sexta-feira, 15 de setembro de 2017

OS BRUXOS DE BRASÍLIA, E AS BRUXAS DE SALÉM



OS BRUXOS DE BRASÍLIA,              por Theodiano Bastos

Confesso que ao decidir escrever sobre o denuncismo que toma conta do Brasil há três anos, sem trégua, um horror sem fim, isto é, a caça aos corruptos, decidi rever o livro As bruxas de Salém, de Arthur Miller. Ao invés da Inquisição do Santo Ofício, no Brasil a devassa é promovida pelo Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal. Parte superior do formulário

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A coisa mais terrível sobre “As bruxas de Salém” é saber que se trata, em boa parte, de uma história real. Se você lesse a peça (ou assistisse) imaginando como uma obra de ficção, já provavelmente acharia chocante. Sabendo que aconteceu de verdade, não há como não se importar.
A história aconteceu nos Estados Unidos, em Massachssets, em 1692. Foi um julgamento brutal de várias pessoas que, segundo se entendia, estariam ligadas a bruxarias e envolvidas com o demônio.
Tem muito a ver com o espírito puritano que dominava parte das colônias inglesas na época. Isolados do mundo, vivendo numa sociedade em que todos tinham basicamente as mesmas crenças religiosas, havia uma confusão entre Justiça humana e julgamento religioso.
A história começa depois que várias meninas (umas bem novas, outras mais velhas) fizeram um ritual na mata próxima a Salém. Queriam saber sobre namoros e prender namorados, coisas do gênero. Junto com elas, havia uma escrava negra, supostamente versada em rituais mágicos.
Quando se descobre isso, as meninas começam imediatamente, para livrar sua pele, a acusar pessoas que estariam levando o demônio a Salém. Elas estariam enfeitiçadas e outras pessoas seriam as culpadas.
A expressão “caça às bruxas” tem tudo a ver com o clima da peça. O perito encaminhado à cidadezinha começa a literalmente querer saber quem são as bruxas que atraíram um mal tão grande para a região.
Tudo vira indício de participação em rituais terríveis. Uma mulher é presa sob a acusação de não deixar (por poderes sobrenaturais, claro) que seu marido se concentrasse na leitura da Bíblia.
A história se desenrola de maneira que, em breve, dezenas de pessoas são condenadas por participação em artes demoníacas. Boa parte delas é assassinada, depois de julgamentos que, hoje, nos parecem bem pouco justos.
Arthur Miller teve a ideia de escrever o livro depois de ver o macarthismo dominar os Estados Unidos dos anos 1950. Quis fazer algo que servisse de metáfora para a “caça aos comunistas” que acontecia na Guerra Fria. E foi achar no século 17. Acabou se tornando um clássico, inclusive o filme baseado nesta obra.
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Pesquisando na Internet encontramos o que segue:                                                    tudo começou com o Mensalão, mas além da Lava Jato, oito outras operações apuram a corrupção em Curitiba, Brasília, São Paulo e em outras capitais.
As investigações que envolvem JBS e J&F são as últimas.                    As Operações Bullish, Greenfield, Carne Fraca e Boi Cui Bono da Polícia Federal também investigam desvios, pagamentos de propina e fraudes na holding A JBS e a J&F também controla as empresas Alpargatas, Vigor, Eldorado Brasil, Banco Original, Oklahoma e Canal Rural (Ueslei Marcelino/Reuters)
São Paulo – Uma gravação abalou a política e os mercados brasileiros. Joesley Batista, um dos controladores da JBS, gravou o presidente Michel Temer supostamente dando aval para a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo Cunha. Aécio Neves também teria sido gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário para pagar sua defesa na Operação lava Jato.
Com essa informação, o dólar disparou e a Bolsa de Valores desabou e chegou a cair 18,63%. As negociações foram paralisadas por alguns momentos, já que a queda era alta demais.
O governo Temer foi abalado e Aécio Neves, do PSDB, foi afastado do cargo de senador. Sua irmã e primo foram presos. Em nota, Temer negou que tenha pedido ou autorizado pagamentos para conseguir o silêncio de Cunha.
No entanto, a Operação Lava Jato não é a única investigação na qual a companhia está envolvida. As Operações Bullish, Greenfield, Carne Fraca e Cui Bono da Polícia Federal também apuram desvios, pagamentos de propina e fraudes na liberação de recursos públicos envolvendo ações da holding.
Explicar cada uma dessas ações da PF é difícil, já que muitas vezes os personagens envolvidos e as denúncias se cruzam. Além disso, muitas ocorrem ao mesmo tempo.
Além da JBS, a holding J&F também controla as empresas Alpargatas, Vigor, Eldorado Brasil, Banco Original, Oklahoma e Canal Rural. Juntas, todas as companhias somam receitas de R$ 175 bilhões.
Exatos três anos após deflagrar a primeira fase, a Operação Lava Jato chega a um momento crucial com os 83 pedidos de inquérito apresentados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF), para investigar políticos supostamente envolvidos com crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Ao todo, já foram 38 fases da Lava Jato durante os três anos de investigação.
Desde o início das investigações, houve 198 prisões, entre temporárias e preventivas, de acordo com números da Justiça Federal do Paraná e do Ministério Público Federal. Em alguns casos, uma pessoa foi presa e, depois de ter sido liberada, foi presa novamente em outra fase da Lava Jato.
Atualmente, 23 pessoas permanecem detidas em presídios. Entre elas, estão o deputado cassado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT-SP), o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antônio Palocci (PT-SP), Geddel Vieira Lila e seus 51 milhões encontrados pela PF em Salvador em malas e caixas de papelão num apartamento em Salvador: R$ 51.030.866,40. Foram R$ 42.643,500,00 e US$ 2.688,000,00.  .
Há, ainda, outras 24 pessoas que deixaram a cadeia mas que continuam monitoradas por meio de tornozeleira eletrônica. Entre elas, há investigados mantidos em prisão domiciliar.

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