Nos EUA, assim como no Brasil, poderiam ter evitado 40% das mortes por Covid se tivessem indicadores similares a outros países ricos, aponta relatório por não levar a pandemia a sério rapidamente, espalhando teorias da conspiração, desencorajando o uso de máscaras e minando as iniciativas de cientistas e outros que buscavam combater a propagação do vírus.
Comissão da revista 'Lancet' critica
resposta 'inepta e ineficiente' de Trump à pandemia, mas aponta que falhas
sociais que existem há décadas também são responsáveis pela situação
problemática do sistema de saúde americano, que 'uma vacina não vai resolver'.
Por G1
Cerca de 40% das mortes por coronavírus nos
EUA poderiam ter sido evitadas se a taxa média de mortalidade
do país fosse igual à de outras nações industrializadas, aponta o
relatório de uma comissão de acompanhamento de políticas de saúde pública no
governo Donald Trump da prestigiada revista científica britânica “The Lancet”.
Embora a comissão critique a resposta "inepta e
insuficiente" do ex-presidente Trump à Covid-19, o relatório
afirma que as raízes dos problemas de saúde do país são muito anteriores.
Quase 470 mil americanos morreram de coronavírus até agora e cerca de 27
milhões de pessoas foram infectadas. Os números são, de longe, os mais altos do
mundo.
Trump é amplamente criticado por não levar a pandemia a sério
rapidamente, espalhando teorias da conspiração, desencorajando o uso de
máscaras e minando as iniciativas de cientistas e outros que buscavam combater
a propagação do vírus.
O presidente dos EUA,
Donald Trump, tira sua máscara protetora enquanto posa no topo da varanda
Truman, na Casa Branca, após retornar de uma hospitalização no Centro Médico
Walter Reed para tratamento da Covid-19, em Washington, nos EUA, em 5 de
outubro — Foto: Erin Scott/Reuters/Arquivo
“Os EUA se saíram muito mal nesta pandemia, mas o estrago não pode ser
atribuído apenas a Trump. Também tem a ver com falhas sociais . Isso não vai
ser resolvido com uma vacina”, disse ao jornal britânico “The Guardian” Mary
Bassett, integrante da comissão e diretora do Centro FXB para Saúde e Direitos
Humanos da Universidade Harvard.
A comissão disse que Trump “trouxe infortúnio para os EUA e o planeta”
durante seus anos no cargo, mas a crítica contundente culpou só Trump,
vinculando suas ações às condições históricas que tornaram sua presidência
possível.
“Ele foi uma espécie de ponto culminante de um determinado período, mas
não é o único arquiteto”, disse Bassett, “Decidimos que é importante colocá-lo
em contexto, não para minimizar o quão destrutiva foi sua agenda política e seu
fomento pessoal à fogueira da supremacia branca, mas para colocá-lo em contexto".