domingo, 10 de dezembro de 2023

JOGOS DE PODER ENTRE O EXECUTIVO, LEGISLATIVO E JUDICIÁRIO

 

Por THEODIANO BASTOS

Diz José Casado que o Partido dos Trabalhadores celebra o primeiro ano do retorno de Lula ao Palácio do Planalto empenhado na organização das eleições municipais de 2024. Venceu cinco das nove disputas presidenciais realizadas mas continua magro no Congresso, com 13% dos votos no plenário, e desnutrido de prefeituras: sem nenhuma capital, controla apenas 4,3% dos 5569 municípios, dois terços deles com menos de 50000 habitantes.

O PT vive uma crise silenciosa. Semana passada, numa reunião em São Paulo, antigos e novos dirigentes do partido extravasaram angústia com a apatia interna, para eles refletida na falta de debate sobre as alternativas — com ou sem Lula —, sobre o rumo do governo e o futuro das alianças com bancadas referenciais da direita no Congresso, como as de Progressistas e Republicanos.

Paira uma espécie de censura, dissimulada, queixou-se José Dirceu, ex-­presidente do PT e chefe da Casa Civil (2003-2005) no primeiro governo Lula: — Às vezes, você começa a discutir um pouco e fica c... fica com a sensação de ser inconveniente, indesejado — Nosso governo — disse — tem problemas de governabilidade, de organização, de avaliação de cada ministério. Então, precisa fazer uma avaliação. Mas onde se discute isso? Ou não é para discutir? É pra fazer de conta que está tudo bem?

Bastidores das indicações de Dino e Gonet. A escolha do novo ministro do STF e do novo PGR acontece em meio a uma delicada reacomodação de forças entre o Executivo, o Legislativo e o Judiciário

Nos quatro anos de governo Bolsonaro, os Poderes da República experimentaram momentos de alta tensão. No papel de político antissistema, uma caracterização que tem feito eclodir personagens singulares em várias partes do mundo, o ex-presidente se concentrou em medir forças com o Congresso e com o Supremo Tribunal Federal. No caso do STF, os embates incluíram atos de hostilidade com a participação de grupos que defendiam, entre outros absurdos, o fechamento da instituição — manifestações que contavam com a simpatia de pessoas importantes do governo como um todo, especialmente os militares. Em relação ao Parlamento, Bolsonaro seguiu uma outra estratégia. Para garantir o avanço de seus projetos, o mínimo de estabilidade e afastar a ameaça de um eventual pedido de impeachment, o presidente abriu mão de algumas prerrogativas do Executivo, entregando a deputados e senadores cargos na administração federal e o controle de bilionárias verbas do Orçamento.

Na segunda-feira 27/11, em um desses movimentos, o presidente Lula anunciou a indicação do ministro da Justiça Flávio Dino para o STF e do subprocurador Paulo Gonet para o cargo de procurador-geral da República.                                                                              

SAIBA MAIS EM: https://veja.abril.com.br/brasil/o-jogo-entre-poderes-nos-bastidores-das-indicacoes-de-dino-e-gonet/

Um comentário:

  1. RUBENS PONTES, Capim Branco Região metropolitqana de BH, comenta aos 101 anos de idade: Blefes tem caracterizado muitas dessas jogadas. Quem, afinal, guarda as "cartas nas mangas"? O melhor (ou o pior?) mesmo é aguardar o desdobramento de um jogo que é muito mais de truco do que de xadrez... Theodiano Bastos nos dirá, via Periscópio.

    ResponderExcluir