"A operação de hoje na casa de Joesley Batista, Ricardo Saud e
Marcello Miller foi chamada de Bocca, uma alusão à “Bocca della Verità”.
Diz a nota da PF:
“A mais famosa característica da Bocca é seu papel como detector de mentiras. Desde a Idade Média, acredita-se que se alguém contar uma mentira com a mão na boca da escultura, ela se fecha mordendo a mão do mentiroso”. Fonte: https://www.oantagonista.com/brasil/pf-morde-joesley/
Os furacões Joesley, Geddel e Palocci, por Ruth de Aquino, revista ÉPOCA
Diz a nota da PF:
“A mais famosa característica da Bocca é seu papel como detector de mentiras. Desde a Idade Média, acredita-se que se alguém contar uma mentira com a mão na boca da escultura, ela se fecha mordendo a mão do mentiroso”. Fonte: https://www.oantagonista.com/brasil/pf-morde-joesley/
Os furacões Joesley, Geddel e Palocci, por Ruth de Aquino, revista ÉPOCA
Talvez agora
o Brasil tenha chance de sair recuperado da degradação moral épica
Nossos furacões atingiram em cheio
o “apparatchik” dos Três Poderes e têm potencial para soterrar algumas
candidaturas em 2018. O áudio vulgar do autodelator Joesley
Batista, ao som de cubos de gelo no uísque. O bunker de R$ 51 milhões em
oito malas e seis caixas, todas supostamente do peemedebista baiano Geddel
Vieira Lima, que exigiram duas caminhonetes para transportar e sete
máquinas para contar. O bombástico depoimento à Lava Jato de Antonio Palocci,
um dos principais ideólogos do PT, contra o companheiro-mor, Lula.
Talvez agora o Brasil comece a
ficar interessante e tenha chance de sair recuperado das ruínas, num esforço de
reconstrução moral. A degradação é épica. Temos a oportunidade, com tudo às
vistas, as entranhas escancaradas, mortos e feridos, de refazer uma nação em
que não sejamos ludibriados por PT, PMDB, PSDB e outros menos cotados.
O empresário Joesley, do
frigorífico JBS, do grupo J&F, deve ser preso, com a imunidade cassada, ao
perder os benefícios da delação. E deverá perder qualquer respeito que a mulher,
Ticiana Villas Boas, ainda tivesse pelo “comedor de velhinhas a serviço”.
As falas de Joesley o denigrem
não só pela corrupção, mas pela ignorância e prepotência. Não dá para aceitar a
desculpa de que só teve uma “conversa de bêbado” com o executivo Ricardo Saud.
Bêbados podem ser inofensivos, ele não. “Nós vamos ser a tampa do caixão.”
“Eles são espertão”, disse, referindo-se ao Ministério Público. “Ô Ricardo, nós
somos a joia da coroa deles [dos procuradores].” “Nós vai ser quem vai dar o
último tiro.” Esse foi o cara recebido por Temer
fora do expediente e da agenda. “Nós vai ser quem vai bater o prego [do
caixão].”
Joesley só não sabia que o caixão
era dele. E, talvez, do ex-procurador Marcello Miller, agora acusado por
Janot de “conduta criminosa” caso tenha ajudado Joesley antes de se
exonerar do Ministério Público. Joesley disse: “Nós dois tem que operar o
Marcello direitinho para chegar no Janot e pá, tã, tã, tã”. Miller agiu mal. É
imoral um procurador da Lava Jato pedir exoneração e, cinco dias depois, ir
para o escritório que negociou a leniência para um réu. Janot diz que não tem
“coragem”, mas “medo de errar”. Errou. Por afobação, sei lá. Para não sair
flechado da Procuradoria igual a São Sebastião, Janot precisa ser firme. O
importante é preservar as provas da delação contra Temer, o presidente que tenta
escapar de uma segunda denúncia.
Geddel, ex-ministro de Temer e de
Lula, com as digitais já identificadas nas cédulas, voltou a ser preso pela
Polícia Federal, para não tentar fugir do país. Estava em prisão domiciliar,
sem tornozeleira eletrônica, porque a Bahia “não dispõe desse equipamento”.
A cena mais notável da novela “A
força do corromper” foi o bunker milionário em Salvador, que seria destinado a
“guardar os pertences do falecido pai de Geddel”. O currículo de Geddel é
impressionante. Ele não é só amigo de Temer. Ex-deputado federal eleito cinco
vezes pelo PMDB da Bahia, ministro da Integração de Lula, vice-presidente da
Caixa Econômica Federal no governo Dilma e ministro de Governo de Temer. Foi
assim que Geddel amealhou sua fortuna.
Pensando bem, uma fortuna modesta
diante dos valores acordados entre a JBS de Joesley e o homem de confiança de
Temer, Rodrigo Rocha Loures, flagrado com uma mala de R$ 500 mil saindo de uma
pizzaria. O acordo era pagar meio milhão a Loures semanalmente por 25 anos, num
total de R$ 652 milhões. Temer comemora o que, exatamente? Vai esquecer sua
conversa com Joesley?
Palocci, ministro da Fazenda de Lula e chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff, está preso há quase um ano na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Antes de ser beneficiado com uma delação premiada, terá de apresentar provas concretas, além do relatório sereno e meticuloso sobre os R$ 300 milhões e “as propinas frequentes” que a Odebrecht dava a Lula e ao PT, incluindo a campanha de Dilma.
Palocci, ministro da Fazenda de Lula e chefe da Casa Civil de Dilma Rousseff, está preso há quase um ano na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Antes de ser beneficiado com uma delação premiada, terá de apresentar provas concretas, além do relatório sereno e meticuloso sobre os R$ 300 milhões e “as propinas frequentes” que a Odebrecht dava a Lula e ao PT, incluindo a campanha de Dilma.
Dirigentes petistas acham que o
depoimento de Palocci pode ser “pá de cal” para os projetos de Lula em 2018.
Outros chamaram Palocci de “canalha”. Em abril, Lula dizia no Twitter: “Não tenho
preocupação com nenhuma delação. Palocci é meu companheiro há 30 anos, é um dos
homens mais inteligentes desse país”. Agora, Lula diz que Palocci não tem
“compromisso com a verdade”.
Confesso sentir náusea ao escutar
a podridão de nossos políticos e empresários. Mas, ao contrário da presidente
do STF, Cármen
Lúcia, que desejou a todos um “ótimo fim de semana”, sem “novidades maiores
no país”, eu desejo mais e mais novidades. Das ruínas expostas, pode nascer um
país sem bandidos no comando. É a única esperança que nos resta.
Fonte:
http://epoca.globo.com/ 08/09/17
Mestre Thede
ResponderExcluirVocê usa analogia para falar sobre os "nossos" furacões, mas imagino a inveja dos americanos do Norte
comparando os "Irma" e os "José" aos temporais brasileiros que superam os limites dos cinco na escala
da violência e seus inequívocos efeitos...
O melhor é rir, para não chorar.
Abraço do sempre interessado em seus registros e comentários,
Rubens Pontes, Serra/ES, por e-mail