sérgio Moro. De
11 de novembro de 2019 até 31 de julho de 2023, segundo dados da Junta
Comercial de São Paulo, Lulinha manteve uma de suas empresas, a G4
Entretenimento e Tecnologia Digital Ltda, registrada no mesmo endereço do
escritório de Muniz, na zona oeste da capital. A defesa de Lulinha diz que as
investigações sobre Muniz nunca atingiram o filho do presidente.
Em meio à investigação sobre a
captura do sistema de transportes pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), os
investigadores encontraram indícios da formação de uma grande rede de negócios
para a lavagem de dinheiro do crime organizado, que inclui escritórios de
contabilidade, agentes, fundos imobiliários, empresas de máquina de cartão de
crédito e débito e distribuidoras de combustível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário