domingo, 24 de abril de 2016

GOLPE, NÃO VAI TER GOLPE



“No passado, os golpes foram feitos com tanques e armas. Hoje bastam mãos propensas a rasgar a Constituição.” Dilma, a jornais estrangeiros em 24/04/2016. 
Vejam, caros leitores,  o ridículo da Dilma no encontro com os jornalistas em Nova Iorque.      
Um deles  pergunta:
“Mas a senhora veio pedir asilo? Não pode voltar ao Brasil? É isso?”

Ora, quem protocolou o pedido de Impeachment fui o jurista Hélio Bicudo, fundador do PT, e os juristas Miguel Reale Júnior e Janaína Paschoal. Coube ao Dep. Eduardo Cunha, como presidente da Câmara dar andamento e a Dilma, contando com todo empenho de Lula, não conseguiu 172 votos no dia 17/04/16 para arquivar o pedido e perdeu por 367 a 137...

Oposição critica viagem de Dilma aos EUA; ministros do STF refutam 'golpe'

Presidente quer usar evento da ONU para se dizer 'vítima' no impeachment.
Ministro Celso de Mello aponta um 'equívoco' quando se fala em golpe.

 “A presidente Dilma Rousseff deve embarcar nesta quinta-feira (21) para Nova York (EUA) para participar, na sede da Organização das Nações Unidas (ONU), da cerimônia de assinatura do acordo elaborado no ano passado, em Paris, sobre mudança do clima.
Segundo o G1 apurou, em seu discurso de cinco minutos diante dos chefes de Estado mundiais, ela planeja falar sobre o processo de impeachment que enfrenta no Congresso Nacional e denunciar que é vítima de um “golpe parlamentar”.
No período em que a presidente estiver no exterior, o vice-presidente Michel Temer assumirá interinamente a Presidência. Segundo a assessoria da Vice-presidência, Temer pretende permanecer em São Paulo durante o período em que Dilma estiver nos Estados Unidos.
Desde que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), acolheu o pedido de impeachment, em dezembro do ano passado, Dilma e aliados passaram a defender que a petista é alvo de uma tentativa de "golpe" porque, segundo eles, não há caracterização de um crime de responsabilidade.
Ministros do Supremo
O ministro Celso de Mello aponta um "equívoco" quando se fala em golpe. Segundo ele, o Supremo já "deixou claro" que os procedimentos do processo respeitam a Constituição.

