quarta-feira, 22 de novembro de 2017

FRANS KRAJCBERG, MANIFESTO DO RIO NEGRO



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MANIFESTO DO RIO NEGRO,                                                                       por Theodiano Bastos

 
Do naturalismo Integral

    Com muito prazer e honra recebemos do Sr. Frans Krajcberg todo o relato de sua excursão  pelo  Rio  Negro, (em 1978),  em  companhia de Pierre Restany (critico de arte em Paris) e Sepp Baenderek nascido na Iugoslávia  e naturalizado  brasileiro,  como o e o Sr.  Krajcberg, nascido na Polônia e que reside numa bela mansão construída pelo arquiteto Zanini na praia de Nova  Viçosa/BA.
   
    Segundo o "Manifesto do Rio Negro" divulgado, o Amazonas constitui-se hoje em dia, sobre o nosso planeta, num "último reser­vatório" refúgio da natureza integral. Pregando o naturalismo integral, os Srs. Krajcberg, escultor e naturalista, Pierre Restany, crítico globetrotter francês e Sepp, pintor de renome internacional, dizem que o naturalismo integral é alérgico a todo tipo de poder ou de metáfora de poder. 0 único  poder  que  ele reconhece  é o poder purificador e catártico, da imaginação a serviço da sensibilidade; e jamais  o poder  abusivo da sociedade. Esse naturalismo  é de ordem
individual, pregam.

A opção naturalista não se limita a exprimir o medo do homem frente ao perigo que a natureza enfrenta pelo excesso de civilização industrial e urbana. Ela traduz o advento de um estado global da percepção, a passagem individual para a consciência planetária. Nós vivemos uma época de balanço dobrado, dizem, ao final do século se junta o final do milênio com todas as transferências de tabus e da paranoia coletiva que essa recorrência temporal implica a come<;ar pela transferência do medo do ano 1000 para  o ano 2000, o átomo no lugar da peste.





Retomo as Origens

    Nós vivemos, assim, uma época de balanço. Balanço do nosso passado aberto para o futuro. Nosso primeiro Milênio deve anunciar o Segundo. Nossa civilização judeu cristã deve preparar sua Segunda Renascença.
    A volta ao idealismo em pleno século XX supermaterialista, a volta do interesse pela História das religiões e a tradição do ocultis­mo, a procura cada vez maior por novas iconografias simbolistas: todos esses sintomas são consequência de um processo de desma­terialização do objeto, iniciado em 1966, e que e O fenômeno maior da hist6ria da arte contemporânea no Ocidente.
   Pregam a necessidade de se lutar contra a pior das poluições que é a poluição dos sentidos e do cérebro.


Choque da Amazônia

    Sepp: Eu tenho guardado desde a minha infância uma grande sensibilidade para  os rios. Passei  a minha juventude  à beira  de três rios,  o Danúbio, o Drave e o Sava. Foi nesses rios que pintei as minhas primeiras aquarelas. Só conheci o mar bem mais tarde, e ele se tornou para mim uma espécie de transição afetiva para    Amazônia.

   A água é o mistério: e a floresta a sua continuação: o mistério da vida  e da morte. Mistério  fundamental,  exaltado  pela  natureza  da Amazônia..  0  correr  contínuo  das  águas  dos rios, suas  alternantes subidas nas chuvas e descidas nas  secas correspondem na unidade destes fluxos ao ciclo biológico da selva: cipós asfixiando as árvores que os suportam, rebentos de plantas que repousam sobre a podridão dos troncos mortos, o cultivo das roças sobre as cinzas das queimadas tornando-se pastagem.

    Frans: Eu sou também sensível ao choque causado pelos con­trastes da natureza e a grandeza destas paisagens. Porém, o que mais me choca, acima de tudo, é esta natureza  como um ambiente global, que inclui as árvores e os homens, as plantas e os animais, a agua  e o céu. A nossa visão anêmica da civilização urbana é tão débil em comparação ao dado objetivo do Rio Negro. A Natureza aqui e geradora dum espao-tempo global e autônomo. 0 homem e o animal são totalmente integrados no contexto natural. 0 índio. e o caboclo vivem como plantas. Mas a sociedade aniquila o individuo.

    Pierre Restany: 0 homem de hoje realizou um esforço imenso para se integrar na natureza urbana ao criar uma arte que corres­ponde as motivações essenciais do senso moderno da natureza e da civilização consequente da segunda revolução industrial. Por que ele não será capaz de se integrar na imensidade global da natureza pura?

Sepp: Não somente para que ele mesmo se renove sensualmente, mas também para preservar esta natureza, ameaçada pelo homem da cidade num menor ou maior espaço de tempo.

Fonte: livro A PROCURA DO DESTINO, autor Theodiano Bastos https://www.amazon.com.br/dp/B01GCWLGFM










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