O azougue petista entrou em
campo. A agremiação convoca a todos para a arruaça. Desavergonhados
representantes da cúpula como José Dirceu – condenado por vários crimes e, não
se sabe por que, ainda fora da cadeia – falam em colocar fogo no País se condenarem
seu líder máximo, Luiz Inácio Lula da Silva, no próximo dia 24 na Corte do
TRF-4, em Porto Alegre. Os incendiários João Pedro Stédile, Guilherme Boulos e
quetais fazem o mesmo. Até a deposta Dilma, sem um pingo de vergonha na cara
pelo que já causou de mal aos brasileiros, promete vigília na porta do
Tribunal. O próprio Lula tenta politizar um julgamento que é eminentemente
técnico. Faz firula. Diz que estará presente no dia para animar a claque.
Reivindica o direito de se manifestar na ocasião – algo completamente fora de
propósito nesse estágio do processo. Confronta os juízes. Tripudia das
decisões. Ataca os investigadores.
Tempos atrás ameaçou prender, caso volte ao poder, aqueles que hoje
querem colocá-lo atrás das grades. Continua a se fazer de vítima numa
estratégia que não cola mais. Exacerba na tática de procrastinação. Catimba
como pode. Lula se coloca como um réu político quando não passa de mero
condenado comum por crime de corrupção em sentença já beirando os dez anos.
Pode vir mais tempo de pena. A militância, os asseclas do lulopetismo, a trupe
de agitadores dos MSTs da vida tratam a apelação em segunda instância como
final de Copa do Mundo ou um Fla/Flu que devem levar no grito ou no tapetão.
Querem armar uma fuzarca sem tamanho. Não entenderam nada. Nas palavras de
ordem falam em “defesa da democracia” e no “direito” de Lula em ser candidato.
A questão não tem nada a ver com democracia. Não há ninguém sendo perseguido
por viés ideológico ou o que valha. O que o TRF-4 vai julgar também não é a
candidatura presidencial de Lula. São crimes previstos na Constituição,
evidenciados por um calhamaço de provas testemunhais e documentais. Não há nada
de defesa da democracia nesse movimento que tenta impor à força a sua vontade,
à revelia da Justiça, radicalizando manifestações que, de mais a mais, só
carregam um único objetivo: provar que Lula tem de estar acima da lei. Parece
piada. Mas não é.
Do ponto de vista institucional,
está nas mãos do TRF-4 delinear a cara do Brasil daqui para frente. Seu veredito
não pode vir contaminado pela antiga ideia de que alguns são mais iguais que
outros perante o primado das regras em vigor. Condenação em segunda instância
dá cadeia. Políticos com “ficha suja” não devem concorrer. Qualquer regime de
exceção fora desses parâmetros deixará na sociedade a sensação de que
transgredir compensa. Que a impunidade vai continuar a prevalecer, não obstante
a Lava Jato e todos os esforços para frear a bandalheira que tomou conta do
Estado. Lula é réu em inúmeros processos. Do triplex ao sítio em Atibaia, do
terreno do Instituto às palestras regiamente pagas em troca de favores, não
faltam demonstrações de seus desvios. E mesmo assim o PT prega com veemência a
entrada dele na disputa de 2018 como algo legítimo. Deliberadamente ignora a
Lei da Ficha Limpa, aprovada, diga-se de passagem, por pressão popular,
imaginando talvez que só o Partido detém o monopólio sobre o que é do interesse
do povo ou não.
Na prática, os talibãs do PT
apelam com falsas bandeiras para convencer a turba, mas não conseguem
arregimentar hoje em dia sequer meia dúzia de gatos pingados em seus protestos,
além dos militantes de sempre. O exército de araque se pinta para a “guerra”.
No lero-lero para driblar o inevitável incluiu até um manifesto em inglês,
espanhol e francês para levantar a lorota de que tudo não passa de um grande
esquema com o objetivo de evitar a volta de Lula ao poder.
A mesma ladainha de
golpe. Debocha-se dos fatos. O PT se apequenou e Lula, que nem remotamente
lembra mais aquele idealista de outrora, agora confronta a Lei como um Quixote
sem destino.
Carlos José Marques é diretor
editorial da Editora Três
Nenhum comentário:
Postar um comentário