Há um equívoco quando [Dilma] afirma que há um golpe parlamentar, ao contrário."
Celso de Mello, ministro do STF
Ele diz que Dilma "exerce em plenitude as atribuições constitucionais de seu cargo", que "lhe dá legitimidade para atuar no plano internacional, ainda que politicamente possa estar muito desgastada em virtude de recente deliberação da Câmara dos Deputados" (que autorizou o prosseguimento do processo de impeachment por 367 votos, 25 a mais que o mínimo necessário).
"Agora, há um equívoco quando [Dilma] afirma que há um golpe parlamentar, ao contrário. O Supremo Tribunal Federal, ao julgar uma Arguição de Descumprimento de preceito Fundamental, deixou claro que o procedimento destinado à abertura do processo de impeachment observa os alinhamentos ditados pela Constituição da República", diz.
O Congresso Nacional, por intermédio da Câmara dos Deputados, e o Supremo Tribunal Federal deixaram muito claro que o procedimento destinado a apurar a responsabilidade política da presidente da República, respeitou até o presente momento, todas as fórmulas estabelecidas na Constituição."
Celso de Mello
Celso de Mello diz que o processo de impeachment "transcorreu até o presente momento em cima de absoluta normalidade jurídica" e que a Câmara "respeitou os cânones estabelecidos na Constituição".
"Portanto, ainda que a senhora presidente da República, veja, a partir de uma perspectiva eminentemente pessoal a existência de um golpe, na verdade, há um grande e gravíssimo equivoco, porque o Congresso Nacional, por intermédio da Câmara dos Deputados e o Supremo Tribunal Federal, deixaram muito claro que o procedimento destinado a apurar a responsabilidade política da presidente da República, respeitou até o presente momento, todas as fórmulas estabelecidas na Constituição", disse.
Segundo ele, "agora, inicia-se uma etapa mais aguda, mais decisiva desse processo, porque realmente agora, perante o Senado da República é que se instaura o processo de impeachment, tendo em vista substancial alteração que se deu na Constituição de 1988 se comparado com as anteriores constituições".
Podemos avaliar que se trata de procedimentos absolutamente normais, dentro do quadro de institucionalidade. Inclusive as intervenções do Supremo determinaram o refazimento até de comissões no âmbito do próprio Congresso Nacional, da própria Câmara, [o que] indica que as regras do Estado de Direito estão sendo observadas."
Gilmar Mendes, ministro do STF
Celso de Mello diz também que "é no mínimo estranho" que a presidente faça uma denúncia de golpe no plenário da ONU. "Eu diria que é no mínimo estranho esse comportamento, ainda que a presidente possa em sua defesa alegar aquilo que lhe aprouver. A questão é saber se ela tem razão", afirmou.
Para o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), a tramitação do processo de impeachment segue procedimentos "absolutamente normais".
"Eu não sou assessor da presidente e não posso aconselhá-la. Mas todos nós que temos acompanhado esse complexo procedimento no Brasil podemos avaliar que se trata de procedimentos absolutamente normais, dentro do quadro de institucionalidade. Inclusive as intervenções do Supremo determinaram o refazimento até de comissões no âmbito do próprio Congresso Nacional, da própria Câmara, [o que] indica que as regras do Estado de Direito estão sendo observadas", afirmou.
O ministro Dias Toffoli, do STF, também criticou o uso indevido da palavra “golpe” e ressaltou que é preciso cuidado para que isso não prejudique ainda mais a imagem do Brasil no exterior.
"Falar que o processo de impeachment é um golpe depõe e contradiz a própria atuação da defesa da presidente, que tem se defendido na Câmara dos Deputados, agora vai se defender no Senado, se socorreu do Supremo Tribunal Federal, que estabeleceu parâmetros e balizas garantindo a ampla defesa”, disse o ministro.
“Portanto, alegar que há um golpe em andamento é uma ofensa às instituições brasileiras, e isso pode ter reflexos ruins inclusive no exterior porque isso passa uma imagem ruim do Brasil. Eu penso que uma atuação responsável é fazer a defesa e respeitar as instituições brasileiras e levar uma imagem positiva do Brasil para o mundo todo, que é uma democracia sólida, que funciona e que suas instituições são responsáveis”, afirmou Toffoli.”
