Assad foge para Rússia e vai receber asilo informa a BBC Brasil Análise: fim do regime de Assad na Síria mudará equilíbrio de poder da região
A queda do presidente
da Síria, Bashar al-Assad, era algo quase impensável há apenas uma
semana, quando os rebeldes começaram
sua surpreendente campanha contra o regime partindo da sua base em
Idlib, no noroeste da Síria.
Este é um ponto de virada para a Síria.
Assad chegou ao poder em 2000 após a morte de seu pai Hafez, que governou o
país por 29 anos com punho de ferro. O mesmo estilo foi adotado por Assad.
O jovem Assad herdou uma estrutura
política rigidamente controlada e repressiva, onde a oposição não era tolerada.
No início, havia esperanças de que ele
pudesse ser diferente — mais aberto, menos brutal. Mas isso durou pouco.
A aliança rebelde síria liderada por grupos
islamistas anunciou neste domingo (8) que tomou o controle da capital Damasco
em uma ofensiva relâmpago e a queda do regime de Bashar al-Assad, que segundo o
presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, fugiu do país depois de
perder o apoio da Rússia.
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EUA não deve se envolver na situação na Síria, diz Trump
Dezenas de pessoas saíram às ruas de Damasco, segundo
imagens da AFPTV, para celebrar a queda do regime que era controlado há mais de
meio século pela mesma família. Várias pessoas pisotearam uma estátua de Hafez
al-Assad, pai de Bashar.
Na praça dos Omeias, o barulho dos tiros em sinal de
alegria se misturava com os gritos de “Allahu Akbar” (“Deus é grande”).
“Esperávamos por este dia há muito tempo”, disse Amer
Batha por telefone à AFP da praça. “Não posso acreditar que estou vivendo este
momento”, acrescentou, sem conter as lágrimas de alegria.
Na televisão pública, os rebeldes anunciaram a queda
do “tirano” Bashar al-Assad e a “libertação” de Damasco.
Também afirmaram que libertaram todos os prisioneiros
“detidos injustamente” e pediram a proteção das propriedades do Estado sírio
“livre”.
Os rebeldes também anunciaram “a fuga” do presidente
em uma mensagem no Telegram.
“Assad saiu da Síria pelo Aeroporto Internacional de
Damasco antes que os membros das Forças Armadas e de segurança abandonassem o
local”, disse à AFP Rami Abdel Rahman, diretor do Observatório Sírio para
Direitos Humanos (OSDH), uma ONG com sede no Reino Unido que tem uma ampla rede
de fontes dentro da Síria.
A AFP não conseguiu confirmar com fontes oficiais o
paradeiro do presidente, que governou a Síria com mão de ferro durante 24 anos.
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump,
afirmou que Assad “fugiu de seu país” depois de perder o apoio da Rússia.
“Assad foi embora. “Seu protetor, Rússia, Rússia,
Rússia, liderada por Vladimir Putin, não estava mais interessado em
protegê-lo”, escreveu em sua plataforma Truth Social.
A Casa Branca afirmou que o presidente em fim de
mandato, Joe Biden, acompanha “com atenção os extraordinários acontecimentos”
em curso na Síria.
Fim de uma “era obscura”
A Síria é cenário de uma guerra civil desde a
violenta repressão em 2011 pelo regime de Assad das manifestações
pró-democracia no país, no contexto das denominadas “primaveras árabes”.
Após anos de estagnação, em 27 de novembro uma
aliança rebelde liderada por islamistas iniciou uma ofensiva relâmpago no
noroeste do país. Os insurgentes conquistaram rapidamente várias cidades, com o
objetivo de chegar a Damasco e derrubar o presidente.
Também pediram aos sírios que fugiram para o exterior
devido ao conflito que retornem para uma Síria “livre”.
A guerra deixou meio milhão de mortos desde 2011 e
dividiu o país em zonas de influência, com forças beligerantes apoiadas por
potências estrangeiras.
Em um vídeo publicado em sua conta no Facebook, o
primeiro-ministro sírio, Mohamed al-Jalali, afirmou que está disposto a
cooperar com qualquer nova “liderança” eleita pelo povo.
“Depois de 50 anos de opressão sob o governo do
partido Baath e 13 anos de crimes, tirania e deslocamento (desde o início da
revolta em 2011), anunciamos hoje o fim da era obscura e o início de uma nova
era para a Síria”, afirmaram os rebeldes.
Ofensiva rebelde
O líder do grupo islamista radical Hayat Tahrir al
Sham (HTS), Abu Mohammad al Jolani, que lidera a coalizão rebelde apoiada pela
Turquia, pediu a seus combatentes que não se aproximem das instituições
públicas e afirmou que devem permanecer sob a autoridade do primeiro-ministro
até a “transferência oficial” do poder.
O Hezbollah libanês, um apoio crucial de Assad,
retirou suas forças das imediações de Damasco e da região de Homs, no oeste do
país, informou à AFP uma fonte próxima do movimento.
A coalizão de grupos rebeldes liderada pelo HTS, um
grupo foi vinculado à Al Qaeda, conseguiu um avanço espetacular em apenas 10
dias, tomando as cidades de Aleppo, Hama e Homs até sua entrada em Damasco
neste domingo.
A ofensiva começou na província de Idlib, um reduto
do HTS no noroeste da Síria, apesar dos ataques aéreos da Rússia, aliada do
regime, e das operações terrestres.
As tropas do governo também perderam o controle da
cidade de Daraa, berço da revolta de 2011 e localizada ao sul da capital, perto
da fronteira com a Jordânia.
A ofensiva relâmpago não parou até chegar a Damasco.
SAIBA MAIS EM: https://istoe.com.br/rebeldes-sirios-tomam-damasco-e-anunciam-fim-do-regime-de-assad/
- https://www.bbc.com/portuguese/articles/czx5k6yrd04o
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