Por THEODIANO BASTOS
Diz José Casado que o Partido dos Trabalhadores
celebra o primeiro ano do retorno de Lula ao Palácio do Planalto empenhado na
organização das eleições municipais de 2024. Venceu cinco das nove disputas
presidenciais realizadas mas continua magro no Congresso, com 13% dos votos no
plenário, e desnutrido de prefeituras: sem nenhuma capital, controla apenas
4,3% dos 5 569 municípios, dois terços deles com menos de 50 000
habitantes.
O PT vive uma crise silenciosa. Semana passada, numa
reunião em São Paulo, antigos e novos dirigentes do partido extravasaram
angústia com a apatia interna, para eles refletida na falta de debate sobre as
alternativas — com ou sem Lula —, sobre o rumo do governo e o futuro das
alianças com bancadas referenciais da direita no Congresso, como as de
Progressistas e Republicanos.
Paira uma espécie de censura, dissimulada, queixou-se
José Dirceu, ex-presidente do PT e chefe da Casa Civil (2003-2005) no primeiro
governo Lula: — Às vezes, você começa a discutir um pouco e fica c... fica com
a sensação de ser inconveniente, indesejado — Nosso governo — disse — tem
problemas de governabilidade, de organização, de avaliação de cada ministério.
Então, precisa fazer uma avaliação. Mas onde se discute isso? Ou não é para
discutir? É pra fazer de conta que está tudo bem?
Bastidores das indicações de Dino e Gonet. A escolha do novo ministro do STF e do novo PGR acontece em meio a uma delicada reacomodação de forças entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário
Nos quatro anos de governo Bolsonaro, os Poderes da
República experimentaram momentos de alta tensão. No papel de político
antissistema, uma caracterização que tem feito eclodir personagens singulares em
várias partes do mundo, o ex-presidente se concentrou em medir forças com o
Congresso e com o Supremo Tribunal Federal. No caso do STF, os embates
incluíram atos de hostilidade com a participação de grupos que defendiam, entre
outros absurdos, o fechamento da instituição — manifestações que contavam com a
simpatia de pessoas importantes do governo como um todo, especialmente os
militares. Em relação ao Parlamento, Bolsonaro seguiu uma outra estratégia.
Para garantir o avanço de seus projetos, o mínimo de estabilidade e afastar a ameaça
de um eventual pedido de impeachment, o presidente abriu mão de algumas
prerrogativas do Executivo, entregando a deputados e senadores cargos na
administração federal e o controle de bilionárias verbas do Orçamento.
Na segunda-feira 27/11, em um desses movimentos, o presidente Lula anunciou a indicação do ministro da Justiça Flávio Dino para o STF e do subprocurador Paulo Gonet para o cargo de procurador-geral da República.
SAIBA
MAIS EM: https://veja.abril.com.br/brasil/o-jogo-entre-poderes-nos-bastidores-das-indicacoes-de-dino-e-gonet/
RUBENS PONTES, Capim Branco Região metropolitqana de BH, comenta aos 101 anos de idade: Blefes tem caracterizado muitas dessas jogadas. Quem, afinal, guarda as "cartas nas mangas"? O melhor (ou o pior?) mesmo é aguardar o desdobramento de um jogo que é muito mais de truco do que de xadrez... Theodiano Bastos nos dirá, via Periscópio.
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