Fonte: http://g1.globo.com 20/04/16
Dias Toffoli, Cármen Lúcia e Ayres Britto: impeachment não é golpe porque está na Constituição e na lei
Dois ministros do Supremo e um ex-ministro põem um ponto final à pantomima do Palácio do Planalto e do petismo, que insistem em chamar a normalidade institucional de golpe
Por: Reinaldo Azevedo 24/03/2016 às 4:42
“E o ministro Dias Toffoli, do Supremo, honrou, mais uma vez, a toga que carrega nos ombros. E eu me sinto especialmente à vontade para escrever isso porque fui um duro crítico da sua indicação. Mas também já registrei aqui diversas vezes — o arquivo está à disposição para confirmar — o seu comportamento impecável na Corte, mesmo quando discordo de um voto seu.
A despeito, pois, de concordância ou discordância, reconheço a sua correção técnica e a qualidade de sua argumentação. Não! Não estou entre aqueles que só reconhecem virtudes naqueles que pensam como penso.
Nesta quarta, indagado sobre o processo de impeachment, o ministro afirmou com absoluta correção:
“O processo de impeachment é previsto na Constituição e nas leis brasileiras. Não se trata de um golpe. Todas as democracias têm mecanismos de controle, e o processo de impeachment é um tipo de controle”.
Toffoli não se pronunciou sobre a denúncia que está na Câmara, mas observou que a Justiça existe para atender aos reclamos dos que se sentem agravados: “Aqueles que se sentirem atingidos podem recorrer à Justiça brasileira. O que ocorre hoje é a democracia. É muito melhor vivermos desta forma, do que sob uma ditadura”.
Impecável.
Também a ministra Cármen Lúcia, vice-presidente do Supremo, abordou o tema, depois de participar de uma solenidade no Rio. Disse a futura presidente da corte: “Não ouvi [ela se referia ao discurso feito por Dilma anteontem], mas tenho certeza de que a presidente deve ter dito que, se não se cumprir a Constituição, poderia haver algum problema. Não acredito que ela tenha dito que impeachment é golpe porque ele é previsto na Constituição. O que não pode acontecer é que não se observem as regras constitucionais”.
Igualmente irrepreensível.
Sem ter receio de eventualmente parecer simplória, Cármen afirmou sobre Dilma: “Acredito que ela tenha querido fazer apenas um alerta para que se observem as leis da República, e isso, com certeza, num estado democrático, será observado”.
A ministra sabe que não foi assim, mas seu papel não é acirrar crises.
Ela também defendeu o Poder Judiciário, que está na mira do PT: “A atividade do Judiciário é acionada pelos cidadãos. O Judiciário não atua isoladamente, de ofício, é por provocação. Então, quando se fala em ativismo judicial, é que o Judiciário ultrapassaria, e não há demonstração nenhuma de que isso esteja acontecendo”.
Outro a lembrar, em entrevista à Folha, que impeachment não é golpe foi Ayres Britto, ex-ministro do Supremo. Ele presidiu a Casa durante boa parte do processo do mensalão:
“A presidente pode perder o cargo, por exemplo, em processo de impeachment, em ação penal comum, em ação de improbidade administrativa. Nada disso é golpe. Segundo a Constituição, a legitimidade de um presidente depende de dois fatores: da sua investidura e do exercício do cargo. A investidura é a voz das urnas, mas ela não é suficiente. Há também o exercício, a presidente tem que se legitimar o tempo todo. Se se deslegitima, perde o cargo, nos casos dos artigos 85 e 86 da Constituição. Mas é fundamental não preterir o contraditório, a ampla defesa – que não é curta –, o devido processo legal. A pureza dos fins e a pureza dos meios estão enlaçados umbilicalmente, não se pode romper o cordão umbilical nesses casos.”
Em suma, meus caros, apesar de toda a gritaria petista e do clima de abafa que as esquerdas, minoritárias e barulhentas, tentam criar, as instituições funcionam, respiram normalmente e darão uma resposta àqueles que pretendem sufocá-las”


