quinta-feira, 13 de agosto de 2015

BRASIL: ELEIÇÃO PRESIDENCIAL PODE SER ANULADA



Ministros defendem investigação no TSE sobre campanha de Dilma

MÁRCIO FALCÃO, de Brasília, FOLHA DE SÃO PAULO (13/08/2015)
Em um julgamento tenso e com direito a troca de provocações, o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) suspendeu nesta quinta-feira (13) a votação sobre a reabertura de uma das quatro ações que pedem a cassação da presidente Dilma Rousseff e de seu vice, Michel Temer.
A interrupção ocorreu por um pedido de vista do ministro Luiz Fux, após os votos dos ministros Gilmar Mendes e João Otávio de Noronha, que defenderam a abertura da investigação da campanha de Dilma por supostas irregularidades de abuso de poder econômico e político, além de possível financiamento pelo esquema de corrupção da Petrobras.
O ministro Henrique Neves não chegou a votar, mas indicou que é a favor da apuração. Para que a ação tenha prosseguimento, são necessários quatro dos sete votos do TSE.
Fux argumentou que pediu mais tempo para analisar o caso para permitir que o tribunal possa chegar a um entendimento sobre a tramitação das ações que pedem a perda do mandato da presidente.
Ao todo, o TSE tem quatro processos de cassação –que foram distribuídos para três ministros diferentes, mesmo com fatos que podem ter conexão. A dúvida é se eles deveriam andar em conjunto.
"Todas as ações têm inúmeros fatos idênticos", argumentou Fux.
Dois dos processos estão sob a condução do ministro João Otávio de Noronha, que deixa a Corregedoria Eleitoral em setembro. Com isso, esses dois casos, que ainda aguardam o depoimento de um dos delatores da Lava Jato, devem ficar com a ministra Maria Thereza Moura, que é relatora do processo discutido nesta quinta.
Essa ação pede para investigar se a campanha de Dilma foi beneficiada pelo esquema corrupção na Petrobras, se houve abuso de poder econômico com gastos acima do valor limite e se ocorreu abuso de poder político e manipulação na divulgação de indicadores sociais veiculação de propaganda institucional em período proibido.
O processo foi rejeitado, em março, em decisão individual da ministra Maria Thereza, alegando que as acusações pedindo a cassação foram subjetivas, sem comprovação. O PSDB recorreu ao plenário, e o ministro Gilmar Mendes pediu vista para analisar mais o caso.
Em seu voto, Gilmar Mendes defendeu a investigação, após identificar que há indícios gaves de irregularidades, como fraude na campanha. Ele citou a gráfica Focal Comunicação, segunda empresa que mais faturou em repasses da campanha petista (R$ 24 milhões), que tinha como sócio um motorista (com salário de R$ 2.000 até 2013).
O ministro voltou a ironizar o fato de o ex-gerente da Petrobras Pedro Barusco ter fechado acordo para devolver US$ 97 milhões. Mendes brincou que, diante do escândalo, foi criada a moeda Barusco, portanto, os R$ 24 milhões da Focal seriam muito modestos perto de "um Barusco". 
'SINDICATO DE LADRÕES'
Gilmar Mendes afirmou que é preciso esclarecer se as doações feitas para a campanha de Dilma serviram para lavagem da propina paga com recursos desviados da Petrobras.
O ministro chegou dizer que não se pode transformar o país em um "sindicato de ladrões".


"Um colunista importante me disse, esses dias: 'ladrões de sindicatos transformaram o país em sindicato de ladrões'. É grande a responsabilidade desse tribunal. Ele não pode permitir que o país se transforme num sindicado de ladrões. Portanto, ministra Maria Thereza, estou dando provimento ao recurso para determinar ", disse.
O ministro apresentou um voto, muitas vezes em tom emotivo, cobrando coragem do tribunal para discutir os processos sobre cassação e afirmou que é preciso esclarecer se houve corrupção e lavagem de dinheiro na Justiça Eleitoral, se referindo às doações.
"Os fatos são de gravidade tamanha que fingir que eles inexistem é um desrespeito à comunidade jurídica. Falar isso e voltar para casa faz com que nós sintamos com vergonha de olharmos no espelho", disse.
Ao cobrar responsabilidade institucional do tribunal, Gilmar Mendes chegou a citar a decisão do Tribunal de Contas da União que concedeu mais 15 dias para a presidente explicar as chamadas pedaladas fiscais, após uma articulação que envolveu o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
"O que resultou no adiamento pode ser visto tipo como um acórdão. Veja o mal que isso está causando, as instituições que não funcionam não são levadas a sério", disse.
SEM ELEMENTOS
A ministra Maria Thereza voltou a defender a rejeição da ação. Ela afirmou que o PSDB não apresentou elementos suficientes para justificar a abertura de uma investigação.
A ministra também disse que os indícios utilizados por Gilmar Mendes para sustentar a investigação não eram conhecidos à época em que ela analisou o caso e não foram objeto do processo.
"De início, falar de mentiras deslavadas, não prova nada. A inicial não veio com as provas", afirmou.
Luiz Fux alfinetou Gilmar Mendes, questionando se os fatos trazidos pelo ministro também já eram sabidos quando o tribunal aprovou as contas da campanha de Dilma. Gilmar foi relator da prestação de contas da petista.
Mendes sustentou que apenas trouxe mais detalhes, mas os indícios já estavam presentes.
João Otávio de Noronha, que também votou, disse que é preciso apurar os fatos.
"A convocação irregular de cadeia de rádio e TV é corrupção, isso é improbidade, se provado. O fato notório é que houve desvio. Se repercutiu nas eleições de 2014 é o que se tem que apurar."
O ministro também lembrou que, em delação premiada, Ricardo Pessoa citou que foi coagido a doar para a campanha petista.
Além de Fux, ainda precisam votar a ministra Luciana Lóssio, Henrique Neves e o presidente do TSE, Dias Toffoli, que não acompanhou a discussão do caso por outros compromissos da Corte. Nesta semana, ele esteve presente em um jantar oferecido por Dilma à cúpula do Judiciário.

