Foi o próprio governo Lula que armou a baderna do 8
de janeiro
Marco Gonçalves Dias, chefe do GSI, foi promovido a
general durante o governo Lula e cuidou da segurança do presidente desde 2003.
A verdade começou, finalmente, a aparecer. Depois de
três meses de esforços desesperados, por parte do presidente Lula, do seu
sistema de apoio e do Supremo Tribunal Federal, para esconder essa verdade da
população, a casa caiu e os fatos vieram à luz do dia. Não demorou, quando se
pensa com alguma frieza sobre o assunto; eles queriam ocultar essa verdade para
sempre, e não conseguiram aguentar muito mais que 90 dias. Também foram
incompetentes, pois seu grande plano não deu certo. Não há dúvida nenhuma,
enfim, sobre o que houve.
As imagens gravadas, e publicadas no maior furo
jornalístico da CNN desde que iniciou as suas atividades no Brasil, mostram o
general Gonçalves Dias, homem da confiança pessoal de Lula, em atitude de
colaboração com os invasores que vandalizaram o Palácio do Planalto no dia 8 de
janeiro. A “tentativa de golpe” e os “atos terroristas” contra os edifícios dos
Três Poderes em Brasília foram feitos com a participação, ou com o incentivo,
ou com a cumplicidade, de agentes do próprio governo. É por isso que Lula e o
PT passaram os últimos meses lutando com tanta ferocidade para impedir a CPMI
que a oposição quer abrir – e agora vai abrir – sobre o que realmente aconteceu
naquele dia.
Não estamos diante de mais um “equívoco”, uma
“avaliação errada”, ou um “acidente”. O que está se vendo, com provas, é um
ataque direto à democracia.
Desde o começo essa história toda pareceu
esquisitíssima. Tentativa de “golpe militar”? Não poderia ser: as Forças
Armadas estavam a favor de Lula e contra os manifestantes – a prova é que
mentiram para eles e se juntaram à polícia para enfiar na cadeia quem estava na
frente dos quartéis em Brasília. É o exato contrário: as imagens gravadas
mostram um general do Exército, e chefe supremo dos serviços de segurança do
governo, circulando passivamente no meio dos invasores, enquanto seus subordinados
ofereciam a eles cortesias e garrafas de água. Os crimes cometidos no dia 8 de
janeiro não interessavam à oposição, nem “ao Bolsonaro”. Serviam apenas para
Lula se fazer de vítima e jogar a mídia numa frenética tempestade de denúncias
contra a “direita” – e a favor da repressão cada vez mais ilegal que o STF,
transformado em delegacia de polícia, faz contra os acusados em seus
inquéritos.
Com a revelação da verdade, até agora escondida como
um segredo de Estado, as coisas se explicam: foi o próprio governo, com a
participação direta de militares que estão ao seu serviço e juram todos os dias
que defendem a “legalidade”, quem armou a baderna do 8 de janeiro. Está provado
no mínimo que foi omisso, não fez nada para evitar as invasões (embora soubesse
com antecedência que elas iriam acontecer) e tinha um efetivo ridículo para
cumprir o seu dever de defender os edifícios atacados. Dá na mesma, em termos
práticos.
Os crimes cometidos no dia 8 de janeiro não
interessavam à oposição, nem “ao Bolsonaro”. Serviam apenas para Lula se fazer
de vítima.
Tudo fica ainda mais claro quando se verifica que o
general foi demitido do cargo no dia em que a CNN publicou os vídeos. Se não
fez nada de errado, por que raios foi demitido? E se era culpado, o que estava
fazendo dentro do Palácio do Planalto durante esse tempo todo? Não há saída
para isso; é xeque-mate. O governo, o PT e os seus militantes na mídia, como
fazem em 100% de histórias como essa, desde o primeiro flagrante em que Lula
foi pego, estão tentando dar a desculpa sempre absurda de que ele “não sabia”
de nada. Se não sabia, por que passou quase todo o seu governo lutando de modo
tão furioso para impedir a CPMI? Vendeu cargos, fez ameaças, usou o presidente
do Senado como um serviçal para violar prazos e deveres legais, na tentativa de
enterrar a comissão. Agora, depois dos vídeos, quer fugir. Não convence uma
criança de dez anos de idade.
Tão mal quanto Lula, seu governo e os militares fica
o STF. O ministro Alexandre Moraes, no momento mais destrutivo que a Justiça
brasileira já viveu em sua história, prendeu 1.400 pessoas pelas invasões em
Brasília, mantém até hoje 200 delas encarceradas e começou um espantoso
julgamento dos acusados por “lotes” de 100 ou 200 pessoas de cada vez – coisa
que simplesmente não existe em nenhuma lei conhecida no mundo. Os advogados,
para efeitos práticos, estão impedidos de defender os seus clientes. Pessoas
que nem estavam no local dos crimes foram presas, são obrigadas a usar
tornozeleiras e já cumpriram – antes mesmo de serem julgadas – mais da metade
da pena máxima prevista para o delito de que são acusadas.
Muitos fizeram exatamente o que o general Gonçalves
Dias foi flagrado fazendo – deram um passeio pelo Palácio do Planalto, com
bandeira do Brasil nas costas, no dia 8 de janeiro. Na injustiça mais
escandalosa de todas, o ex-secretário de Segurança de Brasília, que estava nos
Estados Unidos no dia dos crimes, está preso há três meses – e o general de
Lula, que estava dentro do palácio, está solto, ou esteve solto durante esse
tempo todo.
Como sustentar, por três minutos, que alguma coisa
dessas seja legal? Como sustentar, sequer, que sejam lógicas? O ministro
Alexandre, como Lula, também vai dizer que “não sabia” dos vídeos, nem das
omissões, nem de nada? Não estamos, como diz a maioria da mídia, diante de mais
um “equívoco”, uma “avaliação errada”, ou um “acidente”. O que está se vendo,
com provas, é um ataque direto à democracia. FONTE: https://twitter.com/jrguzzofatos/status/1650822426245185537?t=qtVuz8TKwaYY1HjlSBWjOw&s=08
J.R.Guzzo é jornalista. Começou sua carreira como
repórter em 1961, na Última Hora de São Paulo, passou cinco anos depois para o
Jornal da Tarde e foi um dos integrantes da equipe fundadora da revista Veja,
em 1968.