CONHECER OS LIMITES



ALCANCE DE CONTROLE E LIMITE DE ATENÇÃO
Caro leitor: 

Atuo em movimentos associativos desde 1959, ininterruptamente, sou escritor e autor do livro “LIDERANÇA, CHEFIA E COMANDO” publicado como e-book pela AMAZON e me considero um experimentado Guerreiro do Bem.

Cada um de nós tem um limite de atenção, isto é, a capacidade de dar atenção a uma, duas, três ou quatro problemas ao mesmo tempo, como também controlar uma, duas, três ou quatro desafios ao mesmo tempo e por isso temos de estar preparados para se conhecer esses limites, pois ultrapassá-los pode trazer problemas na saúde, se entrar em parafuso, situação temida pelos aviadores.
 
Que todos fiquem atentos a esses desafios de ordem psíquica e física.
Garimpando na Internet encontrei esse texto de Eugenio Mussak que segue:

Você conhece seus limites?            Revista Vida Simples nº9, 01/09/2003

“Caro leitor, vou começar este texto com uma provocação.
 Digamos que você esteja envolvido em algum projeto qualquer, no trabalho, no estudo, no esporte, na diversão ou nas relações humanas. Pergunto: você sempre está certo que deve continuar, ou sabe reconhecer quando chegou o momento de parar de fazer o que está fazendo? Quanto você pode exigir de você mesmo? Você sabe o que pode e o que não pode fazer? Afinal, você conhece seus limites?
 Estou certo que você já pensou sobre isso, pois o limite humano é um dos grandes enigmas que nos perseguem desde sempre. Até onde podemos ir? Será que os limites estão fora ou dentro de cada um de nós? Você pode afirmar que são perguntas sem respostas; mas mesmo assim não consegue livrar-se delas, pois você é um ser em movimento, que deseja sentir-se vivo, realizar, construir, conquistar, evoluir, “testar seus limites”.
 Um dos mais belos conceitos da matemática responde pelo nome de “limites”. Apesar da complexidade de sua definição formal, que não cabe neste texto, trata-se de uma idéia de bases simples, criada por Arquimedes em Siracusa, há mais de dois mil anos.
Faça o seguinte exercício: desenhe um quadrado em uma folha de papel. Ele tem quatro lados iguais, é claro. Se você aumentar o número de lados para oito, estará diante de um octógono. Dobrando o número, passando, portanto para dezesseis, terá criado um hexadecagono. Essas figuras chamam-se genericamente polígonos. E é claro que, à medida que você for aumentando o número de lados, estes estarão ficando cada vez menores.
 Continuando nesse processo, chegará um momento em que cada lado da figura ficou tão pequeno que se confundirá com um ponto. Nesse momento, o polígono terá virado uma circunferência. O momento em que uma figura geométrica com “lados” transforma-se em outra com “pontos” (um polígono virando uma circunferência) é designado como o “limite”.
 A beleza desse conceito reside no fato de que, ainda que não possa ser identificado na prática, pode ser demonstrado matematicamente. Sabemos que existe um limite para dobrarmos os lados, depois do qual, surgem os pontos. Que momento mágico é esse? Você pode imaginá-lo? Pode sim, e creia, cada um de nós cria essa imagem à sua maneira.
A vida também é assim. Há pessoas que não se acomodam em sua condição presente e continuam multiplicando seus vários lados indefinidamente, na tentativa de criar esferas capazes de rolar cada vez mais rápido. Outros, entretanto, interrompem muito cedo essa multiplicação, pois ela exige esforço, e continuam sendo quadrados tentando mover-se. Com pouca esperança e pouco alcance, é claro.
 Eis o dilema: como transformar o limite em alcance, sem ser irresponsável ou incoerente? Conhecer os limites pessoais às vezes nos obriga a parar, mas parar não significa concordar com a interrupção, muito menos conformar-se com a derrota. Saber parar pode significar uma tomada de posição, cujo objetivo é a recuperação da força, ou o tempo necessário para que se construa a condição imprescindível ao passo seguinte. O cubo, antes de virar esfera precisa conscientizar-se que é um cubo, mas que não precisa sê-lo para sempre.
 É claro que a superação exige energia pessoal, e muita. O polêmico, mas respeitadíssimo filósofo Gurdjieff descreve uma cena que representa um verdadeiro esforço na determinação do limite humano: imagine caminhar dois dias e duas noites sob neve forte, sem ter o que comer, e ao final chegar a uma cabana aquecida pelo fogo, banho quente, comida e bebida farta e, então… rodar nos calcanhares e voltar na escuridão, trilhando o mesmo caminho até o ponto de partida…
 De acordo com Gurdjieff, o ser humano é dotado de dois acumuladores de energia. São eles que nos fornecem a fantástica energia da vida. Um esforço como o descrito acima, seria capaz de esgotar o primeiro acumulador, o que é muito grave, mas teria o mérito de disparar o segundo, necessário para garantir uma sobrevida, por assim dizer.
 Não aconselho ninguém a fazer tal expedição na neve, e sim a começar a prestar atenção em seus dois acumuladores de energia. Todos nós, mortais comuns, já passamos por situações em que tudo parecia perdido e nós simplesmente não tínhamos mais forças para continuar. Foi quando ligamos o segundo acumulador e demos os passos finais, que nos levaram até onde queríamos chegar. E provavelmente o segredo para ligá-lo é acreditar que ele existe.
