domingo, 6 de março de 2022

ELEIÇÃO PRESIDENCIAL: DECISÕES EM MAIO

João Dória, Moro e Simone Tebet firmaram um pacto; estarão unidos na eleição. O cabeça de chapa será decidido até 31 de maio.  

União Brasil, MDB e PSDB também pretendem estarem unidos em torno de um candidato e as tratativas foram concluídas.

Se nada der errado, estarão jutos nas urnas em outubro.

sábado, 5 de março de 2022

O SENHOR DA GUERRA

 



 

EM 2014, quando a Rússia anexou a península da Crimeia, ao sul da Ucrânia, a chanceler alemã Angela Merkel definiu Vladimir Putin como “um líder que usa métodos do século XIX no século XXI”. Em outros termos: recorre a recursos bélicos e nacionalismo em tempo de leis e globalização. Agora, é acusado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e pelo primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, de querer deflagrar “a maior guerra na Europa desde 1945”. Há algum exagero nessa acusação, talvez não se chegue a um conflito dessa dimensão, e mesmo com tiros já disparados sempre haverá algum espaço — mínimo que seja — para a diplomacia. Contudo, convém sempre lembrar que o autocrático líder russo reza pela cartilha da célebre máxima do militar prussiano Carl von Clausewitz (1790-1831): “A guerra é a continuação da política por outros meios”. A Rússia do neoczar vê a nação ucraniana como extensão de sua própria e não admite o ingresso do país vizinho na Otan, a aliança militar da Guerra Fria que se opunha ao Pacto de Varsóvia. Do outro lado, os americanos, como em todo balé geopolítico, se alinham com a Ucrânia para fazer valer sua influência naquela porção do planeta.

O comportamento agressivo de Putin é tudo o que o mundo menos precisava agora, em tempos de pandemia e de extrema polarização ideológica. As guerras começam com estrondo, mas seus efeitos não cessam num piscar de olhos, como um disparo de pólvora — costumam ser duradouros e insidiosos. Um modo de enxergar os danos que provocam, para além das vidas perdidas, claro, é entendê-las do ponto de vista econômico, cujos resultados cruzam oceanos, como peças de dominó derrubadas. Não custa lembrar que, antes mesmo da declaração de fogo, os mercados já reagiram, com investimentos congelados e o aumento do preço de uma série de commodities. Na terça-feira 22, o barril de petróleo chegou a 100 dólares, o maior valor em sete anos. O custo do gás na Europa também teve salto, na ordem de 13%. A explicação é simples: a Rússia supre mais de um terço do gás consumido pelos europeus e boa parte dele passa por gasodutos na Ucrânia. Pode haver outros sobressaltos, como mostra a reportagem a partir da página 40, também como resposta às sanções que algumas nações do Ocidente anunciam impor à Rússia.

Nesse jogo político, é importante levar em conta a teimosia de Putin. Desde a invasão da Crimeia, há oito anos, as sanções fizeram com que os russos perdessem 100 bilhões de dólares, arrocho insuficiente para frear os anseios expansionistas do presidente megalômano. Tudo indica que, uma vez mais, não haverá recuo completo — ainda que as negociações diplomáticas possam trazer algum alívio. A questão, agora, é saber até que ponto Putin manterá a pressão. É o caso de prestar atenção a uma declaração dúbia e irônica dita por ele em 2005, em raciocínio inspirado em Winston Churchill sobre o comunismo: “Aquele que não lamenta o fim da União Soviética não tem coração, mas quem quer restaurá-la não tem cérebro”. Tal afirmação permite entender a ambiguidade do projeto. Em seu íntimo, ele deseja uma volta aos tempos de superpotência. Na prática, sabe que não será tão fácil. Enquanto testa os limites do Ocidente impulsionado pela nostalgia do passado, Putin afeta o humor e a economia globais, acrescentando doses desnecessárias de drama a dias tão difíceis como os de agora, emoldurados pela Covid-19. Uma pena.

Boa leitura,
Mauricio Lima
Diretor de Redação de Veja

 

sexta-feira, 4 de março de 2022

PUTIN ROMPE TRATADO DE BUDAPESTE

 

Por THEODIANO BASTOS

Por que Ucrânia abriu mão de arsenal nuclear nos anos 1990

Durante a Guerra Fria, a terceira maior potência nuclear do planeta não era o Reino Unido, a França ou a China, mas sim a Ucrânia. E com o colapso da União Soviética (URSS) em 1991, a nação recém-independente herdaria cerca de 3.000 armas nucleares deixadas por Moscou em seu território.