TSE APARELHADO PELO PT?



TSE APARELHADO PELO PT?                       
por Theodiano  Bastos

Com a popularidade em baixa (apenas 8% apoia o governo segundo o Datafolha) e isolada da base de apoio, a presidente Dilma Rousseff promoveu mais um encontro com autoridades no Palácio da Alvorada na noite desta terça-feira (11/08/15). O jantar desta vez foi oferecido para ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) e de outros tribunais superiores, além do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Dos 11 Ministros do STF só 5 compareceram: Ricardo Lewandowski, presidente da Corte, Rosa Wber, Luiz Edson Fachin, Luiz Roberto Barroso e Dias Toffoli – também presidente do TSE.

Não compareceram: Teori Zavascki, relator da Lava Jata, Luiz Fux, Gilmar Mendes, Cármem Lúcia, Celso de Melo e Marco Aurélio que disse : “um comparecimento ‘em peso’ dos ministros da corte ao jantar poderia ser mal vista pela sociedade, que poderia interpretar o encontro como  uma “tentativa de cooptação”. 

A aproximação com o STF é importante porque é possível que a Corte analise eventuais recursos, caso a chapa que elegeu a presidente seja cassada se for comprovado irregularidade nas contas de campanha eleitoral por recebimento ilícito de doações. Delatores da operação Lava Jato apontaram que parte dos recursos doados à presidente em sua candidatura eram provenientes de dinheiro desviado da Petrobras.
Também podem parar na Suprema Corte eventuais recursos de perdas judiciais causadas pela rejeição das contas públicas de Dilma pelas “pedaladas fiscais”.

DIÁRIO DO PODER DENUNCIA (http://www.diariodopoder.com.br/):

Os relatórios sobre as contas da presidente Dilma que serão julgados pelos ministros do Tribunal Superior Eleitoral – e que poderão definir o destino do governo – têm a impressão digital de um velho companheiro do PT, de José Dirceu e do próprio ministro Dias Toffoli, presidente da Corte. O chefe da Assessoria de Exame de Contas Eleitorais do TSE, Eron Pessoa, foi assessor na Casa Civil dos tempos de José Dirceu.

Eron Pessoa ajudou o então advogado Antônio Dias Toffoli a defender o governo Lula e petistas. Eleito presidente, Toffoli o levou para o TSE.

O cargo de Eron Pessoa no TSE é estratégico para a manutenção da lisura da análise das prestações de contas eleitoras.
A análise das contas eleitorais no TSE requer isenção e distanciamento da vida partidária, entre outros atributos.

Ministros que irão apreciar esses relatórios, escritos sob o crivo e as peneiras de Eron Pessoa, afirmam não saber do seu passado recente.

