Por THEODIANO BASTOS
MAIS DE UM MILHÃO DE ASSINATURAS
Desdenhada por Bolsonaro,
a Carta da USP em defesa da democracia passa de 700 mil assinaturas
Documento foi lançado depois de seguidos ataques do presidente
Jair Bolsonaro (PL) contra as urnas eletrônicas e o sistema eleitoral
brasileiro. Presidente disse que quem assina carta é 'cara de pau' e 'sem
caráter'.
Carta em defesa da democracia marcou 'alerta' ante
ameaça de eleições 'brutais', diz empresário Horácio Lafer Piva
Em entrevista ao GLOBO, o empresário
e acionista da Klabin, Horácio Lafer Piva, afirmou que a nova "Carta aos
Brasileiros" divulgada por juristas, artistas e entidades da sociedade
civil representa uma tentativa de vencer a "apatia da sociedade"
diante de ataques à democracia.
Ex-presidente da Fiesp, Piva também
declarou que a adesão do empresariado ao manifesto veio da percepção de que
havia a necessidade de "subir um pouco o tom". Na entrevista, ele
teceu críticas à postura do presidente Jair Bolsonaro, fez ressalvas ao
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e declarou voto na candidata do MDB à
Presidência, Simone Tebet
Há algum risco de golpe de Estado,
pergunta o jornal EXTRA?
Vejo
coisas que me deixam de cabelo em pé, mas não creio que a democracia vá acabar
ou que teremos uma ditadura. Vamos, sim, sofrer muito. Há riscos de agressões
físicas (durante o período eleitoral). Está tudo muito polarizado, tem um lado
que está muito armado, e outro que está aguerrido. Isso cria riscos enormes. O
Brasil não pode ter qualquer tipo de enfraquecimento institucional, inclusive
do ponto de vista do olhar internacional. O país precisa de recursos externos,
está empobrecido. Não vamos virar uma Venezuela. Temos uma série de problemas
com as nossas instituições e nossa democracia é muito jovem, mas tem freios e
contrapesos.
Bolsonaro sempre teve um discurso
autoritário e de ataque às instituições. A iniciativa privada, porém, não
costumava se manifestar sobre isso. Por que o posicionamento mudou?
A
mim, o Bolsonaro não surpreendeu, e eu sempre disse isso. Mas a sociedade
acordou para os riscos que está correndo à medida que as pessoas percebem que
Bolsonaro pode ter mais um mandato pela frente, o que daria a ele a
possibilidade, por exemplo, de reforçar sua posição no Judiciário, de construir
uma bancada maior no Congresso. A sociedade começa a perceber que existe um
risco real.
A reunião de Bolsonaro com embaixadores,
em que o presidente repetiu narrativas falsas sobre o sistema eleitoral
brasileiro, foi o gatilho para essa reação do empresariado?
Aquilo
foi inacreditável. Não posso imaginar uma estrutura como o Itamaraty e
ministérios mais próximos a ele avalizando um discurso daquele. Foi um ponto muito
significativo e assustador. A sociedade reagiu e mostrou que tem muita gente
que não pensa assim.
O senhor sempre foi um entusiasta da
terceira via. Ainda acredita na viabilidade de uma candidatura fora da
polarização entre Lula e Bolsonaro?
Vou
votar na Simone (Tebet). Acho que ela traz pacificação. Qualquer um desses dois
(Lula e Bolsonaro) vai continuar mantendo a polarização. As pessoas estão
tentando me empurrar para o voto útil (no primeiro turno), mas não vou. É
difícil, não tenho a menor dúvida, mas não acredito que todos os votos que
estão sendo manifestados como definitivos de fato o são. As pessoas mudam se
perceberem que há de fato uma terceira via crescendo. O desafio é provar que há
uma viabilidade. SAIBA MAIS EM: https://extra.globo.com/noticias/brasil/carta-em-defesa-da-democracia-marcou-alerta-ante-ameaca-de-eleicoes-brutais-diz-empresario-horacio-lafer-piva-25552794.html
E https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/eleicoes/2022/noticia/2022/08/03/carta-da-usp-em-defesa-da-democracia-passa-de-700-mil-assinaturas.ghtml
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