Acordo em Budapeste

Nos anos 1990, a Ucrânia decidiu abrir mão das armas nucleares deixadas em seu território em troca de segurança e reconhecimento como país independente. Tudo foi acordado por meio do Memorando de Budapeste, um acordo assinado entre o governo ucraniano, a Rússia, o Reino Unido e os Estados Unidos após o fim da URSS.

 

Três décadas depois, a Ucrânia está totalmente desnuclearizada. E o tema volta à tona agora que o país se encontra em uma posição delicada após a invasão territorial comandada pelo Kremlin, que ameaça reagir a qualquer tentativa de interferência das potências da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no confronto.

Mas o que aconteceu nas últimas décadas para que a Ucrânia passasse de uma das maiores potências nucleares do mundo para um país invadido por seu maior vizinho?

Além disso, a presença dessas armas em território ucraniano teria ajudado a evitar a invasão? Há um risco de conflito nuclear na atual guerra? E por fim, a Ucrânia tem tentado possuir armamento nuclear, como acusa a Rússia? 

À medida que os combates se intensificam na Ucrânia, duas versões da realidade subjacente ao conflito apresentam uma divisão profunda, sem conceder qualquer fundamento à outra.

A visão mais difundida e familiar no Ocidente, particularmente nos Estados Unidos, é que a Rússia é e sempre foi um estado expansionista, e seu atual presidente, Vladimir Putin, é a personificação dessa ambição russa essencial: construir um novo império russo.

"Isso foi... sempre sobre agressão pura, sobre o desejo de Putin por um império a qualquer custo", disse o presidente americano, Joe Biden, em 24 de fevereiro de 2022.

A visão oposta argumenta que as preocupações de segurança da Rússia são de fato genuínas — e que a expansão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) para o leste é vista pelos russos como direcionada contra seu país.

Putin deixou claro por muitos anos que, se continuada, a expansão provavelmente enfrentaria uma séria resistência por parte dos russos, inclusive uma ação militar.

 

Fim do Talvez também te interesse

Esta perspectiva não é apenas dos russos; alguns especialistas influentes em política externa americana também compartilham dela.

Entre outros, o diretor da CIA do governo Biden, William J. Burns, vem alertando sobre o efeito provocador da expansão da Otan na Rússia desde 1995.

Foi quando Burns, então comissário político da embaixada dos EUA em Moscou, informou a Washington que "a hostilidade à expansão inicial da Otan é quase universalmente sentida em todo o espectro político interno aqui".

Otan avança em direção à Rússia

A Otan é uma aliança militar que foi formada pelos EUA, Canadá e várias nações europeias em 1949 para conter a URSS e a expansão do comunismo.

Agora, a visão no Ocidente é que não é mais uma aliança antirrussa, mas sim uma espécie de acordo de segurança coletiva destinado a proteger seus membros de agressões externas e promover a mediação pacífica de conflitos dentro da aliança.

Reconhecendo a soberania de todos os estados e seu direito de se aliar com o estado que desejarem, a Otan aceitou ao longo do tempo solicitações das democracias europeias para aderir à aliança.

 

A visão ocidental é que o Kremlin deve entender e aceitar que as atividades da aliança, entre elas simulações de guerra repletas de tanques americanos encenadas em estados bálticos próximos e foguetes posicionados na Polônia e na Romênia — que os EUA dizem serem direcionados ao Irã — não representam de nenhuma forma uma ameaça à segurança russa.

Várias advertências sobre a reação da Rússia

A elite russa e a opinião pública em geral há muito tempo se opõem a tal expansão, ao posicionamento de foguetes americanos na Polônia e na Romênia e ao armamento da Ucrânia com arsenal ocidental.

Quando o governo do presidente americano Bill Clinton tomou medidas para incluir a Polônia, a Hungria e a República Tcheca na Otan, Burns escreveu que a decisão era "prematura, na melhor das hipóteses, e desnecessariamente provocativa, na pior".

