Sequelas psíquicas da pandemia serão dramáticas, diz psicanalista da USP https://www.youtube.com/watch?v=Au0yjJhJcb0
IDOSOS, Como a família pode ajudar neste momento?
É só não esquecer deles, mantê-los conectados a distância, demonstrar afeto, colocá-los em contato com os jovens, conversar amenidades, entretê-los de forma empática e criativa, combater a solidão e o desamparo.”
Quais são os principais sintomas psicológicos que podem aparecer
em momentos como esse de pandemia e quarentena que estamos vivendo?
Os sintomas psicológicos estarão relacionados com as fases da
epidemia. A primeira fase é caracterizada por uma mudança radical de estilo de
vida. A primeira reação é a do medo de ser contaminado pelo vírus invisível que
se aproxima. As dificuldades começam a surgir com a necessidade da redução e
distanciamento do contato físico. Para nós latinos não é nada fácil deixar de se
abraçar e de se tocar. É difícil mudar comportamentos, mas precisamos nos
policiar para evitar os abraços e beijinhos. A primeira reação é de estresse
agudo relacionado com a pandemia que ocasiona uma circunstância súbita e
inesperada. O foco de apreensão é o medo de ser contaminado, o que não difere
muito de situações traumáticas como um desabamento ou terremoto. A epidemia é,
portanto, um forte fator de estresse que, por sua vez, é fator causal de
desequilíbrios neurofisiológicos. Os profissionais de saúde são os mais
vulneráveis pelo maior risco de contaminação. A persistência e o prolongamento
destes desequilíbrios hormonais, inflamatórios e neuroquímicos podem
desencadear um transtorno mental mais grave. A segunda fase da epidemia está
relacionada com o confinamento compulsório, que exige uma forçada mudança de
rotina. Nesta fase, são comuns as manifestações de desamparo, tédio e raiva
pela perda da liberdade. É uma reação de ajustamento situacional caracterizado
por ansiedade, irritabilidade, e desconforto em relação à nova realidade. Estas
reações são esperadas e preocupam do ponto de vista da saúde mental quando
passam a afetar a funcionalidade do indivíduo. A terceira fase está relacionada
com as possíveis perdas econômicas e afetivas decorrentes da epidemia. As
pessoas confinadas terão perdas econômicas importantes. As pessoas que forem
internadas vão passar por uma experiência traumática principalmente aqueles que
exigem intubação e tratamento intensivo. Elas têm uma experiência próxima da
morte, sendo as sequelas mais importantes a depressão e risco de suicídio e o
desenvolvimento posterior do estresse pós-traumático.
É só não esquecer deles, mantê-los conectados a distância, demonstrar afeto, colocá-los em contato com os jovens, conversar amenidades, entretê-los de forma empática e criativa, combater a solidão e o desamparo.”
Rubens Pontes, Capim Branco/MG:
ResponderExcluirPode não ser fácil, mas é solução.