MP: Propina a Palocci iria
para terreno de sede do Instituto Lula
Antonio Palocci é apontado pelo Ministério Público
como um dos operadores de propina em prol do Partido dos Trabalhadores e de
políticos ligados à sigla
Por
Laryssa Borges
Alvo principal da 35ª fase da
Operação Lava Jato, o ex-ministro Antonio Palocci é apontado pelo Ministério Público
Federal como um dos operadores de propina em prol do Partido dos Trabalhadores
e de políticos ligados à sigla. Beneficiário recorrente de dinheiro sujo do
Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, Palocci foi o destinatário de
recursos que envolviam a compra de um terreno que seria utilizado na construção
de uma nova sede para o Instituto Lula, conforme
antecipou VEJA. Os repasses foram registrados na central de propina
da Odebrecht sob a rubrica “Prédio (IL)”.
De acordo com investigadores, há
indícios de que a compra do terreno em que seria instalado o Instituto Lula foi
debitada do saldo de propina acertado previamente entre Palocci e dirigentes da
Odebrecht. Uma planilha organizada pela empreiteira indica o repasse de mais de
12 milhões de reais anotados na planilha “Programa Especial Italiano” (em
referência a Palocci), vinculados a “IL” (em menção ao Instituto Lula). Entre
as provas que incriminam tanto Lula quanto o ex-ministro estão relatos de uma
reunião entre o empreiteiro Marcelo Odebrecht e o advogado e compadre de Lula,
Roberto Teixeira, além de documentos encaminhados por Marcelo relacionados à
compra do terreno. Nos e-mails em poder da força-tarefa da Lava Jato, existem
mensagens sob o título “Prédio Institucional”, “Prédio do Instituto” e uma
planilha intitulada “Edificio.docx”.
Leia também: Moro
aceita denúncia e Lula vira réu na Lava Jato
“Em cognição sumária, há prova de
que o Grupo Odebrecht teria adquirido, com utilização de interposta pessoa,
imóvel para implementação do Instituto Lula. Cogitou-se inicialmente na utilização
de José Carlos Costa Marques Bumlai como pessoa interposta, sendo tal opção
descartada em favor de empresa cujo dirigente mantinha boas relações com
Marcelo Bahia Odebrecht. (…) A negociação, realizada ainda em 2010, durante o
mandato do ex-presidente, teria contado com a coordenação de Antônio
Palocci Filho, Roberto Teixeira e Marcelo Bahia Odebrecht. O dispêndio do preço
pelo Grupo Odebrecht foi debitado na planilha com os compromissos financeiros
com o grupo político”, relatou o juiz Sergio Moro.
O cerco contra o ex-presidente
Lula, réu por duas vezes no escândalo do petrolão, ganha contornos ainda mais
contundentes na 35ª fase da Lava Jato, deflagrada nesta segunda-feira. É que
outra prova em poder dos investigadores diz respeito à minuta de contrato do
terreno encontrada no sítio usado pelo ex-presidente Lula. No documento, o
pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de longa data de Lula, aparecia como
adquirente e estava representado por Roberto Teixeira. Em depoimento, Bumlai
disse ter se recusado a aparecer como comprador do terreno. Ao final, o
Ministério Público diz que a compra se deu em favor de pessoas vinculadas à
Odebrecht. “José Carlos Costa Marques Bumlai, em depoimento prestado à
autoridade policial (…) declarou que foi procurado pela esposa do
ex-Presidente para a implementação do Instituto Lula e que tratou com Marcelo
Odebrecht e Paulo Ricardo Baqueiro de Melo, da Odebrecht Realizações
Imobiliárias, de questões relacionadas à implementação do Instituto Lula,
inclusive compra do terreno, e que Roberto Teixeira, advogado de Luiz Inácio
Lula da Silva, teria igualmente intermediado a aquisição do terreno.
Posteriormente, por ter se recusado a figurar como adquirente, teria sido
deixado de lado nas negociações”, disse Moro nos autos do processo.