"Enquanto os russos se consumiam em ressentimento e se sentiam em desvantagem, uma crescente tempestade de teorias de 'punhaladas pelas costas' rodopiava lentamente, deixando uma marca nas relações da Rússia com o Ocidente que perduraria por décadas", completou.

Em junho de 1997, 50 especialistas renomados em política externa assinaram uma carta aberta a Clinton, dizendo: "Acreditamos que o atual esforço liderado pelos EUA para expandir a Otan… é um erro político de proporções históricas" que "perturbaria a estabilidade europeia".

Em 2008, Burns, então embaixador americano em Moscou, escreveu à secretária de Estado, Condoleezza Rice: "A entrada da Ucrânia na Otan é a mais brilhante de todas as linhas vermelhas estabelecidas pela elite russa (não apenas Putin). Em mais de dois anos e meio de conversas com os principais atores russos, desde aqueles que se escondem nos recantos sombrios do Kremlin aos críticos liberais mais ferrenhos de Putin, ainda não encontrei ninguém que veja a Ucrânia na Otan como algo além de um desafio direto aos interesses russos".

 

É de se perguntar — como fez o diplomata americano George F. Kennan, o pai da doutrina de contenção da Guerra Fria que alertou contra a expansão da Otan em 1998 —, se o avanço da Otan para o leste aumentou a segurança dos estados europeus ou os tornou mais vulneráveis.

* Ronald Suny é professor de história e ciência política na Universidade de Michigan, nos EUA.

Este artigo foi publicado originalmente no site de notícias acadêmicas The Conversation e republicado aqui sob uma licença Creative Commons. Leia aqui a versão original (em inglês). ps://www.bbc.com/portuguese/internacional-60532668

 

 

 

quinta-feira, 3 de março de 2022

DESTRUIÇÃO MÚTUA IMPEDE A GUERRA NUCLEAR

 


Por THEODIANO BASTOS

 

Para entender o poder das armas de destruição em massa, basta dizer que uma ogiva nuclear moderna equivale a centenas - às vezes milhares - de bombas atômicas como as que foram lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, na Segunda Guerra Mundial.

bomba atômica alimentou a teoria da destruição mútua assegurada.

Destruição mútua assegurada — tradução do inglês mutual assured destruction ou, abreviadamente, MAD ('louco') — é uma doutrina de estratégia militar onde o uso maciço de armas nucleares por um dos lados iria efetivamente resultar na destruição de ambos - atacante e defensor. É baseada na teoria da intimidação, através da qual o desenvolvimento de armas cada vez mais poderosas é essencial para impedir que o inimigo use as mesmas armas.

A doutrina assume que cada lado tem armamento suficiente para destruir o outro lado e a ele mesmo, se atacado por qualquer razão, e que retaliaria com uma força igual ou maior. O resultado esperado é uma escalada imediata resultando na total destruição de ambos os combatentes. Assume-se, de uma forma geral, que a cinza nuclear ou o inverno nuclear resultante de uma guerra nuclear de larga escala traria a devastação do planeta, embora esta não seja uma premissa crítica da teoria da destruição mútua assegurada.[carece de fontes]

A doutrina ainda assume que nenhum dos lados se atreveria a lançar o primeiro ataque porque o outro lado lançaria mão de defesa preventiva com suas forças, resultando na destruição de ambas as partes. O custo desta doutrina é uma paz estável, mas bastante tensa.[carece de fontes]

A aplicação primária desta doutrina teve início durante a Guerra Fria (dos anos 50 aos anos 90) onde a destruição mútua assegurada foi vista como agente preventivo de conflitos diretos de larga escala entre os dois blocos de superpotências, que se mantiveram em guerras proxy de menor escala ao redor do mundo. A teoria também tomou parte na corrida armamentista, onde ambas as nações se esforçavam para manter uma paridade em termos de armamento nuclear, ou pelo menos conter um contra-ataque. Embora a Guerra Fria tenha acabado no início dos anos 90, e em 2007 os Estados Unidos e a Rússia (antiga União Soviética) estão em situação diplomática relativamente cordial, a doutrina da destruição mútua assegurada certamente continua forte, embora tenha perdido espaço nos discursos públicos.

