Todos pais precisam saber o que fez esta criança de 11 anos
tirar a própria vida
por: Bruna Romanini
Alguns meses antes da tragédia, os pais acreditavam que estava tudo bem com a filha, até que foram informados pela irmã mais velha da criança que ela estava fazendo posts em seu Instagram sobre o desejo de tirar a própria vida.
Eles então a levaram para um clinico geral. Na consulta, os pais se surpreenderam quando ouviram a filha falar que há anos não gostava da própria aparência e que tinha sim o desejo de tirar a própria vida.
Então em novembro, a menina começou a ir a consultas com um psicólogo semanalmente e este profissional aconselhou os pais a procurarem um psiquiatra para também participar de seu tratamento.
No inquérito, os pais relataram que enquanto procuravam um psiquiatra, a mãe, Fiona Tuomey, encontrou um diário que a menina havia escrito sobre o desejo de tirar a própria vida e remédios embaixo de sua cama. “Também descobri que ela tinha se cortado e escrito no corpo ‘meninas bonitas não comem’. Eu fiquei apavorada, não sabia o que fazer”, afirmou a mãe da criança no inquérito.
Enquanto a consulta com o psiquiatra não ocorria. A família recebeu a orientação de ficar atenta e buscar a emergência se ocorresse algo preocupante antes da consulta.
Porém, algo preocupante ocorreu e seus pais não ficaram sabendo. Milly postou no dia 3 de novembro em seu Instagram para centenas de amigos que ela queria tirar a própria vida em uma determinada data.
Então, no dia 1 de janeiro de 2016, a família jantou junta e assistiu a um filme. Então, a noite Milly disse que estava cansada e foi para o quarto. Ela foi achada pelos pais momentos depois e seu estado de saúde era gravíssimo. Ela chegou a ser internada, mas faleceu no hospital no dia 4 de janeiro.
Aumento no número de suicídios entre crianças e adolescentes
Infelizmente, casos como o de Milly estão se tornando cada vez mais frequentes e com crianças cada vez mais jovens. De acordo com dados divulgados pelo Centro de Controle e Prevenção de Doenças do governo dos Estados Unidos, as mortes de meninas entre 15 e 19 anos por suicídio atingiram um recorde em 40 anos no país – e dobraram entre 2007 e 2015, com 5,1 casos para cada 100 mil.
O fenômeno atinge também crianças e adolescentes do sexo masculino, cujas mortes ainda acontecem em maior número, mas crescem em ritmo menos acelerado: 30% no mesmo período (são 14,2 casos para cada 100 mil), segundo o órgão oficial.
Em números absolutos, em 2015, foram registrados 524 suicídios de meninas e 1.537 de meninos entre 15 e 19 anos.
Outro relatório apresentado recentemente no Encontro Anual de Sociedades Pediátricas dos EUA aponta que as internações de menores de idade por pensamentos ou tentativas de suicídio dobraram entre 2008 e 2015.
O estudo se focou em crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos e, novamente, apontou que o grupo que mais registrou aumento nas internações é o das meninas – que atualmente respondem por 2 em cada 3 dos casos.
O suicídio é hoje a segunda principal causa de mortes de crianças e jovens em idade escolar (12 a 18 anos) nos EUA, ficando atrás apenas de acidentes.
O volume impressiona: a taxa de suicídios infanto-juvenis, segundo o governo americano, é maior que a soma das mortes por câncer, doenças cardíacas e respiratórias, problemas de nascimento, derrame, pneumonia e febre.
O problema das redes sociais
Chefe da ala de saúde comportamental do hospital pediátrico Cook Children’s, no Texas, a psicóloga Lisa Elliott disse em entrevista ao portal G1 que os dados recém-revelados “são absolutamente dolorosos, mas não são uma surpresa”.
“Nós precisamos tirar os estigmas da saúde mental”, diz a PhD, alertando para a incidência dos quadros entre menores de idade, e não só entre adultos. “Problemas de saúde mental têm que ser vistos pelos pais como qualquer doença, da mesma maneira que os problemas de coração são.”
Ainda de acordo com a especialista, o quadro se agrava pelo uso irresponsável de redes sociais, que pode gerar competitividade e uma busca por padrões de beleza e desempenho.
“As redes podem ter impacto negativo sobre a autoestima das meninas e isso aumenta o isolamento delas”, avalia Elliott. “Quando notam que não têm uma vida tão perfeita ou glamourosa quanto a de outros, elas concluem que ‘algo anormal ou errado está acontecendo comigo’.”
Por que o número de
crianças hospitalizadas por tentativa de suicídio dobrou nos EUA?
Meninas respondem por 2 em cada 3 internações de
menores por pensamentos ou tentativas de suicídio; mortes femininas dobraram
nos últimos 40 anos e trazem alerta sobre saúde mental e uso descontrolado de
redes sociais.
Por BBC 07/08/2017
Relatórios
evidenciam um crescimento sem precedentes nas tentativas e mortes consumadas
por suicídio entre crianças e adolescentes nos EUA
Relatos
de mães e pais pedindo ajuda após encontrarem seus filhos à beira da morte após
tentativas de suicídio se tornaram comuns em fóruns online e redes sociais nos
Estados Unidos.
"Minha
filha tomou uma garrafa inteira de Lexapro e meia garrafa de Wellbutrin (ambos
antidepressivos). Ela vomitou cinco vezes antes de me contar, quando acordei
para trabalhar naquela manhã. Essa é uma visão que nenhum pai deveria
ver", conta Hammer, em um desabafo que deu origem a mais de 15 relatos
semelhantes.
Ann diz
que não sabe o que fazer para ajudar a filha. "Ela tem 15 anos e tentou se
suicidar hoje ingerindo produtos de limpeza. (...) Ela já tinha tentado se
matar vários meses atrás com um corte no pulso."
Claudia
fala sobre culpa e vergonha.
"Minha
filha, uma criança linda e talentosa, teve uma overdose ontem e eu sinto
vergonha por não tê-la ajudado e protegido suficientemente. Sinto culpa, porque
meu trabalho é garantir que a vida dela seja boa e segura. Mas no fundo, muito
no fundo, também sei que a vida hoje é incrivelmente difícil para as crianças.
As cobranças e expectativas parecem se mover muito rápido para que eles
acompanhem, e eles sentem que falharam."
Phyllis
fala sobre o filho, um menino de 15 anos. "Encontrei meu filho no meu
quarto, em overdose depois de tomar meus remédios. Não consigo parar de pensar
no que poderia ter acontecido. Não consigo dormir, não consigo comer, e aquela
manhã não sai da minha cabeça. Encontrei-o deitado na minha cama, quase sem
respirar."
As
tragédias se refletem nos resultados de dois relatórios divulgados recentemente
nos EUA. Eles chamam atenção para um crescimento sem precedentes nas tentativas
e mortes consumadas por suicídio entre crianças e adolescentes de todo o país.
As
meninas encabeçam o grupo que mais cresce nesse ranking, evidenciando os
impactos de problemas geralmente associados a adultos - como depressão,
ansiedade, bipolaridade e pressão por padrões de beleza inatingíveis - na saúde
mental de quem ainda frequenta a escola.
Leiam
também neste blog: SUICÍDIOS DE CRIANÇAS DE ATÉ 11 ANOS e POR QUE AS PESSOAS SE MATAM
É assustador, amigo Thede, e a matéria exige nova leitura e pertinentes reflexões.
ResponderExcluirÉ o que vou fazer.
Diz Rubens Silva Pontes, Capim Branco/MG