 O limite humano é uma das maiores preocupações que o homem sempre carregou dentro de si. Não há pensador, antigo ou moderno, que não tenha abordado o tema. Desde Sócrates, com seu “conhece-se a ti mesmo”, que, ao estimular o autoconhecimento, esperava criar consciência dos limites pessoais, até Friedrich Nietzsche, que, em 1892 lançou o livro Assim Falava Zaratustra, abordando o tema da superação humana.
 Nessa obra, Nietzsche reescreve as idéias de Zaratustra, também chamado Zoroastro, um profeta do século VI a.C., que teria escrito o código moral, político e religioso dos antigos persas, e que se referia ao fato de que os homens, em algumas circunstâncias deveriam se superar, ampliando seus limites, transformando-se em verdadeiros “super-homens”.
 Nietzsche concordava com Zaratustra, mas dizia que essa capacidade quase ilimitada de ampliar limites não era coisa para qualquer um, e sim seria uma conquista de alguns poucos, “escolhidos” pelo destino. Dizia ele que a maioria das pessoas são comandadas pelos sentimentos de medo, rancor, superstições, ciúmes, inveja, o que as aprisiona a uma mentalidade e a um comportamento de escravos. Poucos seriam os eleitos pela natureza ou pela vida para ser Übermensch, a palavra alemã que significa algo como “um humano melhor” e que foi popularizada como “super-homem”.
 A angústia humana diante de suas dificuldades rotineiras fez aparecer alguns personagens de ficção que funcionam como uma espécie de “imagem projetada” do homem comum. O Superman que conhecemos das revistas ou do cinema é apenas um dos super-heróis de plantão, criado em 1933, em plena grande depressão americana, por Jerry Siegel e Joe Shuster. Para resolver aquela crise, só mesmo um homem com super poderes. Parece então que o super homem de Zaratustra passa por Nietzsche e chega até Siegel e Shuster. Da Pérsia aos Estados Unidos com escala na Alemanha em um parágrafo, simbolizando o medo de chegar ao limite, e a esperança de poder ultrapassá-lo. Resta a certeza de que sempre podemos ser melhores do que somos, e que isso é uma conquista diária, e que não seremos salvos por nenhum super homem, apenas por nós mesmos!
 Mas chega de tanta citação. Voltemos à vida prática, à vida como ela é, cheia de desafios, problemas, prazos, ansiedades, esperanças. Todos esses fenômenos, muito claros ou pouco perceptíveis, recheiam a vida de quem trabalha, paga contas, namora, estuda, cria filhos, monta empresas, ou seja, a vida de todos nós.
 O limite do prazo, o limite da competência, o limite do saldo bancário, o limite da paciência serão, na verdade, projeções do limite interno de cada pessoa, o limite do humano? Há controvérsias, mas duas verdades são inquestionáveis – a primeira: o limite é individual; a segunda: o limite não é fixo.
 O fato de sermos “indivíduos” nos torna singulares, únicos, com características absolutamente indissociáveis de nós mesmos. O que somos, incluindo aí os nossos limites, deriva da interação de nossa genética com o aprendizado acumulado ao longo de nossa vida. Não somos só biologia ou só sociologia. Somos ambos. O pensamento pertence à nossa condição humana, mas é aprimorado através do convívio social, da percepção do mundo com todas as suas belezas e suas mazelas.
 Empurrar os limites significa aumentar o raio de ação. Significa ganhar mais espaço para viver e para criar vida ao nosso redor. Não é possível “não ter limites”, mas é possível trabalhar para que o limite obedeça à nossa vontade, ao nosso pensamento racional aliado às nossas melhores emoções, e não à tirania dos modelos absorvidos de fora para dentro de maneira cega e cordata. Aceitar que “não podemos” porque alguém acha isso, baseado em sua opinião a nosso respeito ou na projeção que ele faz de sua própria pessoa, de seus próprios limites, nos condena a uma vida “autômata” e não “autônoma”.
 O limite é individual, é do indivíduo…é meu, e não da pessoa que me olha e “deduz” o que eu posso ou não posso fazer. No entanto há um pré-requisito: a maturidade. Conhecer seus limites significa conhecer-se em sua dimensão mais intima, o que requer maturidade, algumas vezes confundido com idade.
 O limite não é fixo, e por isso mesmo, a grande vantagem de se conhecer o próprio limite não é o saber “até onde posso ir”, mas descobrir o que fazer para “ampliar o limite”, aumentando o potencial realizador. A verdade é que o limite é o mais móvel dos valores humanos. A única coisa que fazemos, quando trabalhamos em nosso desenvolvimento pessoal, através do estudo, da leitura, do trabalho, dos diálogos, da ginástica, é aumentar nossos limites.
 Não há limites para quem sonha? Há sim: sua competência em transformar os sonhos em realidade. É nesse ponto que vamos encontrar a diferença entre as pessoas. E essa competência é desenvolvida especialmente através dos “diálogos internos”, aqueles em que nós fazemos as perguntas que nós mesmos responderemos. É claro que para tanto usamos também o farol de emite luz de fora, do mundo, das experiências da humanidade, e que serve para que possamos ver melhor nosso interior, nosso mundo íntimo.
 Se você deseja transformar um quadrado em um círculo, será responsável por esse desejo e pelo esforço necessário para desenvolver a habilidade que lhe permitira chegar lá, aumentando os lados, até que virem pontos. Infinitos…”
Fonte:  See more at: http://eugeniomussak.com.br/minha-vida/minha-historia/#sthash.3KfY0M5w.dpuf