Proponentes da destruição mútua assegurada, como parte da estratégia dos EUA e da URSS, acreditavam que era melhor evitar a guerra nuclear

https://pt.wikipedia.org/wiki/Destrui%C3%A7%C3%A3o_m%C3%BAtua_assegurada E                                                                                                             https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2022/03/01/entenda-por-que-americanos-nao-estao-em-alerta-com-a-ameaca-nuclear-de-vladimir-putin.ghtml

RÚSSIA RECONHECE ZELENSKY COMO LIDER DA UCRÃNIA E NEGOCIAÇÕES PROSSEGUEM

 

TROPAS RUSSAS CERCAN KIEV

Rússia reconhece Zelensky como líder da Ucrânia e diz estar pronta para negociar

No oitavo dia de guerra, as tropas russas se posicionaram perto de Kiev, capital da Ucrânia, nesta quinta-feira (3) – assista acima ao vivo a cobertura especial da CNN. Segundo o Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos, os russos estão “parados” para um reagrupamento antes de uma possível invasão da capital, ou enfrentando desafios como falta de suprimentos ou resistência de civis.

Apesar dos avanços das forças russas, as autoridades de ambos os lados esperam discutir um possível cessar-fogo. Delegações de Rússia e Ucrânia se reúnem nesta quinta-feira (3) pela segunda vez em Belarus para continuar as negociações em busca de resolução para o conflito.

Segundo um dos negociadores da Ucrânia, Davyd Arakhamia, Kiev planeja discutir a viabilidade de corredores humanitários — que não seriam alvos de ataques russos e servem para a passagem de refugiados e recursos — antes de qualquer outra questão.

A primeira conversa entre as delegações após o início dos ataques ocorreu na segunda-feira (28) e teve duração de cinco horas, mas terminou sem um avanço. Na terça-feira (1º), o presidente Volodymyr Zelensky disse que a Rússia deveria parar o bombardeio de cidades ucranianas antes que as negociações pudessem ocorrer.Rússia reconhece Zelensky como líder da Ucrânia e diz estar pronta para negociar

Rússia reconhece Zelensky como líder da Ucrânia e diz estar pronta para negociar

Os russos assumiram o controle de Kherson, uma cidade estrategicamente importante em uma enseada do Mar Negro com uma população de quase 300 mil habitantes. O prefeito de Kherson, Ihor Kolykhaiev, declarou na quarta-feira (2) que os militares da Ucrânia não estão mais na localidade e que seus habitantes devem agora cumprir as instruções de “pessoas armadas que vieram para a administração da cidade.” https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/ao-vivo-russia-ataca-a-ucrania/

 

quarta-feira, 2 de março de 2022

PUTIN PODE CAIR?

 Por Diogo Mainardi


Os russos precisam derrubar Putin

Os oligarcas russos não estão dispostos a derrubar o carniceiro, mas isso pode mudar daqui a alguns meses, com o caos na economia

A pergunta que tem sido feita na imprensa internacional – e só isso já é um sinal de que Vladimir Putin cometeu um erro colossal – é se ele pode cair por causa da guerra ucraniana.

Um historiador da Universidade de Moscou disse para o Corriere della Sera:

“Acho que Putin pode cair, mas não agora, leva tempo. A situação está destinada a piorar, a guerra na Ucrânia afeta nossa consciência e nosso padrão de vida, e terá graves consequências sociais e econômicas, que podem levar a uma crise política”.

Neste momento, segundo ele, oligarcas e empresários “não estão prontos para falar em voz alta, mas se a deriva continuar eles podem se unir. Eles têm conexões com alguns grupos políticos e, juntos, podem colocar uma tremenda pressão sobre Putin. Mas isso não vai ocorrer antes do outono. O regime é forte e está aumentando a repressão, já mostrou que não está disposto a tolerar qualquer dissidência”. https://www.oantagonista.com/despertador/putin-pode-cair/

 

OS RUSSOS PRECISAM DERRUBAR PUTIN

 

Por Diogo Mainardi

É Zelensky que cerca Moscou. Diante da derrota moral, da ruína econômica que se avizinha e do risco nuclear, a Rússia tem de enxotar o carniceiro do Kremlin

