Por THEODIANO BASTOS
"Tiro ou facada, quando não mata elege" Fernando Gabeira
Bolsonaro defende guerra civil no Brasil e sonegação de
impostos em vídeo de 1999
O candidato à Presidência da República, Jair
Bolsonaro (PSL), defendeu, em vídeo que circula na internet, uma guerra civil
no país, com o assassinato de pelo menos 30 mil pessoas. Ele também incentivou
a população a sonegar impostos: “Conselho meu e eu faço: sonego tudo que for
possível”, disse.
O vídeo é o trecho de uma entrevista concedida por Bolsonaro ao programa Câmera
Aberta, da emissora Band, em 1999. Na época, Bolsonaro era deputado federal e
não tinha pretensões presidenciais.
Ele disse que “o voto não vai mudar nada no Brasil”. “Só vai mudar infelizmente
quando partirmos para uma guerra civil, fazendo um trabalho que o regime
militar não fez. Matando uns 30 mil, começando com FHC, não vamos deixar ele
pra fora, não”, disse.
Ele insiste que o assassinato em massa é o que vai resolver o problema do país.
“Vão morrer alguns inocentes. Tudo bem. Em toda guerra, morrem inocentes. Eu
até fico feliz se morrer, mas desde que vão 30 mil junto comigo. Fora isso, vai
ficar no 'nhenhenhem'”, afirmou.
Bolsonaro também aconselhou a população a sonegar impostos e contou que, quando
pode, nunca paga nota fiscal. “Bobos somos nós que estamos pagando imposto aqui
embaixo. Aliás, conselho meu e eu faço: sonego tudo que for possível. Se puder
não pagar nota fiscal eu não pago, porque o dinheiro vai para o ralo, vai para
a sacanagem”, afirmou o político, em 1999.
O entrevistador também perguntou se,
caso fosse eleito presidente, fecharia o Congresso Nacional. “Não há a menor
dúvida. Daria golpe no mesmo dia. Não funciona e tenho certeza que pelo menos 90%
da população ia bater palma. O congresso hoje em dia não vale para nada”,
reforçou. https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2018/08/29/interna_politica,984474/bolsonaro-defende-guerra-civil-no-brasil-e-sonegacao-de-impostos-em-vi.shtml
Livro conta a passagem de Bolsonaro pelo
Exército Jornalista Luiz Maklouf de
Carvalho lança “O Cadete e o Capitão”
Cinco horas de gravações de uma sessão secreta do
Superior Tribunal Militar (STM) teriam ficado esquecidas para sempre no arquivo
do edifício da Corte, em Brasília,
não fosse o réu, um capitão de artilharia do Exército, ter se tornado, três
décadas depois, presidente da República. O protagonismo de Jair Messias Bolsonaro levou o jornalista Luis Maklouf Carvalho, um dos
mais experimentados repórteres de política do país, hoje no Estado de S.
Paulo, a remontar o quebra-cabeças histórico que culminou na sessão final
daquele 16 de junho de 1988 em que o então oficial da ativa sentou no banco dos
réus da máxima corte militar do país.
"O presidente deve
explicações", diz autor de livro sobre Bolsonaro no quartel
Como repórter do Estadão, Maklouf solicitou ao
STM a íntegra do processo contra Bolsonaro, acusado de mentir sobre um suposto
plano de explodir bombas em locais estratégicos do Rio. Além de três volumes
que contabilizam 770 páginas de documentos, em boa parte com carimbo
“reservado”, os arquivistas do tribunal enviaram 37 gravações em áudio da
audiência, um diamante bruto na mão de um jornalista talentoso que soube
lapidar a documentação.
Em 253 páginas recheadas de fotocópias do processo,
imagens de arquivo pessoal do oficial e reproduções de artigos da imprensa na
época, o livro "O Cadete e o Capitão – A Vida de Jair Bolsonaro no
Quartel" (editora Todavia) lança luzes sobre os 15 anos de Bolsonaro na
caserna.
Mas é a partir de dois momentos polêmicos que a
obra se revela um corajoso livro-reportagem. O ato político número 1 de
Bolsonaro se deu em 3 de setembro de 1986, quando o capitão assinou um artigo
na seção Ponto de Vista da revista Veja no qual reclamava do baixo soldo nos
quartéis: “Torno público este depoimento para que o povo brasileiro saiba a
verdade sobre o que está ocorrendo na massa de profissionais preparados para
defendê-los”, afirmava o texto intitulado “O salário está baixo”. Embora
ecoasse boa parte do sentimento na caserna, era uma insubordinação. Mais: uma afronta
ao comando do ministro do Exército, general Leônidas Pires Gonçalves, gaúcho de
Cruz Alta, e à política salarial do primeiro presidente pós-ditadura, José
Sarney. O ato rendeu a Bolsonaro 15 dias de prisão por quebra de disciplina e
hierarquia.
Livro lança luzes sobre os 15 anos na caserna
O segundo episódio foi mais grave. Em 28 de outubro
de 1987, a revista Veja contava que a repórter Cassia Maria Vieira Rodrigues
recebera de Bolsonaro e outro militar a informação de que planejavam explodir
bombas em quartéis em protesto contra os baixos soldos.