sexta-feira, 22 de abril de 2016

O IMPEACHMENT QUE PRECISA SER FEITO




Cristovam Buarque:

“Uma das provas do fracasso dos governos de esquerda no Brasil é o baixo nível do debate político neste grave momento de nossa história. Nunca se discutiu tanto a política sem debater políticas; tudo se resume à dicotomia “tira Dilma” ou “é golpe”.

O modelo político-econômico-social ruiu como um Muro de Berlim nacional, enterrando as esquerdas em seus escombros, mas a peleja tem ficado entre Dilma até 2018 e Temer a partir de 2016.

Não se debate qual seria um novo modelo social-econômico-político para conduzir o Brasil ao longo deste século. O atual modelo não foi capaz de construir uma economia sólida, sustentável, inovadora e produtiva, e ainda desorganizou as finanças públicas e provocou recessão na economia atrasada; não foi capaz de emancipar os pobres assistidos por bolsas e cotas; não deu salto na educação e promoveu dramático caos na saúde; sobretudo, incentivou um vergonhoso quadro de corrupção, conivência, oportunismo, aparelhamento do Estado e desmoralização na maneira de fazer política.

O país está ficando para trás, se “descivilizando” por violência generalizada, ineficiência sistêmica, incapacidade de gestão e de inovação, saúde degradada, educação atrasada e desigual, transporte urbano caótico, cidades monstrópoles, persistência da pobreza, concentração de renda, política corrupta, povo dependente, tragédias ambientais e sanitárias. Todos os indicadores são de um país em decadência, com raras ilhas de excelência.

