Por THEODIANO BASTOS
Música tem poder de cura e
efeitos positivos imediatos no cérebro, tem o poder de
dissolver as tensões do coração e a violência de emoções sombrias, ensina o I
Ching.
É também a companheira na alegria, o bálsamo nas
dores e serve como refúgio, consolo e deleite. A música oferece, mais que
simples entretenimento, a oportunidade de experimentar sensações profundas e
mergulhar na introspecção. Música é vida interior. E quem tem vida interior,
jamais padece de solidão”, lembrava Artur da Távola.
Toda música tem de ter: melodia, harmonia e ritmo. Ouvir música
requer escuta fina e atenção relaxada.
A música é capaz de reproduzir em sua forma real, a
dor que dilacera a alma e o sorriso que inebria" Ludwig van
Beethoven (1770-1827)
Uma música pode acelerar o ritmo cardíaco ou a respiração. Para se ter
uma ideia, a
música pode expandir vasos sanguíneos, melhorando a circulação, além de reduzir
os níveis de cortisol, que auxilia na redução do estresse”, explica a professora da Escola de Música da Universidade
do Estado de Minas Gerais (Uemg)
Como a música pode ajudar na cura
Há canções ligadas à infância, à juventude, ao primeiro amor, a uma
grande tristeza, ao casamento ao casamento. Todas essas músicas compõem a
memória musical de uma pessoa e podem despertar emoções cruciais para a melhora
de certas condições de saúde.
Isabelle
Raynauld cresceu se sentindo culpada por sua capacidade de ouvir. “Do lado de meu
pai, todas as minhas tias, tios e primos eram surdos. Para mim, era um imenso
privilégio poder ouvir”, explicou a cineasta e professora da Université
de Montréal ao “Montreal Gazette”. Na sua casa havia
música o tempo todo. Seus pais se conheceram em um coral na universidade, sua
mãe tocava piano e seu avô era cantor de ópera. Quando Isabelle sofreu uma
concussão em 2010, ouvir música fazia parte de seu tratamento.
Música tem poder de cura e efeitos positivos imediatos no cérebro, expõe
documentário
A situação
levou Isabelle a pensar e resultou em seu documentário “The Mystical
Brain”, de 2006, sobre estados alterados provocados pela meditação.
Daí, ela começou a se questionar sobre os poderes transformadores da música.
Seu novo
documentário “Tuning the Brain With Music” começou a ser produzido quando ela
recebeu uma bolsa que a auxiliou na busca de exemplos científicos e da vida
real de como a existência humana é afetada positivamente pela música. “Eu
realmente acho que a música é para o cérebro o equivalente de oxigênio para os
pulmões. É algo regenerador, que pode mudar seu humor em cinco minutos sem
efeitos colaterais”, disse a cineasta.
Entre os
entrevistados do filme está Harvey Alter, um ex-criminologista de
Nova York que desenvolveu afasia, perdendo a capacidade de falar após um
derrame em 2003. Ele reaprendeu a falar através do canto. Outro personagem
é Jim Lowther, fundador da Guitars for Vets Canada, que
usa a música para ajudar veteranos do exército a lidar com o Transtorno de
Estresse Pós-Traumático.
Isabelle
teve uma experiência marcante quando se aproximou de Julien
Perrin para conversar com os participantes de seu programa de terapia
musical para jovens sem-teto em Montreal. Antes de se comprometer com qualquer
coisa, Julien pediu que ela participasse dos círculos semanais de bateria. “Eu
realmente gostei daqueles encontros. Eles me curaram também. Muitos desses
jovens têm histórias incríveis – muitos são extremamente talentosos -, mas a
vida não tem lhes dado muitas oportunidades”, lamentou.
O filme
mostra também um programa de musicoterapia para crianças autistas que as ajuda
a se comunicar através de instrumentos e microfones e cantando diariamente.
No Hospital Infantil de Montreal, um musicoterapeuta alivia a dor
de bebês prematuros simplesmente cantando para eles.
“Uma das
coisas que me surpreendeu foi o imediatismo com que a música pode afetar a
ansiedade de uma pessoa e acalmar seus pensamentos”, disse Isabelle. “Os bebês
prematuros podem realmente se acalmar e diminuir a frequência cardíaca. Eu
testemunhei isso em uma sessão de musicoterapia de 20 minutos. Esses bebês
entraram em um estado diferente”, afirmou.
Isabelle
ressalta que o objetivo do filme é encontrar não apenas histórias, mas provas
do que a música faz nas células do corpo e do cérebro. Para isso, ela
entrevistou o neurocientista David Poeppel e também membros do Laboratório
Internacional de Montreal para Pesquisa sobre Cérebro, Música e Som.
“Espero que
o documentário encoraje as pessoas a tomar as coisas com as próprias mãos e
inserir a música em suas vidas, seja cantando, aprendendo um instrumento,
entrando em um coral… ou ouvindo uma música que emocione. A música tem
verdadeiros poderes de cura”, disse Isabelle.
SAIBA MAIS EM: https://veja.abril.com.br/saude/como-a-musica-pode-ajudar-na-cura
E https://www.hypeness.com.br/2020/12/musica-tem-poder-de-cura-e-efeitos-positivos-imediatos-no-cerebro-expoe-documentario/