O plano
chamava-se Beco sem Saída. Dizia a reportagem: “Caso o reajuste ficasse abaixo
de 60%, algumas bombas seriam detonadas nos banheiros da Escola de
Aperfeiçoamento de Oficiais (Esao), sempre com a preocupação de evitar que
houvesse feridos. Simultaneamente, haveria explosões na Academia Militar das
Agulhas Negras, em Resende, e em outras unidades do Exército”.
Tão logo a revista chegou às bancas, Bolsonaro
negou as acusações. O ministro Leônidas saiu em sua defesa. Na semana seguinte,
a revista aumentou a carga, publicando desenhos atribuídos a Bolsonaro que
detalhavam o suposto plano.
A denúncia foi baseada em um suposto encontro entre
a repórter com os então capitães Bolsonaro e “Xerife” – depois identificado
como Fábio Passos –, e sua mulher, Lígia D’Arc Passos, na Vila Militar de
Deodoro. A conversa era reservada, mas a revista entendeu que, por se tratar de
um plano terrorista, não poderia deixar de torná-lo público, identificando os
interlocutores. Assim, quebrou o off.
Um conselho de justificação do Exército considerou
Bolsonaro culpado por 3 votos a 0, por ter tido “conduta irregular e praticado
atos que afetam a honra pessoal e o pundonor (ponto de honra) militar e o
decoro da classe”. O ministro Leônidas levou o caso ao STM, onde Bolsonaro
encarregou-se da própria defesa.
O principal argumento do capitão foi o resultado
dos exames grafotécnicos sobre a autoria dos desenhos publicados por Veja. Um
primeiro laudo feito pela Polícia do Exército (PE) concluiu que não havia como
comprovar que as letras e croquis eram ou não de autoria de Bolsonaro. O
segundo laudo militar também foi inconclusivo. Um terceiro exame, feito desta
vez pela Polícia Federal (PF), concluiu que os croquis eram de autoria de
Bolsonaro. Depois, a PE apresentou um quarto laudo, retificando o segundo
documento, que, dessa vez, passou a confirmar o capitão como autor dos
desenhos. Com dois exames acusatórios e dois não conclusivos, a máxima corte
militar absolveu Bolsonaro por 9 votos a 4 baseada no princípio do Direito
chamado in dubio pro reo (em casos de dúvidas, se favorecerá o réu.).
Luiz Maklouf de Carvalho, jornalista
Com apuração minuciosa, Maklouf questiona a decisão
dos ministros.
Ele mostra que o quarto laudo não existiu. O
documento era uma espécie de adendo à segunda perícia, de número 58/87, que
retificava o segundo laudo, a partir de novas amostras coletadas do réu. Assim,
o que de fato existia era: um laudo inconclusivo, um segundo inicialmente
inconclusivo, mas posteriormente corrigido apontando Bolsonaro como autor, e um
terceiro da PF, que o acusava.
Pelos áudios da última sessão, é possível
depreender que, ao invés de questionar o réu, os ministros passaram grande
parte da audiência desqualificando a imprensa, em especial a revista Veja e sua
repórter. Em ataque genérico a todos os jornalistas, o general Alzir Bejamin
Chaloub afirma: “Repórter não é flor que se cheire”.
O alto escalão da Justiça militar elege a imprensa
como inimiga e passa a livrar Bolsonaro de culpa. Sentindo-se protegidos pelo
sigilo da sessão, os magistrados lançam petardos contra o próprio ministro
Leônidas e arriscam-se em traçar o perfil psicológico do réu. Gaúcho de
Alegrete, Aldo da Silva Fagundes faz perguntas retóricas a respeito de
Bolsonaro:
– Seria um insano? Há certas infantilidade, certas
atitudes que surpreendem, mas é muito difícil concluir pela insanidade mental
deste homem. Um touro forte, um gringo de 1m80cm de altura, 90 quilos, atleta,
desportista, afora essas pequenas infantilidades, teve algumas atitudes em que
revelou até muita presença de espírito – disse, ao relembrar o salvamento do
colega de farda.
– Seria um homem radical, interessado em subverter
a ordem pública, um terrorista, enfim?
Bolsonaro tinha o apelido de Cavalão pelo porte
físico
Não: ele votou pela absolvição. Bolsonaro passou
para a reserva do Exército após ser eleito vereador no Rio com 11.062 votos
pelo extinto Partido Democrata Cristão (PDC), seis meses após ser absolvido.
Até hoje, sustenta que a versão da Veja sobre os supostos ataques não são
verdadeiras. A revista, por sua vez, nunca recuou das informações publicadas.
Maklouf tentou, sem sucesso, ouvir a versão do hoje
presidente. A repórter Cassia Maria também não aceitou dar entrevistas. Mas seu
livro, objetivo e com acusações e questionamentos lastreados por documentos
oficiais, esquadrinha um período pouco explorado da nascente redemocratização
brasileira. Recupera a discordância entre a tropa e a cúpula militar e as
fricções entre as Forças Armadas e a imprensa que testava seus limites em um
cenário político novo.
Mercedes Lopes Coutinho: Nunca poderia estar na presidência . Entretanto o povo brasileiro estava de vendas .
ResponderExcluirFeliz eu que não prestarei conta ao Divino pelo voto depositado na urna em 2018 .