Vladimir Putin acha que cerca Kiev, mas é Kiev que o cerca. O carniceiro russo esperava fazer uma blitzkrieg na Ucrânia agredida, mas encontrou uma resistência não menos do que heroica do exército oponente, comandada por um presidente que conta hoje com a aprovação de 94% dos ucranianos. Volodymyr Zelensky, não importa se era bom ou mau presidente, tornou-se um símbolo de coragem e resiliência para os seus compatriotas e para o mundo. O Ocidente, temeroso de uma guerra prolongada que também lhe seria custosa, ofereceu-lhe uma rota de fuga. Ele recusou-se a abandonar a luta, como Vladimir Putin esperava que fizesse — e, com o seu comportamento inspirador e impressionante capacidade de comunicação nas redes sociais, obrigou os líderes ocidentais a mostrar os dentes para a Rússia, seja na forma de sanções econômicas mais duras do que as previstas, seja por meio de ajuda militar efetiva. Ainda que o rolo compressor russo atinja os seus objetivos militares, já está claro que os ucranianos não se dobrarão aos invasores e estão dispostos a transformar o seu país numa espécie de Afeganistão para os russos. Na Europa, a cifra fornecida por Kiev, de que o seus exército matou 3.500 soldados inimigos em cinco dias de conflito, começa a ser levada a sério, depois de ser considerada mera propaganda. Se a informação for mesmo verdadeira, é algo assombroso. Será espantoso ainda que seja um terço disso.

Para se ter ideia, em 10 anos de guerra, os russos perderam 14,5 mil homens em território afegão. Moscou anunciou hoje que vai desacelerar a ofensiva.

Volodymyr Zelensky é um ex-comediante que foi subestimado no Kremlin e no Ocidente — e só continua a sê-lo pelos idiotas.  Com um simples celular, ele já derrotou Vladimir Putin e a sua máquina de censura e fake news. O carniceiro russo perdeu a batalha de comunicação, como se pode ver pelas manifestações de rua contra a invasão da Ucrânia que ocorrem nos países ocidentais e na própria Rússia. Pelos boicotes esportivos de imensa repercussão. Pelas sanções ocidentais aos canais de notícias falsas patrocinados pelos russos que vinham operando livremente no Ocidente. O mundo livre e moderno constata a diferença entre um Volodymyr Zelinsky, que transmite de lugares públicos de Kiev e sabe se comunicar pelo Twitter (quase 4 milhões de seguidores neste momento) e pelo Instagram (quase 13 milhões de seguidores), e um Vladimir Putin, isolado no cavernoso Kremlin e que faz uso apenas de um TV estatal que lhe é inteiramente submissa, da censura e das fake news. Como disse o jornalista americano Dan Rather no Twitter, “Putin deve estar se mordendo ao ver Zelensky tornar-se um herói mundial, o líder forte e corajoso que se eleva moralmente sobre o pária russo. Isso torna o destino de Zelensky ainda mais precário. E a situação na Ucrânia ainda mais preocupante”.

O ex-agente obscuro da KGB achou que poderia cancelar a Ucrânia como nação, com um discurso montado numa retórica velha da época da Guerra Fria, mas acabou fortalecendo o sentimento nacional ucraniano expresso admiravelmente pelo presidente ex-comediante. Hoje, enquanto a Ucrânia é objeto de solidariedade e ajuda financeira e militar, a Rússia se vê sob um carniceiro que, roído pela vaidade, pela inveja e pela vingança, ameaça não apenas a Ucrânia, mas a humanidade, dizendo que pode lançar mão de armas nucleares, para liquidar um mundo que não reflete a imagem que ele acha ter de si próprio.

Só há um caminho a seguir para a Rússia. Depois do desmoronamento moral do seu líder e da degradação da imagem do país, da possibilidade de se atolar em outro Afeganistão, mas na Europa, da ruína econômica que se avizinha — o rublo desabou 40%, a taxa de juros foi a 20%, a bolsa de valores não abriu hoje — e, principalmente, do risco de o carniceiro lançar mão de armas atômicas para destruir não somente a Ucrânia, mas a inteira civilização, o que ainda compreende a Rússia, cabe aos próprios russos se livrar de Vladimir Putin. É preciso que eles o derrubem. Zelensky é um líder corajoso e admirável na sua modernidade; Putin é um ditador covarde e perigoso no seu anacronismo. Ele foi longe demais para que a sua palavra possa ser crível em qualquer negociação. https://www.oantagonista.com/opiniao/os-russos-precisam-derrubar-putin/