Mas o debate fica prisioneiro da alternativa entre interromper o mandato de um governo incompetente e irresponsável, eleito por estelionato político, tendo cometido possíveis crimes fiscais, e escolher um novo presidente do mesmo grupo, eleito na mesma chapa e também sujeito a suspeitas. Não se discute qual a melhor alternativa para o Brasil sair da crise imediata a que foi levado pelos desajustes irresponsáveis e eleitoreiros do atual governo, nem qual Brasil queremos e podemos construir, com uma economia eficiente, inovadora, equilibrada, distributiva de renda e sustentável ecologicamente; com a população educada, participativa, levando à justiça social, à produtividade elevada e à economia eficiente; com sistema político-eleitoral ético e democrático.

Não se debate um pacto pelo emprego com equilíbrio das contas públicas e pela eficiência da gestão estatal; não se discute como fazer, quanto custa, em quanto tempo e que setores pagarão pelas reformas de que o país precisa. As discussões despolitizadas, entre torcidas a favor ou contra, como em um jogo de futebol, não debatem, por exemplo, como fazer com que a escola do filho do mais pobre brasileiro tenha a mesma elevada qualidade que as boas escolas do filho do brasileiro mais rico do país.

O debate se limita a manter a mesma estrutura social, apenas trocando uma presidente pelo vice que ela escolheu duas vezes. Não se percebe que é preciso fazer o impeachment de todo o modelo que a esquerda manteve e degradou.”     
     Cristovam Buarque é senador do PPS-DF.
Fonte: http://diariodopoder.com.br/22/04/16
                                                                                                 

