Rêgo Barros: "A soberba lhe cai como veste. Infelizmente, o poder inebria, corrompe e destrói!"
Em artigo publicado
no Correio Braziliense, o general Otávio do Rêgo Barros, que foi porta-voz de
Jair Bolsonaro até o início do mês, faz duras críticas à mudança de
comportamento do presidente da República, que optou por cercar-se de
“seguidores subservientes” a ter de enfrentar a “discordância leal”.
Sem citar o nome de
Bolsonaro uma única vez (como se fosse necessário), o general lembra que
os generais romanos sempre traziam junto de si escravos cuja missão era
“sussurrar incessantemente aos ouvidos vitoriosos: ‘Memento Mori!’ — lembra-te
que és mortal!”.
Não é o caso de
Bolsonaro, cuja “audição seletiva acolhe apenas as palmas”. “A soberba lhe
cai como veste”, escreve o militar. Segundo ele, é “doloroso perceber que os
projetos apresentados nas campanhas eleitorais são meras peças publicitárias”.
“Valem tanto quanto uma nota de sete reais.”
No artigo, Rêgo
Barros critica indiretamente também os colegas de farda que se calam diante dos
abusos que são cometidos, apenas para manter seus cargos.
“Alguns deixam de ser
respeitados. Outros, abandonados ao longo do caminho, feridos pelas intrigas
palacianas. O restante, por sobrevivência, assume uma confortável mudez. São
esses, seguidores subservientes que não praticam, por interesses pessoais, a
discordância leal.”
Além do diagnóstico,
o general faz um alerta. Segundo ele, “as demais instituições dessa república —
parte da tríade do poder — precisarão blindar-se contra os atos indecorosos,
desalinhados dos interesses da sociedade, que advirão como decisões do
‘imperador imortal'”.
“Deverão ser firmes,
não recuar diante de pressões. A imprensa, sempre ela, deverá fortalecer-se na
ética para o cumprimento de seu papel de informar, esclarecendo à população os
pontos de fragilidade e os de potencialidade nos atos do César.”
“Os
líderes atuais, após alcançarem suas vitórias nos coliseus eleitorais, são
tragados pelos comentários babosos dos que o cercam ou pelas demonstrações
alucinadas de seguidores de ocasião. É doloroso perceber que os projetos
apresentados nas campanhas eleitorais, com vistas a convencer-nos a depositar
nosso voto nas urnas eletrônicas, são meras peças publicitárias, talhadas para
aquele momento. Valem tanto quanto uma nota de sete reais.
Tão
logo o mandato se inicia, aqueles planos são paulatinamente esquecidos diante
das dificuldades políticas por implementá-los ou mesmo por outros mesquinhos
interesses. Os assessores leais — escravos modernos — que sussurram os
conselhos de humildade e bom senso aos eleitos chegam a ficar
roucos. Alguns deixam de ser respeitados. Outros, abandonados ao longo do
caminho, feridos pelas intrigas palacianas. O restante, por sobrevivência,
assume uma confortável mudez. São esses, seguidores subservientes que não
praticam, por interesses pessoais, a discordância leal.
Sem
críticos por perto, ressalta o general, “a autoridade muito rapidamente
incorpora a crença de ter sido alçada ao olimpo por decisão divina, razão pela
qual não precisa e não quer escutar as vaias. Não aceita ser contradita.
Basta-se a si mesmo. Sua audição seletiva acolhe apenas as palmas. A soberba
lhe cai como veste. Vê-se sempre como o vencedor na batalha de Zama, nunca como
o derrotado na batalha de Canas. Infelizmente, o poder inebria, corrompe e
destrói!
(…)
As
demais instituições dessa república — parte da tríade do poder — precisarão,
então, blindar-se contra os atos indecorosos, desalinhados dos interesses da
sociedade, que advirão como decisões do “imperador imortal”. Deverão ser
firmes, não recuar diante de pressões. A imprensa, sempre ela, deverá fortalecer-se
na ética para o cumprimento de seu papel de informar, esclarecendo à população
os pontos de fragilidade e os de potencialidade nos atos do César.
A
população, como árbitro supremo da atividade política, será obrigada a demarcar
um rio Rubicão cuja ilegal transposição por um governante piromaníaco será
rigorosamente punida pela sociedade. Por fim, assumindo o papel de escravo
romano, ela deverá sussurrar aos ouvidos dos políticos que lhes mereceram seu
voto: — “Lembra-te da próxima eleição!”
Ivan Bastos, Vitória/ES: Lamentavelmente nossas lideranças politicas NÃO pensam em construir um NOVO País.
ResponderExcluirSem exceção todos pensam da mesma forma
"Aos amigos, parentes, coligados TUDO aos inimigos a Lei"
Como brasileiro procuro ficar lúcido e coerente com o que penso e o que vejo neste momento.
Sou otimista e meu voto é coerente e fundamentado em ficha limpa. Eu pesquiso.
E não me curvo aos devaneios que vemos por ai...
E vamo que vamo...