A fase Omertà da Operação Lava
Jato escancara ainda o trânsito de Antonio Palocci como arrecadador de
propinas. O MP diz que os repasses de dinheiro sujo ao petista ocorriam “de
forma reiterada”, tanto em período de campanha eleitoral quanto fora dele. Na
proposta de delação premiada do ex-marqueteiro petista João Santana, Palocci
aparece ao lado do também ex-ministro Guido Mantega como operador de propinas
para a campanha da ex-presidente Dilma Rousseff. Fonte: http://veja.abril.com.br/ 26/09/16
Lava Jato chega ao núcleo duro do petismo. Soa o
alarme no PT: “O alvo é Lula”. Luciano Coutinho na mira
Tanto diretores da Odebrecht como Ricardo Pessoa,
da UTC, afirmaram ao Ministério Público que o então presidente do BNDES
estimulava os empresários a falar com tesoureiro da campanha de Dilma
Por: Reinaldo
Azevedo VEJA, 26/09/2016
Desde o começo da
Operação Lava Jato, fazia-se uma pergunta surda: “Quando chegará a vez de
Antonio Palocci?”. Chegou! Se José Dirceu, antigamente, guardava os arcanos das
negociações políticas do PT e depois acabou sendo posto de lado e hoje é um
pote até aqui de mágoa com Lula e com o PT, Palocci sempre foi o mago dos
entendimentos com o alto empresariado. O mensalão chegou a tangenciá-lo, na
figura de um irmão, mas a coisa não prosperou.
Palocci sempre foi o
mago do entendimento com o “capital”. E nunca escondeu que fez disso também uma
profissão. Tornou-se o, como vou chamar?, consultor mais bem-sucedido do
Brasil, mas raramente se meteu com miudezas do cotidiano. Nunca mais voltou a
ter o poder que concentrou quando ministro da Fazenda do primeiro governo Lula
— nem no breve tempo que chefiou a Casa Civil no primeiro mandato de Dilma. Mas
uma coisa é certa: a falta de poder nunca significou falta de influência.
Inclusive junto a Lula.
Na raiz da prisão
temporária — que é de cinco dias, renováveis por mais cinco —, consta, estão as
suas relações com a Odebrecht. Vamos ver. Executivos da empreiteira negociam um
acordo de delação premiada que, até onde se sabe, ainda está longe de ser
concluído. A questão é saber se as informações que orientam a operação já
derivam dessas informações ou a ela se chegou independentemente da colaboração.
Os três tesoureiros
do PT já foram presos. Os dois ministros da Fazenda de Lula já tiveram prisão
provisória decretada: Guido Mantega e agora Palocci. Quem aguarda na fila a
hora de ser atraído para o olho do furacão é Luciano Coutinho, ex-presidente do
BNDES. O banco foi peça central do, digamos assim, modelo econômico do PT.
Segundo informações
que já chegaram à imprensa, executivos da Odebrecht teriam revelado aos
procuradores que Guido Mantega e Luciano Coutinho usaram o BNDES para
pressionar empresários a fazer doações à campanha de Dilma. Ricardo Pessoa, da
UTC, fez afirmação semelhante em depoimento a Sergio Moro.
Note-se: nesse caso,
não se trata de dizer que o diretor X ou Y da Petrobras, afinal, devia
satisfações a Lula porque este, no fim das contas, era o responsável último
pelas nomeações. Ninguém tem dúvida de que Mantega, Palocci e Coutinho, estes
sim, obedeciam às ordens de um chefe.
Agora a Lava Jato
chega ao núcleo duro do sistema.
Descartem-se, claro,
os Incisos II e III. Assim, Palocci certamente foi preso porque o Ministério
Público e o juiz Sergio Moro consideraram que a prisão era imprescindível para
a investigação. Quando houver mais dados, ficará claro se era ou não.
De todo modo, ao
prender aquele que é, até agora, o petista mais graduado quando se somam a
importância que teve no governo, a influência que tem no partido e a
proximidade com Lula, a Lava Jato também manda um recado: não se intimidou com
os protestos que se sucederam à prisão de Guido Mantega.
O alarme tocou no PT:
os capas-pretas do partido acham que a operação está fechando o cerco a Lula.
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