OS BRUXOS DE BRASÍLIA, por Theodiano Bastos
Confesso que ao
decidir escrever sobre o denuncismo que toma conta do Brasil há três anos, sem trégua, um horror sem fim, isto
é, a caça aos corruptos, decidi rever o livro As bruxas de Salém, de Arthur Miller. Ao invés da Inquisição do Santo Ofício, no Brasil a devassa é promovida pelo Judiciário, Ministério Público e Polícia Federal.
A coisa mais terrível sobre “As
bruxas de Salém” é saber que se trata, em boa parte, de uma história real. Se
você lesse a peça (ou assistisse) imaginando como uma obra de ficção, já
provavelmente acharia chocante. Sabendo que aconteceu de verdade, não há como
não se importar.
A história aconteceu nos Estados
Unidos, em Massachssets, em 1692. Foi um julgamento brutal de várias pessoas
que, segundo se entendia, estariam ligadas a bruxarias e envolvidas com o
demônio.
Tem muito a ver com o espírito
puritano que dominava parte das colônias inglesas na época. Isolados do mundo,
vivendo numa sociedade em que todos tinham basicamente as mesmas crenças
religiosas, havia uma confusão entre Justiça humana
e julgamento religioso.
A história começa depois que
várias meninas (umas bem novas, outras mais velhas) fizeram um ritual na mata
próxima a Salém. Queriam saber sobre namoros e prender namorados, coisas do
gênero. Junto com elas, havia uma escrava negra, supostamente versada em
rituais mágicos.
Quando se descobre isso, as
meninas começam imediatamente, para livrar sua pele, a acusar pessoas que
estariam levando o demônio a Salém. Elas estariam enfeitiçadas e outras pessoas
seriam as culpadas.
A expressão “caça às bruxas” tem tudo a ver com o clima da
peça. O perito encaminhado à cidadezinha começa a literalmente querer saber
quem são as bruxas que atraíram um mal tão grande para a região.
Tudo vira indício de participação
em rituais terríveis. Uma mulher é presa sob a acusação de não deixar (por
poderes sobrenaturais, claro) que seu marido se concentrasse na leitura da
Bíblia.
A história se desenrola de
maneira que, em breve, dezenas de pessoas são condenadas por participação em
artes demoníacas. Boa parte delas é assassinada, depois de julgamentos que,
hoje, nos parecem bem pouco justos.
Arthur Miller teve a ideia de escrever o livro depois de ver o macarthismo dominar os
Estados Unidos dos anos 1950. Quis fazer algo que servisse de metáfora para a
“caça aos comunistas” que acontecia na Guerra Fria. E foi achar no século 17. Acabou
se tornando um clássico, inclusive o filme baseado nesta obra.
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Pesquisando na Internet encontramos o que segue: tudo começou
com o Mensalão, mas além da Lava Jato, oito
outras operações apuram a corrupção em Curitiba,
Brasília, São Paulo e em outras capitais.
As investigações que
envolvem JBS e J&F são as últimas. As Operações Bullish, Greenfield,
Carne Fraca e Boi Cui Bono da Polícia Federal também investigam desvios,
pagamentos de propina e fraudes na holding A JBS e a
J&F também controla as empresas Alpargatas, Vigor, Eldorado Brasil, Banco
Original, Oklahoma e Canal Rural (Ueslei Marcelino/Reuters)
São Paulo – Uma gravação abalou a política e os mercados
brasileiros. Joesley Batista, um dos controladores da JBS, gravou o presidente Michel Temer
supostamente dando aval para a compra do silêncio do deputado cassado Eduardo
Cunha. Aécio Neves também teria sido gravado pedindo R$ 2 milhões ao empresário
para pagar sua defesa na Operação lava Jato.
Com essa informação, o dólar
disparou e a Bolsa de Valores desabou e chegou a cair 18,63%. As negociações
foram paralisadas por alguns momentos, já que a queda era alta demais.
O governo Temer foi abalado e
Aécio Neves, do PSDB, foi afastado do cargo de senador. Sua irmã e primo foram
presos. Em nota, Temer negou que tenha pedido ou autorizado pagamentos para
conseguir o silêncio de Cunha.
No entanto, a Operação Lava Jato
não é a única investigação na qual a companhia está envolvida. As Operações
Bullish, Greenfield, Carne Fraca e Cui Bono da Polícia Federal também apuram
desvios, pagamentos de propina e fraudes na liberação de recursos públicos
envolvendo ações da holding.
Explicar cada uma dessas ações da
PF é difícil, já que muitas vezes os personagens envolvidos e as denúncias se
cruzam. Além disso, muitas ocorrem ao mesmo tempo.
Além da JBS, a holding J&F
também controla as empresas Alpargatas, Vigor, Eldorado Brasil, Banco Original,
Oklahoma e Canal Rural. Juntas, todas as companhias somam receitas de R$ 175
bilhões.
Exatos três anos após deflagrar a primeira fase, a
Operação Lava Jato chega a um momento crucial com os 83 pedidos de inquérito apresentados pelo
procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal
(STF), para investigar políticos supostamente envolvidos com crimes de
corrupção e lavagem de dinheiro.
Ao todo, já foram 38 fases da Lava Jato
durante os três anos de investigação.
Desde o início das investigações,
houve 198 prisões, entre temporárias e preventivas, de acordo com números da
Justiça Federal do Paraná e do Ministério Público Federal. Em alguns casos, uma
pessoa foi presa e, depois de ter sido liberada, foi presa novamente em outra
fase da Lava Jato.
Atualmente, 23 pessoas permanecem
detidas em presídios. Entre elas, estão o deputado cassado e ex-presidente da
Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu
(PT-SP), o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e o
ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antônio Palocci (PT-SP), Geddel Vieira
Lila e seus 51 milhões
encontrados pela PF em Salvador em malas e caixas de papelão num apartamento em Salvador:
R$ 51.030.866,40. Foram R$
42.643,500,00 e US$ 2.688,000,00. .
Há, ainda, outras 24 pessoas que
deixaram a cadeia mas que continuam monitoradas por meio de tornozeleira
eletrônica. Entre elas, há investigados mantidos em prisão domiciliar.
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