Por THEODIANO BASTOS
"A vida só pode ser compreendida
olhando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para frente..." Soren Kierkegard
De alguma forma, seu passado toma conta de sua
mente? Seja em sonhos, pesadelos, em suas atitudes? Muitas coisas que você faz
ou te fazem, lembra de alguma forma seu passado que insiste em se manter
presente?
Não podemos falar de passado sem nos remetermos ao
inconsciente, onde está o registro completo de todos os fatos vivenciados,
tanto positivos quanto negativos, quer você lembre ou não, desde sua concepção.
“O que é o inconsciente? O inconsciente é um nível
mental que difere do consciente em muitos aspectos, não só quanto ao que contém
como características, mas também na sua maneira de revelar os fatos,
registrá-los, desenvolver a lógica, enfim, sua forma de se comunicar difere e,
portanto, sua forma de ser compreendido também, exigindo uma interpretação
muito diferente do habitual raciocínio lógico a que estamos acostumados, pois
sua linguagem é outra e, para entender essa linguagem é necessário um
profissional que trabalhe com essa abordagem, mas é importante que você o
entenda para que possa ter uma melhor compreensão do passado que tanto a
atormenta.”
Na verdade, o passado atormenta quando existem
conflitos, que por defesa, foram reprimidos. Havendo muitos sentimentos
reprimidos, eles se expressam muitas vezes através dos sonhos, pesadelos,
angústia, doenças físicas ou psíquicas, pois em geral, no momento em que
aconteceram não puderam ser expressos.
Quando continuamos a reprimir sentimentos
dolorosos, resistimos a mudanças e ao confronto com nossos sentimentos, eles
insistem em ressurgir, muitas vezes em padrões repetidos de comportamentos e
que nem sempre percebemos. O inconsciente tende a repetir padrões do que foi
registrado, principalmente o que foi sentido durante a gestação e a infância.
No inconsciente, ficam os conteúdos que alteram e
influenciam o comportamento, tudo que é considerado agressivo à consciência.
Tais lembranças são reprimidas no inconsciente como forma de defesa e censura
interna. Pode-se dizer que o inconsciente é semelhante a um porão, onde se
guarda tudo que não queremos ver e onde há bem mais coisas que imaginamos. É o
lugar de despejo e que nem sempre se limpa.
Ou seja, as imagens, pensamentos e ideias
esquecidas não deixaram de existir, apenas foram reprimidas no inconsciente. A
qualquer momento, às vezes depois de muitos anos, mediante um fator
desencadeador, como um cheiro, uma música, uma palavra, a atitude de alguém,
podem provocar certas reações e comportamentos que não entendemos.
Sempre que houver emoção envolvida na situação,
conteúdos do inconsciente podem ser mobilizados e desencadeados. Ou seja, você
pode ter reações a determinadas situações que nem sempre entende, pois estas
são contaminadas por conteúdos inconscientes. Por exemplo, a impulsividade é
agir sem pensar, assim como a agressividade. Ou seja, sempre que agimos pela
emoção, não temos o controle consciente.
A tendência em perder o controle da situação é
muito forte quando conteúdos inconscientes atuam. É como se viesse à tona toda
a emoção do momento original. Certos fatos vivenciados por nós quando crianças
podem se manifestar quando adultos com a mesma carga emocional da época em que
aconteceu.
Esse total de emoções registradas e reprimidas é o
que causa nossas reações atuais. Enquanto isso for inconsciente, ou seja, você
não tiver o conhecimento consciente do fato original, não haverá controle. Por
isso, é preciso buscar conhecer a origem de suas reações e comportamentos,
tornando os conteúdos inconscientes em conscientes, obtendo-se assim, mais
controle sobre as próprias reações. É importante entender que quando certos
fatos do passado permanecem no presente está sendo criada uma oportunidade de
expressarmos sentimentos que na época não tínhamos quem os suportasse conosco.
O conflito, a angústia, os pesadelos, as doenças,
tudo isso acontece para mostrar que consciente e inconsciente estão em
desequilíbrio. Só através do autoconhecimento, da análise desses conteúdos
inconscientes, podemos mudar comportamentos, atitudes, e obter mais controle
sobre nossas ações, enfim, sobre a própria vida.
Há duas formas de alcançarmos conteúdos do
inconsciente: através da meditação e da interpretação dos sonhos durante o
processo de análise. Para isso é preciso um trabalho interno de introspecção,
um comprometimento honesto consigo mesma para conseguir se libertar daquilo que
tanto atormenta. Como as resistências para a mudança e o confronto com aquilo
que já causou tanta dor são intensos, muitas pessoas permanecem presas ao
passado por medo de terem mais sofrimento, porém quem tem coragem de enfrentar
a si mesma é capaz de se libertar deixando o passado em seu lugar e viver em
paz o momento presente.” Fonte: http://www.maisequilibrio.com.br/