LULA: O MITO ESTRAÇALHADO




LULA: O MITO ESTRAÇALHADO,
por Francisco Weffort, um dos fundadores do PT

“A trajetória de Lula o levou da posição de “sindicalista combativo”, por meio da qual se projetou no país, a lobista das grandes empreiteiras. Um fim melancólico para quem, no passado, representou uma esperança de grande parte do povo brasileiro
Luiz Inácio Lula da Silva vai chegando ao fim do caminho. Mesmo ele é capaz de perceber que está acabando o terreno à sua frente. Antes do petista, tivemos casos semelhantes desses meteoros da política que vêm não se sabe de onde, passam por grandes êxitos, alcançam rapidamente o topo e depois caem miseravelmente. Já nos esquecemos de Jânio Quadros? Lula é diferente de Jânio em um ponto: veio de mais baixo na escala social e conseguiu uma influência mais organizada e duradoura na política do país.
Dilma Rousseff, embora pareça um meteoro, não é propriamente um caso político. O fato de ela ter chegado à Presidência da República foi apenas um enorme erro de Lula cometido em um dos seus acessos de personalismo. Erro, aliás, que o empurra com mais rapidez para o fim. "O cara", de que falou Barack Obama quando Lula tinha 85% de aprovação, não é mais aquele...
Há algum tempo, muitos gostavam de ver em Lula um "filho do Brasil". Era o seu primeiro mandato, quando se pensava que surgia no país uma "nova classe média". Com a crise dos dias atuais, essa "nova classe" provavelmente desapareceu. Outra das veleidades grandiosas do petista, já no fim do seu governo, foi um suposto plano para terminar com a fome no mundo. Também naqueles tempos, alguns imaginavam que o Brasil avançava para uma posição internacional de grande prestígio.
Muitos desses sonhos deram em nada, mas, para o bem e para o mal, Lula foi um filho do Brasil. Aliás, também o foram os milhares, milhões de jovens fruto do "milagre econômico" dos anos Médici, assim como, antes deles, os filhos da democracia e do crescimento dos anos JK, ou, se quiserem, algumas décadas mais atrás, da expansão aluvional das cidades que assinala o nosso desenvolvimento social desde os anos 1930. No Brasil, temos a obsessão permanente do progresso, assim como uma certa vacilação, também permanente em nosso imaginário, entre a ditadura e a democracia. Lula foi uma variante desse estilo brasileiro de vida. Queria resolver as coisas, sempre que possível, com "jeitinho", ao mesmo tempo que sonhava com as benesses do "Primeiro Mundo" e da modernidade.
Na política brasileira, porque vinha de baixo, o petista tinha traços peculiares que se revelam em sua busca de reconhecimento como indivíduo. Nesse aspecto está o seu compromisso com a democracia, aliás muito aplaudido no início de sua vida como político. O sindicato foi seu primeiro degrau e, mais adiante, uma das raízes de seus problemas. É que, a partir desse ponto, Lula passou a buscar seu lugar como cidadão numa instituição aninhada nos amplos regaços do Estado. Ele começou em uma estrutura às vezes repressiva e muitas vezes permissiva, que dependia, sobretudo, como continua dependendo, dos recursos criados pelo Estado por meio do "imposto sindical". A permissividade maior vinha do fato de que tais recursos não passavam, e ainda não passam, pelo controle dos tribunais de contas.
O maior talento pessoal de Lula foi sair do anonimato, diferenciando-se dos parceiros de sua geração. No sindicalismo, falou sempre contra o "imposto". E talvez por isso mesmo tenha logrado tanto prestígio como sindicalista combativo e independente que não precisou fazer nada de concreto a respeito. Na época das lutas pelas eleições diretas e pelo fim do autoritarismo reinante sob o Ato Institucional nº 5, dizia que "o AI-5 dos trabalhadores é a Consolidação das Leis do Trabalho - CLT". Mas em seu governo não só manteve o imposto e as leis sindicais corporativistas como foi além, generalizando para a CUT e demais centrais sindicais os benefícios do imposto.
O que tem sido chamado, em certos meios, de "carisma" de Lula foi sua habilidade de sentir o seu público. Chamar essa "empatia", uma qualidade que qualquer político tem, em grau maior ou menor - e que, aliás, sempre faltou a Dilma -, de "carisma" é uma impropriedade terminológica. Em sociologia, o fenômeno do "carisma" pertence ao universo das grandes religiões, raríssimo no mundo político, e, quando ocorre, é sempre muito desastroso. Os fascistas de Mussolini diziam que "il Duce non può errare" ("o Duce não pode errar"), para exaltar uma suposta sabedoria intrínseca ao ditador. Não era muito diferente das fórmulas típicas do "culto da personalidade" de raiz stalinista. Embora tais fórmulas estejam superadas na esquerda há tempos, os mais ingênuos entre os militantes do PT ainda se deixam levar por coisas parecidas. Consta que, no mundo de desilusões e confusões do "mensalão", um intelectual petista teria dito: "Quando Lula fala, tudo se esclarece". Não ajudou muito...
Luiz Inácio Lula da Silva foi uma das expressões da complexa integração das massas populares à democracia moderna no Brasil. É da natureza da democracia moderna que incorpore, integre a classe trabalhadora. No Brasil, como em muitos países, isso sempre se fez por meio de caminhos acidentados, entre os quais o corporativismo criado em 1943, no fim da ditadura getuliana, e mantido pela democracia de 1946, como por todos os interregnos democráticos que tivemos desde então. O corporativismo se estende também às camadas empresariais, assim como a diversos órgãos de atividade administrativa do Estado brasileiro. Favoreceu a promiscuidade entre interesses privados e interesses públicos e certa medida de corrupção que, de origem muito antiga, mudou de escala nos tempos mais recentes com o crescimento industrial e a internacionalização da economia brasileira. Nessa mudança dos tempos, Lula passou de "sindicalista combativo" a lobista das grandes empreiteiras. Um fim melancólico para quem foi no passado uma esperança de grande parte do povo brasileiro.
* Francisco Weffort, Professor emérito do Departamento de Ciência Política da Universidade de São Paulo e ex-ministro da Cultura (de 1995 a 2002, no governo Fernando Henrique Cardoso). Foi um dos fundadores do Partido dos Trabalhadores (PT)