Por THEODIANO BASTOS
Planalto vê CPI do Crime Organizado com
maior risco político que INSS
Governo teme que oposição consiga monopolizar o
debate no Congresso com segurança pública
CPI do Crime é instalada no Senado; veja
quem são os titulares do colegiado
Fabiano Contarato (PT-ES) será o presidente do
colegiado, Hamilton Mourão (Republicanos-RS), o vice, e Alessandro Vieira
(MDB-SE), o relator
A abertura dos trabalhos da comissão nesta manhã foi
conduzida pelo senador Otto Alencar (PSD-BA), por ser o senador mais velho.
O Palácio do Planalto avalia que a CPI (Comissão
Parlamentar de Inquérito) do Crime Organizado, que será instalada na
terça-feira (4) no Senado, tem potencial de gerar maior desgaste para o governo
Lula do que a própria CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) que
investiga descontos irregulares de aposentados e pensionistas do INSS
(Instituto Nacional do Seguro Social).
O colegiado terá como foco a apuração da atuação de
milícias e de facções criminosas. O anúncio da CPI foi feito na quarta-feira
(29) pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), após a megaoperação
nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos.
Na visão de aliados do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT), a direita vai se agarrar ao tema da segurança pública como última
esperança para frear o crescimento da aprovação da gestão petista.
A preocupação é que a oposição consiga dominar o
Congresso com a pauta do enfrentamento à criminalidade, enquanto o governo quer
seguir explorando temas como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até
5 mil, a escala 6x1 de trabalho, tarifa zero no transporte público e outras
propostas voltadas para a campanha eleitoral de 2026.
Sob reserva, aliados do Planalto admitem que, se o
governo for forçado a falar apenas de segurança pública, tende a perder a
batalha de narrativa para a oposição.
Isso porque o tema é considerado favorável à direita
e, historicamente, negativo para a esquerda, que busca equilibrar a defesa dos
direitos humanos com a ação concreta dos estados no combate ao crime
organizado.
Para tentar evitar que a CPI do Crime Organizado
monopolize a pauta, o Palácio do Planalto traçou uma estratégia para que os
senadores mais combativos da base do governo atuem na comissão. Entre eles, o
líder do governo no Senado, Jacques Wagner (PT-BA), e Rogério Carvalho (PT-SE),
além de parlamentares alinhados ao Planalto, como Otto Alencar (PSD-BA) e
Alessandro Vieira (MDB-SE), que pleiteia a relatoria.
Já a direita deve indicar nomes como os senadores
Flávio Bolsonaro (PL-RJ), Sergio Moro (Podemos-PR) e Marcos do Val
(Podemos-ES).
Como mostrou a CNN Brasil, o PT e o Palácio do
Planalto farão pesquisas para avaliar a percepção da população sobre
a megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha. O objetivo é
orientar o posicionamento do partido e do governo no combate ao crime
organizado.
O presidente Lula também tem sido orientado a evitar falas de improviso sobre segurança pública. O receio
é que eventuais deslizes virem munição para a oposição no debate sobre o
combate ao crime organizado.
Pesquisas feitas após a megaoperação apontam apoio da
população e o crescimento da aprovação do governador Cláudio Castro (PL).
Um levantamento da Genial/Quaest apontou que 64% da população do estado do Rio de Janeiro aprova a
megaoperação policial contra a facção criminosa Comando Vermelho.
Já o Datafolha mostrou que a gestão do governador
Cláudio Castro alcançou o maior índice de aprovação desde 2022. Segundo o
levantamento, 40% dos moradores da capital e da região metropolitana do Rio de
Janeiro avaliam o governo como ótimo ou bom.
SAIBA MAIS EM: https://www.cnnbrasil.com.br/politica/cpi-do-crime-e-instalada-no-senado-veja-quem-sao-os-titulares-do-colegiado/
E https://www.cnnbrasil.com.br/blogs/jussara-soares/politica/planalto-ve-cpi-do-crime-organizado-com-maior-risco-politico-que-inss/
Nenhum comentário:
Postar um comentário