terça-feira, 11 de agosto de 2015

DILMA, RENUNCIE PARA O BEM DO BRASIL



Dilma e sua crise         por Arnaldo Jabor
Sua renúncia não seria uma humilhação, presidente
Com todo respeito, presidente, acho que a senhora devia renunciar. Os sinais já estão no ar, os primeiros tremores de um terremoto já vibram sob nossos pés. Acho que a senhora não vai aguentar mais três anos e meio nesse caos em que o Lula, o PT e o Mantega nos lançaram, fazendo o país entrar numa depressão.
Aliás a senhora deve estar também numa cava depressão, com um país inteiro gritando “Fora”. Se fosse eu, presidente, teria enlouquecido por rejeição. Vejo seu rosto triste e tenso e lembro da postura corajosa na sua foto, jovem, de óculos, diante de militares tapando o rosto. E vejo que um retrato rima com outro, pois sua pertinácia ou teimosia diante do impossível continua a mesma. Era impossível a vitória da guerrilha urbana e hoje está quase impossível governar o Brasil. O fato de uma pessoa ser heroica não impede que esteja errada. Talvez a senhora tenha sido heroína, mas sei que está errada. Sei que sua agenda de esquerda de longa data ajuda-a a destroçar o país em nome de uma loucura ideológica morta. Sei que é impossível governar um país capitalista com uma cabeça comunista. Isso provoca uma esquizofrenia no poder que se alastra pelas instituições, abrindo as portas para a maior história de corrupção do mundo. E me dói, presidente, vê-la como bode expiatório dos crimes que eles cometeram. Eles abriram mão de suas convicções antigas, mas a senhora segue fiel à sua utopia brizolista enquanto eles a abandonam. O Lula — é sempre bom lembrar — é a pessoa mais nefasta deste país e está tramando contra a senhora, pensando até em arrumar um posto de ministério para ser julgado com foro privilegiado, quando seus malfeitos se revelarem, pois tem medo de ser preso.
Além disso, petistas e aliados perceberam que a senhora está enfraquecida e resolveram ganhar prestígio condenando-a. Todos querem tirar um pedacinho da senhora, pois são ratos abandonando o navio. Eram 400 aliados; hoje, só há 120.
E não adianta dar verbas e cargos para eles; nada os satisfará — vão embolsar a grana e continuar sabotando-a. Inclusive o vergonhoso PSDB traindo a si mesmo, enturmado com a bicanca voraz do Eduardo Cunha e com o cabelinho implantado do Renan, que aprovam projetos-bomba para detoná-la, mesmo que país morra junto. Os dois, investigados pela Lava-Jato, aprovam medidas absurdas para aumentar os gastos públicos e se fortalecerem às custas de seu fracasso.
Sob o som dos panelaços vi sua fala gaguejante no programa do PT, diante da evidência do desgoverno. Suas tentativas de sorrir com simpática despreocupação são constrangedoras, e o povo nota. O país inteiro está contra Vossa Excelência, quando deveria estar contra aqueles que criaram a armadilha em que a senhora caiu. Sua resistência está muito solitária e não basta mais declarar que resiste, como boa guerrilheira que já foi.
Sua renúncia não seria uma humilhação e só abrilhantaria sua imagem futura. A senhora teria reconhecido o perigo que corremos todos, com a devastação da indústria, do comércio e da esperança pública. E a culpa não é toda sua.
Já está disseminado na população um refrão de desapreço à senhora. Já estão lançadas as bases de um impeachment... Sua saída espontânea provaria que a senhora aceita as regras do jogo que perdeu. Quando se contamina a opinião popular, para além da política, a barra pesa. Até mesmo um recôndito machismo ressurge contra uma mulher no governo. “Mulher no volante, perigo constante”, me disse ontem um taxista. Creio que até o Lula nomeou a senhora porque era uma mulher considerada trabalhadeira e obediente a seus interesses, até ele voltar em 2014. Será que ele nomearia um homem que pudesse contestá-lo? Talvez haja por aí um machismo sutil...
Quando o Collor berrou às multidões “Não me deixem só”, todas as caras foram pintadas, talvez até mesmo a da senhora. E no entanto, presidente, a era Collor foi um troco em relação aos bilhões roubados nos últimos 12 anos, por causa da porteira aberta pelo Lula para a invasão da porcada magra ao batatal.
Seu grande erro, presidente, típico de tarefeira militante, foi fazer vista grossa para o despautério à sua volta. Sei como funciona: “Ah... eles são aloprados em nome de uma ‘linha justa’, lutar contra isso seria moralismo pequeno-burguês”. Por isso, a senhora deixou passar negligentemente a compra da refinaria de Pasadena no Conselho de Administração da ex-Petrobras, um dos símbolos intocáveis de sua juventude. Além disso, a senhora está sendo metralhada pelos dois presidentes do Congresso, que aprovam medidas absurdas contra os gastos públicos, para se fortalecerem às custas de seu fracasso.
Hoje o país não tem fins e nem meios. Ninguém sabe mais quais seriam os meios e não sabe com que fins.
As várias reformas que FHC deixou preparadas foram ignoradas e desfeitas e hoje só nos resta o magro ajuste fiscal com que o pobre Levy, como um padre triste, tenta convencer canalhas e cobras criadas que nunca souberam o que é interesse nacional.
Agora, o Temer e Mercadante estão querendo conciliar, mas é tarde demais.
Vem aí a grande manifestação nacional no dia 16, pedindo sua cabeça. E isto é quase um impeachment branco, o que deve lhe provocar uma angústia insuportável. A senhora já esteve doente e tem de proteger sua saúde. Mas, em vez de fazer autocrítica, sua cabeça de guerrilheira teima em resistir até o fim. Se a senhora renunciar, vai ficar mais feliz. A senhora não é Getúlio Vargas. Além disso, sua “resistência” não é apenas uma questão pessoal. Trata-se do país que a senhora governa. A Dilma não é a Dilma — ela é presidente do Brasil sendo desmanchado. Desista Dilma, antes que o carro do país tenha “perda total”.                                                   Fonte:  http://oglobo.globo.com/cultura/dilma-sua-crise-17142467#ixzz3iWjjN5GK